não calado e não consente ou hesitações sim de um amor silencioso
como um passo
que fica por dar
um pensamento
calado
jazente
sem sentidos
ainda
sem encontrar
as palavras
(que afinal)
o vão apresentar
eu
mero mortal
(por um acaso)
vivente
declaro (silente)
sim
(e é o caso)
que te amei
(mas assim…
sim…
não
não me calei!)
a dimensão do significado doar
e se me vês
é o finito
que tu lês
e é só
(pouco)
no som
por que me fico
mas é no branco
entre as letras
dum simples dom
e no olhar azul
que é o teu
que se vê o céu
e eu
o infinito
(sinto frio de fevereiro)
e quando
o sol espreita
numa nesga
deste inverno
e enche
de claridade
o meu peito
feito
(sinto frio de fevereiro)
não é
a primavera
é prenúncio
que virá
como tu
como quem
brilhando
não está cá
escola equestre
os cavalos selvagens
que a minha alma monta
são tempestades soltas
que comem distâncias
de fogo incandescente
turbilhado
por descargas faiscantes
de energias revoltas
são explosões
de incontidas pulsões
geradoras de incontáveis volições
os cavalos selvagens
que a minha alma monta
são (só) lições
treze foi o dia que me viu nascer ou aquele em que vénus se protegeu de apolo com uma sombrinha
quando se conjugam as estrelas
neste quadrante em que nasci
e no número que não escolhi
digo te quão difícil é fugir dos deuses
que nos marcaram a ferro e fogo
uma vida que nunca se encontra com a outra
que culpa tenho eu desta hybris
de um parental que trago no sangue
e que tragédia me afasta de ti
e me deixa o sentimento exangue
enganosa poética
hoje até queria
fazer um poema
mas neste dilema
fiquei sem rima
e o sol já se pôs
e dei umas voltas
sem mote
andei a trote
nas rimas soltas
de quem não sabe
qual é o verso
do verso
se o outro lado
ou o reverso
mas não sou versado
nem na poesia
me sinto realizado
ou estarei enganado
seres me senti
és me
num travo que não provei
no toque que não senti
na pele que não acariciei
no beijo que nunca te dei
na luz que eu vi em ti
no sonho que não acordei
na palavra que não falei
és me
eu sei
mesmo assim sem ti
romance à flor da tua pele
e onde o sorriso desvanece
e uma página se rasga
é nas mãos que te seguram
livro da minha vida
que chego ao fim do capítulo
e capitulo nessas frases
nas que me recortas o sentido
que tenho escondido na alma
e me traz àvido
não do final
mas da sequência inicial
figuração do eu ou tropo com inestética
configurei me
numa palavra de que me esqueci
o código
desdigo
o cosmético que lhe retoca
o rosto do dizer
da poesia rosa
com uns pós de arroz
nas bases
do esteticismo
com que me olhas e lês
as linhas cavadas do meu ser
como gostaria de (a)parecer(!)
dizer te da dor amor
está bem
vou fazer te um poema
mas repara
o meu lema
não é cantar
amor
é dizer
qualquer coisa
que rime com dor