Poemas : 

aquiescência

 
Tags:  recato em silêncio  
 






sempre de mansinho

sem ruído
cúmplice
o puxador sorri à tua passagem
devagar
como se temesse acordar o amanhã…

deslizas ao longo da pele adormecida
suave
imóvel eu

há um cheiro acre a invadir as paredes
restos do mundo que assim te devolve

ficas sem nada dizer
denuncia-te a respiração apenas
o calor tépido na minha nuca
a ocasião em espera

sinto que sorrio

volto-me
no encontro de mim sinto-te

[és sempre o mesmo pássaro de regresso ao ninho de mim
protetor]



 
Autor
FernandaReis
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 28/10/2025 23:48  Atualizado: 28/10/2025 23:49
Colaborador
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2240
 Re: aquiescência\cheiramázedo
5. zap


É o cessar-fogo que não cessa,
mentira contada de verdade
e essa verdade a mentira invade,
contada amiúde e muito depressa.

A morte multiplicada se expressa
ao expoente, sem que se degrade.
E nada cresce, nem ganha idade,
tudo se perde, mirra; nem começa.

É, com tão poucas letras, soletrada,
cheia de razões e sempre sem razão.
Numa arte que envergonha o artista,

até a vitória sai derrotada,
ninguém ganha, não há competição.
Na guerra só o nada se avista.


in Dez Sonetos da Guerra na Crimeia por partes