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Ritual

 
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Uns olhares cruzados
Por uns ganhos
E por mais perdidos,

Gelado no calor
A derreter os pólos
De opostos colados,

Encosto simpático
Refriado pela mão
Mais sensata que o braço,

Cavalgada despótica
Com ritmo e compasso
Numa cama de casal,

Há que cumprir o ritual.

Não chamar meretriz a quem o é,
Mas chamar a quem gostaria de ser,

Ser comida por muitos é comer.

Destroçar o pobre inocente,
Parvo e demasiado paciente,

Ser enganado de propósito é ser doente.

Aliviar saliências,
Conquistar cavidades,

Há que cumprir o ritual.

Levar chapada e gostar,
Com a mão pesada a marcar,

Ser pervertido é gozar.

Cavalgar a bem do mal,
Numa cama individual ou de casal,

Há que cumprir o ritual.

 
Autor
AntonioCarvalho
 
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