Noite de lua cheia...
Certa feita umas crianças de um antigo vilarejo.
Estavam brincando entretidos gargalhando e felizes!
No vilarejo não havia energia elétrica era usado um lampião,
Naquela noite só a lua cheia clareava e os vaga-lumes que:
De tantos pareciam pisca-pisca de árvore de natal.
- Eles depois de exaustos pelas brincadeiras do dia, logo após o banho
E a ceia costumava ouvir as histórias de sua avó.
Que eram de arrepiar! Sentados numa calçada bem atentos; histórias de lobisomem, bicho papão, comadre folozinha, saci-pererê até mesmo de serpentes! Ela já havia falado de uma sucuri que engoliu um homem inteirinho.
Outra que eles tinham muito medo era a da tal folozinha porque sua avó dizia que ela com raiva costumava dar uma pisa de urtiga em quem a confundisse com a caipora.
A urtiga queima e arde a pele só no contato imagine ser surrado? UFF! Diziam arrepiados
E assombrados porque suas imaginações eram férteis embarcavam na viagem sonhando.
Numa dessas noites... Sua avó contava histórias empolgada -, quando então,uma criança deu um grito (aí) e todos ao mesmo tempo gritaram também o que foi?
Ela disse: Me beliscaram nas minhas costas -, foram procurar quem beliscou sem respostas.
Eles correram e pegaram o lampião procurando encontrar alguém, mas nada encontram.
Olharam uma para a outra e correram de cabelo em pé, quanto mais corriam, mas, se arrepiavam
E gritavam dizendo que um vulto os seguia. Juravam que via vultos meio aos vaga-lumes.
Será que viam uma sombra ou o medo o fizera ver uma sombra?
Sua avó também ficou apreensiva e terminou a história se perguntando o que teria acontecido de fato, naquela noite, pois sua neta tinha uma marca de um beliscão.
Todos foram dormir juntos com medo sentindo uma sensação estranha até o dia clarear e por fim ainda voltaram ao local a fim de encontrar vestígios de alguém, mas nada encontraram.
Passaram um bom tempo sem querer ouvir histórias e muito menos sentar na calçada à noite!
Mary Jun,
Guarulhos,
29/10/17
Às 22:33hrs.
Ó DEUS
Título: Ó DEUS
MPB - Samba
Autor: Letra/Melodia/Voz - ZéSilveira
Arranjo/Violão: Maestro Jobab Silva
https://youtu.be/i6Vm9ZKgVgI
Voar...
Muitas vezes em sonho me ponho a voar, voar
Esse estranho fascínio a me apoderar
Talvez seja que o céu eu almeje alcançar
Me ponho a voar.....
Voar...
Muitas vezes em sonho me ponho a voar, voar
Esse estranho fascínio a me apoderar
Talvez seja que o céu eu almeje alcançar...
Do alto se ouve os lamentos doridos de um povo,
são almas sofridas, perdidas e na desesperança,
e o pranto de fome nas bocas de tantas crianças,
persiste esse mundo assim tão desigual...
Brilho de prata em meus olhos a serpentear...
Ó Deus dê-me asas de amor mas protestar...
Voar... Voar... Voar...
Enquanto a cidade dormita em açoites,
sob a luz do luar iluminando a noite,
sobre os homens da terra, do rio e do mar...
Me ponho a voar...
Voar... Voar... Voar...
Enquanto a cidade dormita em açoites,
sob a luz do luar iluminando a noite,
sobre os homens da terra, do rio e do mar...
Brilho de prata em meus olhos a serpentear...
Ó Deus dê-me asas de amor mas protestar...
...do projeto musical e CD 'Por Aí, Aqui e Ali Samba&Poesia'
pétala de luz
estive quase sempre ausente dos dias,
das memórias sem que uma única lágrima se aflorasse
dentro deste amor incondicional
que nos uniu nesta semente diferente,
o vento não escuta e as açucenas não são todas iguais
mas tu que vislumbras o céu
retornas aos meus braços e fazes-me voar contigo
nesta indiferença de jardins desiguais,
e um riacho flutua a poucos centímetros do teu nariz
onde as heras se refrescam diante das tuas mãos,
soltamos gargalhadas sem precisar do olfacto
para sentir o odor das gerberas alinhadas dentro
de uma metáfora improvisada.
serás sempre uma pétala de luz,
dentro das minhas lágrimas de resina
Conceição Bernardino
Clausura
Nada mais entendo
Da realidade desta vida fugaz.
Tudo, tudo, me parece desconhecido!
A obscuridade prevalece?
O mundo tornou-se um abismo perdido
Um buraco negro que sangra,
Vísceras são expostas ao vitupério
Levando inocentes a baixar a cova
A critério da perversidade humana (Cemitério).
Oxalá que a pobreza
Da alma se convertesse
A riqueza do amor de Deus...
Sinto saudades dos tempos de outrora
Quando criança brincava feliz
Uma fortaleza havia dentro de mim
Meus pais passavam segurança.
Disciplina, limites,
Éramos tão livres infantis
A cantarolar como pássaros.
Hoje as crianças, os jovens vivem...
Num cárcere isolado cada um em seu
Refúgio desconectado dos pais.
Aonde deveriam ser seu porto seguro!
Dessa forma, a alma se sente desprezada
Rejeitada contrariada passando a viver...
Em conflito, - vem a clausura devaneios
O adversário da nossa alma logo entra
Em ação, sagaz, astuto encontra presa fácil
Que já não se sente amada nem
Pelo os seus e nem pelo mundo levando-os
As piores atrocidades algo assim.
Irreparável que ficamos perplexos...
O que dizer? O que fazer?
Rever os nossos conceitos em relação
A família seria o primeiro passo!
Eu acredito: Que um simples eu te amo,
Você consegue, porque é capaz ....
Isto sim, faz uma diferença!
O mundo pode dizer que não,
Mas você mãe pai jamais! ...
Mesmo que tudo lhe pareça contrário.
22/10/17
Mary Jun,
Guarulhos,
Às 01:20hrs
Refletindo quanto ao ocorrido em Goiânia!
CRIANÇAS QUE VIVEM NO NADA
Quando passo nas ruas da cidade
Vejo essas crianças perdidas
Muito longe da felicidade
E muito mais longe da vida.
Vagueiam de esquina em esquina
Onde não existe a moral
Vão sofrendo a sua sina
Vitimas de um destino brutal
Crianças que vivem no nada
Que viajam no vazio,
Numa longa caminhada
Nesta terra incendiada
Onde o calor nos dá frio.
Trocam o corpo por dinheiro
Para poderem viver
Não é vida com braseiro
Mas sofrimento traiçoeiro
Que jamais poderão esquecer.
Para eles , os dias são sem Sol.
As noites nunca têm Luar.
O futuro é mar sem farol,
É tudo escuro no seu olhar.
Esses lobos, que na noite rodam
E que as exploram com desdém
Decerto não se recordam
Que foram crianças também.
A. da fonseca
RIMAS, QUE PODEM NÃO RIMAR...
A rima que se defina
No meu jeito de menina
A fonte, que nunca seque
Porque é isso que me aquece
Fogo abrasador
De intenso calor...
Calmaria que se instala
Quando a mente vagueia
Sinto ser uma sereia
De pensamentos que seduzem
Brilhando muitas luzes
Em meus olhos...
Não farei desistir
Aquilo que no peito
Vai agora
Meu amor
Nova história...
Sereia?
Não, talvez uma ninfa
Alguns já classificaram assim...
Mas na verdade, como os anjos
Amar, sem fim...
Lado anjo
Lado sereia
Lado ninfa
O que importa?
Só sei agora
Que o verbo é amar
Nesse doce poetizar...
Rimas, não são sempre verdadeiras
Algumas mentem até
Mas na minha forma de expressar
A verdade prevalecerá
Porque meu verbo é amar...
Dizem ser eu louca?
Não sei
Será mais um adjetivo?
A verdade, é que não importa
O que outros irão pensar
Meu pensamento flui
Em versos, à cantar...
Quando das rimas utilizo
É só para enfeitar
O que o pensamento transmite
Nesse meu doce pensar...
Seres mitólogicos me fascinam
Assim como a Natureza
O céu, o mar...
Faço deles, minha rima
E um texto sairá...
Na loucura do amor
Meus versos dançam
Mão que embala a tecla
Deixando que se façam
As rimas
Desvendando sonhos
Conflitos interiores
E os amores...
Não me importa as simetrias
Não uso delas, no pensamento
Apenas o que vai na mente
Nesse momento...
Momento de expulsar fantasmas
Apresentar o amor
E reluzir
A criança, que deixo fluir...
Deixo dentro do peito
A mistura de moleca
Mãe, amante, mulher
Qual delas sou mais?
Não sei...
Talvez como mãe
Também sou criança
À brincar com outras crianças...
Sendo criança, sou moleca
Sendo moleca, sou mulher
Sendo mulher, sou amante...
Por aí se vai adiante...
Rimas que podem não rimar
Verdades que possam parecer mentiras
Mas o que interessa, na verdade
É o teclar de minhas vontades...
Pensamentos que fluem, em meu teclar...
Portas abertas para receber crianças
Aos sessenta anos, percebendo que ainda havia muito amor e carinho para dar e nem um filhinho pequeno para receber, Evinha abre as portas da sua casa acolhendo crianças para cuidar.
Era uma nova profissão que demorou para alcança-la, mas que lhe revelou seus verdadeiros dons.
No dia 18 de janeiro de 1978, ela recebe a primeira criança para cuidar, de nome Brenda, tinha a cabeça bem carequinha, olhos pretinhos e bem esperta.
Conquistou toda a família, vindo a se tornar o centro das atenções, o "xodó" da casa.
Apegou-se tanto a sua filha Mônica, que começou a chama-la de mãe, fato que se repete até os dias de hoje (1984).
Brendinha foi a primeira, depois dela várias outras crianças chegaram e encontraram a porta do coração de Evinha aberta ao amor puro de Mãe.
Foram muitas trocas de emoções, que a gratificou muito, por tê-la deixado mais feliz neste contínuo movimento de dar e receber amor, carinho, amizade, companheirismo.
Ela que sempre quis a casa cheia, além das crianças tinha os pais, mães, irmãos, madrinhas, que lhe ampliaram os laços de amizades.
Apesar de ser um trabalho cheio de alegrias e emoções, não era nada fácil, pela grande responsabilidade que é ser a educadora de várias crianças.
Com uma carga horária que às vezes lhe ocupava dezessete horas/dia, pois tudo se ajustava às necessidades das mães, começava a receber a primeira criança às seis horas e entregava a última às 23 horas, pois os horários eram variados.
Como todo ser humano ela mescla momentos de alegria com tristeza, talvez normal para uma pessoa que teve uma família tão unida, hoje tê-los espalhados.
As vezes pensa que a desunião entre as famílias mais abastadas, deve-se ao fato de cada um ter seu próprio quarto, sua televisão, seu celular, seu computador; isso tira aquele contato familiar de se ter a opinião dos pais e irmãos, nas questões da vida.
A auto biografia mais linda que li, onde tive a oportunidade de ajudar a transformar um sonho em realidade.
Ventos de outono
Ventos de outono
Hoje bate um vento seco do norte
Um vento tristonho e internitente
Não é assim um vento muito forte
Também não é frio e nem quente
Quando o vento soprava do norte
É um sinal de chuva, dizia o meu pai
E quanto mais este vento for forte
Maior é o volume de chuva que cai
Quando eu morrer quero ser vento
Para ver nas crianças encantamento
E alegrá-las movendo seus cabelos
Quero ser um vento não tão forte
Quero ir do quadrante sul ao norte
Os guris soltar pipas, quero vê-los.
jmd/Maringá, 19.06.10
desflorada
escorria-lhe a alma
em mênstruo quente
pernas
abertas
pulsos cerrados
relógios parados
dum mundo vago sempre a girar
sem um afago
olhar vazio
sem um só beijo
sem um só mimo
sem saber de si do seu desejo
fê-la mulher
ali
urgente
o chão gelado
abrasou-lhe ancas
na novidade de alfim morrer
embalou a vida
em flores de papel
empalhou o corpo mumificada
mendiga de si
pariu caminho e fez-se à estrada.
(Lisboa, 2001)
NÃO SÃO QUE PUTOS DA RUA
Não importa onde nascem
Não importa a sua cor,
O importante é que passem
Na vida com muito amor.
Alguns são passarinhos
Que dormem à luz da Lua
Depenados de carinhos,
Não são que putos da rua.
É triste ver esses putos
Que não têm eira nem beira.
A vida só lhe dá chutos
Têm o Sol como braseira.
Crianças de vida triste
Merecem ser mais amadas
Mas para eles não existe
Que as pedras da calçada.
Putos sem ontem nem hoje
E de um amanhã incerto,
É a sorte que deles foge
E os lobos ficam mais perto.
Pássaros que vão crescendo
Sempre com as asas quebradas,
Num mundo sem dividendo
Com a miséria de mãos dadas.
Velho Mundo,
Voltas-te à Idade-Média.
E esta sociédade sem
rédeas
Deiou de ser a grande dama.
Velho mundo,
A tua mocidade anda perdida
A tua estrada na vida
È toda feita de lama!
A. da fonseca