Os ecos não são vozes nem o amor são falas
Falas como se desconhecesse
O lugar do choro e das mágoas,
Como se desconhecesse a forja
Das tuas garras.
Falas com a voz de uma tribo inteira,
Das direções certas,
Das batalhas sem derrotas,
Das derrotas que serviram
De força,
Agitadora das vitórias.
Esqueceste de falar
De todas as indecisões
Que te mantiveram parada,
De todas as lições que deste
Sem as comprovares na pele.
No fim da conversa,
A fome do peito
Sabe a silêncio
E não a amor,
Como dantes,
Quando sentíamos
Medo,
Quando um ou outro
Não chegava a tempo
De amar.
Vou-te amar até à ultima gota de luz …
Procura-se o vinculo mais forte, no céu mais estrelado,
Procura-se o regadio da lágrima mais pesada …
Mas a resposta recostei no profundo da alma …
Com a promessa de te amar …
No eterno lugar onde o tempo não tem espaço …
Poema dedicado a todas as mães que se tornaram estrelas antes de serem avós …
Poema dedicado a todas as filhas que ficaram com o coração amputado, antes de serem mulheres…
Faz nos tão bem… escrever sobre o coração com o coração
os únicos espelhos
que espelham o real espectro da alma
sem inverterem a imagem das palavras [por desenhar] ….
são os olhos
e como é imperdível
o seu confronto
com olhar do ser amado
aqueles sorrisos
sem lábios !
aquele brilho
sem o céu estrelado !
como é possível
nascer daqueles rostos,
o mais preciosos piscares de sonhos
e as vezes
num simples restolho do rostolho
nasce um fio de mar
e quando o mar
se confunde com o céu
naquele silêncio doce
o abraço precoce sucede
sem grandes trabalhos
[é assim a mãe e um filho
quando entram em casa
carregados de saudades]
O retrato mais fiel
A cor desmaiou
Desvirginou o quadro
E espelhou
A realidade
Do que hoje sou
Uma flor que perdeu
A cor rosada
Do seu corpo
A virgindade da alma
Sem ser tocada
Que nunca mais
Voltará
A ser
Presente
Para o amante
Para a namorada
Aquele brilho inocente
Chorado antes de um reflexo límpido
Sem ser tocado
Pelo olhar de outro alguém
Tão esperado
Iria sempre á Cova da Iria
Um peregrino
Segue o caminho
Que o leva
Ao coração
O peregrino não tem um tamanho definido
Apenas uma sede de infinito
Que se sacia
Assim que se chega
Aos pés de Maria
No outro dia
Seguimos o trilho
Tão pisado
Seguimos a concha raiando um sol
Para a gradecer o milagre das rosas
O milagre das rosas
A mãe
Do oco tronco à rama frouxa
Fez nascer um botão de vida
Da ferida dos espinhos
Fez nascer a beleza mais bonita
Aquela criança
Com um sorriso nos olhos
Que nos faz nascer
Em toda a parte
Cuida dos meus olhos
Em Ti
Em ti,
tudo nascia
mais verde,
amadurecendo o belo...
Tudo
Tudo em ti,
ganhava o inverso do escuro,
no alinhavado sorriso.
Nasceste
de um poema,
verso
caule,
maestro
erguendo
sentimentos em tudo
que nascia,
protegido pelo solo
da carne,
depois do véu da pele.
Chamaram-te
alma
árvore
tutora,
para mim serás
mãe de todas as dores curadas,
de todos os amores
desembrulhados na pele
de mulher amada...
Há um firmamento no teu olhar …mapeando o velejar do meu coração … Há um firmamento no teu coração …mapeando o velejar do meu olhar …
Poderia escolher um milhão de estrelas,
Semeadas por Deus no céu
Para me guiar na emoção …
Mas escolho a luz do teu coração
Para atravessar a escuridão
Da solidão,
Dos passos leigos
Feridos pelo chão molhado …
Escolho a esperança do teu amor
Por mais incerto que seja
Por mais encoberto que esteja o olhar,
Escolho olhar-te,
Despido de peito …
Por mais perto que esteja o clarão de um outro amor,
Escolho fugir para longe, mais perto da dor e da tua incompreensão …
Escolho – te
Pois só há
Uma escolha …
Amar-te!
Amar-te!
Amar-te!
E se um dia,
Deixar de te amar,
É por que morri de alma e de carne …
Histórias de amor inacabadas (1)
Caçadores de borboletas e de Luas
esta história começa como todas as outras,
dois corações solitários
transbordando de solidão
[nada de extraordinário]
ele, um rapaz... peito lua
ela, com toda uma vida de flor escura
ele sofria de fobia em relação às mulheres depois de um embate
ela estudava para ser freira, com asas nas costas e no rosto (lupus)
nas escadas de Fátima
ele implorava a Deus
com lágrimas ao sol
um amor para toda uma vida
no banco de uma igreja abandonada
ela pedia um sinal de Deus
para continuar a sua jornada
tudo tão surreal
o seu nome, Maria
o dele, David
ainda mais surreal
como poderia uma história como esta dar certo?
só Deus sabia
continua...
Alógico… marear
aqui chegados
cansados
de lonjuras…
demasiado afastados
dos braços
sabendo antemão
que o coração
não amanta
para sempre
o amor de ontem
chegamos
com olhos gretados
e as vontades
branquejadas
no desconcerto das horas
sabendo muito mais
o que não queremos
do que aquilo que podemos ter
afinal
não podemos magoar o mar, quando o pisamos
não mudaremos os silêncios gigantes dentro da gente
não arriscaremos, salvar a esperança, no pisado olhar
não poderemos resgatar um grito, de azul por dentro
que possa ainda despertar, o sonho chorado
A marulhada da alma
oiço os passos da chuva
correndo
a madrugada chegou tão
rápido
ao canto dos olhos