Poemas : 

Não há tempo

 
Tags:  poesia social  
 
Ganhamos tempo com a máquina de lavar,
Com liquidificador, com o avião...
Da cozinha às vias de comunicação,
Ganhamos tempo.
Ganhamos tempo com os robôs, com a internet,
Com a linha de produção...
Ganhamos tempo, ganhamos tempo.
A distância e o tempo nos estendem as mãos.
Há ganho de tempo.
Mas eu não tenho tempo, não sobra tempo para mim.
Há ganho de tempo, mas... enfim:
Não há tempo para os filhos.
Não há tempo para os pais.
Não há tempo pra dona Maria José da Paz.
Não há tempo para empatia...
O dia a dia escorre na correria.
Não há tempo para ir ao médico, ao dentista, ao cabeleireiro...
Às vezes falta tempo até para ir ao banheiro.
Não há tempo para dar as mãos.
Não há tempo para um irmão.
Não há tempo para combater a fome,
Também não há para saborear o que se come.
Não há tempo para sonhar, enxergar, caminhar...
Não há tempo pra pensar!
Pra pensar!
Meu Deus! Onde vamos parar!
Não há tempo pra ver as estrelas, a lua
Ou pra respirar embaixo de uma árvore no meio da rua.
Não há tempo fora do tempo de servir.
Servir o tempo todo.
Não só de segunda a sexta;
Sábados, domingos, férias e feriados.
Servir aos bens, serviços e seriados.
Não há tempo a perder.
Todo o tempo é pra correr.
Correr como um trem
Na linha e sem saber pra quê ou pra quem.
Há ganho de tempo em todo lugar,
Mas ele é arrastado pelas águas que correm para o mar.

 
Autor
magnoerreiraal
 
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