Cravei o mastro no chão.
Lancei ao vento minha chegada.
Deixei a vista completa e inata.
Me olhei no reflexo e enxerguei o absoluto.
Brilhei como nunca — ao me ver.
Fiz histórias com minha conquista,
clamei ao pódio que eu nunca alcancei.
Soltei as amarras que me prendiam,
absorvi a luz como se fosse a primeira vez.
Mas há dias em que o brilho me cega,
e volto a temer minha própria claridade.
Ser luz dói —
porque, pra brilhar, precisei morrer muitas vezes.
E às vezes me pergunto
se ainda sei existir
sem a dor que me criou.
Aqui jaz alguém que não pode ser metade.