Poemas, frases e mensagens de KássiaReis

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de KássiaReis

Andava por aí...

 
Andava por aí
Regendo passarinhos
Despertando margaridas
Colorindo borboletas

Andava por aí
Construindo ninhos
Acolhendo raparigas
Resgatando estrelas

Andava por aí
Juntando caminhos
Alumiando vidas
Destruindo cercas

Andava por aí
regando
ouvindo
libertando

Mas andava nu
não era um pregador
 
Andava por aí...

Flores de Inverno

 
Flores de Inverno

Olhar para as árvores, para suas copas quase nuas filtrando os raios de luz de um dia de céu estupidamente aberto.
Olhar para as flores que pipocam nos galhos sem folhas e enfeitam este inverno seco e claro de temperaturas amenas.
Flores que pontuam o azul feito estrelas e que soltam suas pétalas derramando lamentos sobre as calçadas. Tal qual estrelas cadentes.
São persistentes. Insistentes. Sobreviventes.
Bravas e belas flores de inverno que desafiam a primavera!
É para elas que eu olho.
 
Flores de Inverno

Tão próximo, o Inferno

 
Aquela luz, não a alcançava. Nunca. Ele caminhava e caminhava em sua direção e ela se afastava e se afastava. E suas pernas pesavam e pesavam. E aquele caminho cada vez mais íngreme, acidentado. E correntes invisíveis o prendiam e o puxavam para trás e para baixo. E o chão sob os seus pés ardia e queimava. E ele continuava e continuava. E deixava pelo caminho seus destroços, seus pedaços. E ele continuava e desesperava. E continuava e continuava. A luz cada vez mais ínfima, distante, inatingível, indiferente. E ele continuava e se arrastava. E suas costas lhe doíam e arqueavam e nos ombros lhe pesavam todas as pedras deste mundo e de outros mundos. E ele prosseguia e rastejava e desfigurava a própria face e dilacerava o próprio peito e rasgava a própria carne.
E insistia e insistia e insistia…
 
Tão próximo, o Inferno

Vaidosa Natureza

 
Vaidosa Natureza

Orvalho virou gelo
Gotículas cristalizadas
Espelhos pequeninos
 
Vaidosa Natureza

Dentro da noite fria

 
 
Tão larga e fria
a cama
E este cetim indiferente
Brilha sob a luz da arandela
Que teima em iluminar
A tua ausência

Ah, se tu soubesses
Das noites infinitas
Das taças solitárias
Esquecidas

Ah, se tu soubesses
Que a soberba do meu dia
Se dilui na saudade
Que me assola
Quando a minha noite chega
Sem ti, inóspita
Vazia

Ah, se tu soubesses
Que a sutil indiferença
Se transmuta em agonia
Quando giro a minha chave
E as paredes, testemunhas
Desprovidas de calor
Clamam por alguma
Vida

Ah, se tu soubesses
Que tudo, tudo mesmo
Se perderia
Se tu cruzasses esta porta
Por Deus, bastaria!

Ah, se tu soubesses
Da urgência do teu cheiro
Da ardência do meu peito
Voltarias!
 
Dentro da noite fria

Moonlight

 
Quando adormeces em meu colo
Tão menino,sereno
Embevecida fico
Pelo fascínio do teu belo rosto
A Lua,ciumenta
Resplandece inteira
No intento de te ofuscar
Tola,não percebe
Que seu despudorado luar
Só faz tua beleza
Ainda mais luminar
 
Moonlight

História de Amor (miniconto)

 
Fechou a última mala, enxugou a última lágrima. Desceu as escadas carregando a bagagem de toda uma vida. Pesada.
Pegou as chaves do carro e viu sobre a mesa um velho livro. Estrategicamente aberto. Entre as folhas brancas, uma folha seca. Memória da rosa ofertada.
Fechou o livro mas não encerrou a história.
Voltou com as malas para cima, curiosamente, mais leves.
 
História de Amor  (miniconto)

Instinto Fatal

 
Era mesmo um tanto paranóico e assumia sua condição sem nenhum constrangimento.Depois que viu aquele filme ficou ainda mais seletivo ao escolher uma companhia feminina.
Aos seus mais variados rituais,acrescentou mais um. Quando levava uma mulher para casa,trancava todos os objetos perfurantes a sete chaves. Principalmente,o picador de gelo...
Conheceu Abigail numa reunião de negócios e,apesar da atração instantânea entre os dois,ficou meio cismado porque a cena
lembrava-lhe aquele outro filme.
Ficou enrolando por umas duas semanas,resistindo às investidas daquela ruiva escultural que andava lhe tirando o sono. Investigou tudo o que pôde sobre ela e o que descobriu foi que,além de uma mulher independente e absolutamente normal, ela era muito boa de cama.
Finalmente a convidou para sair. Não conseguia parar de pensar nas coisas que ouvira sobre ela.Estava muito ansioso por provar daquilo tudo.
A noite foi alucinante. Que mulher! Encontraram-se várias outras vezes, sempre em motéis. Aos poucos,ele foi baixando a guarda. Até que chegou o dia em que a levou para a sua casa.
Tomou todas as precauções de praxe. Ela adorou o lugar e sentiu-se completamente à vontade. Fez um strip-tease na sala e eles transaram pela casa toda. Exaustos,adormeceram no quarto.
Lá pelas tantas ele acordou e viu-se sozinho na cama. Chamou por ela mas não obteve resposta. Sentiu uma pressão no peito, começou a suar. Calma,calma. Estava tudo sob controle. Havia trancado todas as coisas pontudas e perigosas e tinha tido o cuidado de revistar sua bolsa enquanto ela tomava uma ducha. Chamou mais uma vez e nada. Onde diabos essa cretina se meteu? Já em pânico e berrando pela casa,encontrou-a na cozinha falando ao celular. Fez sinal para que ele ficasse quieto. Desligou e explicou que era seu marido,em viagem a trabalho há três semanas,voltaria no dia seguinte.
Excitadíssimos,transaram sobre a mesa da cozinha.
Pela manhã,ele preparou o café. Estava totalmente relaxado. À luz do dia,sentia-se bem mais seguro e,além do mais,ela parecia mesmo ser uma pessoa normal. Entrou pelo corredor carregando uma bandeja repleta de frutas,pães e um fumegante bule de café. Abriu a porta do quarto sorridente e,quando ia dizer alguma coisa,tropeçou no tapetinho à beira da cama e derrubou a bandeja sobre ela. A mulher soltou um berro horrível pois o líquido quente queimou-lhe a barriga.Estupefato,não teve tempo para se desculpar,morreu de traumatismo craniano.
Afinal,a bandeja era pesada e ela era forte.
 
Instinto Fatal

Resgate

 
Novas floradas despontam
é tempo de retornar
chega de hibernação!
 
Resgate

A Cabeça Flutuante de Mercedes

 
A cabeça flutuante de Mercedes
Pairava sobre as praças
Girava, desvairada
As nuvens, bolinava!
A cabeça flutuante de Mercedes
Bailava, assim, descabelada
E os olhos flamejantes
Fulminavam quem passava.
A cabeça flutuante de Mercedes
Quicava feito bola
E gargalhava
A boca escancarada!
A cabeça flutuante de Mercedes
Belicosa, esfomeada
Devorava quem passava.
A cabeça flutuante de Mercedes
Vomitava cânticos
Regurgitava cândidos
E tripudiava!
A cabeça flutuante de Mercedes
Sugava os ébrios e os incautos
E se deleitava!
A cabeça flutuante de Mercedes
O dia, incendiava
A noite, iluminava
Abóbora gigante decapitada.
A cabeça flutuante de Mercedes
Pairava sobre as praças
E ria-se das pragas
A boca escancarada!
 
A Cabeça Flutuante de Mercedes

Fascinação

 
“e no teu olhar
tonto de emoção
com sofreguidão
mil venturas previ” *

Mil beijos roubei
Em teu corpo de luz
Renasci

* “Fascinação” . Composição: F.D.Marchetti/M.de Feraudy ( Versão para o português:Armando Louzada)
 
Fascinação

Poeta

 
O Poeta está no ostracismo. Está lá, metido em seus delírios
Em monólogos ensandecidos, metido em seus devaneios.
O Poeta está no ostracismo, em diálogos com a Lua
Procriando versos lunáticos
O Poeta está no ostracismo, pois
O Poeta não se perfila
Ora, veja!
O Poeta está no ostracismo, gritando para o nada
Suas letras insanas voam e ressoam
Pela abóbada da catedral cravejada de vitrais coloridos
E, bumerangues, retornam
Ricocheteiam na sua cara!
O Poeta está no ostracismo, pois
O Poeta não se limita
Às mesmices
Escreve para a borboleta!
Escreve para a mariposa…

… o Poeta tem alma de poeta!

O Poeta grita
Quem escuta?
O Poeta é maldito!
O Poeta não se enquadra entre arestas
O Poeta não segue caminhos fáceis
O Poeta não se integra , não faz conluios
O Poeta não joga!
O Poeta brinca…
O Poeta está no ostracismo mas
O Poeta não se importa, pois
O Poeta é o único que está Vivo
 
Poeta

O Restaurador de Brinquedos

 
O Restaurador de Brinquedos

Perícia e paciência
Delicado labor
Reconstruindo sonhos
 
O Restaurador de Brinquedos

Redenção

 
 
Redenção

E a redenção lhe veio
Através da dor
E foi feliz ao sofrer
E chorou
Chorou até não mais poder
E carregou nos braços
O irmão
Que tanto odiou.
E quanto mais pesado o fardo
Quanto mais árdua a escalada
Mais purificado
Por fim aliviado
Enfim, por si mesmo,
Perdoado

Inspirado em cena do filme "A Missão" e na belíssima
música de Ennio Morricone.
 
Redenção

A carta que não leste

 
Tuas mãos seguram a carta
Teus olhos cansados se esforçam
A letra,conheces bem.
Na folha amarelada pelo tempo
Em que não viveste
Ao lado de quem a escreveu,
Descobres segredos.
E enquanto tua garganta fecha
Em um nó de pura mágoa
Tu lês naquelas linhas
A vida que perdeste
Por teu orgulho e soberbia
 
A carta que não leste

Pela luz dos versos meus...

 
Será que a luz que te ilumina
vem da luz dos olhos meus?
Será que são meus olhos
a razão dos versos teus?
Ou será que são meus versos
tradução dos olhos teus?
Será que é o teu lume
o farol dos versos meus?
Pois eu acho,meu amor, que só se pode achar
Que a luz dos versos meus
vem da luz do teu olhar
 
Pela luz dos versos meus...

Trilha Sonora

 
 
Já vivi uma cena assim, de novela
Já corri para os seus braços, vestida de branco
À beira da praia
Tão jovem, tão jovem…
Você me ergueu tão alto
E eu me apoiei em seus ombros
Um daqueles momentos em que a vida faz sentido
Como naquele filme romântico, como aqueles quatro dias
E é desses momentos que minha vida se alimenta
O meu conto de fadas que não tem final algum
O meu oásis de águas frescas e perfumadas
Em meio ao trânsito tresloucado e escaldante
Está bem aqui, em minha mente, minha memória
E eu nem preciso fechar os olhos para ver os seus,
Tão límpidos
Enquanto ouço Little Wing
E sou feliz
…feliz



Sting - Little Wing
 
Trilha Sonora

Perfídia (miniconto)

 
Perfídia (miniconto)
 
Perfídia

Passou a geléia nos dois lados da torrada, como ele sempre exigia. Antes, porém, adicionou ao pote do doce as funestas gotículas. Sentou e esperou.
 
Perfídia (miniconto)

Espelho D'Água

 
Espelho D'Água
 
 
Espelho D’Água

Diáfana
Difusa
Dispersa

Imagem
Inversa

Diluída
Dissolvida

Etérea
Eterna
…em sua brevidade

Canto das águas - Água VII
 
Espelho D'Água

Ata-me!!

 
Pérfida criatura
Que me toma de assalto
E me acorrenta à sua nau
E me atormenta
Entre tormentas
De prazeres
Crueldade
"...me diz,por onde você me prende?"
Donde vêm tantos poderes?
Do seu olhar flamejante?
Das suas garras lancinantes?
Ai, a quem engano?
Vêm do seu fascínio
As minhas dores
 
Ata-me!!