Para ti ,que te leio..
passo por aqui de relance
para ler tua poesia
mas constato
que pouco tens sonhado
aqui neste cantinho
onde me deleito
com tuas palavras melódicas
apenas quero ler-te
ler-te mais um pouquinho
adormecer nas tuas palavras
acordar-te no meu sonho
imaginar-me nos teus olhos
sentir o aroma da tua sublime inspiração
sentir as batidas do meu coração.
na leveza das tuas palavras sentir o beijo em doce lentidão
quero ler-te,ler-te até que os olhos se fechem no sonho desejado.
ana silvestre
Vertente amarga
não te subestimes á tua vertente amarga
longínquo vai o casco do navio
rachado em crepúsculos de marés vivas
carcaça em restos de conhaque
tempestades ocultas pelo fumo do cigarro
amarelado em tempo de recusa,
eclipse de morte,céu rubicundo,espectro de lua negra
inventa
palavras nos segredos dos teus sonhos
rouba sorrisos, engana os olhares ávidos
varre a sombra dos importunos
sê feliz na retina dos demais
e diz-me
que horas são no teu coração ?
ana silvestre
Que coisa mais maluca
ah,que coisa mais maluca
esta vontade de sair por aí
procurar os aromas do jardim
beber sonhos das fontes
que ainda restam em mim
porque um dia hei-de cansar-me
cansar-me do nada
cansar-me de tudo
esta vontade de acordar o corpo
voar com a alma
gritar o amor
escrever o amor
viver o amor
esta vontade d'um tudo
que em nada existe
mas nem sei que caminho tomar
se dos verdes campos
ou do azul do mar
aprender a gostar do tempo
do relógio que me escraviza
sem ter tempo para amar
ah,que coisa mais maluca
esta vontade lancinante de viver
sem tempo a perder
um dia hei-de cansar-me
sem nada por fazer
sem nada por dizer.
ana silvestre
Até ao fim do mundo
Desenrolava fios de esperança
no relógio monocromático de sua vida.
saía por aí,perdido nos labirintos do destino
apanhando gotas de memória nos beirais do tempo.
caminhava..
eram estradas de existência
onde o asfalto incerto lhe feria os pés desprevenidos
estava no outono da vida
as paixões amadureciam rápido,secavam,
quais flores implorando umas gotas de água.
bebia as alegrias como vinho doce.sorria,
mas seu olhar era triste
não sabia,
mas procurava rumo
umas mãos que tocassem as suas,incondicionalmente.
era de poucas palavras,mas seu sorriso iluminava o mundo.
e encantou,e encontrou,a mão da felicidade que se estendia
num abraço esticado até ao fim do mundo.
ana silvestre
Do nada
havia um poema branco
na folha branca
ninguém o via
mas estava lá
sentia-lhe o aroma
a brisa amena, adocicada,
o pólen das palavras
atraindo o meu lado mais mordaz
hoje, escrevo-te
à hora do último café
para que saibas
que tive a sensibilidade
de sentir,ler o poema
que não tiveste coragem de escrever
deixaste as marcas dos rabiscos
no meu coração,sabes?
Li-te.assim do nada.
ana silvestre
confissão ao carrasco
não te amo só quando a brisa do fim de tarde me traz teu aroma
partindo-o em mil estilhaços
não te amo só quando sorris os últimos raios pálidos do entardecer moribundo
amo-te também quando teus olhos condenados por um crime impiedoso
de amor cruel, olham-me em fúria insaciável
amo-te também quando de carrasco tiraste meu melhor
amo-te também quando mascas teu medo e olhas-me com olhos de ferro
qual lança em espressões fulminantes rasgando o ar.
ah como te quero para além da tempestade de angustia horrorizando o rosto das estrelas
pálidas são as noites que me deste com as costas
mesmo assim o amor aflora no mais recôndito refúgio de minh'alma
e liberta-se pelo canto dos olhos em total desarmonia com tuas coléricas convulsões
vomitando sobre os pés a ira que te vai no coração.
ana silvestre
o livro de mim é todo teu...
deito-me suavemente nas tuas palavras
sinto a suave brisa das tuas letras
que me enfeitiçam a alma !
oh vogais que me tocam de mansinho!..
vou folheando tuas páginas molhando
os dedos com minha lingua de desejos..
nesse livro que és tu...
palavras que me beijam,me acariciam
em cada página me extasio..
junto-me a ti e deixo-te folheares-me
com teus dedos sábios..
sim amor desdobra minhas palavras
como se fossem um lençol de prazer
SIM .o livro de mim é todo teu....
o poema
coloquei as letras na prateleira.adiando as palavras.
bem arrumadas não fosse cair alguma quebrando
o silêncio da folha branca que espera.
espero no tempo naufragado.o dia certo para as retirar
sem ferir mágoas não saradas.o dia em que rasgarei
todas as dúvidas.esvaziarei as ilusões.derramarei emoções.
esse dia surgido da ilusão será o dia em que
apareceres na estrada do tempo.
felicidade.prateleira que balança.letras que caem.
no papel cansado.palavras que se formam.
semeando esperança .
chegaste.sorvo tua presença.pegas na folha.
poema hasteado.amor consumado.
matámos o tempo.o passado esvaiu.
o presente ficou.
o amor nos uniu...
(a libido das palavras )
por vezes parece que tua libido está nas palavras
quando te leio sinto que folheias meu corpo
cada página tacteio tua pele
sempre que o dedo folheia é como dedilhar teu corpo
deixando-te adentrar-me um pouco
és poesia do meu desejo
és lábios que me beijam em cada espaço das palavras
falo que me penetra no final de cada estrofe
é assim
quando estás ausente
e as mãos da noite me embalam
se apoderam de mim..
ana silvestre
palavras libertas..
palavras caem em cima da mesa
pego na caneta coloco-as no papel
sinto uma liberdade imensa .
escrever é como o pensamento
LIVRE . minha alma dita
meus dedos escrevem ...
meu coração pulsa forte
meus dedos tremem ,caneta rabisca..
rabiscos .. só então percebi
serem pontos de interrogação
reticencias...mas tenho a liberdade
de.. pontos de exclamação !!!
letras maiúsculas,minúsculas..
tenho a liberdade na minha mão
na minha caneta..no meu pensamento
basta ter uma simples folha..
e...minha alma dita...caneta escreve.
com tinta vinda do meu coração..