Quinta-feira, 11
Tudo que o poeta queria era ficar só e deleitasse na saborosa leitura do livro do mestre Durrel – mas os habitués insistiam em relembrar o passado, nos tempos que eram jogadores amadores de futebol e atuavam pelas zonas rurais da ilha em eventos memoráveis.
- Bons tempos eram aqueles – disse um saudosista magro em pé na calçada -Hoje só querem fumar essa tal de pedra e esqueceram o prazer de jogar..
- Tu te lembra de fulano de tal? – perguntou seu Bude Ude sentado na cedeira de plástico de frente para o poeta e fora o primeiro a se imiscuir na particularidade do poeta, que se viu obrigado a pausar a leitura e por o livro sobre a improvisada mesinha rota de quatro penas balançantes para lhe dar atenção e ouvir as trivialidades.
Antes a grandona da Janoca acompanhada da mãe, com seu enorme derrière deleitou o poeta com pensamentos lúbricos – apesar de não ser o tipo dele que prefere as filés-mignon com seus corpos de sílfides de tímidos túmidos seios aureolados com uma pera verde.
E no meio desse blá-blá, o poeta encasulou-se para voltar ao mundo magico da literatura – E Durrel é um bom contador de história, dessa vez não era a egípcia Alexandrina de “Justine”, mas a grega Athenas e seu Parthenon e a turca Istambul e sua enorme cisterna.
Por fim os dois palradores despediram-se efusivamente de suas saudades e cada um seguiu seu rumo e o poeta a paz e seu sossego de sua boa leitura.
Como num roteiro pre determinado, o poeta fechou a oficina as onze como um autômato. – Seu Bude Ude voltou das compras no mercado com suas sacolas, mas esqueceu do verniz para pintar umas cadeiras. A primeira dose no Lasierra que fazia seus curativos nos pés e brabo: - Tem que eleger Lula, caralho. Assim vamos perder tudo. Eu vou voltar a pagar imposto da minha minguada aposentadoria, tu vai perder a tua bolsa família e nem vai te aposentar – nesse clima, entre urros do mestre conclamando para uma luta armada o poeta entornou umas doses e saiu fora. Foi deixar o livro de Durrel na pensão e surrupiar umas goiabas e voltou ao Lasierra que se preparava para ir a casa de mama grande que voltou de viagem. Deu um tempo no compadre até a chegada de mãe gostosa e com dois reais capou o gato rumo ao Bispo para se abastecer de vodka e finalmente retornar a pensão, num momento critico a hora do rango dos felinos – miados e mais miados. Seu Baixinho vem retelhar a pensão. E como sempre a sra. Vince escamoteou o troco. Essa sra. Vince...
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