O que não tenho coragem de dizer nos teus olhos
Paro em frente de uma luminosidade que teima fortemente em encadear-me, queima até o meu íntimo mais profundo. O teu sorriso que encanta e alegra tudo à minha volta escorrega por entre os dedos rasgados de dor, sofrimento e mágoa. Deixo-me cair desamparadamente na areia do Guincho, as ondas arrebentam a seu belo prazer e o vento leva consigo a incerteza dos meus receios. Brinco na areia e, dou por mim a escrever o teu nome. O nome que desejo exprimir com um terno sorriso todas as manhãs.
Foi à cerca de pouco tempo que dei por mim a apaixonar-me por ti, não tive culpa de este enorme sentimento invadir sem autorização a minha fonte de sentimentos e paixões. Sei que gostava de voltar a amar, voltar a entregar novamente o meu "coração" a uma pessoa linda e simples como tu e aos meus olhos tornaste-te especial e única.
O brilho dos teus olhos deixa-me a imaginar como seria a plenitude do nosso eventual amor, o amor que um dia quero viver a teu lado. Espero que venhas ter à margem do Guincho, vinda numa onda onde possa depois aconchegar-te no calor dos meus braços.
Quero dizer-te aqui e agora que apesar de tudo quero estar contigo, fazer-te feliz e ser o companheiro nas horas mais difíceis da tua vida.
Como seria bonito estar contigo esta noite no Guincho ou numa outra praia, só nós dois a contemplar apaixonados a Lua, o Universo Desconhecido que ilumina as nossas rebeldes essências que são alimentadas por doces caricias. A vontade que tenho em tocar nos teus lindos cabelos, mas o receio de interpretares mal faz-me recuar logo de seguida. A vontade que tenho de passar as minhas mãos pelos teus braços. Aos poucos quero dar-te a conhecer a minha essência, a existência de um Homem diferente que é capaz de te oferecer a tranquilidade que tanto procuras.
O pouco que conheço de ti, és o anjo que qualquer arcanjo deseja encontrar na sua humilde vida! És o anjo mais terno e meigo que conheço. Adoro estar contigo, sinto um calor confortável dentro de mim e tu és a responsável por isso.
O que escrevo aqui é verdadeiro, é o que sinto, é o que ele sente... é o que eu desejo que sintas um dia por esta alma perdida.
Simplesmente, És...!!
Em ti
Em ti,
Esbarrei em silêncio
Na mera estrada da vida
Nesta vida te encontrei
Nesta vida amar-te-ei
Em ti,
O amor é verdadeiro
É simples,
Mas intenso como as ondas do mar
A lua,
Testemunha do nosso amor
Ilumina as nossas vidas
Sem mágoa nem rancor
Em ti,
Somente em ti as estrelas fortalecem
O amor alguma vez vivido
Vivido a meu lado
Em ti,
Em ti quero ficar!
Sem Norte
Espelhos partidos
Gritam de sofrimento
Em voos noturnos
Sem almas sentidas
Os sonhos
São revividos
Perante virgens
Amaldiçoadas
Mundos odiados
De gentes frias e insensíveis
Reportam a cais
Naufragados
Para onde caminhamos
Norte ou Sul
Já não sabemos
Nem interessa saber
Porém em mentes vivemos
Vivemos constantemente
De ceitas...
De ceitas infernais
Caminheis em brita solene
Pobre poeta
Sem Norte
Perante a morte
Sentimentos de um, Eu
Olhos esses que ainda
Ao dia de hoje não sei de que cor são
O brilho que eles transmitem
Confortam o meu peito rasgado e abandonado
Poeta triste,
Oh, triste poeta
A sinceridade da tua alma perdida
Faz querer-me orientar-te,
Orientar o teu coração ao meu
Demonstrar nestas minhas palavras
O que sinto por ti
Passeio pelas vielas estreitas e frias
Maldito frio de Lisboa
Limitas a decadência
Do meu ser
A nova e maravilhosa
Que és tu, musa dos meus sonhos,
Das minhas novas letras
Da minha quase renovada vida
Espero corresponder e ser correspondido
Ao sorriso que esboças
Morro de saudade
Não consigo mais estar longe de ti
Tudo o que és
Espero recordar um dia
E pintar numa tela
Este amor que sinto por ti
Este nome elegante que te deu existência
És uma natureza frágil
Onde aos poucos
Aprendo a gostar, a apreciar
Mesmo a amar
Não quero ter medo
Medo de voltar a amar
Não se escolhe estes sentimentos
Porém sentimo-lo!
Ter coragem de te olhar nos olhos
Coragem de tocar na tua mão
E dizer do fundo da minha nobre essência
“Fazes-me feliz!”
O meu verdadeiro receio
Será a tua humilde reação
Pois, irá responder a todos os meus medos
De uma vida nada apaziguadora
Apesar de receios e medos
Quando escrevo para ti
Minha querida
Todo este Mundo cruel é insignificante
O amor por ti
Pinta a pincel o nosso Mundo
O Mundo que quero viver contigo
Dou por mim a ouvir as ondas do mar
Arrebentam calmamente
Nos pés deste, eu
Que espera pela tua chegada
É meu desejo
Que as nossas almas
Se apaixonem
Se unem através dos nossos lábios
E amarmos
Um outro pôr-do-sol
Manhã silenciosa
– Não acredito no que acabei de ouvir! Como podes dizer uma coisa dessas sobre o pai da tua filha? – Perguntou bastante intrigada, com um rosto de indignação.
– Respeito a decisão dele – beijando a sua testa carinhosamente.
Ao quinto dia do mês de abril, faria um ano que Miguel acordava para uma nova realidade. Muitos dos seus amigos e familiares, não sabiam como lidar com ela, uns aceitavam, outros não queriam pensar num desfecho tão cruel. Ficaram chocados com a decisão tomada de um homem morto… morto por dentro, que já nada podia fazer.
Em certos momentos da vida somos obrigados a escolher por uma das vias de um caminho bifurcado e ele escolheu o seu. Tudo o que se faz tem as suas consequências, as consequências dessa sua decisão, fizeram com que pessoas ligadas durante uma vida se afastassem. Nestes momentos, tão difíceis para um Ser Humano, comprovamos quem nos ama verdadeiramente.
A sua filha, ainda pequena, apesar de não ter noção do que se passava à sua volta, cada vez que se enroscava nos braços de Miguel, notava-se claramente uma ligação de amor, nunca antes testemunhada. Aquela menina tinha todos os seus traços quando este era pequeno, dito pela mãe de Miguel.
– Mãe, não vamos voltar a ter esta conversa, pois não? – Bufando secamente as palavras, porém beijando a nuca da sua bebé.
– Este hospital, essa…
– Amor, está na hora de dar de mamar à nossa pirralha – interrompendo a sua mãe – Lis, está na hora da mama – a companheira de Miguel retirou a pequenita dos seus braços e voltou a sentar-se no cadeirão castanho-escuro.
Mãe e filha, um amor de predição, um laço que nunca será esquecido no tempo. Um raio de sol transbordava por uma palheta da persiana e iluminava aquele pequeno anjo.
Há momentos da vida, em que não sabemos como adquirir certos mandamentos, pois ainda continuamos a pensar sistematicamente como haveremos de respeitar o próximo.
Poeta em chuva molhada
Um poeta sem amor
Poeta sem amada
Assim sou, assim estou!
Em margens caminho
Ainda sem direção,
nem destino
Que fazer a tudo isto?
Poeta que sou
Sem amor, nem amada
Não passo de um...
Sem-abrigo em chuva molhada
Que desejo voltar a vê-la passar
Passar só mais uma vez
Uma vez que seja
Para me sentir uma vez mais, amado
Mesmo que ela não me repare
Que me despreze
Mas continuo a amá-la
A amá-la como tanto a amei
Avarento
A alma abismal acelera a arte
Alguns atravessam a astúcia anormal
Avarento!
Ama a amante.
A apologia adjacente anseia
A audácia alheia,
Alguns açoites aniquilam
A arte avarenta.
A aurora atua amargamente,
Alienado aufere a alusão
Apreendedora.
Apazigua a avareza,
Aceita a abolição anormal.
Apenas aflige a arte
Adaptada ao amor.
Este poema inicia sempre as palavras com a letra "a".
O amor tem destas coisas
Dás-me asas para voar
A lugares distantes
Nesse peito, minha casa
Isento de matérias
Efetivamente...
Lembraste de sentir,
Amor.
Mares entre marés
Algures entre eles
Recaem cinzas deste ser
Quanto tanto te amou
Usufruiu de lendas
Efetivamente...
Sentiu amor, por ti.
Amor,
Meu amor
Ouve-me, peço-te...
Torna esta minha vida
Efetivamente...
Amor
Já te disse que és linda mil e uma vez, mas há um momento que nem as palavras chegam para demonstrar o que sentimos, só quando sentimos a verdadeira emoção da vida como se fosse pela primeira vez. Há memorias que irão perdurar e tu serás uma certeza na minha vida...!!
Um anjo nunca esquecido
A neblina da manhã primaveril de ontem, brotou em roseiras mansas o cheiro divinal de uma orquestra sem igual, contudo as amostras revogaram a estilhaços sem demora. As rosas de cravos encravados aliaram-se ao desigual.
Os passos leves daquele anjo caminharam lentamente até Gabriel.
- Eu estarei sempre aqui - sussurrou ao seu ouvido - não tenhas medo.
Gabriel rapidamente abriu olhos, reconhecendo aquela voz cristalina.
- Samarah...
- Sim, sou eu - anuiu, depositando um pequeno beijo na sua bochecha - que fazes aqui sozinho?
- Culpo-me por teres partido... e saber que nunca mais vais voltar, nunca mais.
Por mais que tente, aquele Domingo ao final do dia, estará sempre gravado em Gabriel... o dia em que Samarah partira para sempre de uma forma trágica, um momento em ele ainda não consegue falar, descrever, ou mesmo enterrar. Dois anos passados em tristeza profunda, só no local do acontecimento se sentia bem, tinha a certeza que ela aparecia e ontem não foi excepção.
- Quantas vezes tenho que te dizer que foi um acidente, não tiveste culpa!
- Pronto, pronto... não te quero arreliar, só te quero voltar a amar - disse Gabriel, olhando para Samarah que voltava a erguer um enorme manto branco.
- Tu amas-me todos os dias, tonto - constatou, esboçando um sorriso - tens é que seguir com a tua vida, não podes continuar preso ao passado.
- Se esquecer o passado, perco-te, não te quero perder, quero continuar a vir aqui, só assim tenho paz.
Samarah abraçou fortemente o único homem que amara em vida, fora ele que esteve sempre ao seu lado nos momentos mais difíceis, o único que lhe fizera sorrir, compreender o verdadeiro significado da vida e do verdadeiro amor. Não se conhecia casal mais feliz que eles, quando nasceram alguém escreveu que eles tinham que se cruzar, nem que fosse por pouco tempo, mas tinham que se cruzar, era obrigatório testemunhar tal amor.
- As saudades que tenho destes teus abraços, poisar a minha cabeça no teu peito e voltar a ouvir o teu coração.
Samarah acariciou os cabelos negros de Gabriel e sorriu.
- Continuas o mesmo, as tuas palavras meigas deixam-me serena.
- Ainda bem - disse Gabriel, enroscando-se cada vez mais no corpo da sua amada.
- Amo-te... - sussurrou Samarah.
- Também te amo...!!
- Tenho que voltar - acabou por dizer.
- Já?!
O mundo não está preparado para revoluções desta dimensão, a perca de um membro fundamental da sobrevivência humana. Os restos imortais de seres amados de uma vida são relembrados constantemente em memórias enfraquecidas, em corações partidos.
- Eu volto, prometo que volto...