Poemas, frases e mensagens de pmatiass

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de pmatiass

Ignoro o que não gosto, comento o que gosto. O defeito da crítica é gastar o pouco espaço que tem para destruir o ruim, ao invés de ajudar a construir o bom.

Etc e tal.

 
Chorou, não lembrava-se da última vez que tinha chorado, mas chorou, isso era fato, como se o dia não fosse voltar ou coisa que o valha. Seu pai uma vez falou que homem não chora, não por essa besteira toda de chuva fina e garoa, mas sim pela noção de que um homem não conquista nenhuma mulher chorando, pelo menos não um de verdade, mas chorou. Esperneou, gritou, teimou e fez birra, chorou como uma criança com o sentimento de fim de mundo. A cuca tinha pego. Por orgulho não ligou, mas ainda assim não teve orgulho quando chorou. As lágrimas correram, como setenta virgens alucinadas, pela sua face. Então sorriu, foda-se, pensou consigo. Tinha prometido que quando perdesse um grande amor iria chorar, era um homem de palavra, e o fez, de joelhos no quarto. Rezou, falou com o velho de barbas brancas, levantou-se disse pela última vez o famigerado "Eu te amo" e seguiu "feliz para sempre". Dizer não é o mesmo que sentir e o contrário, etc e tal.
 
Etc e tal.

O que é sagrado para você?

 
Quero um tempo. Como assim? Preciso de um tempo para pensar se é isso que eu quero. Um tempo do amor? Isso. Você não está feliz? Sim estou, mas você não entenderia. Você tem razão, eu não entendo. João não faz assim comigo. Não fazer assim com você? Clarissa, nem por um momento você pensou em não fazer assim comigo? Eu pensei muito nisso. Você tá de tpm né? Não, eu andei pensando muito nisso, eu realmente quero isso. Você tem certeza? Absoluta. Ele puxa ela até a sala pela mão, olha para a mãe dela. Tia, meu cigarro acabou me empresta um? Tu não tinha parado? Tinha, mas o motivo acabou. Ela tira um Free da carteira. Clarissa, eu te amo, te amei antes mesmo de te conhecer, cada ato, cada falha, cada experiência foi simplesmente um treino, um treino para você. Por... Escuta o que eu vou dizer e pensa, apenas pensa, te amo com a certeza de que tu é a mulher da minha vida e que existe um destino para nós. Se eu tivesse que dizer como seria a mulher perfeita para mim, diria teu nome. Te lembro quando você chorou nos meus braços e eu não soube o que fazer? No fundo sabia o que fazer, mas nada seria melhor do que te abraçar e te amar. Te lembra quando passamos uma tarde brincando que estávamos de birra um com o outro? Eu não consigo esquecer. Tu te lembra de uma manhã de abril que uma folha caiu da árvore que tem aqui em frente e bateu direitinho no teu nariz? Para mim foi a prova de que Deus existe, e ele admirava a nós dois. Foda-se todo o resto, eu te amo e vou amar para sempre. Não importa quanto qualquer outro venha a te amar, ele nunca vai olhar pra ti do jeito que eu te olho, nem te tocar do jeito que eu toco, porque por mais que ele te ame ele não compreender o doce mistério que você é. E mesmo que compreenda, será que ele vai ser capaz de resistir a tentar desvendá-lo? Só para poder viver para sempre com isso? Mesmo que ele seja o homem de sua vida, quem se importa? Foi comigo que você sorriu em meio a chuva. E quem se importa se existe essa história de alma gêmea? Eu não, que se fodam os sem graça, eu tenho dó desses caras. Eu quero você, que não combina comigo e ainda assim não poderia combinar melhor, você que é linda de um jeito que eu entendo tão bem, você que consegue ter a sensibilidade que eu aprecio e o sarcasmo que eu admiro. Quem se importa se eu não sou sua alma gêmea, irmãos sempre acabam brigando. Eu te amo com a profunda certeza que isso não tem nada com a sorte, pois você é meu número premiado de loteria, e a sorte não tira aquilo que já é nosso. Eu te amo tanto, mas tanto, que você me pede que eu vá embora e eu não sei o que fazer, se vou para realizar teu desejo ou se fico para tentar te mostrar que eu sou o cara que faz sempre o melhor para você, mesmo contra sua vontade. Me falta a saliva e a palavra certa pra expressar o que meu olhar tá dizendo tão bem. Mas enfim, a decisão é sua, eu estou indo embora, como você pediu. Se esse cigarro apagar eu jamais voltarei a te procurar, pois se eu não gosto de mim, como você gostaria? Não é orgulho, é minha última cartada tentando te conquistar. Você tem até esse cigarro acabar para mudar de ideia e sair correndo por essa porta atrás de mim. Pense bem meu amor. Ele sai. O que foi isso minha filha? Eu acabei com ele. Por quê? Não sei! Tu sabe como ele é, ele não tá brincando, ele realmente não vai voltar. Ela começa a chorar. Corre minha filha! Ela sai correndo atrás dele. JOÃO!!! Ele se vira e olha para ela sorrindo. Abraça-a, beija-a, mostra o cigarro apagado. Nem por um segundo cogitei acender ele. Te amo Clarissa. Te amo.
Ele acorda, vê Clarissa deitada em seu peito, dormindo. Foi um sonho. Ele não volta a dormir, admirá-la dormindo era algo sagrado demais para ser ignorado.
 
O que é sagrado para você?

Narrador Intruso 1

 
O cabelo, como um cão atado, era de um castanho acinzentado com espetos brancos brancos aqui e ali. Era isso, enlouquecera. A voz, que disfarçadamente fora a dele por tantas páginas, tantos mundos, agora falava com ele. Cala a boca! Que isso Pedro, não disse nada. Desculpa, tava pensando alto. Tá tudo bem, amor? Uhum!.. Tudo bem mesmo? Claro, só estou pensando em um personagem. A mulher volta às funções da casa.
Ele caminha para longe, a cadeira fica chiando em seu guizo de maremoto, dentro do poncho o homem carrega o fumo, o cachimbo e algo mais, escondido preso à cinta. No horizonte soca o fumo e acende, uma, duas tragadas. Se não cala, eu calo, filho da puta! Puxa a adaga da cinta. Como pretendes fazer isso? Tira sarro. Te sigo onde for, descrevo as cenas e ainda faço juízo de teus patéticos passos. Agora quem faz troça é Pedro, traga uma, traga duas, traga três, expira a fumaça. Escrevo minha história, te tranco num livro e não público. Condenado a uma gaveta, empoado, morto, ainda derramo café, chimarrão nas tuas páginas, tomando cuidado pra não te destruir, pra não te libertar.
Ele silenciou, aquela segunda voz, de uma terceira pessoa, com intuito de ser segunda, nunca mais foi ouvida.
 
Narrador Intruso 1

Ignorancias

 
Estava nervoso, odiava quando as pessoas ignoravam as outras por comodidade, para poderem fazer o que quizessem sem ouvir os desgostos alheios. Tô saindo. Vai aonde? Ignorou a pergunta, saiu e trancou a porta. Sou vingativo, mas nunca prometi ser uma pessoa boa, apenas realizada. Acendeu o cigarro, e sorriu ao ver o cartaz de "Proíbido Fumar" na parede do edificio. Eu gosto dela, ela me criou desde pequeno, mas é foda. Saiu da porta do edificio e bateu a porta atrás de sí. Não faz diferença para onde vamos, o importante é ter a coragem de sair. Se pôs a andar, lentamente como sempre. O importante é andar no ritmo do mundo. Pegou o telefone e escreveu uma mensagem: Não sou de pedir desculpas, mas será que você pode me poupar o trabalho de fazê-lo? A resposta não veio. Eu odeio ser ignorado.
 
Ignorancias

O jantar

 
Vinte e uma e trinta e três, ele não chegou ainda. Ela abre o freezer e começa a descongelar uma parte não aleatória de um animal. Ele chega, joga a pasta na poltrona da sala, a mais próxima da porta, tira os sapatos e senta no sofá, de frente para o televisor LCD 29''. Tereza! Ela vem até a sala. Que foi Marcelino? Pega o controle pra mim. Ela pega o controle na mesa de centro e entrega na mão dele. Ele coloca os pés sobre a mesa de centro. Me trás a janta. Ainda não está pronta, estou descongelando a carne. Ele solta um bufar e ela volta para a cozinha. Por que essa criança tá aqui na sala? Ela está em silêncio, não está atrapalhando. Ela grita da cozinha. Não quero saber, quando eu chego cansado do trabalho quero descansar. A minha mãe vai vir buscar ele a qualquer momento. A campainha toca. ATENDE A PORRA DESSA PORTA! Ela vai correndo até a porta, fala rapidamente com a mãe, volta, pega a criança, entrega à mãe, despede-se e fecha a porta. Marcelino por que você não dorme um pouco que eu te acordo na hora que a janta ficar pronta? Ele faz um barulho diferente com a boca e sobe para o quarto, tira a roupa, joga no chão do quarto, se tapa, e quase instantâneamente dorme.
Ela sobe, vai ao banheiro, tira toda a roupa, ficando nua, e dobra sobre o vaso fechado, vai ao quarto, observa o marido por alguns segundos e crava a faca no pescoço, havia comprado-a somente com esse propósito, com um movimento rapido abre a garganta. Pega o pano na cabeceira, limpa a empunhadura da faca, vai até a cozinha e pega a carne descongelada, uma mão humana. Lava a mão e com ela segura a faca, levando-a até o quarto deixando-a cair, de propósito, no chão. Na lareira joga o pano e a mão, esperando a total carbonização, toma um banho, veste a roupa e liga para a policia.
 
O jantar

Uma nuvem em forma de poltrona.

 
Se analisavam os dois. O homem de asas passou ali do lado perguntando se algum dos dois queria café. Eu quero. O mago analisava o pintor, o pintor o mago. Então você existe. Os dois complacentes com a pergunta. Um estava satisfeito de não ter matado o outro, o outro feliz por ter criado o um. Então, tu vens perante a mim, deve ter algo a perguntar, comentar, falar. O café chega e o mago sorve lenta e silenciosamente. Tu me chamaste, quem deve ter algo a perguntar é você. O silêncio imprescindível. Pode ir. Não tome mais meu tempo inutilmente, sim? Avise Pedro que ele pode passar o tal de Ronaldo para falar comigo, por favor. Cobrarei o favor mais tarde.
 
Uma nuvem em forma de poltrona.

Onde se escondem os anjos

 
Dança, sacudindo os braços, as pernas e sorrindo, a cabeça no ritmo agitado do mp3 que está em sua mão. Ham, moça, quero levar esse livro. Ela ri envergonhada. Desc... Já.... vai até o computador e dá a saída no livro. Obrigado. Ela sai meio apressada. Suspira. Esqueci de novo que to no trabalho. Começa a guardar alguns livros, na estante de literatura brasileira. Quinhentos e um ponto treze, quinhen... Aqui! Andrade, Oswald. Um barulho de um livro pesado caindo no chão, ela estica o pescoço para ver. Ninguém?! Vai até a Bíblia, junta-a, coloca-a no lugar. Que estranh... Daonde, surgiu essa criança. Uma criança, uns cinco anos, nua, corre para a prateleira de literatura portuguesa. Ô, volta aqui! Cai no chão. Foi para trás, usando os braços como dois pequenos remos, procurando a salvação. No outro dia pregava uma palavra de Deus. Ele é um só, avisa que está cansado de suas divisões, mandou Maomé, Jesus, e outros tantos que vocês ignoraram. Trabalhava normalmente, manhã e noite, à tarde, no entanto, pregava, mesas de bar, tomando cerveja, puteiros, igrejas, onde fosse. Mocinha, me ajude a retirar esse livro por favor. Ela vai até a prateleira de literatura italiana, puxa o grande livro, a estante cai. Quando a policia perguntou, apenas o velhinho de testemunha. Ela puxou o livro a estante caiu, apenas isso. O testemunho do padre Luis era o suficiente.
 
Onde se escondem os anjos

Leão

 
- Oi, posso te perguntar uma coisa? Era cerca de onze e meia da noite quando o sujeito apareceu totalmente confuso e estranho na frente do homem. O homem teve que olha-lo de cima à baixo, tomou um susto, ainda no dia anterior houveram varios assaltos naquela zona. Mas o sujeito não aparentava ser do tipo que assalta, o homem era um destes seres deterministas que afirmava categoricamente não ser um pessimista, apenas um realista. - Claro. - Hããã, deixe-me pensar. O homem ficou confuso, como se não esperasse essa resposta, mas afinal, que tipo de resposta se espera de alguem as onze e meia da noite, uma noite quente opressora, uma certa gagueira vem a sua boca enquanto ele procura as palavras certas. O que perguntar? - Como é o nome desta avenida aqui? - Beijamin Constant. O homem responde sem pensar, uma resposta automática, até para se livrar do maluco que salta do além para perguntar nomes de ruas. Não era isso que ele queria perguntar, este é o pensamento na cabeça do homem. Que figura mais confusa. - Obrigado. O sujeito vai embora, levando sua pasta nas mãos, ele tinha uma pasta. Estranho como um momento pode mudar a vida de pessoas para sempre, estranho? O que o sujeito iria perguntar? Nada, na verdade ele queria um pretexto, um pretexto para atrasar o homem, salva-lo de algo. Ele se foi. No caminho para casa, já eram onze e meia afinal, muitos pensamentos perpassaram a cabeça do homem, primeiro passando as características fisícas do sujeito - quanta coisa se passou em um diálogo de alguns segundos - Estarei ficando louco? - Olha para trás, ainda vê o homem sumindo entre a penumbra da distância e da luz dos postes de Porto Alegre. Ele existiu mesmo. Deve ter uns vinte centimetros à menos que eu, então um pouco mais que um e setenta, magro muito mais magro que eu, que sou gordo, os oculos desajeitademente sobre o nariz fino e uma face inconfundivelmente brasileira, uma face diferente de qualquer outra. - Ele é tudo que não sou - Um homem de estatura mediana, magro, externamente inseguro mas internamente decidido, afinal abordou um estranho na rua e perguntou para ele o nome daquela avenida ali. Mesmo que tremendo até a alma. - Tudo o que não sou. Tira a chave do bolso passa por um conhecido na rua, as ruas estão inseguras até para ele que conhesse todos, até identificar quem era, um momento de medo e indecisão se atrevessar a rua ou infrentar o dieconhecido é o mais sensanto. Sensatez não era seu forte, enfrentou, um conhecido de boné rosa. Que o boné rosa entre para a história. A indecisão é a mãe do medo e tia do azar, abre o grande portão de ferro que dá para a porta interna do prédio, um destes prédios antigos da classe média de Porto Alegre, um prédio de esquina de frente para um posto de gasolina. A perimetral estava próxima. Liga o notebook, o brinquedo novo, abre o msn, ela não está on-line, tudo bem, não teria coragem de fazê-lo se estivesse, os olhos pesam e ardem de sono e ele escreve. - O que você sente quando olha para mim? Pergunto porque eu sinto sorrisos quando olho para você, o mundo é feito de perguntas e intenções. Ultimamente escrevo poesias pensando em você, sei que você tem namorado, mas é injusto. A cada encontro e despedida, uma indecisão ambigua na hora do beijo, você vira o rosto e eu beijo sua face rosada, tão quente, beijo e poderia forçar a trave de sua boca, mas não o faço. O filho da indecisão me segue. Temos que conversar, gosto de estar com você e não posso negar que és dona da minha cabeça. A perimetral estava próxima, e a noite engole um quarto de paredes azuis, com o sono dominando uma família inteira. Outro onibus passa, a cena de menos de vinte minutos atrás ainda está presa na memória, tantas coisas para perguntar a um transeunte, por que não perguntou? Poderia ter perguntado qualquer coisa, ele responderia, mas, Beijamin Constant. O ódio se apodera de cada veia de seu ser - INFERNO - passa outro onibus, poderia se atirar na frente ou se aterrar numa montanha de garrafas de alcool sujas, nada poderia detê-lo estava decidido, iria morrer, mas não como um tolo que se atira em frente a um ônibus qualquer, entraria para a história. Tinha dado o primeiro passo, Beijamin Constant, corta o braço esquerdo com uma faca e com o sangue escreve no plástico que cobre o cordão de ônibus da perimetral, Beijamin Constant, passa outro ônibus e seria o ultimo a passar naquela noite, o homem se joga, na frente de um seicentos e quatorze, no jornal de amanhã apareceria na manchete: "Homem morre em choque com leão na capital". Meu caro leitor ignorante, não seja tolo, eu não sou destes narradores oniscientes neutros, chatos e limitados de outras obras que poderá ter lido. Tão pouco sou um jornalista ou testemunha dos fatos que narro, sou um morto, um desses espiritos perambulantes, uma dessas almas inquetas que não quizeram nem ir para o céu, nem para o inferno, tão pouco reencarnar em outro pedaço de carne qualquer. Sou muito mais que isso, sou um cientista e como tal minha obra não poderia acabar com minha vida, ela tinha que se estender, analiso e me divirto com os vivos, que mal sabem, não são mais vivos, pois sobrevivem apenas. Sou seletivo, cuidadoso, como só um cientista pode ser. Voltemos, vinte anos no tempo, o sujeito era um pequeno garoto, nascido sem pai, filho de uma mãe que agia como sua irmã, neto de uma avó que achava ser sua mãe, é nesta familia que ele nasce. Ele cresce sob todos os mimos que um filho de mulheres sem homens podem dar para o homem sob sua resguarda. Ele cresce, aparecem problemas de visão, agora usa um pequeno óculos de fundo de garrafa, o que lhe rendo o apelido de bizoio. Nosso amigo era um produto do meio, ele precisava deixar sua marca na eternidade, não tinha vida, era apenas uma sombra, quando o homem ler o jornal, toda a vida do sujeito vai entrar boca a dentro do homem e terá valido a pena viver e entrar pra eternidade.
 
Leão

Sabia?

 
Ele morde o calcanhar dela. Ai! Como tu me maltrata. E tu gosta. Ela sorri. Como ignorar isso? Ela era linda, não como eram lindas as atrizes holywoodianas, mas de um jeito que só ele entendia. Tu é linda sabia? Ela sorri. A beleza para ele não era uma textura de pele, ou nem mesmo as roupas com as quais as pessoas se vestiam, nem ângulos dos rostos e corpos, é uma graça, uma leveza, um jeito de ser que só a Lua contempla. Tu é um bobo, tu sabia? Teu bobo. Que foi que tá com essa cara? Aproveitando o momento. Era estranho, a sensação de ama-la, queria dizer que tudo o que sempre desejou em vida estava representado nela, que tinha tanto medo de acordar e estar sozinho em casa, que tudo parecia tanto com um filme que não conseguia se conter em sorrir como um bobo alegre, decidiu então, felicidade é isso.
 
Sabia?

Muitos caminhos para Roma

 
Outro estalo da fogueira. Temos que apagá-la. Tudo bem. Mario apagou a fogueira com areia. Hoje, nós caminhamos dois quilômetros a menos do que o planejado, teremos que caminhar mais amanhã. Ok, tudo bem vamos apenas dormir. Cortava o coração dele ver Aline com aquela cara de angustia, sabia que ela nunca havia se apaixonado por ele, mas foi quando ela sorriu que ele se apaixonou por ela. Era deslumbrante quando sorria, os dois olhos expressivos e sempre tristes se iluminavam como jatos de água contra a luz. Ele olhou para as estrelas, respirou fundo e entrou na barraca.
Aline estava deitada com uma blusa de alcinha branca e com um shorts jeans, aparentava estar dormindo. Paulo tira a camisa, arruma suas coisas e deitou-se; foi quando ele reparou uma tatuagem nova nas costas da mulher ao seu lado, afastou a blusa branca para olhar, um grande “M” negro tatuado perto do ombro esquerdo, nas costas; ele sorriu e se ajeitou na cama para dormir. Mario tá muito frio, tem mais alguma coberta? Ela sabia que não tinha. Não, mas toma o seu casaco. Ele se provou um idiota. Obrigada. Por nada. Você viu o “M” não é? Sim, o que significa? Um filósofo do século quatorze certa vez teorizou, que existem cinco niveis de amor, cada nível de amor você fizer eu atingir, eu tatuarei uma letra do seu nome, até ficar totalmente e perdidamente apaixonada. Ele não sabia o que dizer, o que fazer, só não conseguia desviar o olhar dela. Queria dizer que amava-a muito, que era o único motivo de não ter parado a viagem depois de Roma, queria dizer que era a mulher mais deslumbrante do mundo e que faria qualquer insanidade, qualquer uma para que ela sorrisse novamente. Não disse nada, sabia que falar só faria com que ela se afastasse, as mulheres trabalham com a psicologia reversa, se você quer não pode demonstrar. Dormiram, no outro dia voltaram a caminhar.
 
Muitos caminhos para Roma

Audácio & Arrogância

 
Estava cansado, pensou em acender um cigarro, era só pedir, como de
costume, e receberia o que desejava. Quer um cigarro, cara? Não
obrigado, parei. Tu sabe que isso não combina contigo, o cigarro tem
um charme sepulcral que combina com teu estilo. Eu sei que ele fala a
verdade, tão ridiculo que parecesse, ele não mente sobre o que pensa.
Não, obrigado. Mas então? Então o que Carla? Por que vocês escrevem
tanta coisa ruim, o mundo está cansado disso, o mundo precisa de
histórias boas, para poder respirar dessa sufocante realidade. Ela
tenta falar como eu, eu estou cansado disso, estou cansado dela. Então
você faz parte do mundo, não é? Sim, isso mesmo Antônio, assim como...
Então você está dizendo que você está cansada, não é mesmo. Isso
mesmo. Que voz irritante, caralho, tenho realmente que suportar essa
voz irritante? Então por que você não se mata? Assim não precisa
suportar isso. Ai! Que horror. Tu pegaste pesado dessa vez. Pesado é
ter que suportar tanta besteira sendo dita por uma só pessoa. Tadinha,
tu tá de TPM é Antônio? Sim estou, tensão pós merda, TPM, é uma tensão
que você tem depois de escutar uma merda dessas. Um do homens na mesa
dá um sorriso e o outro bate palmas e ri abertamente. Isso ae, cara!
Deles apenas dois são como eu, maturados, nem melhores nem piores que
os outros, apenas maturados. Os outros são apenas projetos de futuros
defecantes, pura hiprocrísia enlatada. Por que tu sempre me corta?
Porque acho tuas ideias um lixo. Ai, que horror, eu sei que no fundo,
tu gosta de mim. Claro, o dia que a gente for pro motel, no fundo, bem
no fundinho, eu vou gostar de você. Ai, tu não presta mesmo. Ele
gruni. Um vazio toma conta dele. Desculpa, acho que peguei pesado
mesmo. Ele fala sem traços de emoção na voz. Tá bom. Ela abraça ele. O
que ela tem de bonita, tem de superficial, apenas um corpo, com uma
mente pseudo-intelectual. Quanta audácia pensar que é como eu, o que
me incomoda não é alguém querendo discordar de mim, mas que pelo menos
honre o cérebro que carrega.
 
Audácio & Arrogância

Socialmente manipulável

 
Ela olhava com fervor e impaciência para ele, as pernas de fora, os pés descalços e a camisa entre-aberta escondendo os detalhes mais intimos de sua sensualidade. Tinha dezesseis anos, completos, uma menina ainda, mas em seu semblante despontavam os traços de uma sensualidade jovial, satânica e pura. Por hoje chega. Você estava perfeita hoje. Deixe-me ver! Só quando estiver terminado. Ele vira o quadro para a parede e a puxa pelas mãos. Vá se vestir, está ficando tarde. Leonardo, o que há entre nós? Como? Somos amigos? Não, eu não nutro amizades, elas me cansam rápido. Você começou a vir aqui porque quis, nunca obriguei-a a nada. Sempre deixei muito claro minha posição sobre nós. E qual é ela? Você é uma criança, eu sou um velho. Tu até que é bem charmosão. Um sorriso pinta o rosto dela. Você é uma criança e não deveria mais voltar aqui. Hipócrita, eu vejo a forma que me olhas enquanto me pinta. Ela calça as meias, coloca o jeans, calça os tênis. Como isso pode me excitar? Ela é uma criança, ainda. O olhar que lanço sobre você é simples interesse profissional, não gostaria que entendesse errado. Por que tu não expõe os quadros? Eu vi os quadros do quarto do fundo quando fui no banheiro. Você não sabe ouvir um não? Na voz um ódio falso para esconder a paixão. Tu poderia ganhar algum dinheiro, prestígio, as pessoas gostariam de ver uns bons quadros. Eu tenho dinheiro suficiente, além do mais o que eu faria com prestígio? Quem se importa com as pessoas? Você realmente é feliz? Essa é uma pergunta que na minha idade não se faz mais, a felicidade não é um estado, mas o entender de momentos. Ela se aproxima dele, fica na ponta dos pés, passa o braço esquerdo por trás do pescoço dele e com a mão direita acaricia os lábios dele. E por que você não se permite a um momento feliz hoje? Ele sorri e coloca a mão esquerda sobre a mão direita dela. Eu já me permiti, fiz um belo quadro hoje, agora por que você não me permiti dormir um pouco e vai embora? Ele remove as mãos dela de cima dele e sorri canalhamente. Ela junta a mochila e vai embora irritada. Ele fica ali pensando. Ético, hipócrita e infeliz, eis minha sina.
 
Socialmente manipulável

Deus tem teu nome Lua

 
Abraço, não na tentativa do carinho
mas na tentativa de acelerar até parar
estagnar, matar, foder, rola, rolar
até esfolar, sabe? falar de boca cheia
e xingar, brincar de ser Deus e chorar
tudo só para não ter que acelerar até
ver você escapar, como um rato, entre
minhas patas de leão, e patos, marrecos
merracas, fuzarcas, macas, pratos, os panos
os planos, os momentos, o casamento,
a aliança, tudo abraçado, para sempre
salvo e entrelaçado, na emoção unica
de estar nos teus braços
 
Deus tem teu nome Lua

Café para dois

 
Ele estava sentado com seu terno de linho branco, chapéu branco na mão esquerda, bengala negra apoiada na cadeira, o café esfumaçava em
sua frente. Cabelo branco agitado pelo vento e a barba molhada pela maresia. Seus olhos fitavam o horizonte até o momento que o outro começara a se aproximar, desde então observava-o com um sorriso
bonachão na face. O outro de terno de risca de giz, cabelo em um estilo meio cumprido e bagunçado, barba por fazer, pêlos extremamente
negros, e um sorriso de cafajeste italiano na cara. Faz tempo, João, que não vem me visitar. Pois é Lúcio. Os dois encaram-se por alguns segundos, sem desformular seus sorrisos. Por que você não se senta? Aguardava o convite. Ele senta e a garçonete se aproxima. Une tasse de café s'il vous plaît! Oui, monsieur, à un moment. A garçonete vai para dentro e ele fica a observar o balanço de seu corpo na caminhada. Você nunca muda, não é mesmo Lúcio? Na verdade meu velho, eu mudo todos os dias, mas isso não significa que eu mude tudo. Um momento de silêncio onde só escuta-se o barulho dos labios sorvendo o café. A garçonete está vindo. Ela vem, deixa o café e uma taça de água. Quelque chose de plus? Non, Merci! C'est un plaisir. Fazem quantos anos desde o acordo? Eu não fico contando, mas creio que uns dez anos ou quinze. Você está feliz com sua parte? Meu velho, não me criaste para ser um coitado chorão, faço meu trabalho e absorvo prazer de tudo que posso, não costumo reclamar. Sabe, certas vezes penso que fui injusto contigo. Por quê? Você ficou com a pior parte, eles te odeiam e me respeitam. Existem aqueles que me adoram. Mas a
grande massa adora a mim. Está enganado, eles podem todos os dias clamar teu nome e temer o meu, nas palavras deles temem teu ouvido inquiéto, mas não fogem ao prazer de um bom almoço, nem quando fodem cultivam essa mania de trancar o orgasmo, cada ato de prazer humano, cada experiência mundana é um ato de amor a mim. Um ritual João, o
sexo, a alimentação, a leitura, a música, tudo é um ritual de prazer e é o culto a mim no dia a dia das pessoas, é isso que me torna forte. Eu entendo seu argumento, mas ainda assim, eles não entendem você assim, eles veem você como a sombra do mundo. É verdade, mas eles nem veem você, eles podem ver-me como uma sombra mas sentem-me como uma sensação boa e você como um sentimento bom, no fundo o amor deles por nós é o mesmo. Nem mais, nem menos. Os dois tomam um gole de café. Tenho que admitir a ideia foi boa, eu sou o pai de todas as criaturas Lúcio, mas de certa maneira você é a mãe da humanidade. Eu criei o livre-arbitrio João, não fiz nada mais do que era natural, você criou as criaturas perfeitas, a sua imagem e semelhança, mas para serem perfeitas tinham de ser diferentes de ti, pois não poderiam ter a chance de escolha, porque a escolha perfeita é uma só. No entanto
quando eles estão na busca por crescerem, o equilibrio é perfeito, a própria existência da busca é perfeição, é o que faltava a nós anjos.
Isso é o que nos diferencia. E você ensina as coisas de modo empírico e eu de modo teórico. Basicamente, sim. Você ainda quer ter filhos
Lúcio? Todos eles, de certa maneira, são meus filhos João. Você entendeu a pergunta. É um desejo meu, mas de alguma forma eu entendo que ter um filho seria querer ser Deus, ou mais do que isso, e me satisfaço com minha posição. Existe uma centelha consciente, que atendia pelo nome de Freud, que dizia que para crescermos devíamos
matar nossos pais, metafóricamente falando. Eu também estudei as diferentes culturas, meu velho, mas por enquanto não existe uma razão para isso. Por enquanto ajudarei meus irmãos a evoluirem. Filho, eu sinto falta de você em casa, por que você não volta? Ainda é cedo, eles não estão preparados, como estão meus irmãos mais próximos? Estão bem, alguns querem encarnar novamente, falam sobre a necessidade disso, mas ainda não é o momento. Definitivamente não. Bom pai, tenho que ir, há uma garota que pode se atirar de um prédio a qualquer momento e alguém não para de falar no teu nome. Eu sei, mas não ajudará ela agora. Por isso tenho que ir, ela ainda não está preparada. Boa Sorte Lúcio. Adios meu velho, ah pague o café para mim, sim? O homem de terno risca de giz se levanta, e começa a caminhar na direção de onde veio, muitos anos se passaram até que eles se encontrassem novamente.
 
Café para dois

Dicotomia

 
Alou. Antônio? Sara! Vamos sair? Estou indo prai agora. O Opala preto atravessa a cidade, as listras brancas riscam as ruas de Porto Alegre. Como você entrou?Você fica muito sexy nessa calcinha de algodão. Puta merda guri, tu já tá bebado. Não. Risadas soltas. Então como você já esta falando merda. Ela sorri. O unico sentido de viver é ver o sorriso de Sara. Os olhos únicos e significativos, a boca desenhada no rosto como por uma caneta de ponta fina, é a mistura do rugido de uma leoa com sopro em um dente de leão. Sexy é o maior elogio que um homem pode fazer a uma mulher, ser gostosa, boa de cama, linda, tudo isso é reflexo, tudo isso é instinto do corpo, ser sexy é uma decisão, é um jeito de ser, a forma com que sorri e lida com tudo. É uma circunstancia, pode ser que não seja pensado, mas é uma decisão sua como mulher. Que horas são? Três. Recém acordei e tenho que escutar merda. Sorri novamente, a noite já valia para Antônio, viu duas vezes o sorriso. Aquele sorriso. Vamos. Brinca com o piercing. O carro está la fora. Acende o cigarro. Carlton. Eu ganhei um maço de lucky strike. Ela acende um cigarro. Vamos? Você está de calcinha e uma camiseta do ramones, eu dificilmente me importaria, e duvido que alguem o faça, mas você? Então não me importo! Então esse é meu lucky strike! Ela sorri, por educação, ele sabe. No carro Por que me ligou? Acordei com um recado do outro lado da cama, em cima do travesseiro e uma cueca. Precisava beber. Ele se foi? Pouco importa, amanhã aparece bebado por lá! E as garotas dizem que eu sou insensivel. Você? Se não soubesse o tipo de pessoa que você é, diria que é gay. Ele ri, a gargalhada dos bebados, mesmo quando não esta bebado. Tem uma garrafa de Vodka no banco de trás, pega ali. Ela se estica pra pegar, ele quase bate o carro para olhar para o corpo dela. Você e a garota da faculdade? Como andam? Rich boyfriend, you know! Mas ela não é rica também, qual é problema do cara pobre? Nunca saber se estou interessado nela, nos peitos, na bunda ou no dinheiro?Interessante teoria. Ele sorri com metade da boca. Para onde você quer ir? Para o inferno. Ele levanta uma sombrancelha e sorri. Ok estaciono aqui e vamos para o banco de trás. Ela toma um gole e coloca a garrafa nos labios dele para ele beber. Bebe pra ver se para de falar merda. Verdade, seria o céu. Bebe. Para onde estamos indo? Um lugar tri. Mas você ama a garota? Amo. E por que continua tentando transformar isso que nós somos em um relacionamento? Eu não amo cigarro, mas não vivo sem ele. Teoria interessante. Então você não me ama? Amo, assim como um viciado ama seu vicio. Você é viciado em mim? Em cada volta do seu labio, em cada dobra do seu corpo, em cada tatuagem, em cada pecado, em cada pergunta, em cada medo, em cada desejo, em cada olhar e principalmente no sorriso. E eu como sua droga deveria fazer o que? Deixar eu consumir até a ultima miligrama e gozar com isso, depois jogar o resto numa lata de lixo. Canalha! Sorri. Três, não havia nada melhor. A garrafa vai acabar. O carro ta precisando beber também, vamos passar num posto, eu compro bebida pra nós e para o carro. To sem grana. Como sempre! Te dou a próxima vez que sairmos. Daqui mais dois anos? Qual o problema? Nenhum só que eu já vou ter esquecido. Cada vez que te vejo você está mais gordo. E você mais viciante. Como é a crise de abstinencia de mim. Ele ri. Como uma bad trip. Hmmm. Inside each sheep has a lion, the sheep is the lion and the lion is the sheep. You have to choice, be the sheep in the lion body or the lion in a sheep body. Teoria interessante. Aqui, um posto aberto. Vinte minutos se passaram. Comprei chocolate também. Eu não gosto. Eu não disse que era pra gostar. Te amo. Ele não ouviu, estava pagando o frentista. Disse algo? Não, tava cantando. Por que você não me canta?
Ela enxe a boca de ar como quem está aborrecida e faz um afago na cabeça dele. Sabe, eu sei que cada vez que você me vê você só pensa em transar comigo. Nunca menti que era diferente. Verdade. E você nunca fez questão de evitar situações que me fizessem pensar em sexo. Você pensa em sexo até olhando para um bule de chá. Verdade. Chegamos, vamos sair do carro e curtir o sereno. Aonde estamos? Não sei bem aonde é, sei que é nos arredores da cidade, é meu lugar favorito. O que ele tem de especial. Tirando eu, um mendigo e você ninguem jamais esteve aqui. Podemos ver toda a constelação alegre daqui. Agora sei porque Paris é a cidade luz. Por que? Alguem viu ela assim como vejo Porto Alegre agora e falou isso antes de mim. Mas que você fica sexy só de camiseta, descabelada e de calcinha de algodo, isso é inegável. Cala a boca seu merda. Ela segura o riso por entre os dentes o que gera algo entre uma bufada e um suspiro. Ele é um imbecil. Quem? Você sabe de quem estou falando, não se faz de burra. Eu sabia que ele era assim antes de ir morar com ele. É isso que você ama nele né? Sim! Nunca quis ser alguem senão eu, mas invejo esse filho da puta. Por que? Ele tem seu amor. É algo que você nunca terá, você não suporta derrotas, não é? Não é isso, você é como uma personagem de livros, não é como as mulheres que eu encontro por ae. Explique-se. Ela olha pra ele com seu olhar de atenção, já meio bebada, sua expressão lembra muito a de uma criança que faz muito esforço para prestar atenção. Cada mulher no mundo, é unica, alguem, um dia vai perceber isso, e vai ser doloroso por toda a vida não ter ela. No momento que ele a tiver, ela deixa de ser o inalcansável, ele conhece cada faceta e mistério se disfaz e a magia acaba. Mas um dia você está viajando pelas ruas de Porto Alegre e conhece alguem, você nunca a terá, nunca a conhecerá e ela nunca revelará seus segredos pra ti, e você vai ama-la até o ultimo dos seus dias, como a um anjo, a uma deusa. Teoria interessante. Ele abre a garrafa de Vodka nova. Achei que você ia parar de tomar destilados. E parei, por longas duas semanas. Ela ri. Idiota. Está ventando forte hoje. Entrega a garrafa. Pois é, estou com frio. Quer o casaco? Não precisa. Faria um conjunto perfeito com a calcinha e a camiseta. Ok aceito. Ele entrega o casaco. Você pode chegar mais perto para se aquecer agora que está sem o casaco, eu não mordo. Ele se aproxima e a abraça. Ela quase que oculta no enorme sobretudo sorri e se encabula com a situação. Logo ela. A lua está inspiradora de poesias hoje. Prometo que no dia, que você começar a se tornar minha, escreverei a mais linda poesia já escrita nas linhas do seu corpo.
Eles se olham nos olhos. Falta coragem a ele para beijar. Melhor você parar com isso, já não estou mais achando graça. Ok. Passa-se uma hora, onde só o acender e o tragar de cigarros são escutados. Melhor você me deixar em casa. A garrafa é deixada em uma lata de lixo. See you Sara! Nos vemos. Ela chega em casa e Arremessa o cinzeiro na porta do banheiro. Sara e suas paixões platonicas. Ela vai dormir. Ele chega cheira o casaco e se masturba. Eu e minhas platônidas.
Ele fica na janela fumando até assistir o amanhecer. Quando amanhece percebe vinte chamados não atendidas no celular e uma mensagem: "Cheguei no bar e o dono me falou que você tinha saido a dez minutos, vai se fuder seu merda e eu pensei que te amava". Ele responde: "Podemos fazer sexo hoje, passe aqui quando receber a mensagem." Ele vai dormir.
 
Dicotomia