Carta para a Gaveta Guarda Infinito
Gaveta,
Abro-te com as mãos trêmulas de quem sabe que dentro de ti cabem mundos inteiros. Tenho saudades do que ainda não aconteceu dos abraços que nunca dei, das ruas que não caminhei, das músicas que não encontrei por acaso numa esquina qualquer. É uma saudade estranha, como se meu peito conhecesse o gosto do que não viveu.
Mas também sinto falta do que já passou. As risadas gastas, os amores desbotados, até as dores que, no fundo, me ensinaram a respirar de novo. Tudo isso mora em ti, e é por isso que te escrevo: para que não deixes escapar nem uma centelha do que sou.
Guarda-me, Gaveta. Guarda os sonhos que tenho medo de desejar e as lembranças que temo esquecer. Que dentro de ti o tempo não machuque apenas acolha.
Porque, se existo um pouco fragmentada aqui fora, sei que dentro de ti sou inteira.
Por Chris Katz
Sou Mundos!
Chris