Observo-te
Porque tu és só tu, dama
Só tu é que acendes assim a chama, dama
Debaixo da pele só tu consegues ainda ser dama
Dama, seremos só tu e eu na mesma cama.
Tecidos não escondem nada
Não escondem a tua moldagem rara
Tecidos molhados são como eu, coração
Queremos agarrar o teu corpo sem nunca dar mão.
Jogo dardos sem saberes
Contigo em mente. Faças o que fizeres,
Um dia hei de acertar
Nesse teu belo corpo onde não há por onde errar.
E um dia, um dia vou-me aproximar,
Deixar a minha voz falar livremente
Com esperança de nos chegarmos a aconchegar
Na bondade que vai ser tua de finalmente me chegares a falar.
Andar e Correr
Existe o andar e correr
Um é lento outro rápido
Outro é meu e outro é teu
Só um me pode fazer mover
Até ti e te levantar o véu;
Descobrir novos mundos
Gostava de descobrir o teu,
Se o tivesses ou se não o escondesses,
Posso faze-lo do nada para ti;
Momentos capturados durante a caminhada
Longa, dura mas objectiva
Toda a gente vê, todos se metem na linha
Alguns andam, alguns correm,
Alguns como eu ficam parados
Com desejos de poder voar sobre todos
E ficar à frente.
Mas há sempre aquele que se esconde
Sobre osso duro dentro da cabeça
Cujo passado é presente e futuro é sombrio,
Aquele cujo Diabo persegue religiosamente
Com tal caminhada fugaz que arrepia quem comigo espera
Sem nunca tocar, pois ele intimida mas não toca.
E sobre osso duro faz-se viagens e viagens,
Daquelas de invejar os deuses
Porque vamos para tempos em que deus criava tempestades e curava secas
Só com o desejo passar pela sombra incólume e te levar comigo.
Se ao menos tivesse o poder de voar...
Via Rápida
Coisinha fofa.
Castiga, caminha, rebola,
Trinca, dá-lhe com a sacola,
Reflecte, gesticula,
Justifica, agradece
Cheira, aquece
Faz tudo,
Não faças nada,
Corre mais à frente,
Não vale a pena correr do fundo,
Não és nenhuma fada.
Senta, consente.
Faz tudo,
Uma vez mais,
Não faças nada.
Tropeça, aguenta,
Raspa, tem fé, ganha;
Perde, e segue.
Corre ainda mais à frente.
E uma vez mais,
Reflecte, gesticula.
Deixa-te comsumir pela gula.
Esmaga, emagrece
Aproveita a creche.
Porque,
Vais descer,
Mas, uma vez mais,
Raspa, tem fé, ganha,
E, pela última vez,
Tropeça, cai, morre.
Tem uma boa viagem,
Deixa para trás a bagagem.
Encho-me de Ternuras
Ahahahah como é bom
Rir sem riscar a mesa com
As minhas unhas feias e sujas;
Encho-me de ternuras
Desconhecidas mas bem-vindas
Que me tiram do poço
Infernal que me vem ao almoço
Enquanto me preocupo com o caroço
Que tenho ou terei;
Não fui eu que o enterrei,
Foi ele, o meu Rei
Senhor Capitão!
Quero que te engasgues com pão
Vaciles e te espalhes no chão!
Quero observar-te
Talvez esganar-te,
Mas quero ver como ficaste
Quando provaste o meu lado bom;
Deixo aqui este como que um obrigado à luso-poemas pela oportunidade de expôr os meus trabalhos. Obrigado :)
Confusão
Ignora a tua mente.
Ela diz-te constantemente
Que toda a gente te mente
E consequentemente
Viras consciente
De todas as vertentes
E lembras-te de todos
Os rios que passaram
E maltrataram
E nem sequer olharam
Para ti
Enquanto se voltavam,
Sempre a sorrir,
Sem saber o que há-de vir,
Sem pensar no futuro
Que ai vem,
Mais pesado e cansado
Que o presente inconsciente
E o passado sorridente,
Enganador e demente.
Seus actos ficam no cofre,
Para ser aberto
Quando o futuro passar rente.
E eu vou-me rir,
Gargalhadas da minha boca sorridente a fluir,
Enquanto do cofre saiem
Previamente risos,
Agora malévolos sorrisos
Prestes a voltar-se contra o feiticeiro
Que tão depressa deixou o cofre cheio.
O Fim
No meio da confusão nem sempre a bravura vence
Por vezes o carismático caos ganha e convence
Deixando para trás a coragem e afogando-a nos detritos
Elevando ao pódio os que deviam estar convictos.
Quando a frustração ganha lugar
Não há vitória possível;
Para ti, nem para dar.
A realidade por vezes é terrível.
Mas é quando batemos no fundo
Que nos apercebemos que não passa de trampolim.
Apercebemo-nos, não da dureza do chão, mas sim
Que o que se move não somos nós, mas o mundo.
E no contacto com o chão conciso
Não há melhor forma de o cumprimentar
Se não com um sorriso.
De AnnRoy, O Fim. Tudo começa, não interessa como, focamo-nos como dar a volta ou abraçar o começo do fim. Tal fim que pode não acabar em nada. Ou deixamos andar.