(De)calco a terra em plena noite de tempestade Passeio em teu corpo revestido em mel e flores Sinto teu aroma em folhas d’orvalho e liberdade Desfolha-se o malmequer e sei dos seus amores
Rodopio em chamas ao compasso da lua Que traz tod’o esplendor do sabor (d)a terra Prata, bronze e ouro em nada mingua O desejo a dois a nevar no cimo da serra
Sopra a tempestade os cabelos ao vento Num tango abraçado em água cristalina O carrossel sensual dança a tod’o momento
Traçado pela cigana que já previa a sina Une palma da mão rasgada à outra palma Sabor (d)a terra em cada (re)canto da alma.
Amor, foi ontem a Primavera! Trazia-te em rosas os olhos rasgados Tantos foram os poemas declamados Ainda há um abraço à tua espera!
A sede que dos teus beijos trago O laço (e)terno de cada afago Do meu corpo jamais (te) apago
Amor, foi ontem a Primavera! Poisavam andorinhas na minha mão Desenhava-se no céu a nossa união Ainda há um sorriso à tua espera!
É no presente d’Outono que te quero Ao ver as folhas carcomidas desespero
Se um dia se cruzarem outros olhos com os teus Outras mãos (sem serem as minhas) com as tuas E se os teus lábios não forem mais os meus No meu olhar não haverá mais sóis nem luas
Sei que foi ontem a Primavera Traz papoilas rubras e volta Não quero que sejas quimera Dum amor que anda à solta!
Sei de cor Os afectos maiores que te (trans)bordam no peito Que desnudam a tua alma pura e leve em segredo Pelo céu espelhado entre pétalas de amor perfeito Sei o significado do anel d’ouro que trazes no dedo
Sei de cor O laço que te enfeit(iç)a se estou perto Ao clarão que se estende pelos teus olhos Dá-se o enlace dos corpos num aperto À sede do horizonte entontecido em folhos
Sei de cor O mosto aceso que te corre imune pelas veias As armas que usas só para me conquistar Como aranha com seus truques borda as teias Sem necessitar dos raios de sol para brilhar
Sei de cor A palavra amor sussurrada ao ouvido A única que cabe dentro do dicionário Onde somente tu e eu fazemos sentido Tornando possível o nosso íntimo diário
Sei de cor O inverno quente no teu aconchego Em que está repleta de flores a primavera Pelo genuíno leito do Rio Mondego Juntos no museu somos estátuas de cera
Sei de cor O licor do beijo que desejas se não me tens De (a)braço dado à distância de saudade Onde sou o maior de todos os outros bens Sempre que fugimos num voo de liberdade
Sei de cor O pormenor com que pintas o meu retrato Em cada traço belo, dás-me vida De quanta sensibilidade tens no tacto Enches a tela em êxtase colorida
Sei de cor Todas as palavras que te faltam na minha presença Em que sou fada doce no teu encantado conto Onde queres que o nosso amor tudo vença E no final não te atreves a pôr qualquer ponto!
Poisas na noite teu corpo morno No teu peito meus olhos rasgados Pelo estojo da tua boca contorno A fome de tantos beijos dissipados
Sabor doce de frutos vermelhos a nu Descem os lábios pelos prazeres da pele Delícias de mil sóis de fogo, uva e caju Naufragando no (po)mar de ondas e mel
Aragem salgada em corpos de girassol Óleo de frutas (es)correndo solto pela ria Paixão acesa com pitada de mentol
Enlaçam-se as mãos em forma de poesia Bordam-se queixumes em torno do lençol Estremecem estrelas em noite de fantasia.
Em plena noite soalheira de Outono As folhas caídas afrontaram o sono O teu corpo pediu esmola ao meu À minha porta dormente bateu
Abriguei-te ao aconchego da lareira Cheguei-me perto, à tua beira Amei-te ao calor das mãos entrelaçadas Em arrastos de pele carenciadas
Resmunguei condensada no teu olhar Ousando o nosso amor em versos abafar Versos soltos lapidados de pura paixão Que abrigo num sopro do meu coração
Se a tempestade chorona desata As árvores arrepiadas Se as folhas secas Estão prestes a ser calcadas
Se o berço da noite é o colo do dia Irrelevante é descortinar tudo isso agora O nosso relógio ainda marca a mesma hora Os calos curados brotam de alegria
Amor, despreza o tempo lá fora O nosso relógio ainda marca a mesma hora Mantém-te assim radiante a sorrir É só isso de ti que quero sentir!
15.11.11
O meu blog em: http://sempapelecanetacomalmaecoracao.blogspot.com
Hoje trago os olhos carcomidos e sedentos E um poço de alfinetes cravados nos dedos Que roubei na larga rua dos meus lamentos Onde sou masoquista e omito meus medos
Deixo que se abata a tempestade sobre mim Até qu’o granizo me despache em pó pr’ó chão E venham as cinzas aos olhos levar-me por fim De quantos lamentos habitam em meu coração
Oh, tristeza que me (a)gasta até a palma da mão Que serei eu senão borralho cuspido na fogueira De uma mentira que rasgou o fogo a vida inteira?
Oh, não quero mais isto para mim, não quero não Prefiro que me sopre já o vento e longe me desfaça E depois sem leme, me derrube e perca a carapaça!
Deixa-me que te foque Sossega embebido pelo odor matinal Dispo-te sem que te toque Ao encanto da catástrofe natural
Que delire a gravata lavada Ao espelho da minha fantasia Que se desfaça a camisa talhada Em lascas de madeira Que humedeçam os meus lábios Pelo teu tronco como trepadeira
Que o cinto se destrua Entre meras labaredas Que as calças perfurem o tecido E se agitem em carne viva Que a minha carne seja a tua Que os sapatos se desatem E as meias voem noutra perspectiva
Que a mais genuína intimidade Se expresse e se solte Entre arrepios de liberdade Grite o mar e se revolte
Agora sim, Sinto-me capaz de te amar Para lá do horizonte Até que te possa completar Como a água completa a fonte.
25.10.11
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Quando um verso me quer desafiar o sono Pés sorrateiros vêem a janela sem ninguém Num sopro solta-se o peito ao abandono Morrem-me poemas na boca do além
Os olhos contornam barcos em declive As mãos vestem-se numa guerra de fendas Em sufoco quase o corpo não sobrevive A alma sedenta destina-se às emendas
Morrem-me poemas na boca do além O aço que cobre o corpo é o único refém Cortaram as raízes dum verso mudo
Deram-me um bilhete sem qualquer morada Aquilo que um dia se resumiu a tudo Hoje resume-se à palavra NADA!
Deixa-me dizer-te Porque sorriem as orquídeas no Outono Se me aqueço do teu corpo no Inverno No paraíso a dois só tu és meu dono Só no teu peito encontro o calor (e)terno.
Deixa-me dizer-te Todos os passos de fogo que dá a Lua Quando serpenteias louco pela minha pele E te vestes da minha carne (a tua) nua Se lavo o sorriso nos teus olhos de mel.
Deixa-me dizer-te Porque só enlaço as minhas mãos com as tuas Se nossos lábios se juntam num poema maior Sempre que estou perto e nos meus braços suas Gritando à tempestade não há sensação melhor
Deixa-me dizer-te De que cor pintei as águas do Rio Mondego Pela pureza ruiva que roubei ao teu olhar No teu leito sinto o doce aconchego Onde não me perco, só me sei encontrar
Deixa-me dizer-te Corrigi o itinerário das minhas asas Ao encontrar um voo de sol em teu redor Ate(e)i a nossa paixão em plenas brasas E no teu ventre tatuei a palavra amor
Deixa-me dizer-te Não é coincidência ouvirmos a mesma canção O que nos rodeia é mais do que terra, é (a)mar Nunca te negarei o bater do meu coração Porque só tu sabes como o completar!
Hoje só as cinzas se vestem de nós No regaço trazes os meus olhos em cruz Só a noite sabe de mim Despe(de)-me do teu amor Se existiu sol, existe (ar)dor...
Empoleiro-me nos teus cabelos Embebedo-me com o cheiro da pele A rasgar o fogo lento Que me cospe em tiras desalinhadas Desço aos teus pés E interrogo a maré de sal Presa ao meu leito Num cálice de vinho tinto… Afogado em lençóis brancos
Os rios falam-me deste regresso Onde pernoito neste céu incompleto Que trago nas estrelas dos teus olhos E o branco aveludado onde me deito Ressuscita o mel dos teus lábios Ainda que o cálice já esteja vazio…
Hoje cultivo jardins próximos do mar No salitre acetinado do tempo E um dia…quem sabe? O tempo se lembrará de nós…
22.07.12
1ºLugar CONCURSO POESIA APPACDM - O TEU SORRISO... UM POEMA
POEMA VI CONCURSO POESIA APPACDM SETÚBAL "COMUNIDADE ESCOLAR"
O teu sorriso É o brotar de uma flor O brilho encantado da noite O nascer de um novo dia A esperança de uma luz acesa Que me traz a alegria E leva para longe a tristeza
O teu sorriso… Um poema
Só o teu sorriso me seduz Nele vejo a vida De olhos fechados Num tocar de lábios Intensos e delicados
O teu sorriso… Um poema
O teu sorriso É a chama do meu corpo É o meu íman de eleição É aquilo que me alimenta O espírito e o coração
O teu sorriso… Um poema
O meu coração diz Que tu apenas sorris Porque sabes Que o teu sorriso É tudo o que preciso Para me manter viva
O teu sorriso… O maior poema
12.10.11
Alexandra Vasconcelos (pseudónimo)
MAIS DETALHES E FOTOS NO BLOG EM: http://sempapelecanetacomalmaecoracao.blogspot.com
Reparto este primeiro lugar com todos aqueles que se orgulham com este saboroso passo na ainda curta mas tão desejada longa caminhada.
Um sincero muito obrigada a todos os que me apoiam e me lêem diariamente. OBRIGADA!
Queria ainda felicitar a organização do Concurso pela iniciativa e também todos os participantes e desejar que este evento se realize por muitos anos.
Especial agradecimento à D.Nanda que tornou este acontecimento possível :)
Sei que existe Uma rosa rubra desabotoada pela primavera Num piano dedilhado ao compasso suave Como cálice em fogo sugado por uma fera Ascende ao gemido incendiado duma ave
Sei que existe Uma valsa ensaiada a um canto da sala Iluminada por uma vela em pranto ardida No poema qu’em meus lábios nunca se cala Quando a fome é fugazmente combatida
Sei que existe Espalhado em teu corpo o aroma a incenso Resgatado na mata viva dos meus encantos Onde estão reservados desejos que penso Serem para ti diferentes de outros tantos
Sei que existe Uma pele de cetim embrulhada na minha Num presente recebido de braços abertos Que conduz o nosso amor numa só linha E embriaga os sonhos em nós despertos
Sei que existe Um leve sorriso com a porta entreaberta Que insiste em não se querer esconder Avistando a lua cheia pelo céu descoberta Logo espreita arrebatado até amanhecer
Sei que existe Um mar que me ladeia incandescente Em que a paixão se inunda sem fim Onde só tu existes simplesmente Em cada fragmento único de mim!...
Nós, seres desumanos Deixamos que a sofreguidão do momento Se apodere do corpo Desprezamos as cúmplices migalhas E os beijos do sol em manhãs sorridentes Preferimos apertar a chuva miudinha Dar as mãos por fugazes interesses E lavá-las em águas injustas…
Nós, seres desumanos Trocamos olhares como quem faz do engate Rotina diária para a sobrevivência Lambemos a cobardia e o medo Alimentamos as barrigas cheias E as aparências contrafeitas Somos desgraçados porque Preferimos a raça que nos destrói…
Nós, seres desumanos Continuamos em falta connosco próprios Falta-nos percorrer a vida Falta-nos abraçar a essência Falta-nos o ato mais nobre de todos: Amar!
04.07.13
Jessica Neves *
NO BLOG: http://sempapelecanetacomalmaecoracao ... pot.com/2013/07/caos.html
Todas as palavras podem ser banais Mas se um dia em meu peito habitou um cardume Versos de amor nunca serão demais Mesmo quando resta só um rumor do teu perfume
Esta saudade de ti, esta distância Dos teus lábios perdi o gosto Do teu corpo esqueci o mosto Quisera eu combater esta ânsia…
Perdi até o luar d’Agosto Tinha tanto p’ra te dar Já não há folhas de rosto No fogo aceso dum olhar
Não (es)corre mais o rio Tejo Com as mãos ainda te desejo Todas as palavras podem ser banais Versos de amor nunca serão demais
Deixa-me comtemplar-te O instante só dum sorriso Para de seguida amar-te Neste nosso laço impreciso
Meus olhos há muito que esqueceram a cor Alguma vez tinhas desfeito em pó uma flor?!
Enfeitiçada pelo breu da noite Esfumaçava o cachimbo Enquanto bebia o licor da vida Humedecia o rosto de afinidade Lembranças inquietas Do esboço da saudade
O meu olhar colheu diamantes Esboçou um sorriso breve Por longos instantes No breu da noite Caíram flocos de neve
Padecias tão leve…
A dor sossegou.
Algo te trouxe E não mais te levou Por amor Nada de mim te arrancou.
18.10.11
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E se minha alma ao compasso da carne ferve Mordo a língua em cegas tiras de inquietação Doença triste que o deserto sombrio me serve Só um corpo amorfo me cabe na palma da mão
Sou renda desafinada tentando arranhar sedas Ferida incurável em pele do(rm)ente Aos olhos em cinzas ardendo entre labaredas Quisera eu um dia neste mundo ser gente
Oh quimera ingénua, pureza de criança Entre montes e vales havia um olhar risonho Soltava-se a voz em timbre de esperança
Porque é que acordei daquele belo sonho?! Arrepia-se a garganta, tenho foles nos dedos Vendaram-me os olhos, tropeço nos meus medos.
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