Faguices
Olho
Agora
Para o aquário
Vazio
Não deixa de ser bonito…
Mas, o que sinto
Sãos a recordações tuas
Do teu entusiasmo
Do primeiro peixinho
Da “tata tuga” como dizias na altura …
Das nossas peripécias
Com a limpeza e alimentação das criaturas
O que recordo á volta do aquário,
Sãos teus sorrisos e as tuas lagrimas,
E a nossa história a dois …
Talvez os lugares de antigamente, envelhecem e morrem da mesma maneira que a gente, apesar da imortalidade dos sentimentos verdadeiros… o importante é não desperdiçar a riqueza dos momentos e do tempo certo deles …
Aprisionado numa gota de mar
As lágrimas
virgens
de calor
regressam
ao mar
lacrado
para os sonhos.
Vejam,
o que as brigas
e os silêncios
[da indiferença]
fazem nos olhos
de uma criança.
Vagas de escuridão
presas na inquietude
de marear
a mágoa.
Querida,
vamos lá
agarrar no machado
e arrombar o pombal,
é urgente
salvar
os seis braços
com a paz
para que todos
os aniversários
sejam mágicos .
Partidas
Os caminhos
cruzam-se,
separam-se,
unem-se,
acabam,
começam
depois
da última
paragem.
Terminam
onde
começaram.
Caminhos…
No outro dia, caminhava
com a alma mais dorida que os pés,
olhava as árvores
abraçando-se umas às outras.
Sozinha
caminhava,
observava
as colinas de mãos dadas.
Sozinha ia.
Avistava a aliança do arco-íris,
aldeagava um pouco mais a solitária marcha,
até chegar à foz da ria.
Aí,
no cimo da minha revolta,
tinha uma multidão
de beijos
caídos em gota,
escorrendo
o som da cara.
Nesse momento
percebi
que todos os caminhos
vão dar ao mar
das lágrimas,
depois do prefácio
do último passo,
antecedendo
o marasmo
dos doces lábios
afogados
noutra face
que não a minha.
A moradia mais bonita é o teu coração…
Moras cá dentro
Feito sentimento
Doseando a pressa das horas
E os rumores do reencontro ….
Jurado no latejo dos olhos …
Na inevitabilidade
Dos pontos cardeais
Dispersos
No desassossego
Irrequieto …
Dos passos
Porem,
Há uma força contida na veia mais fina
No suspiro maior
Soprando o teu nome
Numa nortada de amor
Que não arrefece
O núcleo
Dos sonhos
Castrados
Pela distancia dos
Nossos braços
Pelos traços
Molhados de dor…
Lutadores
Os heróis de bicos de pés
Alcançam o céu para nós
Cabe também a nós
Azular os seus passos
Iria sempre á Cova da Iria
Um peregrino
Segue o caminho
Que o leva
Ao coração
O peregrino não tem um tamanho definido
Apenas uma sede de infinito
Que se sacia
Assim que se chega
Aos pés de Maria
No outro dia
Seguimos o trilho
Tão pisado
Seguimos a concha raiando um sol
Para a gradecer o milagre das rosas
O milagre das rosas
A mãe
Do oco tronco à rama frouxa
Fez nascer um botão de vida
Da ferida dos espinhos
Fez nascer a beleza mais bonita
Aquela criança
Com um sorriso nos olhos
Que nos faz nascer
Em toda a parte
Cuida dos meus olhos
Em Ti
Em ti,
tudo nascia
mais verde,
amadurecendo o belo...
Tudo
Tudo em ti,
ganhava o inverso do escuro,
no alinhavado sorriso.
Nasceste
de um poema,
verso
caule,
maestro
erguendo
sentimentos em tudo
que nascia,
protegido pelo solo
da carne,
depois do véu da pele.
Chamaram-te
alma
árvore
tutora,
para mim serás
mãe de todas as dores curadas,
de todos os amores
desembrulhados na pele
de mulher amada...
É preciso alma para desmurchar
essa nua cor,
que entristece a chuva,
essa cor de ruga,
amarrada de alma,
chega até aqui,
a este cais de mágoa.
menina,
levanta a cara,
enfrenta a luz com garra,
desabriga esse lindo olhar de todas as lágrimas.
levanta-te!
a vida grita por ti
do outro lado da janela,
do outro lado da porta.
neste lado,
existe um arco
para enfeitares
com a tua íris
os céus caídos
de mar.
neste lado,
esperam por ti sorrisos por abrir,
e um jardim
onde as flores
te chamam de prima…
Ainda acredito que uma Elefanta do mar pode abraçar um Lóris
Observei cada passo teu,
cada rasto de estrela
que deixaste,
emoldurei-o
com o olhar,
nas mãos,
sem pregar olho.
Apesar da lonjura dos olhares,
ainda tenho em fila
o molde de cada passo
teu,
e o seu infinito brilho
do adeus.
Deveríamos seguir o amor
quando o adeus não faz sentido
e modificar o seu destino.
Ou melhor,
o sentido contrário do amor
não pode ser a mão aberta
disfarçando o Não
com mais quatro dedos
levantados,
desunidos do coração.
Ou melhor,
não deveria existir adeuses,
só as mãos abertas em pares,
mais que preparadas
para se entrelaçarem nas costas,
assim que regressares
e tocares
no peito com o peito,
em clave.
Afirmação do coração
os dedos, por fortalecer,
com as palavras e os sentimentos,
e não com as frias reguadas.
aquele menino poeta,
faz batalhas de rimas
no roblox,
e nos silêncios
resguardados dos nossos.
prometeu a si mesmo
que as lágrimas
não se mostram
quando os cantos se olham.
mas às vezes,
o peito é demasiado pequeno
para conter um sentimento oceânico.
assim foi,
no outro dia,
quando um gesto maternal
ficou preso no estendal dos braços
e a maré rompeu os olhos.
assim foi
no outro dia,
quando
se lembrou do pai natal
que trazia as chaves do carro do pai
e lhe dizia que o amava muito
antes de sair.
Mudando de assunto no mesmo assunto…
Esta história começou num lugar fronteiriço e do vagar ponderado, onde duas crianças, com laços de sangue, brincavam com a natureza e as suas mãos. A pobreza, não trazia os brinquedos estrangeiros que gostavam. Brincavam com as pedras, faziam pequenas barragens para conter a água, travessas para as formigas, balizas para sinalizar a entrada da bola, feita de cuecas e trapos.
Um dia, encontraram um pardal caído do ninho. Apressados, construíram uma espécie de casa com as pedras, para ele não fugir, e foram chamar o avô. Quando chegaram, o pardal já lá não estava. Um dos irmãos guardou uma dessas pedras.
Trinta anos se passaram até que esse irmão teve um acidente e partiu. O outro irmão foi recolher algumas coisas que ele tinha deixado e, no meio dessas recordações, estava aquela pedra velhinha, mas tão viva naquele momento. Acabou por guardá-la junto à imagem de Nossa Senhora.
Uns anos mais tarde, regressado do trabalho, não encontrou aquela pedra e ficou furioso. Tinha sido seu filho, de cinco anos, que a tinha perdido ao brincar com ela.
Uns dias mais tarde, regressado do trabalho, encontrou seu filho com os olhos entornados e uma dezena de pedras em cima da mesa... tinha ido ao campo procurar as pedras mais bonitas para lhe entregar…
Esse menino é o meu filho que deu umas das lições mais importantes e mais bonitas ao seu pai.