POETIZAR
Desenho de F.Serra
Eu queria poetizar o teu corpo,
Florir- te de beijos e sentir a tua pele de seda perfumar os meus lábios.
O teu cabelo vestido de viúva de longos trajes veste o teu pescoço.
O brilho inconfundível do teu sorriso alvo e marfim, com que tu mo mostras e eu tanto quero e desejo!
As tuas mãos de neve, delicadas como o voo das aves, são os movimentos com que me tocas...
Eu hoje meu amor, queria florir- te de beijos.
Queria hoje ter- te num quadro meu, um quadro em que a cada pincelada te sentisse suspirar de prazer ao rasgar a tela de cor, cores de paixão, de desejo, os nossos desejos incontidos onde sofrendo gritamos por um beijo…
Queria ter-te hoje num quadro meu, feito de recortes do teu corpo e em meu corpo tingidos dessa cor que nos queima, como o vermelho do sangue que dá vida …
Queria tanto amor, ter te hoje num quadro meu!
F.Serra
SEM ELO
Tenho o meu abraço,
Vazio…
Oco e quase frio
No longo espaço,
Em que medeia meu peito!
Tenho o meu abraço,
Desfeito…
Meio sem jeito
No nó em que me enlaço,
Na ausência de um carinho!
Tenho o meu abraço,
Sem ninho…
Sem um caminho
Sem norteio onde me acho,
Num amor que não avisto!
Tenho o meu abraço,
Meu Deus…
Como tenho o meu abraço…!
F.Serra
NO GRITO DO TEU GOZO
Todo o teu corpo treme,
Grita, esbraceja e geme
A cada toque do meu.
Saltam teus seios
Endurecem teus mamilos,
Rebolam e avermelham
Os meus beijos ao senti-los.
Rebusco em ti esse prazer
Nos teus ais…
Nos teus gemidos…
E dos teus cinco sentidos…
Já não são cinco, são mais!
Cama revolta, prazer louco,
Intensamente e pouco a pouco
Vou beijando as tuas coxas.
É no teu gozo que me banho
Que me entranho…
Que me ajeito…
Que avidamente petisca
As caricias no teu peito.
Olhares abertos…
Sorrisos que comem…
Corpos nus que se entrelaçam,
Tu a mulher, eu o homem…
E todo o teu corpo treme!
F.Serra
VIAGENS SENTIDAS
Queria que meu dia florescesse em cada palavra que o vento me traz, naquela melancolia que a chuva no telhado me musiqueia. Olho da janela e vejo lá longe na serra as gotículas de agua, dançarem no embalo que a brisa lhes dá, são minúsculas, quase não se veem, mas sentimos que existem, quando quase num beijo, nos tocam o rosto!
Meus olhos perdem-se nessa lonjura onde a chuva baila num convite que o sentimento aceita. Todo o meu ser se acalma quando o tempo esta assim e uma voz diz-me que preciso pintar, desenhar ou apenas escrever. Algo me impele para que faça qualquer coisa e neste momento as tintas seriam o meu refúgio o meu mundo fantástico onde me recolho e medito, enquanto as cores mancham o branco da tela deixando nela tudo o que a minha mente descobre, cria ou inventa, fantasias que me são tao queridas e que vou construindo a cada pincelada, a cada borrão que o dedo ajeita.
Queria, quero, desejo entrar nesse mundo que vou desbravando entrando nele todo …fazendo eu também parte daquilo que eu próprio vou construindo.
F.Serra
TROVA NO DESENCANTO
Ai amor…
Quem foi que tirou
Esse teu encanto
Esse envolvimento,
Nos doces momentos
Que estivemos sós!
Ai amor…
Que me vejo em pranto
Na falta que sinto tanto,
Desse brilho lindo
Que a noite apagou!
Ai amor…
Minha doce quimera
Minha primavera,
Que invernou meus dias
Em que te esfumaste!
Ai amor…
Ai amor…!
F.Serra
CAVALO DO TEMPLO
Nas tuas asas voa a liberdade,
Cavalo alado, galope constante,
Nas crinas o ondular do instante
Em que imortaliza a minha saudade.
As tuas patas pisam raios de luz
Onde floresce colorida esperança,
Da tua fúria corre a bonança
Desembestada nesse cavalgar.
Correria destravada, asas abertas,
Onde se perde o meu olhar!
Pégaso de ouro onde o sonho vive,
Minha fantasia, meu espaço louco
Onde a minha mente…
Desenfreada no desejo
Montada voa nessas asas soltas!
Quase por tão pouco…
Por um momento, quase nada!
Neste grito abafado, rouco…
Voa cavalo… corre solto
Nesses espaços infinitos,
Onde a alma… gentil fada
Ainda existe!
F.Serra
MÃE MEU ANJO DOCE PROTETOR
Eras o meu mundo de segurança!
Aninhado em teu colo…
Meus anos vindouros eram esperança.
No fundo dos teus olhos via vida,
Iluminada no aconchego do teu regaço.
Não havia tempo…
Não havia espaço…
Apenas o momento em que sorrindo me beijavas.
Que saudades dessa altura…
Em que menino sentia o mundo meu.
Nessa ingenuidade e candura,
Minha mãe…
De ter um abraço teu!
F.Serra
NO TEU SONO O MEU SONHO
Deixa-me dormir amor
No espirito desperta a flor
Que viaja entre os lírios,
Nesses tão doces martírios
Onde nossas almas se tocam!
Descansa amor, adormece
Esse corpo que padece
Do meu corpo tão distante,
Faz desse sonho o instante
Em que o teu abrace o meu!
Nossos corpos adormecidos
Nossas almas enlaçadas,
Em suspiros, em gemidos,
Ate que acorde a madrugada!
E quando o sono acaba
Volta dos lírios a alma
Começa o dia e mais nada!
F.Serra
A AMADA E O BEIJA-FLOR
Que um beija-flor voe sobre os teus lábios...
Com o bater rápido das suas asas perfume,
Todo o teu corpo com o odor do meu.
Que desse voo suave pose o beijo
Que tao doce e saudoso dos meus lábios lhe mandei.
Voe beija-flor...
Que de mil paixões, já que o carreguei…
Despeje todas nessa boca ardente
Em que minha alma morre de desejo
F.Serra
NO TEU O MEU RENASCER
Nesse imenso amar,
Na água do teu olhar
Floresce a madrugada.
A minha vida...
A minha alma,
E nessa tão doce calma,
Renasce a todo instante,
Cada segundo do meu viver!
Brilho intenso,
De divino, quase incenso,
Perfuma todo o meu ser!
Essa estrela diamante,
Onde queria morar.
Nesse lugar...
Sem espaço...
Nem tempo...
Apenas e só,
No brilho do teu olhar.
F.Serra