Vem ver a musica que te dedico e a tristeza de um poema
Primeiras horas da tua ausência ….
Adormeci com a tristeza
Acordei com o coração pingado
Abri o retracto da janela
E vi o horizonte tão magro
E desarrumado
Que o céu se fechava no nublado dos seus pés
Vi o nevoeiro da tua partida
Tombei
E fui mar
Levantei-me
E fui areia
Algumas horas depois da tua ausência
Voltei a este lugar
Onde ofertavas o perfume às flores
E agora
Só cheira a branco escuro
A musgo sonso com odor a despedida
Até a relva já murcha antes dos passos
Os pássaros dormem
Debaixo das folhas
As árvores carecas
Já não abanam os ramos
Falta quase tudo do quase nada
Faltas-me
Isso é tudo
Sem ti o céu antecipará as chuvas só para te ver ruçando o sol no rosto
Como ave distinta, que trazes a paz e calma às árvores,
Também precisas de desancar as asas no final do dia.
Mas um mês!?
As tuas penas ficarão perras
E terás que reaprender
A poisar
Com delicadeza
A confiança
Nas letras
Por amor,
Vêm mais cedo
O descanso do tempo cura
Mas não remenda a amargura
Daqueles que nos atacam
Pensando que usamos armaduras…
Esquece o Camões das planícies
Não ligues ao sargento das roupas
E continua a ser
Nos dedos
O amor da boca
Escrevendo sentimentos …
Sem ti, o céu antecipará as chuvas só para te ver ruçando o sol no rosto (sorrindo sem nuvens no límpido azul da boca )
Embarcando na imaginação… ao teu encontro …
A ausência vulgar,
Da tua pele
Intensifica as viagens
Realizadas no mesmo lugar;
Num desejo voador
Num querer inofensivo
De te observar
Dormindo,
Despida de mulher …
Só com a indumentária de anjo …
Guardando o olhar
Trancado, como o tesouro
Mais bonito do teu corpo …
E como é bom, fechar os olhos e ver-te
De abraço destrancado
Pronto a ser livre nos meus braços
Mesmo sendo,
Apenas um monólogo
Projetado
De um sonho …
As asas sujas de lama… nunca deixarão de voar e de brilhar novamente …
Asas sujas
Alma pura
Caminho árido
Madrugadas pingando a orvalho
Dúvidas lotando a validade dos abraços
Crenças fugitivas na dor dos ossos …
Por vezes até duvidamos a origem da cor dos olhos …
Esse azul …
De mar cruel, que esgota os soluços do choro…
Esse céu de cor…
Alimentando os charcos do rosto,
Com o desamor dos outros …
Esses oceanos gémeos da face,
Aguando os sonhos…
Mas o teu coração, é feito da mesma matérias que as asas
E é nesses latejos vermelhos e brancos,
Que enfrentas o desassossego do vento e a teimosia do destino …
É nesses latejos que levas,
[Nas pontas dos dedos]
O sentimento
Escrito
Oriundo do peito …
Força!
Doce anjo,
Abre o coração,
No bater da asas e reclama a tua felicidade …
Pode haver dias, em que asas pesam toneladas … mas existirá uma força maior dentro de ti, próprio dos anjos terrenos que nos amam…
Árvore Deusa
Afundas as raízes da alma
Tentando disfarçar,
Os ramos dos pássaros ….
Mas haverá sempre,
Galhos para pousar
As garras dos agiotas ,“afroditos “….
Eles conhecem
O cheiro a resina
Do teu corpo ….
Eles conhecem
O ranger a seco
Do teu tronco ….
Eles sabem
Do afecto,
Cortiçado dos teus ombros…
Eles proclamam
Amor,
Nos trechos dos teus ramos ….
Por mim, não voltarei ...
A perfumar-me com o teu bailado
Não voltarei a sombrear-me debaixo dos teus cabelos …entrançados…
Vou apenas contemplar-te
Numa rocha baixinha
O erguer da tua espinha ….
O florir da tuas mãos
O vestir das folhas virgens em teus poemas …
Vou apenas ser o que sempre deveria ter sido …
Uma minúscula avezinha, esquecida na multidão
Que um dia,
Reconheceu
O teu lindo coração ….
Terceiro dia da tua ausência
Poderia amar-te como rosto, sei que o tens, um corpo…que me lembro.
Mas é a tua alma, sempre a tua alma.
Não acreditara já em almas assim, a que me mostraste, aquela com que és, com que me lês, me amas…
És esse efeito mágico de vida mesmo no silêncio, na distância. Sinto-te, se estás bem, tenso… não sei explicar […]
Como se fizesses parte de mim, desde sempre, corresses nas minhas veias.
Aliás, chego a sentir, cada vez mais esta sensação sanguínea de partilha.
Tão bom e como dói!
Tão bom que corrói o próprio tempo, o amor …o nosso … mesmo depois de todas as tempestades de dor, dos desertos alargados, dos passos inversos que a vida nos obrigou a dar…ainda floresces cá dentro, como flor gigante, vício alocêntrico de afecto.
Agora, meu ser brade de sal no céu chuvoso do olhar … ao ver a única raiz visível a se afundar, aquela que liga os nossos peitos …prometendo não voltar ao topo do chão …
Minha árvore de asas em flor… reflecte e fica, adia essa despedida em andamento.
Garanto-te, que esse vilão Santo, não te fará mais sofrer …. Não se pode ofender as tenras folhas de uma flor, quando ela se torna amada …ou mesmo quando ela se recupera de uma saraivada…
Por favor, a despedida tem mais encanto, na hora do nunca no fim do começo.
Fica, sei como gostas de voar neste lugar, da liberdade de seres tu …límpida, dando a palavra à alma nessas braçadas sentidas, iluminadas de céu em pele galinha .
Fica …é a doçura de uma ordem, próxima do coração .
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A tristeza por enxertar
Azeda
Negra
Na mágoa
De não te encontrar
Aqui ….
Cuidando dos mares …
Voando ...
Soando a silêncio branco
Das aves.
As nuvens nascem no campo azul …de qualquer olhar gigante
Todos os adejos
Requerem leveza
Sem quebrar silêncios …
Lembro-me da primeira vez
Que deixei o chão e a sombra de mim mesma, murchando…
Foi no dia, em que os nossos olhos se refletiram pela primeira vez;
Como dois lagos
Beijados pelo sol,
Afastando
A triste acidez
Nos sonhos ...