Se pelo menos o meu corpo se tornasse invisível!
Num imperceptível de serenidade
Se pudesse por um instante refugiar-me nos confins do tempo!
Nos limites duma harmonia absoluta e plena.
Se pudesse chorar tudo de seguida e depois terminar!
Fenecer numa loucura apaziguadora
Numa reconciliação intemporal!
Que me transportasse para longe deste tempo finito sufocador e paradoxal.
Talvez esta angústia pairasse noutros mares, noutras dimensões
Numa constrição que se ausentasse de vez
E não me viesse bater à porta!
Mesmo que me recuse a abri-la ela entra, atropela-me
Asfixia-me!
E cada vez mais, já nada faz sentido!
Vida de aparências feita
Espelhos ameaçadores de punição
E o sofrimento dos outros e o meu que se confundem
Numa amálgama de palavras feitas de enigmas e nadas!
E as forças que me faltam para continuar!
Numa sociedade castradora inventada à pressa
Quanto tempo me falta?!
Quanto tempo me resta?!
Para quando o final do prazo?
Recuso-me a acenar a bandeira branca
Rastejo, grito, mas ergo-me, renovo-me
Aqui fica a promessa!
 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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Enviado por Tópico
quidam
Publicado: 20/06/2008 22:54  Atualizado: 20/06/2008 22:54
Colaborador
Usuário desde: 29/12/2006
Localidade: PORTIMÃO
Mensagens: 1354
 Re: Vazio
"Numa amálgama de palavras feitas de enigmas e nadas!" se pudesse esquecer as palavras, sentir todo o seu vazio, o nada... o silêncio abraçava-a.

Enviado por Tópico
Marlene
Publicado: 20/06/2008 23:51  Atualizado: 20/06/2008 23:51
Da casa!
Usuário desde: 08/05/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 260
 Re: Vazio
Olá poetisa.
Achei fantástico o seu poema.
Realmente hoje em vive-se numa sociedade violenta, e geralmente feita de aparências.
Mas também há pessoas como a Ana, como eu outras que mantêm a chama da esperança viva.
Parabéns. Abraços