Poemas, frases e mensagens de AugustodeSênior

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de AugustodeSênior

VAGABUNDO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR EM LIRA DOS VINTE ANOS

 
Eu durmo e vivo no sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso,
Nas noites de verão namoro estrela;
Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.

Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada...

Oito dias lá vão que ando cismado
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...

Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio;
Não creio no diabo nem nos santos.
Rezo a Nossa Senhora, e sou vadio!

Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.


*Eat, drink and love; what can the rest avail BYRON. D. Juan.
*“Come, bebe e ama; de que pode nos valer o resto?” BYRON.
Tradução: Coleção L & PM Pocket, nº 118, pág. 176.

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Vagabundo é a “história” poética de um homem que não tem teto. De um homem que vive ao relento, gosta de um cigarro e mesmo assim é feliz (“ditoso”).

São quadras (quatro versos) com o seguinte esquema de rimas: o segundo verso rima com o quarto, totalizando quarenta versos divididos em dez estrofes.

São versos decassílabos (dez sílabas poéticas). Vejamos a escansão da primeira estrofe, onde o eu lírico (a voz que “fala” na poesia) se apresenta e diz a sua sina (pobre, mendigo e ditoso):

(“Eu-dur-moe-vi-vo-no-sol-co-moum-ci-/ga-no,”)

(“Fu-man-do-meu-ci-gar-ro-va-po-ro-/-so,”)

(“Nas-noi-tes-de-ve-rã-na-mo-ro-es-tre-/la;”)

(“Sou-po-bre-sou-men-di-goe-sou-di-to-/so.”)

E assim o jovem poeta continua pelas quadras restantes, sempre nessa tonalidade, sem dinheiro, namorador sonha com a donzela, nomeia-se filho da lua e procura sempre o contato com a natureza, etc.

Na profundidade do texto podemos entender que é um homem sem desejos materiais, não tem onde morar, não tem dinheiro, reza para Nossa Senhora, frequenta a missa aos domingos e é feliz.

Tudo narrado (contado) em tom de humor, diferente do restante de sua poesia e, imprimindo um novo viés em suas páginas literárias, deixando de lado palavras como: palor, macilento, cadáver, funéreo, morte, etc., abandonando, assim, as “distorções macabras” que o consagraram na Literatura Brasileira, procurando um novo olhar para seus escritos.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
VAGABUNDO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR EM LIRA DOS VINTE ANOS

O SONETO MAIS BONITO E MAIS SENTIDO DA LITERATURA BRASILEIRA: HÃO DE CHORAR POR ELA OS CINAMOMOS... (ALPHONSUS DE GUIMARÃES)

 
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão — "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria.. . "
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?"

Alphonsus de Guimarães.
(1870 - 1921)
Escola literária: Simbolismo/Neo-Romantismo.

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É o mais bonito e mais sentido soneto da nossa Literatura...
Soneto (= pequeno som) é um tipo de poesia de forma fixa (tem origem na Itália - entre os séculos XII e XIII) composta de catorze versos, divididos em quatro estrofes, sendo dois quartetos (quatro versos) e dois tercetos (três versos), geralmente, decassílabos (dez sílabas poéticas) com rimas no seguinte esquema de rimas: a-b-a-b/a-b-a-b/c-d-c/e-d-e.

No primeiro quarteto, a perda da amada é tão sentida que o poeta projeta na natureza todo o seu sofrer, ou seja, os cinamomos, aqueles que choram, murcharam até o final do dia, os laranjais, vão deixar cair os pomos quando sentirem a falta daquela que os colhia.

No segundo quarteto até as estrelas sentem a perda da amada (do poeta) e choram "a irmã que lhes sorria".
No primeiro terceto a Lua também sofre com a perda.

No segundo terceto, os arcanjos, no céu, ao vê-la, vão lamentar a perda dele:
-"Por que não vieram juntos?"

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
O SONETO MAIS BONITO E MAIS SENTIDO DA LITERATURA BRASILEIRA: HÃO DE CHORAR POR ELA OS CINAMOMOS... (ALPHONSUS DE GUIMARÃES)

TODA POESIA (REUNIÃO) - APRESENTAÇÃO

 
Reunião de todas as poesias que estão em:
Primórdios – Primeira aventura no mundo da poesia (SP.: Clube de Autores, 2010) e Primórdios - Segunda aventura: poesias e contos experimentais (SP.: Clube de Autores, 2010).
Sendo a temática variada: Amor, Brasil, Deus, sociedade, natureza, liberdade, realidade, personalidades, etc.
Reapresento também os contos experimentais:
- O grande mistério;
- Um bailarino diferente...;
- Conto de felicidade;
- Anedota do pedreiro chinês e a flor.
Encarecidamente peço:
- Tenham, por favor, paciência com eles!
- São jovens, mesmo assim, são filhos!

Muito obrigado!

BOAS LEITURAS!
O Autor.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................04
PEQUENAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A POESIA..........05
SONETOS........................................07
SONHO DE POETA.................................08
A FAMÍLIA CAJU ................................09
SONHO DE AMOR .................................10
Anjo meu ......................................11
AMOR MATERNO.................................. 13
CINCO ESTRELAS............................... 14
MUSA ..........................................15
Por Ela ... ...............................16
VOCÊ .........................................17
És tu! ........................................18
Eu te amo .....................................19
Amor ..........................................20
ANJO MORENO ...................................21
ESTRANHO AMOR ..................... ...........22
INFINITO ......................................23
ENAMORADO.................................... .24
AFRODITE ......................................25
Sereia ........................................26
Pérola ........................................27
DECADÊNCIA ....................................28
PROCURA .......................................29
PROCURO-TE ....................................30
PROCURA-SE O POEMA ............................31
ADORMECIDO ....................................32
DESCOBRIMENTO .................................33
Saudades de um Brasileiro .....................34
Oração...... ..................................35
DEUS ..........................................36
FALSA VESTAL ..................................37
UIARA .........................................38
SOLIDÃO DA MORTE TRISTE .......................39
Um grito de natureza... .....................40
Tecido ........................................41
Palavras! .....................................42
O homem de várias faces... ................ 43
SÊ BEM-VINDO! .................................44
PRIMAVERA ....................................45
AUSÊNCIAS .....................................46
REALIDADE .....................................47
LIBERDADE.......................... ...........48
Sem palavras ..................................50
Meus pensamentos em ti ........................51
GÊNESIS .......................................52
SÊ... .......................................53
SOLIDÃO .......................................54
Sou eu! .......................................55
O que é o amor? ...............................56
NOVA MUSA .....................................57
Onde estão os limites do amor? ................58
POEMA (QUASE) CONCRETO ........................59
FIM ...........................................60

CONTOS EXPERIMENTAIS

O GRANDE MISTÉRIO..............................62
Um bailarino diferente........................ 64
Anedota do pedreiro chinês e a flor............67
CONTO DE FELICIDADE ...........................68

O GRANDE MISTÉRIO

Um dia, no cimo de uma grande montanha, um Santo Homem aproximou-se de Deus, trazia consigo muitas dúvidas, muitos mistérios, muitas indagações, necessitava de muitas respostas, mas uma entre todas tinha a sua preferência, não exclusivamente sua, mas de toda a Humanidade.
Uma dúvida que há muito nos aflige e tem estimulado aos sábios de todos os tempos: egípcios, hebreus, gregos e troianos, latinos e muitos que vieram depois (os alquimistas da Idade Média, os gênios do Renascimento, os Iluministas franceses) e agora, os teólogos modernos.
Embevecido com o magistral momento, o maior da raça humana, o Homem meditou, concentrou-se..., e finalmente, face a face com o Criador, o Magnânimo, o Pai Celestial, o Supremo Ser..., Nosso Senhor e Deus Todo Poderoso..., envolto e extasiado pela luz que Dele emanava, maravilhado com os clarins angelicais que anunciavam a presença do Senhor, o Santo Homem reuniu suas forças e perguntou:
- Senhor meu Deus - Quem somos nós? Por que estamos aqui? Para onde iremos?
Fez, emocionado pelo momento, as milenares perguntas, e como todo o restante do Planeta, aguardou calado...
A Terra parou totalmente: as águas cessaram as ondas, os ventos não foram mais aos moinhos, as tempestades calaram, furacões e tufões ficaram em silêncio, desapareceram os terremotos; os animais ficaram atentos e "as baleias não mais cruzaram oceanos"; o trânsito serenou; a violência se fez branda e pediu Paz; não houve Fórmula Um e o Senna não mais "pilotou"...; a sinfonia de todos os dias emudeceu; desapareceram as guerras; acabou a fome; morreram as doenças; exterminaram-se as Pestes; o especulador não especulou; os ladrões não furtaram, não roubaram, não mataram; o guarda não apitou; findaram-se as Drogas; ninguém foi à piscina, à escola ou ao trabalho; o trovador não mais cantou sua viola; o nenê cessou de chorar, as crianças pararam a algazarra; não houve mais protestos; o aposentado não foi ao Banco receber seus míseros proventos; as fábricas pararam as fumaças; ninguém procriou; os filósofos não racionalizaram; o sonhador não sonhou; os jesuítas deixaram de lado a sua pregação, o pastor não foi à igreja, o padre não se manifestou.
O Universo paralisou-se em silêncio..., todos aguardavam uma solução para o Antigo Enigma..., mas nesse grandioso momento, infelizmente, um distraído e sonolento ratinho branco, totalmente apático ao que estava acontecendo, guinchou chamando pela "mãe", e foi uma zoada só..., um barulho ensurdecedor..., e com o susto, tudo voltou ao normal. Nós perdemos a oportunidade de ter esclarecido esse Grande Mistério, e Deus?... Simplesmente evaporou-se aborrecido...
Ficou o nosso Santo Homem solitário no ápice da montanha.
E eu caí da cama!...

Um bailarino diferente...

Que a arte (ideal de beleza) tem como principal função retratar o belo (o que tem aparência agradável) todos sabemos, mas o que não esperamos é que junto a esse belo possamos encontrar também o feio (desagradável à vista)isto é, um misto de belo e feio nessa mesma arte. Não o feio repugnante que provoca arrepios, mas o feio tolerável, aquele que não deixa nojo, isento de piedade ou outro sentimento do gênero.
Em se tratando de beleza, principalmente na arte de dançar, ela está bem próxima, é muito expressiva, e, infelizmente, esse é o ponto de vista que está inserto em nosso inconsciente, essa é a idéia que faz parte do nosso psicológico, é dessa maneira que é feita nossa associação mental, embora sejam desconhecidas as origens de tal "conceito".

Leiam o que aconteceu numa tarde de domingo quando fui ao Teatro Nacional para assistir a um espetáculo de dança.

Entrei, e como de costume, sentei-me na primeira fila. Caminhava o bailado quadro a quadro, até que em dado momento entrou em cena um bailarino diferente..., diferente do tradicional; era jovem, vestia branco, glúteos enrijecidos sobre pernas torneadas por sessões de academia, piruetas acrobáticas, e apesar de total domínio na arte de dançar, de realizar de maneira confiante todos os seus movimentos, angariar aplausos e provocar frenesi a um público entusiasmado sendo aplaudido de pé..., um pequeno detalhe o diferenciava, escapava a tudo que estamos acostumados..., não possuía na face nenhum sinal de beleza, lembrava o tocador de sinos de Victor Hugo (*), em suma, era feio, muito feio.

Amanheceu... Estava muito excitado para prestar atenção ao relógio, saltou da cama, era o dia de sua apresentação no Teatro Nacional, por sua mente, quadros e mais quadros lembravam-lhe a aventura no mundo da dança, lutara por seus objetivos, vencera o cansaço dos ensaios diários, enfrentara o desafio da dedicação exclusiva, tivera muitas ausências em reuniões sociais...
Colocou todo material na bolsa (sapatilhas, a fantasia da apresentação, a caderneta que o acompanhava a todos os lugares) foi correndo para o teatro, chegou na hora da reflexão costumeira antes da entrada no palco, fez todos os preparativos enquanto seus colegas gritavam palavras de incentivo, ouviu seu nome ser anunciado, respirou... Entrou com elegância de movimentos, executou todos os passos de maneira correta, e como sempre, arrancou aplausos e, ao iniciar o retorno para o camarim, no exato minuto em que fazia mesuras de agradecimento, alguém na primeira fila chamou-lhe atenção, percebeu algo diferente..., um baixinho careca, usando óculos e barrigudo aplaudia com entusiasmo..., mas como era feio o tal baixinho!

Depois de algum tempo analisando o fato procurei por lições, infelizmente não estamos acostumados ao ocorrido, convivemos com a idéia clássica de que no BALÉ; entendido como coreografia apresentada ao público por diversos dançarinos, geralmente acompanhada por música; prevalece a imagem do belo, não sendo comum encontrar um fato como o acontecido e, como parte integrante da sociedade, fiquei surpreso com o jovem bailarino, mas além de aplaudi-lo com entusiasmo, desejo-lhe muito sucesso, pois, para o talento não existem limites.

(*) O tocador de sinos de Victor Hugo (1802-1885): personagem do romance Nossa Senhora de Paris (1831) traduzido para a Língua Portuguesa como O corcunda de Notre-Dame. Era feio e disforme, mas de bom coração.

Conclusão - Preste atenção ao expressar seu ponto de vista, ele pode ser o pensamento de outra pessoa, inclusive simultâneo.

Anedota do pedreiro chinês e a flor

Era uma vez um homem tolo e uma mulher travessa,
um pedreiro chinês, uma flor e uma construção no interior do País...

O homem não abriu os olhos, mas a mulher travessa abriu a flor...
O pedreiro chinês cheirou, durante longo tempo, a flor...

A mulher travessa virava massa uma vez por mês...

Até que um dia...

E assim termina a historieta do pedreiro chinês...

Quem gostou, leia mais de uma vez...
Quem não entendeu o sentido leia durante o mês...

CONTO DE FELICIDADE

Era uma vez um velho HOMEM maltrapilho, sujo e de longas barbas embranquecidas de tempo, e que vivia em uma espessa floresta de aspecto tenebroso...

(NÃO HÁ REGISTROS OU EXPLICAÇÕES PARA ESTE FATO...)

Mas, dezessete anos antes, ele era um nobre, rico e aventureiro, e podia ser encontrado bailando nos salões luxuosos e dourados dos palácios daquela época...

(MAS, FALTAVA-LHE TÊMPERO...)

Hoje, podemos observar um pequeno detalhe:

Ele encontrou a FELICIDADE...


SONETOS

SONHO DE POETA

Cantas tua musa e tuas verdades.
Tu és alegre, tu és sensível.
Queres para o Mundo: felicidades.
Poeta torne seu sonho possível.

Desejas para todos: liberdades.
Tu possuis idealismo invencível.
Sonhador... Artesão das sensibilidades...
poeta criatura indestrutível.

Defendas os valores cotidianos.
Que tua vontade dure por anos.
Canta o choro do coração fendido.

vítima flechada pelo Cupido.
Cantas para o Amor que não frutificou
da triste alma que o destino separou.

"Que ninguém doma um coração de poeta!"
Augusto dos Anjos (1884 - 1914)

A FAMÍLIA CAJU

Era uma vez a FAMÍLIA CAJU
composta por Papai, Sofia e Ju.
Sofia (CAJU): faz balé e natação,
livros, textos, cinema e televisão.

Por que CAJU? Chamam-na de Juju,
todos dizem - vem cá Ju - (CAJU) ficou.
A família (CAJU) vive a viajar,
rota: Rio-Petrópolis e mar.

Papai (CAJU) come: jiló com chuchu.
Juju (CAJU) gosta de aipo e angu.
CAJU tem os cabelos cacheados

corre para não serem penteados.
Cresce a família caju.
Aos domingos: churrasco e peixe cru.


SONHO DE AMOR

Sonhei em sonho de amor que estava
em terra de paz e felicidade.
Cicerone: fantástica loura.
Musa: grandes, lindos olhos azuis.

Um corpo magro, modelado, esguio...
Adorei esta loura e, encantado,
quis com as forças do meu coração
namorar esta maviosa mulher.

Infelizmente, intrépido não sou,
não tenho Símbolo de Nobreza,
humilde discípulo em Letras sou.

Mesmo assim, Ela deu-me o "telefone",
"liguei"..., obstou a família e NÃO!!!
Adorável sonho... Sex Rapunzel!!!
 
TODA POESIA (REUNIÃO) - APRESENTAÇÃO

O QUE É PRODUÇÃO TEXTUAL?

 
Devemos começar este raciocínio com a pergunta óbvia e básica, isto é, o que é produção?
Segundo os vários dicionários que circulam pelo meio estudantil: ato ou efeito de produzir, construir, fazer, criar pela imaginação.
Outras duas perguntas também óbvias e fáceis:
O que é textual?
O que é texto?
Texto é tecido (o escritor como um tecelão, tecendo palavras, parágrafos, períodos e por fim a obra completa).
Já, textual é tudo o que é relativo ao texto, ou seja, tudo o que vem transcrito em um texto.
Respondendo a pergunta principal:
Produção Textual é a disciplina (matéria de ensino) que estuda a construção (produção) de textos, que nada mais é do que a reunião de palavras que compõem a Língua Portuguesa, com o auxílio da imaginação (CRIATIVIDADE) para formar um conjunto de parágrafos (frases que formam um período e depois um texto completo) e que tem por objetivo um todo (textual) composto de coesão (concordância) e coerência (razão, harmonia) e beleza.

Poeta, contista, cronista, romancista, professor e amante das Literaturas.
 
O QUE É PRODUÇÃO TEXTUAL?

GÊNESIS

 
No início...
Deus..., em sua infinita sabedoria, notou que a Terra estava vazia...

Que faltava algo...
Que NÃO havia alguma coisa...
Que não havia o SEMELHANTE...

Então, criou o HOMEM...
Imagem e semelhança...
Mas a CRIATURA, egoísta, má e desobediente arranjou sua saída...
Para sua desobediência não havia perdão.

Será que um dia RETORNAREMOS ao Paraíso do Éden?

Primórdios - Primeira aventura no mundo da poesia.
São Paulo: Clube de Autores, 2010.
www.clubedeautores.com.br

Primórdios - Segunda aventura: poesias e contos experimentais.
São Paulo: Clube de Autores, 2010.
www.clubedeautores.com.br
 
GÊNESIS

ANJO MORENO

 
É meu Anjo moreno feito de ébano e marfim,
os diamantes da Terra estão incrustados em Ti...
Estrela Vespertina que anuncia a noite,
e traz ilusão aos meus olhos serenos,
mesmo assim,
eu bebo na fonte de tua cândida expressão...

Quero beijar teus olhos,
quero beijar tua cútis morena,
quero beijar teus lábios,
quero tocar teu corpo,
és a dama dos meus desejos nascentes...

Menina formosa em mulher,
à frente de um passo meu está outro seu,
eu te sigo por todos os caminhos do teu Ser...

Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista e romancista.
 
ANJO MORENO

FIM

 
Há um vazio em meu coração,
acostumei-me as horas de Ti...
E agora?
Sem Você...
Como será o meu dia-a-dia?
Tuas páginas não mais decifrarei...
Escolheste outro caminho...
Teus olhos não mais realizarei...
Agora Tu vais procurar outro Amor...
Mesmo assim, desejo-te... FLOR...
Ouro de tolo!...

Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista e romancista.
 
FIM

PEQUENAS CITAÇÕES COMENTADAS - POESIAS - WILLIAM BUTLER YEATS

 
"Da briga do homem com outros surge a retórica; da briga do homem consigo mesmo nasce a poesia."

William Butler Yeats
(1865 - 1935)
Poeta irlandês.

Brilhante e acertada citação do poeta irlandês ao observar que do combate (verbal) do homem com semelhantes nasce a retórica (arte de falar com eloquência), isto é, o homem no seu dia-a-dia, no convívio social, é obrigado a desenvolver, a reformular, a melhorar suas "falas", e deve fazê-lo através de discussões lógicas, com isso, a língua é levada ao limite da beleza (textual) tornando-se assim suas palavras mais objetivas e verdadeiras. Em contra partida, da contenda (mais violenta!!!) do homem consigo mesmo, nasce a poesia (arte da sensibilidade) que pode ser escrita, sonora ou visual, isto é, de sua guerra interior com as palavras, da agressividade humana natural, de sua inconformidade com o mundo, surge a expressão da beleza poética.
 
PEQUENAS CITAÇÕES COMENTADAS - POESIAS - WILLIAM BUTLER YEATS

O QUE É INTERPRETAÇÃO TEXTUAL?

 
Para responder, com alguma lógica, primeiramente devemos responder a seguinte pergunta:

O que é interpretação?

Segundo o dicionário: "ato ou efeito de interpretar", "explicação detalhada do texto", "arte e técnica de interpretar".

Resumo: entender o que está escrito no texto.

Outras duas perguntas:

O que é texto?

O que é textual?

Texto (tecido) o escritor é um tecelão de palavras, que formarão um texto pleno.
Textual: relativo ao que está escrito no texto;
aquilo que é transcrito ou citado fielmente.

Em suma:

Texto não é somente aquilo que está escrito (palavras), o texto também pode ser visual, oral, sonoro, etc.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL é a "disciplina" (ramo de conhecimento, matéria de ensino) que "pretende" explicar, de forma detalhada o texto, ou seja, estudar tudo que está escrito na "linha" (aquilo que o texto literalmente diz - tudo que está explícito) e na "entrelinha" (espaço entre duas linhas) ou seja, tudo que está implícito, e que, muitas vezes, não foi dito por questões políticas, morais, ideológicas, sociais ou religiosas.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
O QUE É INTERPRETAÇÃO TEXTUAL?

NOVA MUSA

 
Eu tenho uma nova musa.
Para Ela, "tudo são números"!...

Olhos negros e diminutos,
Defeito único: não ser ciumenta!...
Com Ela eu sou feliz.
Matematicamente:
Um círculo... Dois cumes, um par...
Um triângulo...

Na hora da indecisão: palavras de calão.
No Amor, sedução...

Eu tenho planos, Ela também...
Que mal há em juntar os dois?...

VOCÊ faz parte da minha VIDA.
"Em tuas mãos entrego meu destino."

EU TE AMO!...
EU TE AMO!...
EU TE AMO!...


Para Norma Sueli...

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
NOVA MUSA

SENSUAL RAPUNZEL!...

 
Sonhei em sonho de amor que estava
em terra de paz e felicidade.
Cicerone: fantástica loura.
Musa: grandes, lindos olhos azuis.

Um corpo magro, modelado, esguio...
Adorei esta loura e, encantado,
quis com as forças do meu coração
namorar esta maviosa mulher.

Infelizmente, intrépido não sou,
não tenho Símbolo de Nobreza,
humilde discípulo em Letras sou.

Mesmo assim, Ela deu-me o "telefone",
liguei..., obstou a família e NÃO!...
Adorável sonho... Sexy Rapunzel!...

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
SENSUAL RAPUNZEL!...

PEQUENAS CITAÇÕES COMENTADAS - POESIAS

 
" A poesia é, com efeito, algo divino."

Percy Bysshe SHELLEY
(1792 - 1822)
Poeta e escritor inglês.

Pequenas e profundas as palavras do jovem poeta do Romantismo (inglês); poesia é texto "divino", palavra escrita que faz sonhar, que provoca emoções, que melhora raciocínios, ou seja, traz os belos sentimentos, os maiores pensamentos e as melhores ações. Fato este, totalmente revelado na frase acima, isto é, tudo que provoca belas emoções, só pode vir do Céu ('divino'), ou seja, vem do olhar caridoso de Deus, que vendo todas as dificuldades humanas, procura minorar os sofrimentos de todos aqueles que o conhecem (e também dos que não conhecem), usando a voz do poeta que ao "produzir" seu texto poético, representa naquele momento, a vontade do Criador.

Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista e romancista.
 
PEQUENAS CITAÇÕES COMENTADAS - POESIAS

SENSUAL RAPUNZEL!...

 
Sonhei em sonho de amor que estava
em terra de paz e felicidade.
Cicerone: fantástica loura.
Musa: grandes, lindos olhos azuis.

Um corpo magro, modelado, esguio...
Adorei esta loura e, encantado,
quis com as forças do meu coração
namorar esta maviosa mulher.

Infelizmente, intrépido não sou,
não tenho Símbolo de Nobreza,
humilde discípulo em Letras sou.

Mesmo assim, Ela deu-me o "telefone",
liguei..., obstou a família e NÃO!...
Adorável sonho... Sexy Rapunzel!...

Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista, romancista e sonhador.
 
SENSUAL RAPUNZEL!...

PEQUENAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O SONETO

 
Soneto (originariamente o vocábulo significava "pequeno som") poesia de forma fixa, ou seja, utiliza métrica (medida de versos) e esquema de rimas (ritmo). É composto por 14 (catorze) versos, distribuídos em 02 (dois) quartetos e 02 (dois) tercetos (soneto italiano), geralmente utiliza versos decassílabos (dez sílabas poéticas) ou alexandrinos (doze sílabas poéticas). Também pode ser formado por 03 (três) quartetos e 01 (um) dístico (dois versos) - soneto inglês.

Esquema mais freqüente de rimas: abba - abba- cde - cde (soneto italiano).

No Modernismo Brasileiro (1922 - Atualidade) foi muito cultivado o soneto branco, isto é, catorze versos sem rimas, porém, com métrica (versos decassílabos ou alexandrinos).
Principal cultor no Brasil: Mário de Andrade (1893-1945).

SONETOS ITALIANOS

SONHO DE POETA

Cantas tua musa e tuas verdades.
Tu és alegre, tu és sensível.
Queres para o Mundo: felicidades.
Poeta torne seu sonho possível.
Desejas para todos: liberdades.
Tu possuis idealismo invencível.
Sonhador... Artesão das sensibilidades...
poeta criatura indestrutível.
Defendas os valores cotidianos.
Que tua vontade dure por anos.
Canta o choro do coração fendido.
vítima flechada pelo Cupido.
Cantas para o Amor que não frutificou
da triste alma que o destino separou.

"Que ninguém doma um coração de poeta!"
Augusto dos Anjo (1884 - 1914)

A FAMÍLIA CAJU

Era uma vez a FAMÍLIA CAJU
composta por Papai, Sofia e Ju.
Sofia (CAJU): faz balé e natação,
livros, textos, cinema e televisão.
Por que CAJU? Chamam-na de Juju,
todos dizem - vem cá Ju - (CAJU) ficou.
A família (CAJU) vive a viajar,
rota: Rio-Petrópolis e mar.
Papai (CAJU) come: jiló com chuchu.
Juju (CAJU) gosta de aipo e angu.
CAJU tem os cabelos cacheados
corre para não serem penteados.
Cresce a família caju.
Aos domingos: churrasco e peixe cru.

SONETO BRANCO

SENSUAL RAPUNZEL!!!

Sonhei em sonho de amor que estava
em terra de paz e felicidade.
Cicerone: fantástica loura.
Musa: grandes, lindos olhos azuis.
Um corpo magro, modelado, esguio...
Adorei esta loura e, encantado,
quis com as forças do meu coração
namorar esta maviosamulher.
Infelizmente, intrépido não sou,
não tenho Símbolo de Nobreza,
humilde discípulo em Letras sou.
Mesmo assim, Ela deu-me o "telefone",
"liguei"..., obstou a família e NÃO!!!
Adorável sonho... Sex Rapunzel!!!

PEQUENA ANTOLOGIA DE SONETOS

Melhores sonetistas de Portugal:

Luís Vaz de Camões (1524 - 1580) - Renascimento.
Nasceu (provavelmente) em Lisboa.
1572 - Primeira edição de Os Lusíadas.
Poesias: Rimas (1595).

Principais sonetos:

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas, não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
Pórem o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada. (ligada)
Mas está linda e pura semideia, (semideusa)
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo onde subiste,
memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus que teus anos encurtou,
Que tão cedo me leve a ver-te,
Quão cedo de olhos te levou.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades,
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Eu cantarei o amor tão docemente,
por uns termos em si tão concertados,
que dois mil acidentes namorados
faça sentir ao peito que não sente.

Farei que o amor a todos avivente,
pintando mil segredos delicados,
brandas iras, suspiros magoados
temerosa ousadia e pena ausente.

Também, senhora do despreza honesto
de vossa vista branda e rigorosa,
contentar-me-ei dizendo a menos parte.

Porém, para cantar de vosso gesto
a composição alta e milagrosa,
aqui falta saber, engenho e arte.

In Rimas.
Edição de A. J. da Costa Pimpão.
Coimbra, Atlântida Editora, 1973.

No soneto (poesia de forma fixa e de origem italiana, que significa “pequeno som” composto de quatorze versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos) o poeta se propõe a cantar o Amor (maiúsculo, espiritual, idealizado) e não, o amor físico (minúsculo), e pretende cantá-lo de maneira suave (“docemente”), usando palavras em harmonia (“concertadas”), ou seja, que combinam, encaixam..., sem esquecer-se dos vários sinais de amor (“acidentes namorados”) que fazem “doer” o peito (“que não sente”) isto é, aquele que se define como “imune” aos ataques (infelizmente, certeiros) do Cupido e também aquele (teimoso) que insiste em dizer: Eu não amo! Eu não amarei! Eu não amo! Eu não amarei! No segundo quarteto um reforço de sua intenção, isto é, fazer com que o amor a todos dê vida “Farei que o amor a todos avivente...”, ou seja, que tenham felicidades e saibam cultivar o sentimento divino. Pretende também falar da saudade (sentimento constante na poesia portuguesa) isto é, a dor da ausência, a dor da perda, o sentimento que fica quando a pessoa amada não está próxima. O autor do poema não se esquece de admirar em sua amada a questão do recato (pureza) e do decoro (bom comportamento), e no final, expressa, em curtas palavras, a sua grande modéstia ao cantar o rosto (“gesto”) da pessoa desejada, diz que não possui inspiração (talento) e nem eloquência (“arte”), fato que sabemos não ser verdadeiro, uma vez que, possui uma obra universal, admirável, talentoso, eterna (Poesia lírica: Rimas, publicada em 1595 – Epopeia: Os Lusíadas de 1572 – Teatro: Anfitriões, El-Rei Seleuco, Filodemo – comédias).

PEQUENO VOCABULÁRIO:

“Concertados – harmoniosos.
Acidentes namorados – manifestações exteriores do amor, sinais de amor.
Aviventar – dar vida.
Pena ausente – saudade, sofrimento pela ausência.
Desprezo honesto – recato, decoro.
A menos parte – a parte menos importante.
Gesto – rosto.
Engenho – inspiração talento.
Arte – eloquência”.

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765 - 1805). Neoclacissismo ou Arcadismo (1756 - 1825).
"Elmano Sadino".
Nasceu em Setúbal.
Poesias: Idílios Marítimos; Rimas (3 volumes) e Parnaso Bocagiano - poesias eróticas, burlescas e satíricas.
Principais sonetos:

Soneto V

Meu ar evaporei na lida insana
Do tropel de paixões que me arrastava;
Ah!, cego eu cria, ah!, mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não doirava!
Mais eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, oh Deus!...Quando a morte à luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

Retrato Próprio (Soneto LXXXI)

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
bem servido de pés, meão na altura,
triste de facha, o mesmo de figura,
nariz alto no meio, e não pequeno.
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura;
bebendo em níveis mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno.
Devoto incensador de mil deidades
(digo, de moças mil) num só momento,
e somente no altar amando os frades.
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
saíram dele mesmo estas verdades
num dia em que se achou mais pachorrento.

Antero de Quental (1842 - 1891) - Realismo.
Nasceu em Açores (Ponta Delgada).
Obras:
1ª fase - Odes modernas (1865); Primaveras românticas (1862) e Raios de extinta luz (1892).
2ª fase - Sonetos completos.

Principais sonetos:

Mais luz!

A Guilherme de Azevedo

Amem a noite os magros crapulosos,
E os que sonham com virgens impossíveis,
E os que se inclinam mudos, impassíveis,
À borda dos abismos silenciosos...
Tu, lua, com teus raios vaporosos,
Cobre-os, tapa-os e torna-os e insensíveis,
Tanto aos vícios cruéis e inextínguiveis,
Como aos longos cuidados dolorosos!
Eu amarei a santa madrugada,
E o meio dia em vida refervendo,
E a tarde rumorosa e repousada.
Viva e trabalhe em plena luz: depois,
Seja-me dado ainda ver morrendo,
o claro sol, amigo dos heróis!

Soneto II

Num céu intemerato e cristalino
Pode habitar talvez um Deus distante,
Vendo passar um sonho cambiante
O Ser como espetáculo divino.
Mas o homem, na terra onde o destino
O lançou, vive e agita-se incessante:
Encher o ar da terra o seu pulmão possante...
Cá na terra blasfema ou ergue o hino...
a idéia encarna em peitos que palpitam:
O seu pulsar são chamas que crepitam,
Paixões ardentes como vivos sóis!
Cambatei pois na terra árida e bruta,
Té que a revolta o remoinhar da luta,
Té que a fecunde o sangue dos heróis!

A JOÃO DE DEUS

Se é lei, que rege o escuro pensamento,
Ser vã toda a pesquisa da verdade,
Em vez da luz achara escuridade,
Ser uma queda nova cada invento;
É lei também, embora cru tormento,
Buscar, sempre buscar a claridade,
E só ter como certa realidade
O que nos mostra claro o entendimento.
O que há-de a alma escolher, em tanto engano?
Se uma hora crê de fé, logo duvida:
Se procura, só acha... o desatino!
Só Deus pode acudir em tanto dano:
Esperemos a luz de uma outra vida,
Seja a terra degredo, o céu destino.



Grandes cultores no Brasil:

Gregório de Matos e Guerra (1636-1696) - Barroco.
Nascido em Salvador, Bahia.
Por ser muito crítico à sociedade de seu tempo foi apelidado de "Boca de Inferno".
Somente no século XX é que a Academia Brasileira de Letras deu lume as suas obras, organizadas da seguinte maneira:
I - Sacra (1929);
II - Lírica (1923);
III - Graciosa (1930);
IV e V - Satírica (1930);
VI - Última (1930).
Sonetos mais conhecidos:

"Buscando a Cristo". (Sacro)

"Sonetos a D. Ângelade Sousa Paredes". (Lírico)

Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo jntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de ramo florescente?
E quem um anjo vira tão luzente,
Que por ser Deus, o não idolatrara?
Se como anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

florente - brilhante;
por seu Deus - como seu Deus;
custódio - aquele que guarda: o anjo da guarda;
galharda - elegante, esbelta, gentil.

"A Jesus Cristo Nosso Senhor". (Sacro)

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;*
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vós irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja* um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada*
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:*
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor divino,
Perder na Vossa ovelha a vossa glória.

despido: despeço.
sobeja: é necessário.
cobrada: recuperada.
Sacra História: as Sagradas Escrituras.

"A instabilidade das coisas do mundo". (Lírico)
"À cidade da Bahia". (Satírico)
"Aos Caramurus da Bahia". (Satírico)
"Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia". (Satírico)

"Desenganos da vida humana, metaforicamente"

É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que de manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Cláudio Manuel da Costa ("Glauceste Satúrnio").
(1729-1789) - Arcadismo.
Nascido em Mariana, Minas Gerais.
Participou do movimento denominado "Inconfidência Mineira".
Poesias:
Obras poéticas (1768) - obra literária que inaugurou o Arcadismo (1768 - 1836) no Brasil.

Principais sonetos:

Soneto XCVIII

Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci: oh quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna,um peito sem dureza!
Amor, que vence os Tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei penhas, temei; que Amor tirano,
Ondehá mais resistência mais se apura.

Soneto XIII

Nise? Nise? onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma, que por ti suspira;
Se quando a vista se dilata e gira,
Tanto mais de encontrar-te desespera!
Ah se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave que respira!
Nise, cuido, que diz; mas é mentira.
Nise cuidei que ouvia; e tal não era.
Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde,
Mostrai, mostrai-me a sua formosura.
Nem ao menos o eco me responde!
Ah como é certa a minha desventura!
Nise? Nise? onde estás? aonde estás?

Soneto II

Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado;
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:
Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quando em chamas fecunda, brota em ouro.

Soneto XIV

Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trato a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!

Olavo Bilac (1865-1918) - Parnasianismo (1870 - 1922).
Nasceu no Rio de Janeiro.
Membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1896).
Em 1907, foi eleito "Principe dos Poetas".
Poesias:
Poesias (1888), Poesias infantis (1904), Tarde (1919).

Sonetos de maior realce:

XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direi agora: "Treloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas". (VIA-LÁCTEA)

XXV

A Bocage

Tu, que no pego impuro das orgias
Mergulhavas ansioso e descontente,
E, quando à tona vinhas de repente,
Cheias as mãos de pérolas trazias;
Tu, que do amor e pelo amor vivias,
E que, como de límpida nascente,
Dos lábios e dos olhos torrente
Dos versos e das lágrimas vertias;
Mestre querido! viverás, enquanto
Houver quem pulse o mágico instrumento,
E preze a língua que prezavas tanto:
E enquanto houver num canto do universo
Quem ame e sofra, e amor e sofrimento
Saiba, chorando, traduzir no verso. (IDEM)

Nel mezzo del camin...

Cheguei. Chegaste. Vinha fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha,
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo. (SARÇAS DE FOGO)

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (TARDE)

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do clustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se constitua
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostra na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade. (IDEM)

A Iara

Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Entre as ninféias a namoro e espio:
E ela, do espelho móbil da onda clara,
Com os verdes olhos úmidos me encara,
E oferece-me o seio alvo e macio.
Precipito-me, num ímpeto de esposo,
Na desesperação da glória suma,
Para a estreitar, louco de orgulho e gozo...
Mas nos meus braços a ilusão se esfuma:
E a mãe-d'água, exalando um ai piedoso,
Desfaz-se em mortas pérolas de espuma. (TARDE)

Raimundo Correia (1859 - 1911) - Parnasianismo.
Nascido no Maranhão.
Juntamente com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac formaram a "Trindade Parnasiana".
Poesias: Sinfonias (1883).
Principais soneto: "As pombas" e "Mal secreto".

Alberto de Oliveira (1857 - 1937) - Parnasianismo.
Palmital de Saquarema, Rio de Janeiro.
1924 - Eleito "Príncipe dos Poetas" no vaga de Olavo Bilac.
Poesias: Meridionais.
Sonetos mais conhecidos: "Vaso grego", "Vaso chinês" e "A estátua".

Vinícius de Moraes (1913 - 1980) - Modernismo.
Nasceu no Rio de Janeiro.
Poesias: Obra poética (1968) e Poesia completa e prosa (1974).

PRINCIPAIS SONETOS:

SONETO DA FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim quanto mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive);
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

O soneto (composição poética de forma fixa, de origem italiana, que significa – pequeno som - composta de quatorze versos, divididos em dois quartetos – estrofes de quatro versos – e dois tercetos – estrofes de três versos e com o seguinte esquema rítmico: abba – abba – cde – dec) de fidelidade de autoria de Vinicius de Moraes (Marcus Vinicius da Cruz e Melo Moraes – natural do Rio de Janeira, nascido em 19/10/1913 e falecido em 09/07/1980 – Modernismo Brasileiro) poeta que, nos anos sessenta, emigrou para a Música Popular Brasileira, pode ser classificado como um dos mais belos da poesia brasileira.
No primeiro conjunto de versos, percebemos uma declaração explícita ao Amor, isto é, atenção total ao sentimento amoroso e o cuidado que devemos prestar a esse sentimento, haja vista o nome do soneto (de fidelidade), no sentido de valorização, adoração, e que mesmo em vista de outros “encantos”, o Amor não deve esmorecer e sim, fortificar-se em seu pensamento.
Na segunda estrofe (conjunto de versos, entendendo-se que, graficamente, cada linha do poema significa um verso) temos um grande louvor ao Amor, ou seja, “vivê-lo em cada vão momento”, e em sua homenagem espalhar um riso solto, agradável, leve, revigorador, e também nas horas tristes, derramar o pranto, a tristeza, e até mesmo a felicidade.
No primeiro terceto do poema (estrofe de três versos) percebemos que o ”pequeno poeta” (apelido de Vinicius de Moraes) almeja uma morte tardia (que, infelizmente, ocorreu aos sessenta e seis anos de idade), que é a angústia de quem vive (a dúvida de não saber a data), ou seja, a contradição eterna entre vida e morte, e finaliza com outra questão crucial: a solidão (a triste solidão) fim de quem ama.
No segundo e último terceto, o autor procura concluir o seu raciocínio poético, contando de suas relações com o Amor, pedindo que não sejam imortais, uma vez que, são chamas, ou seja, quentes, ardentes, mas que podem apagar-se com o sopro do destino, mas que sejam infinitas, isto é, eternas, enquanto durarem.

SONETO DA SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como uma bruma
E das bocas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do movimento imóvel fez-se o drama.
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se de vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Soneto da contrição

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como uma doença
E quanto mais me seja dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago e acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
E é uma calma tão feia de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

Soneto do Amor

Total Amo-te tanto meu amor... não cante
o humano coração com mais verdades...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre e diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada istante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MOISÉS. Massaud. A LITERATURA BRASILEIRA ATRAVÉS DOS TEXTOS. 23ª ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2002.
------- PEQUENO DICIONÁRIO DE LITERATURA BRASILEIRA. 6ª ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
NICOLA, José de. LITERATURA BRASILEIRA DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS. São Paulo: Scipione, 1998.
CAMPEDELLI, Samira Youssef. LITERATURA - HISTÓRIA E TEXTO.4ª ed. v.1 - São Paulo: Editora Saraiva, 1996.
------- E ABDALA JÚNIOR, Benjamim. TEMPOS DA LITERATURA BRASILEIRA. 6ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2001. (Série Fundamentos)
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 2ª edição revista e aumentada. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986.
AMARAL, Emília et al. NOVAS PALAVRAS: LITERATURA, GRAMÁTICA, REDAÇÃO E LEITURA. V.1 e V.2 - São Paulo: FDT, 1997. - (Coleção Novas palavras)
 
PEQUENAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O SONETO

TODA AQUELA MULHER TEM A PUREZA (ÁLVARES DE AZEVEDO) - O HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"

 
Toda aquela mulher tem a pureza
Que exala o jasmineiro no perfume,
Lampeja seu olhar nos olhos negros
Como, em noite d’escuro, um vagalume...
Que suave moreno o de seu rosto!
A alma parece que seu corpo inflama...
Simula até que sobre os lábios dela
Na cor vermelha tem errante chama...
E quem dirá, meu Deus! que a lira d'alma
Ali não tem um som — nem de falsete!
E, sob a imagem de aparente fogo,
É frio o coração como um sorvete!

(Obras, 1853, v. I, Lira dos vinte anos, 2ª parte)

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Pequeno poema não nomeado pelo autor, por convenção, o primeiro verso (primeira linha gráfica) torna-se o título da poesia, isto é, "Toda aquela mulher tem a pureza".

São doze versos divididos em três estrofes (conjunto de versos), rimando o segundo verso com o quarto verso.

São decassílabos (dez sílabas poéticas).

Vejamos a escansão (divisão em sílabas sonoras) dos quatro primeiros versos:

"To-daa-que-la-mu-lher-tem-a-pu-re-/-za
Quee-xa-lao-jas-mi-nei-ro-no-per-fu/-me
Lam-pe-ja-seu-o-lhar-nos-o-lhos-ne-/-gros
Co-moem-noi-tes-des-cu-roum-va-ga-lu-/-me..."

Fala o eu lírico de uma mulher (amada, amante, amiga, sonho, realidade?).

É uma mulher pura.

Morena.

Olhos negros.

Lábios vermelhos.

Não há poesia em sua alma, e seu coração é frio como um sorvete!...

Nas profundezas textuais podemos entender que o jovem poeta (1831 - 1852) amou e não foi notado, mas, por parte do jovem, não existe mágoa, há uma lembrança do conjunto de qualidades de sua amada que nos lembram sensações positivas (sensualidade, calor, etc.) e depois negativas (indiferença, frieza, etc.) por parte de sua escolhida.

O poeta reclama que sua escolhida nunca notou sua presença.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
TODA AQUELA MULHER TEM A PUREZA (ÁLVARES DE AZEVEDO) - O HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"

Saudades de um Brasileiro

 
No princípio minúsculo grão de areia,
rapidamente dourado filão.
Diamante divinamente lapidado...
Tremulaste o querido Pavilhão.

De ti temos saudades...
Não fizeste demagogias,
não cometeste hipocrisias,
eras nobre alma...

Acima de tudo: brasileiro...
Sincero
Sereno
Solidário
Simpático
Sorridente
Sem igual
Ser humano...

Certo dia numa curva do destino para o céu voou...
O pesar foi nacional, mundial...
Tornou-se uma nova Estrela.
Lembranças...
Saudades...
Terríveis saudades nós temos de ti.


Para Ayrton Senna.

Professor de Língua Portuguesa, Literaturas, Redação e Leitura, poeta, contista, cronista e romancista.
 
Saudades de um Brasileiro

O homem de várias faces

 
Amaste o Rio de Janeiro,
doaste o tempo por primeiro...
Tríade na Literatura Nacional:
Dom Casmurro
Quincas Borba
Memórias póstumas de Brás Cubas, narrador diferencial...

Poesias não flores de Ti...
Tuas pérolas, os Contos...
Além do tempo vão as tuas Crônicas...
De todos os "gêneros" são os teus romances...

O segredo de Capitu...
Traída?...
Traidora?...
A verdade, somente quem sabe, és tu...

O homem de várias faces...
O Poeta maior Chamou-te: Bruxo do Cosme Velho.
Chamo-te Eu:
Guardião de Nossas Letras...

Para Machado de Assis (1839 - 1908).
 
O homem de várias faces

ORAÇÃO

 
Senhor dai-nos mais um dia de lutas.
Que o dia de hoje seja tranquilo como todos os outros.
Iluminai-nos mais uma vez...

Agilidade no cumprimento de nossas tarefas.
Afastai, de nossos caminhos, todos os males...

Que nossa presença não seja percebida pelos inimigos,
e que sejam alcançados nossos objetivos.

Vigiai-nos e livrai-nos do mal que voa à noite.


Assim seja...

AUGUSTO DE SÊNIOR (AMAURI CARIUS FERREIRA)

Primórdios - Primeira aventura no mundo da poesia.
São Paulo: Clube de Autores, 2010.
www.clubedeautores.com.br

Primórdios - Segunda aventura: poesias e contos experimentais.
São Paulo: Clube de Autores, 2010.
www.clubedeautores.com.br
 
ORAÇÃO

SONHO DE POETA

 
Cantas tua musa e tuas verdades.
Tu és alegre, tu és sensível.
Queres para o mundo: felicidades.
Poeta torne seu sonho possível.

Desejas para todos: liberdades.
Tu possuis idealismo invencível.
Sonhador... Artesão das sensibilidades...
Poeta criatura indestrutível.

Defendas os valores cotidianos.
Que tua vontade dure por anos.
Canta o choro do coração fendido

vítima flechada pelo Cupido.
Cantas para o Amor que não frutificou
da triste alma que o destino separou.

"Que ninguém doma um coração de poeta!"
Augusto dos Anjos (1884 - 1914)


Amauri Carius Ferreira
(Augusto de Sênior)
(FERREIRA, A. C.
 
SONHO DE POETA

ÉS TU!...

 
Pão!...
Emoção!...
Salvação!...
Sustentação!...
Solidão!...
Dúvidas!...

Ilha deserta...
Salvação incerta!...

Sonho e descontração!...
Alma e emoção!...

No minuto presente: és tu!...
No anterior: és tu! (Serias tu!...)
No próximo: és tu! (Serás tu!...)


"É ela! É ela! - repeti tremendo."
Álvares de Azevedo (1831 - 1852).

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)
 
ÉS TU!...

Augusto de Sênior
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)