Prosas Poéticas : 

SONHOS QUEBRADOS

 
SONHOS QUEBRADOS
 
Há palavras que querem romper os muros de silêncio, há vozes sufocadas em mim que querem rasgar os véus da noite que me aprisionam com os tentáculos gélidos da ausência...

A memória ainda pincela abstracções do destino, cores etéreas de um tempo que não era tempo... lembranças de um mundo incorpóreo, cosmos pleno de ilusão, fantasias de cristal envergando personagens imaginárias de mim... Há tantas lágrimas e melodias que quero desatar neste claustro interior... há tantos sorrisos por nascer... há tantos sonhos que ainda não foram gerados!

À noite, quando cerrar os olhos entorpecidos, sei que a aurora despontará com as mesmas cores melancólicas do dia, a música das alvoradas não desenhará no céu o hino murmurante das gaivotas e nos meus dedos de névoa já não germinarão sonhos para escrever nas folhas do silêncio. A menina, que morava em mim, já não detém o segredo das fadas, agora subsiste o frio espectro do arremedo, máscara de um sonho quebrada num rosto amargurado e empalidecido.

Amanhã o dia alvorecerá nublado... como todos os outros que hão-de vir... O Sol... só eu não o vislumbro, porque os aguaceiros do sentir só conhecem os trilhos escurecidos da minha alma e só as Brumas da Razão sabem como despedaçar o encanto sublime de um Ser que ainda sonhava com alma de criança.

Fanny

 
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Fanny
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