Não tem nome o teu nome que se diga,
Nem na noite escura formas de gente,
De gente que fustiga e não abriga,
Na noite em que te esculpi cegamente.
Não tem voz a tua voz que persiga,
O eco na tua boca loquazmente,
Do que disseste na noite já antiga,
Naquela mudez dum beijo fremente.
Não tem face o teu rosto deformado,
Não tem pele o teu corpo devorado,
À sanha das carícias eternas…
Não tem bitola o que me tem custado,
Trespassar-te o espectro com mil lanternas,
Nas sombras que projectas nas cavernas.
02 de Dezembro de 2022
Viriato Samora