“Os sorrisos dos meninos”
“Os sorrisos dos meninos”
Sorriso vai e sorriso vem
e como me faz tanto bem
Amo os seus sorrisos
sorrisos lindos a crescer
idéias sempre a desenvolver
mentes brilhantes prometendo
mudar a Vida e o Mundo
Eu acredito nesses sorrisos
todos eles farão o futuro
quem sabe ainda no meu tempo
eles continuarão a ser o Sol
que me aquece em cada Inverno
e que me renova a alma
a cada ano na Primavera
com o tempo a aquecer
a crescer e a descobrir a Vida
Nascem e chegam puros
todos esses lindos sorrisos
vão crescendo sem nada que os detenha
e eu aqui olhando, revendo, vendo crescer
Quantas amizades, reconhecimentos
eu quero ter sempre nesses sorrisos
eles se tornaram parte de mim
agora e sempre crescendo e amando
os sorrisos desses meninos queridos
E com um inequívoco sorriso eu sempre os recebo,
a convidar para que fiquem também sorrindo comigo
dando e recebendo sorrisos todos os dias, e sempre.
Maria
No Valsassina à tarde, 7 de Março de 2018
Tudo se acaba
Tudo se acaba
Se tudo que é bom um dia se acaba
Se tudo que é bonito vai ficar feio
Se esta vida não vale quase nada
Se em frio se transforma o veraneio
Se os sonhos se acabam lentamente
Se os anos passam como a fumaça
Se as rosas murcham tão tristemente
Se um dia acaba toda a nossa graça
Se as crianças são assim tão puras
Por que é que sofrem tantas torturas
Neste mundo todo cheio de trapaça
Se as águas do rio correm ao oceano
Se tudo está contido neste plano
Por que esta triste dor nunca passa.
jmd/Maringá, 22.06.10
VIVER NO NADA
Quando passo nas ruas da cidade
Vejo essas crianças perdidas
Muito longe da felicidade
E muito mais longe da vida.
Vagueiam de esquina em esquina
Onde não existe a moral
Vão sofrendo a sua sina
Vitimas de um destino brutal
Crianças que vivem no nada
Que viajam no vazio,
Numa longa caminhada
Nesta terra incendiada
Onde o calor nos dá frio.
Trocam o corpo por dinheiro
Para poderem viver
Não é vida com braseiro
Mas sofrimento traiçoeiro
Que jamais poderão esquecer.
Para eles , os dias são sem Sol.
As noites nunca têm Luar.
O futuro é mar sem farol,
É tudo escuro no seu olhar.
Esses lobos, que na noite rodam
E que as exploram com desdém
Decerto não se recordam
Que foram crianças também.
A. da fonseca
ADOPÇÃO DE ANJOS SEM SEXO POR CASAIS DO MESMO CORAÇÃO
Como alguém pode considerar indigno, uma criança ser criada fora da família tradicional – que sabemos algumas integram as tradições que a seguir vos conto e que uns quantos de vós imaginam - ou que pais e mães que amam o seu mais próximo, profunda e calmamente, de tal forma que enfrentam em nome desse amor, sociedades estigmatizantes e cruéis, como nenhum heterossexual seria capaz de enfrentar mesmo sendo igualmente Homem ou Mulher com letra maiúscula. Porque são esses os generosos e abnegados que chegue para amar e acolher como seu, um menino de Deus, abandonado à sua sorte. E que esses humanos que nada têm de diferente além de trocarem afetos de forma pouco tradicional na sua intimidade, sejam piores exemplos de valores de família, que as tradicionais famílias, que à bom Português discutem à mesa e espalham desamor baseado no baton da lapela do smoking, ou nas excessivas entradas no cartão de crédito, porque é nesses cenários que alguns destes ofendidos com as propostas e que votaram contra, cresceram e se fizeram homens e mulheres tristes, que só conhecem o cinzento ou o azul-marinho. Mas se Deus nos deu capacidade de amar ou odiar, de olhar, de sentir, de cheirar, de gostar ou de detestar, e criou um mundo com tantas disparidades, icons e avatares, porque não havemos de ser tolerantes com os que com essa capacidade de gostar, amam o seu igual, e com a capacidade de detestar sintam coisas menos boas pelo seu oposto. Pois se esses são igualmente capazes de fazer coisas grandes e recheadas de grandes coisas, e colorir o mundo com uma diversidade de pantones que sirvará de inspiração a criativos e artistas a pintá-lo mais tolerante e não opressor. E por outro lado, respondam-me a isto é menos repugnante ou capaz de enquadrar uma familia mais tradicional o estrupador que só viola meninas ou a pedófila que só abusa de meninos, e não os outros? Não é a orientação sexual que faz das pessoas montros assustadores sem valores que saem para ai a viver a sua intimidade à frente das crianças, mas o seu mau interior e os maus valores e comportamentos desviantes criados, alguns deles nas ditas familias tradicionais. Não confundam ou leiam enviesado porque comportamentos desviantes não são orientações sexuais, nem são as orientações que promovem comportamentos desviantes. Sandra Correia PS - Para que se saiba sou heterosexual assumida, mas porque sou Mulher Mãe (com duas maiusculas) não sou capaz de passar indiferente à intolerância e estupidez humana...
Dois dedos de Prosas Socialmente Responsáveis e Politicamente Incorrectas
Dois dedos de Prosas Socialmente Responsáveis e Politicamente Incorrectas
Pobres Crianças
Pobres crianças que sofrem
À margem das leis, egoístas,
Com o tronco preso ao chicote
E a alma aos predadores.
Meninos despidos de alimento
E fome de carinho
Que trazem o olhar rasgado
E a boca ensanguentada
Desconhecendo a paz.
Crianças violentadas
Sem noção da realidade atroz
E espancadas pela vida…
Perdoai-lhes Senhor, terem nascido!
Perdoai-nos Senhor, pela cegueira!
Animais de Estimação
Animais de Estimação
by Betha Mendonça
Meus meninos quando mais crianças tinham mania de criar bichos dentro de casa. De casa não, pois moramos em apartamento, péssimo lugar para se manter animais e, além disso, o caçula é asmático e o mais velho tem rinite alérgica.Primeiro foram os peixes que convenceram o pai a comprar. E lá veio aquele aquário cheio de musgos, pedrinhas no fundo, luzes e toda aquela parafernália.Eles exultaram e passavam horas admirando os bichinhos a nadar pra lá e pra cá. Mas, como o que é bom dura pouco: de repente a “peixaiada” morreu.
Deve ter sido indigestão. Os garotos segredaram que achavam aquela ração muito “fraquinha” e colocaram no aquário refrigerante e outras guloseimas. A partida dos peixes não trouxe grandes traumas.
Uma noite o menor com uma chiadeira danada no peito e o maior não parava de espirrar e resfolegar o nariz. Depois de ambos terem ido a urgência hospitalar e serem medicados confessaram o crime: tinham adotado um gato de rua que estava instalado confortavelmente numa caixa na área de serviço com a conivência da emprega. Dei “aquele sermão” e despejei sem dó nem piedade o felino.
A seguir veio o casal de miúdas codornas: a Chuva e o Trovão. Eram bem bonitinhos. Eles moravam numa ampla gaiola com água e comida a vontade. Durante a manhã ficavam soltos na área de serviço para esticar as pernas. A fêmea começou a colocar ovos diariamente e no final de semana meu marido os comia como tira-gosto com sua cervejinha. Até que aconteceu o primeiro acidente... A empregada deixou a porta da cozinha aberta, a curiosa Chuva tomou o rumo da escada e rebolou partindo uma patinha. Daí em diante ela só punha ovinhos quebrados até que amanheceu morta. Que desolação! Velório na caixa de sapatos, lágrimas, enterro no jardim do condomínio.
Alguns meses e nova tragédia: o Trovão foi esmagado pela porta da cozinha que desastradamente o meu filho mais novo empurrou. Foi difícil convencê-lo que ele não era um assassino perverso: afinal fora um homicídio culposo. A consternação foi maior que no sepultamento da Chuva. Muitos dias de tristeza e luto.
Ainda veio a Susy, uma camundonga, que pouco durou devida queda da sacada do terceiro andar onde moramos. Todos nós estamos convencidos que nossos animais são marcados pela tragédia e que apartamento não é lugar para criá-los... Pelo menos o nosso!
(republicado)
SEM AMOR, SEM FUTURO
Trilhei tantos caminhos na vida
Ruas e Avenidas do desespero
Ruelas e becos sem ter saída
E um destino amargo e severo.
Andei de rua em rua procurando
A felicidade que tanto desejava
Mas só escolhos fui encontrando
Mas do bem estar, nada de nada.
Sem forças, sinto-me ninguém
Sem amor, sem amizade, sem nada
Sinto no coração esse desdém
De vida vivida sem alvorada
Tudo dentro de mim é sempre noite
Vivo dentro de casa assombrada.
Por mais que queira ou me afoite
Não consigo ver felicidade dourada.
As crianças têm fome, têm frio
E o que é que a sociedade lhes dá?
Nada de nada, que de vê-las é calafrio
Sem amor, sem futuro, abandonadas.
A. da fonseca
Ventos de outono
Ventos de outono
Hoje bate um vento seco do norte
Um vento tristonho e internitente
Não é assim um vento muito forte
Também não é frio e nem quente
Quando o vento soprava do norte
É um sinal de chuva, dizia o meu pai
E quanto mais este vento for forte
Maior é o volume de chuva que cai
Quando eu morrer quero ser vento
Para ver nas crianças encantamento
E alegrá-las movendo seus cabelos
Quero ser um vento não tão forte
Quero ir do quadrante sul ao norte
Os guris soltar pipas, quero vê-los.
jmd/Maringá, 19.06.10
desflorada
escorria-lhe a alma
em mênstruo quente
pernas
abertas
pulsos cerrados
relógios parados
dum mundo vago sempre a girar
sem um afago
olhar vazio
sem um só beijo
sem um só mimo
sem saber de si do seu desejo
fê-la mulher
ali
urgente
o chão gelado
abrasou-lhe ancas
na novidade de alfim morrer
embalou a vida
em flores de papel
empalhou o corpo mumificada
mendiga de si
pariu caminho e fez-se à estrada.
(Lisboa, 2001)
NÃO SÃO QUE PUTOS DA RUA
Não importa onde nascem
Não importa a sua cor,
O importante é que passem
Na vida com muito amor.
Alguns são passarinhos
Que dormem à luz da Lua
Depenados de carinhos,
Não são que putos da rua.
É triste ver esses putos
Que não têm eira nem beira.
A vida só lhe dá chutos
Têm o Sol como braseira.
Crianças de vida triste
Merecem ser mais amadas
Mas para eles não existe
Que as pedras da calçada.
Putos sem ontem nem hoje
E de um amanhã incerto,
É a sorte que deles foge
E os lobos ficam mais perto.
Pássaros que vão crescendo
Sempre com as asas quebradas,
Num mundo sem dividendo
Com a miséria de mãos dadas.
Velho Mundo,
Voltas-te à Idade-Média.
E esta sociédade sem
rédeas
Deiou de ser a grande dama.
Velho mundo,
A tua mocidade anda perdida
A tua estrada na vida
È toda feita de lama!
A. da fonseca