Poemas, frases e mensagens de ACC1955

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ACC1955

A POESIA

 
Rasguem-se os pergaminhos antigos,
destrua-se o túmulo da solidão,
acalme-se o mar, derrubem-se as falésias,
abra-se o coração à maresia
e as cortinas brancas que resguardam
as janelas da poesia!...

A poesia é a sublime expressão
da sensibilidade humana.
- Só pessoas de elevada
inteligência emocional
e liberdade de espírito
são capazes de exprimir
o que lhes vai na alma
e no coração - os poetas.

Poesia é a metamorfose,
o poro dos sentidos,
a magia de sair do caminho
e beijar a flor esquecida!...
- São bolinhas de sabão
saídas da boca de uma criança!...

( Acácio Costa)
 
A POESIA

CATARSE DE LIBERTAÇÃO

 
 
Muita mente pensa
que só mente rara
mente eminente
é mente boa
para a eugenia humana.

Oh triste despautério,
mente insana
catarse urgente
para mente assim.

Oh ecletismo sagrado,
discursos esotéricos
exprobração
fautores imensos
e sublimação!...

Ouve-se o frémito
de vento catabático
toca a cornamusa
dançam mariposas
no terreiro,

- catarse de libertação!...

(ACÁCIO COSTA)
 
CATARSE DE LIBERTAÇÃO

UMA GAIVOTA ME DISSE

 
Estava um lusco-fusco do anoitecer.
Eu estava cansado e sentia-me confuso
sobre o que ia acontecer!...

E deixei-me ir no cacilheiro
para onde ele me quisesse levar.

- Leva-me cacilheiro
por este Tejo que é nosso;
leva-me até ao mar
que mais tragédia não posso!...

Surgiu no ar pestilento,
um ar que custa respirar,
uma gaivota agitada
que, num piar sofrido, me disse:

- Não voltes, homem, a terra
que a terra queima, coitada!...

E fiz-me ao mar salgado,
no cacilheiro...

Foi uma noite de breu e sal
- lágrimas de Portugal!...
 
UMA GAIVOTA ME DISSE

NA PAZ DO CRIADOR

 
NA PAZ DO CRIADOR

No cume do meu descontentamento,
daqueles que um Homem sente
da vida e da pátria amada,
meti-me por entre penedias,
revendo histórias e troicanas fantasias,
e fiz-me à Serra, calma, serena
e indiferente ao meu tormento.

Do cimo mais alto da Mourela,
sentindo o vento frio no rosto,
que ali corre no mês de agosto,
vi tudo em quadro de aguarela,
que nenhum pintor pintou.

A urze florida, radiosa,
a carqueja, sempre formosa,
vidos, giestas, pinheiros,
carvalhos e castanheiros,
ondulando ao vento
numa dança de sossego,
que uma águia-real observou.

E eis-me ali, no meu tormento!...

Sentei-me, numa pedra, ao vento,
por cima do meu tormento,
por baixo daquele calor;
gritei com raiva um impropério,
daqueles que fazem corar o Barroso,
e com enorme gozo
deitei fora o descontentamento,
curti a Paz do Criador.
( Acácio Costa)
 
NA PAZ DO CRIADOR

O CHORO DAS ÁRVORES

 
Aperto-te na minha mão,
urze do monte.
Não pedes nada, neste estio,
mas choras por haver gente
que te quer queimar!...

Tenho-te a meus pés,
feno ondulante ao vento,
nos dourados prados do Barroso.
Não pedes nada, sabendo que vais secar,
mas choras por haver gente
que te quer queimar!...

Contemplo-vos, em silêncio,
carvalhos, pinnheiros,
vidos e castanheiros,
no vosso manto verde
que nem agosto faz murchar.
Não pedis nada, neste estio,
mas chorais por haver gente
que vos quer queimar!...

Chorai, chorai, sim,
árvores e jardins dos montes.
Juntai vossas lágrimas
à cascata que jorra em mim,
pois, essa gente,
que não sente
e vos quer queimar,
ou é demente
ou não merece por cá andar!...

( Acácio Costa)
 
O CHORO DAS ÁRVORES

O Ser e Eu

 
O Ser e Eu

Eu existo e eu sou eu.
Há dias que mal sou eu,
mas existo.

Há dias em que sou muito eu
e mal existo.
Há dias que não sou eu
e existo, porque penso.

Mas seja lá como for,
como penso, existo
e eu sou eu,
todos os dias
com o meu escopro
gravo no eu que existe
mais um sulco
do eu que eu quero
e devo ser enquanto existo.

(Acácio Costa)
 
O Ser e Eu