Poemas, frases e mensagens de MenteOculta

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de MenteOculta

Quem és tu?

 
Vês o que não existe
Esqueces o que nunca viste
Ouves o silêncio do profundo vulcão
No ar que respiras e na vida sem coração
Mais alto tu queres ir
E consegues sem conseguir
Ninguém ouve o que tu gritas
Mas todos te vêem quando suspiras
Quem é quem? Não dá para perceber
São todos iguais, correm sem se mexer
Dá uma boa razão para ficar
Motivos não faltam, mas falas a calar
Fugas sem fim. Desaparecer
Foges, encontras-te mas não consegues te conhecer
Quem és tu afinal no meio do nada
Quem és tu para amar o de forma adiada
Escreves, escreves sem saber ler
Os pensamentos da tua mente que estão a morrer
És difícil de entender, uma pergunta, um olhar
E pronto! Tu és aquilo que se chama DUVIDAR.
 
Quem és tu?

olhar vazio

 
Quando olho à volta nada vejo a não ser
As coisas que não sei nem nunca ouvi dizer
Nessa luz que ilumina desligada da vida
Que nos acompanha solitária e pouco entendida
Numa realidade rendida que me confronta
Fazendo de um passo uma viagem longa
Querendo cair sem me levantar
Deixo me deitado num chão por pisar
Onde me faço de morto e esquecido
Não existo para o mundo vencido
Só vivo onde não se vive nem se caminha
Num olhar que não quer ver o que o mundo obriga
Deixe me deitado no chão para me levantar abaixo da terra
Num renascer ausente de uns braços que não me espera
Quando olho para dentro vejo o mundo violento
Quando olho para fora vejo um corpo sedento
Quando olho para as chamas de um fogo frio
Vejo quão quente é esse teu olhar vazio
 
olhar vazio

Tarde Demais

 
Tarde demais
Escuta o que tenho para te dizer
Eu sei que errei ao longo dos anos
Permanecendo na minha ausência quando juntos estamos
Quanto dura um amor numa mulher verdadeira?
Nas minhas palavras dura a vida inteira
Nas minhas acções esse prazo estava sempre a terminar
Quando pedias companhia, eu, ocupado para te acompanhar
Os nossos retratos içados na mobília da sala
Como se de bandeiras tratassem em nome de uma causa
Para mim esses retratos eram muito importantes
Mas na prática estavam rasgados e insignificantes
Enquanto eu te dizia estas palavras da razão
O teu olhar se fixava em mim mas sem expressão
Não me tocavas nem movimento algum
Talvez porque não fazia sentido o meu rumo
Eu sei que muitas vezes tentas-te acordar
A nossa relação que há muito eu teimava em matar
Te peço perdão pela forma como tratei nossos corações
Quem me dera que as palavras apagassem as acções
Mas tu, agora, estás indiferente às palavras
Já sabes que só te serviram para te prender como amarras
Os teus olhos olham fixamente para mim
Espero que digas:
Perdoo-te porque amo-te mesmo assim
Mas é tarde demais apesar do teu olhar de santa
Aqui estou eu a tentar corrigir em frente ao retrato da tua campa
 
Tarde Demais

Corredores da Imaginação

 
Corredores da Imaginação

Caminhando no corredor da frente
Querendo abrir a porta da mente
Entrando dentro da recordação
Vendo lembranças de solidão
Sentimentos apedrejados
Estando mortos e calados
Paixões de um só sentimento
Tornando a recordação num tormento
Passando a porta da recordação que se ia fechando
Por a porta do desespero ia entrando
Gritar todo o silêncio acabado
Desabafas falando calado
Que se feche todas as portas da mente
Pois é só tristeza, dor e solidão que sente
Acalma na imaginação
Dada por a realidade do seu coração
Por aquilo que desejava
Imaginando aquilo que gostava
Abrindo os olhos acabou a realidade
Que a mente dava com falsidade
E passa a ver tudo o que não quer
Querendo esquecer o máximo que puder
Imaginar é ver o que não existe e o que não se tem
É viver a vida a imaginar aquilo que não vem.
 
Corredores da Imaginação

Sonho Paralelo

 
Sonho Paralelo

Desejo de se fazer o que esta errado
Ninguém pode saber, do mal, o resultado
Adormece na estrada da noite apagada
Surge o pânico e a aflição desesperada
No sonho foi descoberto e toda a gente se faz saber
A realidade do sonho que não acorda julga se a verdade ser
Relâmpagos de luzes encandeamento na escuridão
A 1ªrealidade surge no desespero do coração
O desejo de fazer o errado permanece
Mas ninguém sabe, e a realidade adormece
No sonho da vida alguém diz, não sei!
Se a realidade acorda ou adormece any way
But what is all about?
When is inside out?
Dream in paradise of live is mean to be
Forget the past são sonhos acordados para mim
O silêncio das ondas gritantes
Fazem, coisas raras serem constantes
A noite adormece
Para acordar do sonho que acontece.
 
Sonho Paralelo

Tempo Sem Horas

 
Tempo Sem Horas

Tic, tac, tic, tac, tic
Ele voa, desaparece e nós queremos que fique
Estás preso nos ponteiros da vida
Marcando os minutos que te resta da tua corrida
Esse relógio que te condena e prende
Às horas vividas num tempo que se vende
Estás confuso de não saber o gosto
O sabor que te marca e liberta num poço
Gritas com os segundos dos minutos
Que te condenam o fracasso dos teus mundos
As horas da consciência marcam o encontro
Com o tempo de agir e queimar esse teu sufoco
Qual é a cor do tempo?
Quanto tempo tem uma cor?
Que entrega ao gasto daquilo que és
Quando vives, passas a ser o chão dos teus pés
Sentes a batida do teu coração como uma faca
Cortando o tempo do relógio que te marca
Estás a amar tudo o que te rodeia
Para sentires o sabor do ódio que te encandeia
Tic, tac, que se lixe, não quer ouvir
Esse som em contagem decrescente para te punir
Mais dois passos nas horas da tua existência
As horas são as únicas que não tem tempo nem paciência
Olhas para o sol e vês a lua
A cravar-te na mente da consciência da tua rua
É aí que gritas para que o tempo pare ou faça recuar
Mas é tarde, e os minutos estão sedentos para te castigar
Dás boas vindas do que não és nem queres ser
Serás o que não queres e vais-te afogar no prazer
Agarra o tempo e deixa-o marcar os teus minutos
Nesse tempo sem horas que controla os teus rasgos confusos
 
Tempo Sem Horas

MÃE DA HEROÍNA FILHA DA DROGA

 
Um olhar sobre tudo o que é belo
Uma flor um pôr-do-sol o desenrolar do novelo
Vives a vida na forma real
Mas não chega e procuras algo especial
No fim de contas és dona do teu corpo
E o prazer vende-se em cada esquina em cada copo
O cigarro é bom mas não chega para sentir o prazer
A vida real não presta e ficas cega de querer aprender
- Hoje à uma festa queres vir?
- Bute aí vai ser ganzar até cair
E acabas de nascer numa mãe adoptiva
Não queres saber quem ela é mas queres ser sua filha
- Que se lixe quem me deu à luz e me viu nascer
Pois é bem melhor esta mãe desconhecida que me dá prazer
Como é? Hoje não à festa?
-Não, a ganza acabou e o dinheiro pouco me resta
Mas a tua mãe te chama para mais uma alucinação
O dia vira noite e a tua companhia é a solidão
E vem um amigo com uma dose de hipocrisia
Não interessa como ele conseguiu e vai de fumar mais um dia
Acordas com as ondas a bater no teu rosto como setas
Com quem dormiste? A quem te vendes-te? Não te interessas
E a tua mãe dá-te uma filha a conhecer
Já não fumas, agora, é chutar até esquecer
Mas tu amas a tua filha e não passas sem ela
A rua é a tua casa e a lua a tua vela
O dinheiro acabou e ficas na sarjeta da vida
Vendes o teu corpo, amas o ódio, e a seringa é a tua amiga
Acordas no hospital num corpo sem alma nem proteína
Olhas para a janela e chamas a tua filha de heroína
E voltas de novo para o mundo de vida morta
Gritas o silêncio de uma lágrima perdida de uma calma revolta
A tua mãe vem de novo – O que fazes agora?
-O que se pode fazer quando a nossa mãe é a droga?!!
Mais um dia em que te lembras de esquecer
Dos olhares cegos que te estão a ver
Das amizades inimigas de um dia de trevas
Julgam-te sem justiça por seres o que não eras
Chegou a noticia, que mentira fosse
Mais um amigo teu, nos caixotes, morreu de overdose
Raiva de tudo e de todos que se lixe tudo isto
Não sabes para onde ir e a droga é o teu isco
Passam-se algumas semanas e decides pôr fim à tua vida
Vais até há ponte para acabar com a tua família fingida
Um passo na berma as lágrimas correm sem parar
Salgando o mar da droga que por tua mãe se fez passar
E o salto da morte surge e o dia fica em trevas
No silêncio acabou o roubar o prostituir o comer nas sarjetas
Mas um aviso dentro de ti te fez acordar para a vida
Tua barriga mexia, algo, dentro de ti te deixou confundida
O que temias bateu-te à porta que não dava para fechar
Mal tinhas dinheiro para o chuto muito menos para abortar

Bates-te na porta da inimiga da droga
Pedis-te ajuda há tua mãe biológica
Agora tinhas duas filhas para escolher
A que te pedia vida e a que te pedia para morrer
Chegou o dia de nascer de novo para a vida
Fechas-te num quarto e o desejo te consumia
Quando saís-te a tua mãe foi te perguntar
-Então a tua filha ajudou-te a desintoxicar?
As tuas lágrimas da vida te davam as boas vindas
A tua filha heroína tinha morrido e enterras-te as seringas
Foste ao jardim e pegas-te numa flor
Olhas-te para ela e admiras-te o que à de melhor
Meses depois nasceu a razão de tu viveres
Aquela criança que pedia para amares e não para morreres
As tuas palavras foram:
-Não sei quem é o teu pai mas sei que és minha filha
Nunca te vou trocar por nada desta vida
Nasces-te para me mostrar como tudo pode ser belo
Uma flor um pôr-do-sol o desenrolar de um novelo
Mãe da heroína filha da droga foi o que eu vivi
Mas vou estar ao teu lado para te dizer como foi bom quando te senti
Obrigado quando te mexes-te naquela ponte
Impedindo-me de conhecer a morte.
 
MÃE DA HEROÍNA FILHA DA DROGA

As tuas lagrimas

 
Enquanto seguro as tuas lágrimas
Para sentir a tua tristeza em que te amarras
Num sufoco que chama por ti
Esse silencio que te queima sem fim
Quando pouco vales na tua vida
Não sabes se vale a pena senti-la
Seguro as tuas lágrimas no meu rosto
O sal que me queima e liberta num sufoco
Enquanto sinto as tuas lágrimas
Viajo sem sentido em estradas fantasmas
Sinto o sabor das histórias de cada lágrimar
Num absítintico passado te alimentavas sem respirar
Preciso dormir preciso sonhar
Para te ver de novo e poder tocar
Ouvir a tua voz num profundo silêncio inquieto
Não quero acordar não quero parar de viver
Enquanto dormir sonharei contigo e tenho-te por perto
Quando acordo minha cama vira sepultura sem querer
Chega a noite, adormeço, então aí volto a sentir
Como é bom estar contigo nem que seja a dormir
Em que a vida me dá estas segundas chances para te ver
Estás em mim mas à noite estás para mim
Quando acordo embalo as lágrimas que deixas-te
Numa saudade que me mata e dá vida
Choras dentro de mim magoas que te fogem
Mas é no meu rosto que as lágrimas correm
Quero que chegue a noite para voltar a viver
Quero que chegue a noite para te ter
 
As tuas lagrimas

A Saudade é o Espelho da Solidão

 
A vida afasta as pessoas que temos no coração

Sendo a saudade companheira da solidão
As coisas que vimos ou ouvimos nos fazem lembrar
Uma das pessoas que de nós teve de se afastar
De livro aberto na página das lembranças
A recordar coisas que nunca te cansas
De sítios temporários se faz a amizade
E saindo pró seu lugar ficando a saudade

É um sentimento triste mas é bom aparecer
O que, só existe saudade, quando gostou de alguém conhecer

Em frente, desse espelho, faz-se mostrar
Sendo a saudade solitária o que se faz espelhar
Perto de estar longe é o que acontece
Essa saudade que nunca se esquece
Longe de estar perto é o que a vida nos faz sentir
Haver pessoas na chegada e saudade ao partir
Oásis no deserto é como a saudade quando não está perto

Da janela vendo a neve cair à nossa beira
A imaginar a presença de uma companhia solteira

Sal em mar doce de recordação
Onde ondas de lembranças mergulham no coração
Lembrar esse mar calmo de revolta
Isso ajuda a enganar que a pessoa está de volta
Da ausência fria que aquece. O lume da distancia que permanece
A saudade é o espelho da solidão
Os que te amam contigo sempre estarão.
 
A Saudade é o Espelho da Solidão

Ruas da Mente

 
Nas ruas da tua mente
Em becos sem saída do que sente
E prometes nunca mais passar
Entre os estreitos perigosos que te fazem pensar
Não é que queiras dizer o teu silêncio
Pois, esse, toda gente o ouve mas ninguém sabe
E é assim que voltas aos estreitos da tua mente
Mais um beco sem saída mais um sinal intermitente
Das incertezas de caminhos seguros
Onde não há perigo mas tu ficas em apuros
Nessas ruas onde toda gente te vê
Mas ninguém te encontra; é triste o que se lê
O teu espelho é feito de hipocrisia
E o reflexo é uma imagem adormecida
Chegas a um cruzamento sem mapa
Mas tu sabes o caminho da incerteza do nada
E viras para um lado de todas as direcções
Onde a tua mente se desliga e só fica as emoções
Toda gente fala contigo mas não dizem nada
Esse silêncio que não se cala; que barulho! Não pára!
Cresceste da tua semente
E vives nas ruas da tua mente.
 
Ruas da Mente

Veias da Revolta

 
Veias da Revolta

Enquanto vives esse teu mundo
Há um outro que nasce sem amor nem conforto
Respiras o ódio à tua volta
Vomitas o amor numa raiva revolta
Agarras com o teu sangue
E mastigas com as tuas mãos de verme
Sentes o cheiro da hipocrisia
Nas tuas narinas em justiça de anestesia
Numa janela dum mundo de confiança
Entra um raio de esperança
Que ilumina o teu espaço negro
No chão incerto que não pára
Olhas para trás e o que vês?
Afinal és alguém importante
Pois, és bom para pisar e ser humilhante
Onde está esse raio que não tarda?
Fosse eu esse raio que os parta!
Que corpo é esse que explode de ironia?
Nunca arrefece e tenta derreter a hipocrisia
Fosse eu ar negro nas narinas puras
Explodia por dentro e os espalhava nas ruas
Eis os importantes que nada sabem
Eis os que pisam, pisam amor e bondade
Nas tuas veias que congeladas não estão
Derretem, derretem e lutam contra a humilhação
Afinal tu receias
Tudo aquilo que te passa nas veias.
 
Veias da Revolta

Quando as palavras não chegam

 
Quando as palavras não chegam para testar
A falta de tudo do que te faz rodear
Nessa mágoa que te alimenta até à fome
Na fartura da frustração que te consome
Nessas veias famintas em teu vazio correm
Querem sair pelos ossos da vida mas não conseguem
Esse coração já não bate e está farto de dar vida
A um corpo morto que se move nessa congelada corrida
Abres a gaveta da morgue e o que vês?
Tanta vida guardada e vivida numa caixa que te marca os pés
Esses dedos que agarraram o nada que tu tens
Que te apertam na tua ida mesmo quando nessa estrada vens
Quando as palavras não chegam para dizer o silencio
Que não se cala nesse poço de água seca em incêndio
Nessas ruas sem estrada onde as curvas te dominam
Numa caminhada imaginária onde as rectas te apanham
O cheiro das flores do fracasso numa campa sem vitória sem nada
Onde quem passa não reconhece o aroma do futuro que o aguarda
As palavras não chegam para dizer as letras dos ecos que mantive
Num texto em branco em que tudo está escrito para quem não vive
O vento assopra contra a tua face que não existe
Vento esse que move vidas sem vida numa foto que não viste
Onde todos existem para sorrir num olhar cego
Numa liberdade que se solta presa a um prego
As palavras não conseguem escrever
Os pensamentos dos que vivem a morrer
 
Quando as palavras não chegam

Beleza Escoada

 
Beleza Escoada

Já não sabes o que é o mundo nem quem és
E dás por ti a lamber o chão que te foge dos pés
Enquanto tu te escondes e rodeias
Vais morrendo nessa vida ao som das sereias
Quando te olhas ao espelho nada vês
Senão o reflexo num barco rachado junto ao convés
Quando te valorizas é aí que todos te vendem
Por preço baixo ou de graça, te pisam e te prendem
Naquilo que tu não és ou talvez não queres ser
Só mais um dia de respirar por obrigação
Talvez pare de livre vontade o teu coração
Quem és tu e com quem falas? Enquanto tombas?
Não vês que essa pessoa é as tuas sombras
No meio de fossas da vida e valas
Vais mastigando tudo o que há nas sobras
Um sorriso quando triste e sem alegria
É como a vida vestida de trapos e ironia
Escreves tu nesse teu mundo que arrefece
Porque quando se é ninguém, alguém se esquece
Como defines a tua beleza?
Num espelho sem reflexo e tristeza
Vês o sol quando acorda a lua
Rasgas, e nunca mais acaba esta vida que não é tua
Porque és preso da tua liberdade?
Escondido num beco de uma mentirosa verdade
Que horas são quando dás por ti?
Esse relógio nunca funcionou e acordo para não dormir
Porque sonhar dói quando a realidade
Te chama para mais uma frustração da tua vaidade
O mundo não chega para te esconderes do nada
Quando o nada te chama vives numa beleza escoada.
 
Beleza Escoada

Esperança

 
Esperança

Quando olhas para a frente
Vês um mundo lindo em forma de serpente
Em que tudo parece se locomover suavemente
Mas quando essa beleza fala és mordido venenosamente
É difícil lutar com os dias do passado
É impossível esquecer um futuro retardado
Às vezes só te resta ter esperança
De que tudo mude neste mundo de matança
Às vezes a esperança é uma dor que dura e dura
Mas é a viver com essa dor que ela te cura
Esperar que o vazio da incompetência
Da inutilidade que te devora ao ponto da insignificância
Continuar a pisar o teu chão de amor e prazer
Só espero que te expludas quem te viu e nunca te quis ver
E esse mundo continua nessa dança
Ao som dessa música de esperança.
 
Esperança

Gostava de Ser

 
Gostava de ser ar
Para mover corpos e os dilacerar
Enquanto pediam perdão
Eu os perdoava com mais punição
Mostrava o que era amor de pai
Nas veias de ódio que entram mas não sai
Nos seus sorrisos brilhantes
Gostava de ser as gargalhadas fuzilantes
A alegria que eles sentem
Contagiada com a minha sentença demente
Gostava de ser mendigo para vomitar
Nos pratos ricos dos que andam a governar
Palavras lindas que eles dizem educadamente
Que viram poemas de sangue nas línguas dormentes
Gostava de ser a folha de discurso político
Onde está guardado todo o seu lado cínico
Velos a pedir perdão ao povo
Que nunca vos sentenciou mas sente nojo
Agora é tarde, vou cuspir lume
Arrancar a vossa pele e transformar em betume
Com os vossos olhos bem arrancados
Onde as orelhas já não ouvem os mutilados
O abutre já comeu e agora convida o povo a adormece-lo
Enquanto o povo sonha o vosso maior pesadelo
Gostava de ser impune nos meus actos
Para fazer justiça nos vossos palatos
Gostava de fazer isso tudo
Mas não posso, e digo isso como um mudo
Porque para ser carrasco sádico
Eu tinha que me poluir e ser político.
 
Gostava de Ser