Laços do medo
Medo de ser descoberto
Medo de beijar
De se entregar
Medo do que virá depois.
E se aparecer uma barata
Ou vier o adeus?
Tudo pode ficar bem alto
Medo de altura,de subir escadas.
O medo.
O medo.
O medo.
Tenho medo de viver pensando
Como poderia ter sido.
Para todo meu.com
Sou a fulana da noite iluminada
Aquela dos seus sonhos homens
Dos seus sonhos ocultos de macho.
Eu tirei sua roupa, temperei sua pele
Com beijos e mel e comi de todo jeito
Me enrosquei na sua pélvis e quis mais.
Ao sair dos seus braços, com saudade
Seus pensamentos interrogaram-me:
Já vai?
Quando voltei, você já estava pronto
Tomei seu café, ouvi suas queixas, suas lidas
Depois enchi minhas mãos com seu corpo
Lhe prendi nos meus olhos, nas minhas pernas,
Na minha língua. E lhe chamei de minha vida
Prometi o céu e o mar, mas dei apenas o paraíso.
Quando sai, deixei seu coração a murmurar:
Sem ela, não vivo.
A tua espera
És que saio pra rua
A procura de tuas mãos
Mas, só há memórias de tempos
E fatos.
Mais saudade de ti.
Desagradam-me todos os corpos
E bocas que desejam minha boca.
Nenhuma me diz se é santo
Ou diabo o que sinto e tenho
Dito sobre essa espera.
As palavras não sabem dizer
O que sente um coração
Que ama sem promessas
Carta para o homem da rua K
Entendo o desvio do teu olhar
Tua vontade de sumir,sair correndo
Desse instante armadilha,
onde os artifícios do amor nos cercam
como nuvem cambiante,
Diante desse horizonte incerto de amar.
Mas,não compreendo teu medo
porque o meu gosta de aventurar-se,
Tem mania de São Tomé.Não me protege,
Atira-me nesse abismo de gostar
Sozinha sem tuas respostas
E ainda permite vontades á minha boca.
Enquanto me ofereces a dúvida e o pavor
Dessa aventura abissal que é amar
Desertora do teu amor
Não me bastou viver contigo,
Não quis ser resignada,
Preferi não ser uma boa mulher.
Não amamentei,
Não quis sofrer no paraíso das mães
Nem do teu amor.
Só quis ir pra rua, chegar em casa tarde.
Olhar pro homens, desejar.
Dei-lhe muitos beijos, nas fantasias tuas e minhas,gozei.
De resto fui carinhosa, fiz papel de frágil
Fritei bifes acebolados,
Dei aquele trato na casa.
Não o amei mais do que amei as minhas vontades
E minha alma saiu porta a fora, foi boiar no rio
Conhecer os mistérios das cocheiras e das nascentes
Depois Livre, conseqüente, a vadia saiu de casa
Foi brincar no mar.
Meu doce amor
Seu amor chegou pra mim
Como o cotidiano das manhãs
Nas ensolaradas cachoeiras.
Amor do riso e da cama
Grudou como chiclete no meu
Cabelo, nos meus braços e pele
E vive a morar na minha casa.
Nunca mais saiu de mim
E eu vivo dando cambalhotas
Dizendo sim.
Sobre o amor
O amor é lâmina na letra,
Palavra curta, lacerada
É limite e silêncio.
Nada há na sua rasura impura,
Nos dizeres do seu intervalo
Que se abrem, úmidos, anômalos.
E desenham o vazio da sua semântica
Em faltas pavorosas de versos e atos
Na meia luz da esperança que não é suave
Nem lúcida.
Reencontro com as palavras
Não sei por que cargas d’água me afastei da escrita.
Decidi viver outros mundo, outros lugares.
Fui padecendo de cabeça cheia, meu coração
Ficou agastado imerso em ares vazios.
A vida? Essa ficou pesada.
Mas porque tantos ventos angustiados?
Era a solidão da música dos fonemas,
Enchendo meus dias de pesares.
Pensei, pensei e logo vi que era sina.
O jeito era voltar para as palavras,
Não tanto por prazer em escrever
Mas, pela missão de pegar o mundo
Em suas nuances bonitas e feias,
Aprisioná-lo na letra e na forma,
Tornar imagens as maravilhas
E as ruindades
Que andam por todos os lugares
Mas, é no fundo do ser onde elas moram.
Rimas do amor
Meu bem, no e-mail que lhe mandei
Confessei meu amor: amo, amo, amo...
Você não acreditou.
Querido, esse negócio de amor
A gente tem que acreditar.
O que há no coração ninguém ver
Só escuta, fala-se com palavras.
Do amor nem elas são certas,
Não precisa ter medo de sofrer
È assim mesmo: amar, mentir
Amar , esquecer, enganar e trair,
Ou desamar, está dentro do mar
Que é o amor.
Tenha medo não, acho que vem do coração
Essas coisas boas de mim pra você.
A noite das saudades
Eu e minhas saudades
Nos encontramos na noite estrelada.
Foi uma noite fraterna
Andamos por todo tempo passado.
E assim ficamos por toda noite
Lembrando, lembrando e mais nada.
Vendo os reflexos dos tempos
No fundo da estrela Dalva
Nada eu queria esquecer
E tudo queria ser lembrado.
Mas foram as cantigas de roda
Fazendo dançar as madrugadas,
A saudade mais saudosa.
E meus olhos ficaram úmidos
Naquela noite tão calma.