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Transformações no mundo

 
O mundo não errou — apenas se moveu.
As ruas antigas, que um dia guardaram passos lentos,
Agora tremem sob a pressa de relógios que ninguém controla.
Não culpamos o passado por ter sido brando:
Ele apenas dormia enquanto o futuro afiava suas lâminas.

As transformações não pediram licença.
Chegaram como vento que troca de direção no meio da noite,
Fazendo as janelas rangerem,
Fazendo o coração sentir
Que algo não pertence mais ao lugar onde sempre esteve.

Ainda assim, o antigo permanece, silencioso,
Como um velho guardião que observa sem julgar,
Sabendo que cada época acende suas próprias sombras.
O contemporâneo apenas revela outras formas de escuridão,
Outras máquinas, outros medos,
Outros abismos que aprendemos a chamar de progresso.

E nós seguimos — não como testemunhas culpadas,
Mas como viajantes
Que atravessam pontes que não construíram,
Levando dentro do peito a memória do que fomos
E a dúvida tremulante do que ainda podemos ser.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

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@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
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