DE NOVO O ARCO-ÍRIS
DE NOVO O ARCO-ÍRIS
-Olha de novo o arco-íris...
Ela mo apontou de dedo em riste
sorridente e prazenteira, com calor
as cores que riscavam o plúmbeo céu!
-Deus está ainda no nosso amor!
A beleza era tão inegualável que o véu
da promessa chegou-se com ardor
às nossas almas imersas
em sonhos, fantasias
coros celestiais e odores a maresias.
E as lágrimas, escondidas
nos nossos olhos, perdidas
caíram-nos, pelo rosto, apaixonado
e molharam nosso amor singelo
porém, tocante, amante e belo!
Nossos corpos inebriados
ficaram unidos, calados
E o mundo foi selado
por um beijo apetecido
desejoso e sentido!
Ezequiel Francisco (19/10/2014)
Abrir a porta é preciso
ABRIR A PORTA É PRECISO!
O que agora importa
É abrir a porta
Deixar entrar
O amor devagarinho
Bem mansinho!
Beijar
Languidamente,
Sofregamente…
E acreditar
Eternamente
Sem ais
Nem lamentos!
Por sonhos, por amores, por nada
Quando atravesso o meu deserto
Enchem-se, como fontes, os meus olhos
De lágrimas que me acerbam o coração
Pois o meu peito é terra de assolação
Nada mais sai, nem de longe nem de perto
Nem a pena se transforma em arrojos
Pois sempre escreve o que quero
E se afasta de mim num desespero
A chama que em mim, é criadora
De sonhos de rosas, jasmins
Dálias, margaridas e amores perfeitos
Em que transbordo de cheiros
E me arremedo de meios termos e enfins
De coisas grandiosas como amores
Exilados pensamentos, dissabores
De coisas esquecidas, malqueridas!
Terra de assolação, terra queimada
Onde nenhuma frase foi plantada
Cresceu, floriu e foi regada
Por sonhos, por amores, por nada
Tudo o que restou o vento o levou
Para que ao mundo fosse levada
E que se entendesse a palavra
Que um poeta algum dia, escrevera!
Fui por aí!
Fui por aí...!
Fui por aí
Como filho pródigo
Semeei o que não devia
Colhi o que não queria
Da vida que vivi
Cantei canções
Sonhei ilusões
Que não colhi
Ora e na hora da morte
Lamento tal sorte...
Mas que vivi, vivi!
Desfolhei um malmequer
Desfolhei um malmequer
Sem saber o que fazia
Uma é minha, outra é tua
E a outra quem diria
Era de quem apanhar
Afinal eram tuas as penas
As que estava a desfolhar
Mas pétalas ou penas
São penas do teu sonhar
E eu não sou capaz
De tua alma depenar
SEMPRE ESCONDI!
SEMPRE ESCONDI!
Eu sempre escondi
Os meus sonhos e ilusões
Dos sábios e entendidos
Daqueles que foram reconhecidos
Em estudos e tratados!
Eu nunca ouvi, nem aprendi
As moções e os elogios ensinados!
Eram minhas as razões
Deles a fanfarronice,
As mentes delirantes,
A tosca sapiência!
Eu só ouço a minha interioridade,
A voz que clama dentro de mim!
Se não fosse assim,
Eu estudaria nos mesmos livros
Sem tempo nem idade!
Eu olho a cidade
Como um ciclope vê o mundo
Que por mais escondido e profundo
Sempre encontra a verdade!
O que me dizem, é mentira
São quereres e afirmações
De mentes procurando ilusões,
Agarrados a predições,
Atados a eloquências
Aos estudos enganosos!
Eu sonhei
Que meus poemas
Eram cantados e amados
Por todos os corações!
Havia ciência e sentimento
A transmitir às gerações!
Qual quê¿ coisas sem fundamento,
Conversa fiada e sem razão
Mas foram morte e injustiça
As que se renegaram de mim!
Apressa-se muito o meu fim!
Apressa-se muito o meu fim
Lamentem-o, todos que me conhecem
Todos os que sabem o meu nome
E dizei: Como acabou o verbo forte
A palavra e o formoso poema!
Vós que conheceis os meus amores
Assim como todas as minhas dores
Cantai hossanas ao meu nome
E chorai pelo meu corpo acabado!
Já desci da minha glória
E assentei-me em cepo decepado!
Mas a alma, essa voará
E como a águia subirá
E estenderá suas asas sobre o mundo!
Cantai o meu sonho profundo
E guardai no coração
Toda e qualquer emoção
Que vos criou a minha palavra!
Ezequiel Francisco – 25/03/2015
Fui opróbrio do mundo
Fui o opróbrio do mundo
Por causa dos meus amores
fui um opróbrio do mundo
Ah! Como sofri minhas dores
e bebi fel de taça sem fundo!
Toda aquela que me via fugia de mim;
sou como vasos sagrados, partidos
e os meus idos estão escritos
nas paredes da minha vida!
Todos os meus anos
foram gastos em tristezas!
Toda a minha força soçobrou
Ante as minhas iniqüidades!
Ah! Sim! Lutei contra maldades!
Oh! Quanto de mal me sobrou!
Agora só a morte me sustem
só a sua mão descarnada
segura-me sob o abismo do além!
É por ela que me ocorre o poema
e é por ela que a palavra ainda é tema!
Quero ir, apetece-me partir
e nunca voltar a chegar!
Ceifeira que andas à ceifa…
Ceifeira que andas à ceifa
De todos os sonhos meus,
Ceifa as palavras Deus
Ceifeira dos sonhos teus!
Ceifa que são melhores
Que todos os sonhos meus!
Ceifeira que ceifaste
As penas da minhalma
Porque não as levaste contigo?
Na calma dos nossos campos
Com o corpo dardejado pelo sol
Que cantas teu solidário
Entoando canções
Por teu sonho imaginário!
Ceifeira que andaste à calma
Ceifando os sonhos meus
Porque não ceifas a minhalma
Junto com os sonhos teus?
O juquinha
O JUQUINHA!
A mãe e o Juquinha
Eram gatos de uma vizinha
Que apareceram lá em casa
À procura de comida e de festinha!
O Juquinha foi doado
E a mãe atropelada
O novo dono do bichano
Era um homem muito chato
Que não ligava para o gato
Por isso lá miava ele à nossa porta
À procura de comida e afago!
Passava muito tempo fora
Na gandaia e defendendo território,
E isso era bem notório!
Mas não tinha jeito
Mordia a torto e a direito!
Foi coisa do passado
Pois um dia ao passar a estrada
E como a mãe, que foi atropelada
Ele também foi atropelado!
Morreu esmigadinho, coitadinho!
Choros de baba e ranho
De todo o tamanho
E lá foi enterrado o safado!
Mas que deixou mágoa
E saudade de verdade,
Lá isso deixou!