Poemas : 

«« Alma em decomposição ««

 
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Alma em decomposição
Esvaída na imensidão
Deste Alentejo sem rumo
Alma que perdeu o prumo

Sou eu…

Só tenho o que Deus me deu
Noite que não amanheceu
Ai de mim, nenhures

Não me procures

Passa e não me olhes
Não quero sequer que chores
Ao veres a triste sombra
Fria pedra que desponta
Num matagal de receios

Grossa silva de enredos
Tal qual negro penedo
Desponto em ceara de medo

De musgo coberto
Sou eu a descoberto
Nos desvaires deste mundo
Buraco negro, profundo

Não me olhes

Não passes por perto
Se me vires em céu aberto
É o que me resta, como tecto
Não olhes, nem passes perto…

Antónia Ruivo


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/04/2009 10:11  Atualizado: 18/04/2009 10:11
 Re: «« Alma em decomposição ««
É SEMPRE UMA VIDA A SUA.
ALENTEJO O AMOR EM PORTUGAL. É BONITO E LINDO O SEU VERSO.
ABRAÇO.
AMANDU


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 18/04/2009 13:02  Atualizado: 18/04/2009 13:02
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8095
 Re: «« Alma em decomposição ««
Muito bom de ler este lado cinza da alma. Gostei da construção. Beijinho


Enviado por Tópico
Vergílio
Publicado: 18/04/2009 14:53  Atualizado: 18/04/2009 14:53
Colaborador
Usuário desde: 22/03/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 786
 Re: «« Alma em decomposição ««
Gostei muito de ler.
Valeu a pena passar perto.
Parabéns .Um beijo
Tomás


Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 18/04/2009 15:12  Atualizado: 18/04/2009 15:12
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: «« Alma em decomposição ««
Gostei muito do poema, e uma vez mais reaparece o teu Alentejo, como se falasses da carne da tua carne.
Essa interioridade fascinante e simultaneamente dolorosa, deverá ser marcante e talvez por isso a tua poesia seja tão elucidativamente ligada à terra, às paisagens, ao lado sofredor desse povo maravilhoso que foi perseguido pelo antigo regime fascista.
Destaco do poema esta parte que me emocionou...

Sou eu…

Só tenho o que Deus me deu
Noite que não amanheceu
Ai de mim, nenhures

Não me procures

"Passa e não me olhes
Não quero sequer que chores
Ao veres a triste sombra
Fria pedra que desponta
Num matagal de receios"
Um beijo, amiga
Vóny


Enviado por Tópico
(re)velata
Publicado: 18/04/2009 15:59  Atualizado: 18/04/2009 15:59
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2009
Localidade: Lagos
Mensagens: 2214
 Re: «« Alma em decomposição ««
Passei perto, olhei - li - e gostei muitíssimo de mais este poema, feito da desolação da bela paisagem alentejana que trazes na alma.
Parabéns!
Beijo


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 19/04/2009 20:12  Atualizado: 19/04/2009 20:12
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: «« Alma em decomposição ««
Antónia,
No meio desse Alentejo, tão lindo, há uma alma sedenta de amor e detentora de um enorme talento lírico.
Beijinhos na alma
Nanda