Fumaça Negra — Prosa Poética
Fumaça negra se ergue no ar, fria, intocável, como um sopro de ausência.
É o resquício de uma alma que se perdeu de si, vagando entre juras quebradas e promessas que nunca foram luz.
As mãos, cansadas, ainda tentam segurar o que resta — mas o que resta já não vive.
No caminho amargo, a dor volta sempre, como se o tempo fosse um círculo fechado.
A eternidade, tão breve, se desfaz diante dos olhos, e aquele que um dia amou, agora carrega apenas a lembrança da sombra que o feriu.
Há um silêncio que grita, uma saudade que corrói, uma agonia que não cessa — a de ter amado o que já nascia condenado.
E a cultura, antes viva, torna-se pobre em mãos trêmulas.
A estrada chega ao fim — e ali, no cansaço, vem a renúncia: o abandono dos cânticos falsos, das paixões que se despedaçaram.
O peito se esvazia.
E nos ossos ainda pulsantes resta apenas o que o fogo não quis: cinza, pó, e o eco distante de uma missão que não se cumpriu.
C.H.A.F.