Poemas, frases e mensagens de IVONE CARVALHO

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de IVONE CARVALHO

SER ESCRITOR

 
SER ESCRITOR
(Ivone Carvalho)

Ser escritor é ser alguém privilegiado, detentor de um presente divino doado a muitos, mas não a todos, e, para alguns, de forma muito especial, mais abrangente, mais criativa, mais útil, mais sensível, seja para a cultura, seja para a educação, seja para a alma.

O escritor é aquele que é dotado da capacidade de expor, através das letras, o seu conhecimento, sua sensibilidade, sua criatividade. Entrega, a todos, a bagagem que carrega ou que busca dentro de si ou no seu semelhante, de forma simples ou complexa, clara ou obscura, suave ou categórica, real ou ilusória, marcante ou passageira, bem ou mal humorada.

Ser escritor é sentir correr nas veias a necessidade de transmitir o que se sabe, o que se cria, o que se sente.

É honrar, antes de tudo, a si mesmo, dando vazão à sua ânsia de partilhar com o silêncio, os seus sonhos, seus pensamentos, sua imaginação, seu sofrimento, sua alegria, sua dor, sua viagem interior, suas dúvidas, suas certezas, suas promessas, suas descobertas, oferecendo-as, posteriormente, ao leitor.

É respeitar, em igualdade, o seu leitor, aquele que busca nas letras um momento de lazer, divagação, questionamentos, saber, interesses pessoais pois, tantas e tantas vezes, coloca-se como protagonista do que lê ou, até, como fonte de inspiração.

Ser escritor é sentir-se em constante ligação com o desconhecido, o mistério, o ideal, o espaço, o abstrato, a ficção, o real, o imaginável, o futuro, o presente, o passado. É visualizar na mente o não vivido, o querer viver, o fazer de conta que viveu.

É saborear uma ponta de vaidade ao se descobrir portador da voz do leitor, o binóculo de sua alma, o seu interlocutor.

É ter o poder de minimizar suas próprias dores ou de extravasar a alegria que já não cabe dentro do peito, quando se encontra só.

É transformar o silêncio em som constante, ouvindo as palavras da própria alma.

É possuir a capacidade da fácil introspecção, de se manter na solidão, ausentando seus pensamentos dos movimentos ao seu redor, para uma viagem de encontro ao turbilhão que existe dentro de si ou ao vazio do momento.

É poder discorrer com facilidade inteligível sobre fatos, descobertas ou sonhos.

É descobrir como transformar em poesia uma dor, uma façanha, um medo, o desequilíbrio, a insanidade, a vitória, a decepção, a nostalgia, a perda, a derrota.

Ser escritor é ser privilegiado, é ser artista, é poder compor, divulgar, esclarecer, criar dúvidas, questionar, cantar, calar sem deixar de dizer, falar sem precisar usar a voz, comunicar sem estar presente.

É ser presente mesmo estando ausente. É imortalizar os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus conhecimentos, as suas mensagens, os seus anseios.

É eternizar um simples pensamento.

É cantar o amor em verso e prosa. É sentir, num simples fechar de olhos, o calor, o tato, o perfume, a lágrima, o sorriso, o escuro, a luz, e transformar tudo isso em versos que calem na alma do leitor.

É pintar, com letras, o cenário da vida, a tela da alma, as cores do amor!
 
SER ESCRITOR

PARA VOCÊ

 
PARA VOCÊ
(Ivone Carvalho)

Aceite de mim este abraço que te pertence,
Os meus pensamentos que são somente teus,
Este carinho imenso, tão envolvente,
O sentimento puro que em mim cresceu.

Guarde somente as lembranças do bom passado,
Dos momentos felizes repletos de encanto
Que juntos vivemos e sonhamos lado a lado,
E não nos permitiram vislumbrar o desencanto.

Entrego-te o coração que já lhe dera
Trate-o com carinho, desvelo e emoção
Pinte-o com amor e as cores da aquarela,
Faça-o não sofrer, extirpe dele a ilusão.

Aceite também os meus beijos, tão doces e apaixonados,
Minha’alegria, meus sonhos, minha vida, meu futuro,
Leve em tua bagagem meu sorriso iluminado,
Guarde tudo no teu peito, num cantinho bem seguro!

Tempere os meus presentes com as ervas do amor,
Salpique com beijos quentes transmitindo teu calor,
Derreta os ingredientes que possam causar amargura,
Envolva tudo em papel, celulose de ternura.

Reserve com muito cuidado, guardando em teu coração,
Vez ou outra dê uma olhada, abraçando com paixão,
Esqueça tão só este corpo que é matéria e acabará
Guardando todo este amor que jamais terminará!
 
PARA VOCÊ

SOU POESIA

 
SOU POESIA
(Ivone Carvalho)

Vejo com os olhos da alma,
Move-me o palco do coração,
Meu perfume só a mente inala,
Minha cor tem o tom da oração.

Posso arrancar tuas lágrimas
Ou furtar os teus sorrisos.
Posso esconder tuas mágoas,
Ou expô-las, se preciso.

Gostas mais quando falo de amor,
Do amor intenso, sincero, real,
Que toca o teu peito com peso, com jeito,
E transmite tua dor com força total.

Se perguntares que nome tenho
Quando eu canto em verso ou prosa
Quando te forço ao devaneio
Quando me perco, a voz chorosa...

Te olho sorrindo e mal disfarçando
Imposto a voz e vou logo rimando:
Meu nome é poema, respondo um dia,
No outro, apenas, SOU POESIA!

(SOU POESIA – Ivone Carvalho), no Dia Mundial da Poesia, 21/03/2013
 
SOU POESIA

SOLIDÃO

 
SOLIDÃO
(Ivone Carvalho)

Companheira amarga e fiel
Dos momentos de pesar,
Deixa na boca o gosto de fel,
Denuncia o vazio que vem se alojar.

Faz-me crer em utopias,
Transporta-me ao passado,
Releva as alegrias,
Faz-me sentir em pecado.

Sua ironia é notória,
Seu sarcasmo é irreverente,
Tenta mudar minh’ história,
Deixando-me indiferente.

Faz-me u’a flor solitária,
Perfume no ar em meio à relva,
Estrela pequenina inglória,
Criança perdida na selva.

Peixe decorativo, no aquário,
Água fervente em ebulição,
Conta única de um rosário,
Animal em extinção.

Enclausurada me deixa,
Lesa meu peito, ata meus pés,
Não aceita minha queixa,
Não sabe quem sou
Nem quem és...
 
SOLIDÃO

SOU POESIA

 
SOU POESIA
(Ivone Carvalho)

Se o coração chora e uma lágrima brota,
Se a mão transpira e um grito é sufocado,
Se a dor me abala e, sem destino, perco a rota,
Se arrependida, busco redimir o pecado,
Minh’alma escreve e descreve com magia:
Muda ou sonora, nasce a poesia!

Se do meu peito transborda a felicidade,
Se o corpo tremula e o calor me domina,
Se o desencontro e a distância aumentam a saudade,
Se o amor me invade e no meu ser predomina,
Minh’alma compõe com alegria,
Os versos de uma poesia!

Se o verde da mata me encanta,
Se me enlevo ao ouvir os pássaros,
Se o vento as árvores balança,
Se a brisa do mar segue os meus passos,
Minh’alma agradecida entra em vigília,
E a Deus oferece Poesia!

Se os raios do sol avivam as cores,
Se o brilho das estrelas me ilumina,
Se a lua inspira os vates e os cantores,
Se o desenho das nuvens me fascina.
Minh’alma poetiza noite e dia,
E nasce uma simples poesia!

Se um sorriso refletir uma esperança,
Se na velhice eu me sinto inda menina,
Se alguém compreende uma criança,
Se o homem tem a alma feminina,
Minh’alma inspirada se contagia
E descreve tudo em poesia!

Se preciso conter o meu pranto,
Se o necessário é deixá-lo eclodir,
Se é o silêncio que, sentida, eu canto,
Se quero viver ou, vazia, penso em partir,
Minh’alma, triste e sem alegria,
Explode em mais uma poesia!

Poesia é romantismo, é sentimento,
É sonhar acordado, é dormir em pensamento,
É traduzir a própria alma e também a do leitor,
É rimar chorando, é calar sorrindo, é falar de amor,
É sensibilidade, medo e coragem, é paixão,
É orar a Deus com a voz do coração!
 
SOU POESIA

BATE CORAÇÃO!

 
Ser poeta é ter o coração aberto e exposto, sem medo de revelar o que sente, o que enxerga, as suas crenças, as suas esperanças, a sua Fé.

Ser poeta é ser humano e compreender o seu semelhante, sentir na própria pele o seu sofrimento, as suas alegrias, as suas lágrimas e os seus sorrisos.

Ser poeta é ler a alma humana e traduzi-la em palavras que toquem os corações.

Ser poeta, é ser alguém como você, como eu, como nós!
 
BATE CORAÇÃO!

A TI, MEU PAI

 
A TI, MEU PAI
(Ivone Carvalho)

Teu olhar cansado, meigo e manso,
Teu porte ainda esbelto, corpo ereto,
Tua voz calma, serena e sincera,
Tua eterna compreensão,
Teus conselhos tão presentes,
Tuas mãos qu’inda me afagam,
Tuas palavras em forma de oração...

Revelam tu’experiência da vida,
Fazem me sentir filha querida,
Filha amada, tua menina,
Como tu sempre me chamas,
Tu’eterna menininha,
Tu’experiência me incentiva,
Tua voz, pai, me fascina!

Somos tão próximos, tão iguais!
Tivemos sonhos magistrais,
Alguns não mais acontecerão,
Outros, talvez, inda é tempo,
Muitos, juntos, já vivemos,
Outros, para o céu levaremos,
Mas todos nos deram emoção!

Meu pai, és meu ídolo, meu lema,
Não consigo reter o pranto
quando para ti me dirijo,
Não sei por que, paizinho,
Mas sempre foi assim,
Meu medo de te perder,
sempre me fez sofrer!
Vejo tu’alegria quando me vês feliz,
Esqueces até as tristezas,
quando eu estou presente,
E a Deus agradeço a saúde
do teu corpo e da tua mente.

Tens sempre, para mim, um sorriso
Tão repleto de esperanças,
Falas de tuas preces
como se eu inda fosse criança,
Deito no teu peito e volto a ser menina,
Me encolho quando me abraças
E me sinto pequenina.

Choro quando, sozinhos,
revivemos as lembranças,
Tenho, por ti, só carinho,
És a minha confiança,
Teus cabelos tão branquinhos
Feito mechas de algodão,
Teu olhar interessado esconde tua solidão.

Pois sei do teu sofrimento,
Da dor que sufoca o teu peito,
Mesmo com todos ao lado,
Tens os meninos guardados
E a saudade como alento
Pois, antes de ti, se foram,
Amargurando teu coração.

Fui de ti, homem adulto,
As primas lágrimas que derramaste,
Foi assim que eu nasci
E u’a família formaste,
Essas primas, eu não vi,
Mas, sem dúvida, as senti,
Quando em teu colo me pegaste.

Porém, as que derramaste
Quando teus filhos se foram,
Cortaram meu coração,
e teus olhos marejados,
ficaram então mais cansados
e eu daria minha vida
para não vê-los molhados.

Eu já nem sei, meu paizinho,
O que estou aqui dizendo,
Só sei que é tanto carinho
Que está sim me movendo
Quisera, mais do que filha,
Poder te dar proteção,
A mesma que tu me deste
Segurando minha mão.

Queria arrancar de ti
Essa tua experiência
Pra que tu nunca sofresses,
Não dissesses o que dizes,
Que tua vida já viveste
E só esperas teu fim.

E dizes que junto a Deus
Tens um crédito imenso,
Porque Ele lhe dá vida
Por um tempo tão extenso,
Mas digo, paizinho, te enganas,
Não é tão imenso assim,
Pois queria fosses eterno,
Vivendo sempre pra mim!

Viste crescerem os netos,
Agora vês teu bisneto
E outros tantos hão de vir,
E quero, meu pai querido,
Te cuides e cuides de mim
E saibas que o teu sorriso,
É tudo que se faz preciso,
Pra me veres feliz assim!

Ivone da Conceição Rodrigues Carvalho
07/08/2004

NOTA DA AUTORA:
Sempre tive medo de perder meu pai. Há um ano ele me deixou aqui, sentindo esta saudade imensa, esta vontade de abraçá-lo, beijá-lo, sentir sua proteção e dizer, olhando nos seus olhos, que o amo tanto, tanto, tanto! Mas sei que ele me ouve, me vê e me espera rodeado de anjos e amigos, pertinho de Jesus.
 
A TI, MEU PAI

MEU (E)TERNO AMOR

 
MEU (E)TERNO AMOR
(Ivone Carvalho)

Tal uma estrela afastei-me tanto de ti,
E no espaço vaguei em busca do teu olhar,
Com a distância, mais chorei e mais sofri,
Solitária, eu nem soube cintilar.

Só teu amor me inspira a reluzir,
Só nos teus braços eu sei o que é sonhar,
Tua presença me impele a sorrir,
Tua paixão faz meu corpo delirar.

Te quero perto, sempre, junto a mim,
Te quero meu, com carinho e devoção,
Te quero rei, anjo meu, meu querubim,
Te quero inteiro, sem temor, só emoção.

Ao cerrar os olhos, sigo vendo a tua imagem,
Se abertos, vejo a luz do teu olhar,
Quando uma estrela no céu pisca, não é miragem!
São os meus lábios buscando os teus pra te beijar!
 
MEU (E)TERNO AMOR

ALMA DE POETA

 
ALMA DE POETA
(Ivone Carvalho)

Poesia na alma,
Amor no coração,
Sensibilidade e calma,
inteligência, emoção,
Palavras, as mais diversas,
sinônimo, arte, canção,
estrela que muito brilha.
Compositor de maravilhas,
Extraídas do fundo do peito,
Usando seu especial jeito,
De a todo mundo agradar.
Tudo feito com carinho,
Chega sempre de mansinho,
Tem cuidados ao rimar.

Alma essência de poeta,
Sabe que o amor desperta,
Conquista o desconhecido,
Enleva o ente querido,
Transborda conhecimento,
Conhece o cerne da vida,
Seja alegre ou sofrida,
Cantando a existência vivida.

Alma de poeta é a tua,
Que se despe aos olhos
Mostra-se nua,
Vestindo o amor que cultua.

Beleza ímpar, harmonia,
Transcendência, alegria,
Esperança, nostalgia.
Alma de poeta,
Alma de gente como a gente,
gente que ri, chora, sente,
silencia, grita, sonha,
aplaude, apóia, reclama,
alma de gente que ama.
 
ALMA DE POETA

NASCE UMA ESTRELA

 
NASCE UMA ESTRELA
(Ivone Carvalho)

Cautelosamente, acoplei à minha mente as asas que me ofereceste. Incentivaste-me a usá-las e voar. Não que eu não sentisse vontade de fazê-lo, vez que é da essência do ser humano querer atingir cumes, possuindo ou não capacidade, vontade ou liberdade para alçar vôos. Sentia, sim, e tantas vezes me imaginei estrela! Mas, talvez me faltasse um objetivo maior, um ideal, um sentimento tão forte que me encorajasse a fazê-lo.

Deste asas à minha imaginação. E, com elas, sonhei, fantasiei, voei.

Senti-me muito próxima do infinito e me vi estrela. Um espaço imenso ao meu redor!

Tinha plena consciência da existência de tantas outras, muitas das quais, espalhadas por todo o universo, outras, entretanto, distribuídas em grupos, formando belas constelações. Inúmeras delas possuidoras de muito brilho, atraindo olhares, mas, tantas outras, pequeninas e distantes, em geral com pouca cintilação.

Convicta, porém, de que as minhas asas eram merecidas e tinham a finalidade real de me tornar uma estrela, imaginei-me mais brilhante que as outras, mais atraente, mais visível, independente da lua, do sol e de tudo que tivesse, ainda que mínima, a intenção, dolosa ou culposa, de ofuscar o meu brilho ante os teus olhos.

Ah! Não penses que me envaideci de forma a me julgar a mais linda, a melhor, a mais capacitada, a tal!

Senti, sim, uma vaidade imensa que enchia o meu peito e me permitia me sentir privilegiada por ter sido escolhida por ti, dentre tantas! Essa vaidade me causava um imenso orgulho, sem dúvida alguma, porque me fazia imaginar que me tinhas incentivado a me instalar naquele cantinho do firmamento para que eu me tornasse inacessível a outros e, simultaneamente, estivesse sempre ao alcance dos teus olhos, a cada momento que de mim sentisses saudade ou que a mim quisesses contemplar. E, ante essa certeza, eu brilhava diuturnamente, somente para ti.

Na minha ousada imaginação, acreditava que não medirias esforços para também voar ao meu encontro, para me abraçar, me beijar, me tocar, me amar, unindo de forma indefectível, sublime, divina, os nossos corpos, já que nossas almas, eu cria, sempre estiveram unidas, por toda a eternidade.

Não saberia contar quantas vezes o meu brilho reduziu, quase se apagando, como se os meus olhos se fechassem para não ver o vazio que encontravam ao te procurar na imensidão do universo.

Também não teria condições de enumerar as vezes que me transformei em nuvem, descarregando minhas lágrimas, feito chuva, vertidas em razão da imensa saudade ou da estranha sensação de que os teus olhos já não me procuravam ou tinham se encantado por outras estrelas, esquecendo-me.

Entretanto, torna-se, da mesma forma, impossível relatar quantos foram os momentos vividos na mais profunda felicidade, vendo-te a cada piscar dos olhos, sentindo e correspondendo ao teu doce e ardente beijo, sentindo o teu calor, o ardor do teu corpo, a proteção do teu abraço me envolvendo com tanto afeto, transmitindo o mais puro amor sem abandonar a demonstração do homem romântico e apaixonado.

Inexistia, acredite, sequer uma estrela, nesta galáxia, mais apaixonada do que eu! Que mais amasse, verdadeiramente, o seu escolhido!

E, nesses momentos, eu cintilava mais do que o próprio sol! E, mais do que ele, o meu calor era capaz de derreter cada planeta do universo! E não existiria vácuo se isso acontecesse, porque a minha Luz transcendia!

Descobri, então, que uma estrela, quando ama com tamanha energia, é capaz de remover montanhas, transformar rios em mares, secar oceanos ou fazê-los transbordar, determinar a fase da lua ou pegá-la nas mãos e colocá-la em lugar diverso, parar o vento, germinar sementes secas ou transformar em verdes e floridas as árvores e plantas mortas, devolver aos galhos as folhas secas espalhadas pelo chão.

Mas descobri, também, o quanto o coração dói quando se sente inseguro, imaginando amar sem correspondência, supondo-se traído ou esquecido ou indiferente ao coração do portador das suas chaves ou, pior que isso, rejeitado por este.

Descobri mais e melhor! Tive a certeza de que o amor não fenece, de que ele atravessa anos, séculos, vidas e continua sempre existindo, em proporção e intensidade constantes. E que, por mais que doa, ele nos dá paz interior, faz com que a gente se sinta feliz pelo simples fato de amar, independentemente de existir correspondência ou retribuição. Porque percebi que o amor não pede em troca, não pede retribuição, não necessita de remuneração afetiva para permanecer vivo dentro de nós. Tampouco vive de recordações, de lembranças, porque nem sempre estas são boas e muitas vezes os bons momentos são superados em quantidade ou intensidade pelos maus.

Constatei que ele existiu e sempre existirá, com o mesmo calor, simplesmente porque ele é sentimento, está dentro da gente, protegido e amparado pela nossa alma e será sempre doado quando o detentor, e não o portador, porque este já conhece, descobrir a sua magnitude e sentir que o deseja, da forma como ele é.

Por todas essas razões, pude constatar, também, que uma vez estrela, sempre estrela!

E que não importa se permanecerei naquele cantinho do céu que escolhi para me fixar, por atribuir a esse lugar do espaço a possibilidade da tua melhor visão quando ergueres teus olhos ou te elevares disposto a me encontrar. Nem importa se estarei sempre no espaço ou se darei descanso às minhas asas, algumas vezes, vindo pousar aqui, mais pertinho de ti. Ou, ainda, se as tempestades, as noites escuras, o dia iluminado, a mudança de estações, os vendavais, unidos ou isoladamente, se propuserem a esconder o meu brilho, a minha Luz.

O que vale, verdadeiramente, é que o teu coração sempre saberá indicar aos teus olhos o local certo onde estarei à sua espera, reluzindo eternamente e sempre mais, porque o que resplandece não sou eu, mas, sim, os valores e o amor que existem dentro de mim.
 
NASCE UMA ESTRELA

SINTONIA COM O POETA

 
SINTONIA COM O POETA
(Ivone Carvalho)

Que o Maior Poeta é o nosso Pai Todo Poderoso, é incontestável. Afinal de contas, só um Poeta como Deus poderia compor a mais bela Poesia como é toda a Sua Criação, cujas rimas perfeitas são encontradas em tudo que existe ao alcance ou não dos nossos olhos.

E como Bondoso Pai, que nos fez à Sua Imagem e Semelhança, deu aos homens a capacidade de serem também poetas, permitindo, a todos que quisessem, explorar profundamente o seu talento para poetisar, bastando, para tanto, que tão somente aprendessem a extravasar o que vai dentro do seu coração, exteriorizando a sua sensibilidade, os seus sentimentos, as suas emoções, pintando com as cores da alma tudo que os seus olhos enxergam, inda que não possam ver; perfumando com seu próprio olor e com o olor das flores a tudo que possam imaginar; compondo com as mais belas notas musicais a melodia que brota do seu íntimo; emoldurando suas composições com as mais lindas cores, vistas tão só pelos olhos do amor e da sensibilidade inata ao poeta.

E, dentre esses seres tão especiais, que dão vazão a essa coleção de atributos, a gente encontra poetas que são mais do que poetas, porque não só através da poesia conseguem aproximar com muita facilidade alguém que pode, fisicamente, encontrar-se aparentemente distante, já que um oceano pode se fazer presente entre ambos.

Mas, quem disse que o amor, o carinho, a amizade, a afeição e a felicidade requerem um caminho sem pedras, sem água, sem montanhas, sem quilometros de distância, para marcarem e firmarem a sua existência?

Afinal de contas, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos não conhecem as regras da física, da geografia, da geometria ou da química, e, por serem mais sensíveis e velozes que a luz, nos permitem uni-los e tocá-los com a alma, onde quer que estejamos.

A poesia pode não transmitir um fato real, mas revela, sem sombra de dúvida, o estado da alma do poeta. E só tocará o coração de quem, no momento de sua leitura ou audição estiver plenamente sintonizado no mesmo canal.

Na literatura, sabemos que há quem tem imensa facilidade de transmitir sua arte através da prosa, outros apenas da poesia e outros ainda através de ambas. Há quem tem criatividade apenas para dissertar, outros para rimar, outros para dissertar e rimar.

Entretanto, não são todos que conseguem sentir a poesia como sentem a prosa. Porque ler um texto e compreendê-lo é, certamente, muito mais fácil do que escrevê-lo, vez que, quando existe nele a simplicidade que existe num diálogo torna-se inteligível pois fica a impressão de que estamos ouvindo o narrador e com facilidade nos transportamos para a história e a vivemos até o final. Se existir, então, riqueza de detalhes na descrição das cenas, dos personagens, dos objetos, imediatamente visualizamos, na mente, com a mesma exatidão vista pelo escritor.

A poesia, entretanto, revela, em geral, a alma e os sentimentos do poeta, sua forma de enxergar fatos, cenários, situações e transmitir tudo com o coração, em apenas alguns versos, tantas vezes buscando ou criando rimas que a tornarão mais melódica, cujas notas buscam a harmonia e canção divina ouvidas pela alma do poeta enquanto se deixa extravasar aquele seu momento tão único.

O estado de sua alma permite o fingimento do poeta de uma forma sutil, levando ao leitor, se este não conseguir enxergar as entrelinhas de cada verso ou cada palavra, a impressão de que realmente está feliz quando poetisa a felicidade, de que realmente é amado se for essa a interpretação fria do seu poema, de que verdadeiramente esteve num lugar imaginado e que pintou através dos seus versos.

É óbvio que muitas poesias transmitem uma felicidade verdadeira, uma dor real, uma situação de fato. Mas não esqueçamos que o poeta é um criador e, mais que isso, um sonhador. E tantas vezes se transforma num personagem, expondo o que gostaria de estar vivendo ou sentindo e até se colocando no lugar de outra pessoa, cuja história ou sentimento lhe são conhecidos.

Também é preciso estar consciente de que suas peculiaridades de sonhador e fingidor lhe permitem, tantas vezes, cantar versos de alegria e felicidade enquanto as lágrimas percorrem sua face.

Talvez seja, para o menestrel, muito mais fácil cantar a sua dor, porque esta se faz sentida aguçadamente e, com toda certeza, não existe ser humano que jamais tenha sentido uma dor, enquanto não é difícil encontrar quem jamais tenha se sentido completamente feliz.

A sensibilidade do poeta, indubitavelmente peculiar, lhe permite penetrar a alma humana com uma visão raramente enxergada por outros. E isso também colabora na sua inspiração.

E não nos esqueçamos, ainda, que frequentemente o poeta se transforma no instrumento de transmissão de mensagens que lhes são “sopradas” e que, certamente, não o são por acaso. Afinal de contas, sabemos que os seus destinatários, mais cedo ou mais tarde, terão acesso às mesmas.

Sendo, então, o poeta, um mensageiro inspirado pelo amor em todas as suas conotações,
torna-se impraticável a interpretação da sua poesia de forma fria e contundente. Não basta lê-la, é necessário senti-la!

É preciso lê-la ou ouvi-la com a alma, com o coração aberto, enxergando as entrelinhas ocultas que poderão permitir ao leitor ou ouvinte a melhor interpretação do estado da alma do seu criador, as mensagens ali contidas e o sentimento maior que a inspirou. Estando os canais plenamente sintonizados, do compositor e do leitor, é possível, a este, sentir-se o próprio poeta, ou a sua musa inspiradora.

É assim, também, que deve funcionar a nossa busca de explicações para fatos e sentimentos que tantas vezes não entendemos e, muito menos, sabemos explicar.

O Maior Poeta, o Criador, deixa sempre, nas entrelinhas da vida e da natureza, todas as explicações que podemos conhecer, mas que, apenas se observarmos com os olhos da nossa alma e com o coração voltado para os Seus ensinamentos, obteremos respostas a tantas questões que levantamos e que, raramente, compreendemos.

SP, 24/10/2008
 
SINTONIA COM O POETA

QUE ME DESCULPEM OS BRASILEIROS

 
QUE ME DESCULPEM OS BRASILEIROS!
(Ivone Carvalho)

Que me desculpem os brasileiros, se puderem! Mas, sinceramente, eu me sinto violentada se não expuser a minha mais honesta opinião sobre tantos acontecimentos que têm feito parte da história deste país nos últimos tempos.

Nasci em 1951 e, portanto, é fácil deduzir que também fiz parte de movimentos estudantis nos anos 60 e 70. Que escondia determinados livros que comprava nos sebos da vida (porque só assim teria dinheiro para comprá-los), temendo ser presa a qualquer momento numa rua qualquer desta São Paulo, já que muita coisa eu ainda não conseguia entender direito. Que participei de passeatas. Que também bati panela e me transformei em cara pintada nos anos 90.

Chorei a morte de Tancredo. Fui uma brasileira que conferia os números nos supermercados. Sofri e chorei com a morte de Ayrton Senna, um brasileiro que deu orgulho à sua Nação.

Enfim, vesti a camisa verde-amarela com toda paixão do bom brasileiro, em todas as oportunidades que já surgiram durante esta minha curta, mas já sexagenária, vida.

E gritei gol em todas as Copas do Mundo, chorei com o coração vibrando e saí buzinando pelas ruas da cidade a cada Taça que o Brasil conquistou.

E imaginava como seria se um dia a Copa pudesse ser realizada aqui no Brasil. Teríamos a mesma criatividade dos demais povos do mundo que receberam as seleções dos países participantes? Seríamos capazes de dar shows tão deslumbrantes quanto todos que tive a oportunidade de assistir desde que a TV nos permitiu essa maravilha? Estádios magníficos, pirotecnia fantástica, danças, coreografias, cores, enfim, festas dignas de serem apresentadas em rede mundial, para os povos de todos os países.

Sonhei que um dia também poderíamos fazer tudo isso. E provar para o universo que não somos tão somente carnaval e bola no pé. Que temos sim, talento, criatividade, know-how, inspiração. Afinal de contas, Deus é brasileiro!

E chegou, enfim, o grande momento que, tenho certeza, muitos, mas muitos brasileiros, como eu, esperaram ao longo de suas vidas.

O Brasil se candidatou à sede da copa e ninguém fez qualquer movimento contrário, discordando da candidatura. Ouvi sim, muita gente dizendo que jamais ganharíamos porque não tínhamos condições. Mas não me lembro, juro, de nenhum movimento, nenhuma passeata, nenhuma cara pintada, nenhum palanque, nenhuma camiseta, nada, absolutamente nada, se mostrando contra a candidatura do Brasil.

E naquela época, a Fome era a mesma de hoje. A Saúde era tão precária quanto é hoje. O desemprego era maior que hoje. As balas perdidas já pipocavam nas grandes cidades. E até nas pequenas! O medo de sair às ruas, de chegar tarde em casa, de deixar os filhos se divertirem, dos estupros, dos ladrões, bandidos, assassinos, era tão grande quanto é hoje. A droga já rolava solta havia anos. A pobreza não era diferente da pobreza de hoje. Os hospitais, postos e casas de saúde também não tinham médicos e tampouco remédios. O trânsito e a poluição já faziam parte, há muito tempo, do caos da vida dos brasileiros. E, acreditem, a corrupção era tão grande, senão maior, que a de hoje.

Mas em nenhum momento eu vi movimentos contrários à candidatura do Brasil à sede da Copa do Mundo de 2014! Se houve, deve ter sido tão silencioso, tão pequeno, que não foi capaz de receber a repercussão que os movimentos, desabafos, ataques, enfim, tudo que hoje ouvimos e vemos demonstrando contrariedade à realização desses jogos no nosso País.

Não sei se sou brasileira demais ou ignorante ao extremo. Confesso que não me considero ignorante. E que amo demais o Brasil!

Mas, se discordar de tudo que tenho visto e ouvido atacando os nossos governantes e todos que trabalham, se empenham e se dedicam a apresentar o nosso Brasil da forma que tanto sonhamos durante tantos anos, a todos os povos do mundo, a receber nossos irmãos dos outros países com a mesma educação (se não for possível melhor ainda) e o mesmo respeito que sempre exigimos e apreciamos quando estamos no exterior, se tudo isso é ignorância, então sou sim, muito ignorante!

Saímos do Brasil e criticamos o que vemos de errado lá fora. E admiramos o que encontramos de belo, de prático e de fantástico. Vamos nos empenhar para que também o estrangeiro se admire do que é nosso e tenha o mínimo de críticas a fazer.

O Brasil é a nossa casa. Estamos preparando uma festa maravilhosa que receberá convidados do mundo inteiro, de todas as raças, religiões, classes sociais. Nossos convidados merecem ser bem recebidos, tal como nós gostamos que nos recebam. Nossa casa merece estar limpa, bonita, bem decorada, toda enfeitada, florida, para mostrar o quanto somos bons anfitriões.

Essa é a nossa grande oportunidade! Não é o momento de discutirmos a validade da festa. Ela já está marcada! Os convites já foram entregues.

Não é o momento de provocarmos aglomerações que somente resultam em quebra-quebra, ferimentos, perdas irreparáveis para quem nada tem com as decisões (ou falta delas) governamentais e até mortes.

Quando começar a festa, cada brasileiro quererá ficar diante de uma TV, um telão ou dentro do estádio para ver a bola rolando e gritar muitos gols para o Brasil. Todos sairão apressados do trabalho para chegar em tempo e não perder o horário da festa.

A festa vai começar. E com o coração feliz e esperançoso, vibrando pela nossa Seleção, devemos transformá-la na mais bonita, na melhor festa que já pudemos oferecer aos nossos convidados, mas, mais do que isso, a nós mesmos, os brasileiros, os anfitriões que têm sim, talento, criatividade, inspiração, alegria, beleza no corpo e na alma, e bola no pé!

E os problemas de casa, a roupa suja, vamos deixar para lavar depois que os convidados se forem, que os jornais do mundo nos elogiarem, que, quem sabe, tivermos celebrado a grande vitória, nos tornando Hexacampões.

E se perdermos, vamos chorar sim. Alguns dos milhões de técnicos que o Brasil possui dirá que já sabia disso e até que estão satisfeitos com o resultado. Não será verdade, mas a gente fingirá que acredita!

(Ivone Carvalho – 22/04/2014)
 
QUE ME DESCULPEM OS BRASILEIROS

SE EU PUDESSE SER UM ANJO...

 
SE EU PUDESSE SER UM ANJO...
Ivone Carvalho

Ah, se eu pudesse transportar mais do que a alma e o pensamento e tivesse a capacidade de invadir o seu espaço, neste momento, vivendo cada instante que ora você vive.

Não, eu não queria me personificar ante você, agora. Gostaria de permanecer ao seu lado, como um anjo, permitindo, talvez, que você sentisse a minha presença, mas não me visse, para que não alterasse nenhum dos seus gestos, nenhuma das palavras que quisesse proferir, nenhum riso, nenhuma vontade.

Eu ficaria em silêncio total, apenas contemplando o seu semblante, quiçá segurando sua mão sem que você percebesse ou tocando sua pele fazendo você imaginar uma brisa suave beijando seu rosto.

Eu sorriria a cada sorriso seu, concordaria, apenas meneando a cabeça, com cada uma das suas frases, sorveria todos os goles do líquido que bebesse, afastaria qualquer tristeza ou aborrecimento que porventura tentasse se aproximar de você.

Eu sopraria seus cabelos suavemente, apenas para ver o seu rosto por inteiro, sem perder um único detalhe.

Acompanharia cada um dos seus passos, impediria qualquer tropeço fosse no andar, no falar ou no pensar.

Brindaria a alegria e a felicidade que você estivesse sentindo, exatamente no mesmo momento que você brindasse.

Não permitiria que a dor, por mais leve que fosse, se aproximasse de você.

Viveria consigo cada preocupação que lhe viesse à lembrança e procuraria mostrar-lhe a solução para cada problema que o perturbasse.

Envolveria seu coração e sua mente com toda a minha ternura fazendo-o sentir uma paz inabalável.

Sem alterar em nada os seus sentimentos, o seu modo de ser e de agir, eu o faria sentir a intensidade do meu amor.

Ah, se eu pudesse me transformar num anjo... Eu usaria as asas da minha paixão e voaria até você, agora, para viver cada momento da sua vida que tanto completa a minha.

Ah, se eu pudesse...

"Ao anjo responsável por minha inspiração”
 
SE EU PUDESSE SER UM ANJO...

POESIA É AMOR, SOU EU, É VOCÊ!

 
POESIA É AMOR, SOU EU, É VOCÊ!
(Ivone Carvalho)

Poetas são pessoas como você, que além de definir o "ser poeta", é poético ao comentar a obra de alguém como eu, que tem consciência de que ora sou, ora estou poeta.

Penso que o verdadeiro poeta não necessita grandes sensações, sentimentos ou acontecimentos para compor poesias. Ele rima a todo momento, transformando tudo que vê, sente, toca, ouve, imagina, sonha, enxerga, em poesia. Não há tempo ruim para ele. De uma pedra (no meio do caminho havia uma pedra..), uma gota d'água ou um cálice (Chico Buarque), a fumaça de um incenso, a partida, o nascimento, o sonho, as mãos (as de Eurídice!), enfim, de tudo ele consegue fazer poemas que se eternizam.

Tenho repetido insistentemente que todos nós somos poetas, alguns em algum momento das nossas vidas; outros, em todos eles. Tenho insistido que a poesia está na alma, é o grito que o coração quer dar e por algum motivo o sufoca, é o brilho que os olhos não conseguem revelar, é o tremor do corpo emocionado, as palavras que são murmuradas talvez até porque o próprio poeta tenha medo de ouvi-las. A poesia é a língua-mãe, o idioma global porque é entendido por todas as raças, em todas as idades, não importando o sexo ou o poder aquisitivo de quem a escreve ou a lê.

E ratifico tudo que tenho pregado sobre a poesia, porque tantas e tantas vezes só ela é minha companheira leal, permitindo-me extravasar o que sinto necessidade de gritar, ou esconder aquilo que nem eu mesma quero ouvir ou acreditar.

Mas coloco em dúvida, algumas vezes, se posso me considerar uma real poetisa. E essa dúvida surge quando sinto a inspiração bloqueada, quando sinto necessidade de expor algo que sinto ou que eu quero fazer o leitor sentir, traduzindo seus sentimentos ou os meus, e não consigo.

Algumas vezes tenho a sensação de que não sou eu quem escreve. É como se alguém soprasse para mim o que devo escrever, tal a facilidade com que nasce uma poesia, ficando pronta em pouquíssimos minutos. Algumas delas, ao reler, eu me pergunto como surgiu tal inspiração, pois muitas vezes ela não reflete o meu estado de espírito do momento.

Outras vezes, porém, ao reler um poema que escrevi, eu mesma não acredito ter sido capaz de traduzir com tamanha perfeição o que ia na minh’alma ou o que eu queria transmitir.

E tudo isso me faz me sentir poeta.

Porém, quando tenho vontade de escrever e não consigo ou quando escrevo algo que nada tem a ver com os meus sentimentos, emoções ou situações vividas no momento que escrevi, não traduzindo o que eu realmente sentia necessidade de expor, contradizendo até, algumas posições ou formas de agir que tanto defendo, nesses momentos eu prefiro dizer que não sou poeta.

Porque eu vejo o poeta de verdade escrevendo a todo momento, inspirando-se o tempo todo, não temendo magoar ou ser julgado ao escrever o que sente vontade, não se preocupando com a interpretação que o seu leitor dará à sua obra, mas, apenas, arrancando do fundo da sua alma aquilo que ele sente necessidade de passar, de materializar através das palavras e das rimas.

Mas tudo isso não importa. O relevante, o vital, o delirante, não é ser ou estar poeta. O importante, na verdade, é o SENTIR A POESIA, a que lemos, a que escrevemos, a que vemos na vida e na natureza, a que vivemos em cada instante de nossas vidas.

A poesia nada mais é do que a essência dos nossos sentimentos, a beleza que dá brilho ao nosso olhar, o som que penetra os nossos ouvidos tocando o nosso coração, o tremor da nossa pele, sentido ao tocarmos, com suavidade, outra pele, outras mãos. É o perfume que agrada o nosso olfato, envolvendo toda nossa matéria e indo de encontro ao nosso imo, tornando-se inesquecível.

Poesia é sentir cada célula do nosso corpo se multiplicando aceleradamente, transformando o amor que nos dá vida no amor que nos faz viver.

Poesia é a transformação de uma lágrima que se liberta da nossa alma, numa gota de orvalho que beija a pele aveludada de uma rosa.

É o colorido das borboletas enfeitando os nossos pensamentos, somando cores leves e delicadas à nossa aura, dourando a redoma que nos protege.

É o som de harpas angelicais penetrando nosso coração através da audição da nossa alma, homenageando o Amor que nos envolve, que sentimos, que queremos dar com toda isenção de troca, seja a quem amamos, seja a cada um dos nossos irmãos.

Poesia é prece, é oração. É a palavra de Jesus no nosso coração. É o ensinamento, o aprendizado, o desprendimento, a liberdade que existe em cada um de nós, para sentirmos, pensarmos, ousarmos, doar-nos, praticarmos, enfim, todos os atos que nos torna poetas na mais profunda essência do termo, desmistificando o único sentimento que não possui definição, por ser a própria definição da vida: O AMOR!

Poesia não carece de rima ou harmonia. Dispensa versos ou estrofes. Não tem classificação ou propriedades.

Porque poesia é, simplesmente, a transmissão do que sentimos, através de palavras, de um olhar, de uma atitude, de um gesto, de uma lágrima, de um sorriso, de um agradecimento, de uma oração, de um sonho, de uma ilusão, de um ideal, de um medo, de um pesadelo, de uma esperança, de uma realidade, de uma carícia, da ternura, do AMOR!

Poesia é o que somos em nosso núcleo, a nossa essência, o nosso espírito, o Deus que existe dentro de nós!
 
POESIA É AMOR, SOU EU, É VOCÊ!

DESEJO

 
DESEJO
(Ivone Carvalho)

Olhando nos teus olhos me aproximo,
Deixo a mão invadir o meu decote,
Carícias com meus dedos são insumo,
No arregalar dos teus olhos tenho o mote.

Retiro a taça, olho teu semblante,
Brilham estrelas, te vejo a implorar,
Te ofereço aproximando dos teus lábios,
Tu o sugas tal criança ao mamar.

Entre gemidos, meu corpo se arrepia,
Tuas mãos, incontroláveis, seguem curvas,
Sinto a boca que, selvagem, me inebria,
Nada mais vejo, tenho as vistas turvas.

No delirar do teu corpo, o desejo,
No calor do meu, te perdes em chamas,
Entre carícias, o tesão incita beijos,
Meu corpo, para ti, se inflama.

Meus mistérios, por ti, são descobertos,
Meus segredos, tu entendes com malícia,
Quero teu corpo cada vez mais perto,
Dentro do meu, explodindo em delícias.
 
DESEJO

Á MULHER - DIA INTERNACIONAL DA MULHER

 
SER MULHER
(Ivone Carvalho)

Mulher menina toda ternura,
Mulher criança é só doçura,
Adolescente é sinônimo de paixão,
Mulher-mulher que enlouquece o homem,
Mulher mãe, amor e coração,
Na meia idade, feito loba é mais mulher,
Na velhice, o carinho e a inteligência
Que todo homem quer.

Mãe das bonecas e do irmão,
Do animalzinho de estimação,
Meio mãezinha do namorado,
Mãe protetora do seu amado,
Mãezona do neto que fica encantado,
Mãe dos pais, na idade avançada.

Mulher que se liberta pouco a pouco,
Que assume o seu lugar de igualdade,
Impondo seu espaço na sociedade,
Exercendo hoje qualquer profissão,
Sem esquecer-se de cada obrigação
Que assumiu no lar e na vida,
Desde a tenra idade.

Mulher que já nasce apaixonada,
Que vive o amor, em cada jornada,
Que sofre, chora, ri e se entrega,
Conhecendo o valor de cada detalhe,
Que sonha e que vive a realidade,
Querendo sempre ser amada de verdade,
Mas antes de tudo, ama tudo o que quer.

Mulher que não precisava ter um dia
Que internacionalmente comemora
Sua existência e sabedoria.
Pois todas as horas de todos os dias,
Ela é lembrada, chamada e socorre
O filho, o neto, o pai, o homem,
Todos que pedem sua atenção.

Mulher é razão, é discernimento,
É emoção, é sentimento,
É o desejo, a sedução,
É a prece, a oração.

É o amor em todos os sentidos,
Amor completo, sem pruridos,
Mulher é a alma do coração.

Minha Homenagem a todas as mulheres
No Dia Internacional da Mulher
 
Á MULHER - DIA INTERNACIONAL DA MULHER

AMOR IRREVERSÍVEL

 
AMOR IRREVERSÍVEL
(Ivone Carvalho)

Quisera...

Poder me transportar de forma invisível,
Pegando carona no vento que balança,
Estacionar na lua, no mar, num lugar impossível,
Esconder-me entre as nuvens, misturar-me às crianças.

E, camuflada, de anjo eu me vestiria,
Meus cabelos castanhos seriam loiros cachos,
Por todo o espaço eu volitaria,
Por entre montanhas, florestas, riachos.

E num instante estaria ao teu lado,
Fluidificada, tão só te contemplando,
Sem resistir, beijaria os teus lábios,
Dormiria, o teu corpo abraçando.

Sussurraria no teu ouvido, por teu amor clamando,
Exporia os meus sentimentos, em silêncio, te inspirando,
Viveria aquele momento, tua voz adoçando,
Penetraria tu’alma, meu amor armazenando.

E morreria feliz, se fosse preciso,
Ao lado de quem amo, num momento inesquecível,
Te esperaria, assim, no paraíso,
Para vivermos este amor, incrivelmente irreversível.

01/04/2009
 
AMOR IRREVERSÍVEL

DEVANEIOS DA POETA

 
DEVANEIOS DA POETA
(Ivone Carvalho)

Através da poesia, cantei o amor e a saudade,
A vida, a morte, a tristeza, alegria e felicidade,
A dor, o pranto, a riqueza, a paz, a serenidade,
A guerra, a ternura, a criança, o mal e a crueldade.

Rimando, compondo versos, cantei com simplicidade,
A natureza, o universo, a cultura e a sociedade,
A solidão, o espaço, sentimentos da humanidade,
Cantei a alma sangrando, a mentira e a verdade.

Poeta que sou, cantei as estrelas, o luar e o sertão,
As ondas do mar, a brisa, o vento, o meu coração,
As nuvens, os pássaros, a relva, as flores e o trovão,
Cantei para ti com ternura, desvelo e muita paixão!

Consagrando a poesia, cantei minha inspiração,
Exaltei sempre o amor, com carinho e devoção,
A noite, o dia, o sol, o rio, o poeta, o perdão,
Poeminando, confesso, te amar como vulcão!
 
DEVANEIOS DA POETA

CHAMA ACESA

 
CHAMA ACESA
(Ivone Carvalho)

No teu ninho eu me aconchego
Te faço feliz e me sinto no céu,
Aos teus carinhos me entrego
E da tua boca sorvo o mel.

És o meu anjo, o meu protetor,
Que o meu corpo cobre de amor,
Me levas às nuvens, me fazes mulher.

Te amo tanto, com sinceridade,
E nem mesmo a amarga saudade
Afasta de mim o desejo que arde.

Deitada em teus braços esqueço de tudo,
Sentindo o teu corpo, meus sons ficam mudos,
E só nossos ais se propagam aos ventos.

Te beijo, te abraço, em ti me desfaço,
E dentro de mim, te sinto vibrar.

Com esta paixão, intensa tal aço,
Murmuro: te amo e te quero me amando!
Só mais um instante e vamos gozar!
 
CHAMA ACESA

HINO AO AMOR

 
HINO AO AMOR
(Ivone Carvalho)

Se tuas mãos me acenarem um adeus,
Correrei para teus braços, não te deixarei partir.
Se teus olhos se fecharem para não verem os meus,
Penetrarei em tu’alma e te farei sorrir.

Se teus lábios se trancarem e emudeceres,
Tocarei uma canção para te fazer cantar,
Se teus braços se cruzarem negando-me prazeres,
Tua boca beijarei, sentindo-te me abraçar.

Se as lágrimas rolarem por sentires tristeza,
Beberei uma por uma para o teu rosto secar,
Se os poemas que escrevo não te dão certeza,
Cantarei, do amor, o hino, até você acreditar.

Se disseres não me amar sem, nos olhos, me olhar,
Me transformo numa estrela, de todas, a mais brilhante,
E num passe de mágica buscarei, no céu, o luar,
Entregando, ao teu coração, o amor mais radiante!
 
HINO AO AMOR