Não foi este mundo cansado
que me ensinou o riso das crianças —
único idioma que não mente,
não importa quem olhe ou o que se diga.
Quem cresce depressa
esquece o peso do ar,
e a graça do pulo.
Prefiro a vertigem do que germina
ao cálculo do que seca.
Erro — com gosto e alto,
arrisco-me onde pulsa,
entre a queda e o broto,
nesse instante em que a seiva inventa rosto
e o impossível respira.
Chamam-me delírio.
Pois que seja —
há pó que sonha
mesmo quando já é chão,
partícula viva em cicatriz de clarão.