Poemas, frases e mensagens de Frágilvocábulo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Frágilvocábulo

Na distância das nossas almas …

 
 
meu Deus

palavras de papel
depois do verão
são como lembranças
no chão da procissão

são como folhas
protegendo as letras
das chuvas

são como as ruas compridas
com tantas portas
mas nenhuma
saída

minha largada alma

já não tenho as palavras

as erradas
que te faziam sorrir

as certas
que te faziam pensar

as nossas
que nos faziam sonhar e amar

hoje as palavras
[de validade expirada]
não tem a frescura afiada
[de outrora]
nem a intensidade da novidade
[de antigamente]

enfim
não tem aquela capacidade
de borbulhar
aquele afeto
respingado
no peito

por mais que te arremessa
o amor falado
nos vocábulos
já não chegam
como antes
aos seios
com o gosto
dos lábios …
 
Na distância das nossas almas …

Impasses

 
 
gastou os olhos
olhando a porta

perdeu os dias
esperando o abrir do portão

esqueceu os sons do mundo
aprimorando o ouvido
para reconhecer os passos no átrio
do seu amado

ficou de luto
antes de levar o namorado
ao altar

ensinou o coração
a reconhecer as gémeas palavras
da sua alma

juntou silêncios
aos montes
no mesmo lugar

devia ter percebido muito antes que eu
que o amor
corre mais que o galgo
mais que o Porsche

o amor mergulha na margem do tejo

o amor bebe vinho branco na esplanada da praça

o amor tem graça
quando sai á rua com o chapéu de palha

o amor escreve poemas estranhos como este …
 
Impasses

As margens Cheias de vazios

 
 
A ribeira e o rio
Já não fazem amor

O céu não se importa
Com a chuva

As gotas
Prematuras
Caiem
A arder
Nas fluviais
Gretas

O mar está longe da fonte

O cais
Morre com o sal
Na boca

O barquinho
Tão
Quieto
Na inquietude
Reza

Desespera
Na espera
De uma rua
A correr

A calma
Não para a sede
 
As margens Cheias de vazios

Amo-te …e isso é de uma rudez …passado tanto tempo...mas amo-te

 
 
deixar o coração
enleado
na raiz do teu peito
é um pecado que desejo …
seja no apertado abraço
seja num poema enviado
para o endereço
da alma

o que podemos fazer?

se ainda temos o mar a escorrer na face
e a delicadeza de amar
a desaguar
a esperança
nos lábios …

a onde podemos ir?

se temos o perfume do toque
espalhado por todo lado
até nos dedos
até abaixo dos cabelos
até….
nos silêncios
das nossas
ausências
 
Amo-te …e isso é de uma rudez …passado tanto tempo...mas amo-te

Larga a saudade e abraça-me ...

 
 
longe de ti …

sou feito de água
[salgada]
de saudades
em fila
nas pálpebras

sou
o tal jardim de acácias
esperando
o acariciar das tuas mãos

mas cá estamos
atados pelas linhas
das palavras
escondendo do coração
as nossas lágrimas

repetindo
os erros do futuro
girando
o mundo
de forma anormal
querendo
a ordem certa
nas datas erradas

chega

chega
de fugires
de ti
de fugires de mim

chega
das promessas datadas
com tantos fins

vamos fugir juntos ...
 
Larga a saudade e abraça-me ...

só passando pelo coração... podemos chegar a alma…

 
 
pouco percebo
dos desejos vivos da carne

falava-te antes
daquele amor puro
que costurava feridas antigas
com a doçura das lágrimas

aquele amor que sabia escutar-te
com a ternura dos porquês

imaginava levar-te a lugares vulgares
para os tornares especiais

queria tanto
manter a tua felicidade
elevada
que faria de tudo
para ficares em biquinhos de pés …

queria acima de tudo que fosses feliz …

quanto ao resto…
seria afecto polvilhado na pele
e um regresso ao céu
no ato de sermos "Um"
em sentimento profundo
num universo só nosso
 
só passando pelo coração... podemos chegar a alma…

Ainda tens as asas intactas

 
 
fizemos dos poemas
encontros

irrigamos as palavras
com apego

embriagamo-nos
pelos vocábulos postos

desenhámos os sonhos
antes dos rostos

até criamos autoestradas
entre o peito e alma

e quando o tempo nos apertou
quisemos encurtar as horas
para Juntarmos os corpos
e os nossos mundos sensatos
mas estávamos ancorados
na esfera dos nossos laços …

por pouco …por muito pouco
não fomos esboço do sonho
peça encaixada que faltava

fomos
apenas lágrimas
que desmaquilharam a tinta das promessas
e esvaziaram a poesia das folhas
deixando as raízes sem terra …
e uma única saída na estreita estrada...

Como estás?

aqui permaneci
como estrangeiro
na minha própria casa
lendo-te ….

E Tu?

… desligaste a alma e as amarras
juntando os passos aos sapatos
e foste embora …
até agora

Porque não voltas…?
agora como pássaro…
já que temos os braços confinados mas não as asas …
 
Ainda tens as asas intactas

Há pessoas que são rios e dávamos tudo para sermos mar para elas

 
 
o rio será sempre caminho
mesmo quando suas lágrimas esgota
será trilho
orientação
para quem procura
o chão …
o mais alto
o mais baixo
coberto de água
coberto de céu
 
Há pessoas que são rios e dávamos tudo para sermos mar para elas

A herança de um afeto em cordel …que aperta com a distância dos seus olhos

 
 
a folha borrada do café
não disfarça a saudade
pintada nas palavras …

acabei de escrever retalhos de uma história nossa

um dia conheci uma
alma de uma nobreza gigante
que me ensinou a grandeza de ser
formiga no seu dia-a-dia
que cantava amor como uma donzela
no meio de um castelo de areia …

passeia admirar essa menina
até que admiração
destrancou as portas de um coração

hoje sofro de uma saudade cruel
sem saber como está essa menina
se está bem e feliz …!?
se ainda sente o formigueiro no seu coração …!?
se ainda guarda aquele sentimento que um dia nos mudou …!?
 
A herança de um afeto em cordel …que aperta com a distância dos seus olhos

Velejar

 
 
A poesia é profética
Muitas vezes
Utiliza a palavra
Para ocupar o lugar
Das estrelas
Que norteiam
Os navegadores
Das linhas
Cruzadas

Vou fazer um exercício

Das poucas pessoas
Que vai ler este escrito
Serás tu
Com a tristeza amorosa
De me ler

Para desafundar um sorriso do teu lindo rosto,
Digo-te que te amo para sempre
Hoje
No futuro mais distante
Sem esquecer o futuro do ontem
 
Velejar

A amiga in conveniente

 
 
falar da tal amiga é falar da minha infância
é recordar a sua generosidade para comigo

ao vasculhar a memória do coração
encontro momentos extraordinários de partilha

lembro dos dias em que cuidávamos das ovelhas
das jornadas na apanha dos figos e de outros frutos secos
dos torneios de futebol em campos artesanais,
onde marcávamos as linhas
com pedrinhas e cascalhos

da humildade e inocência como vivíamos o dobrar dos anos.

fomos irmãos, pastores das nossas dores, confidentes das nossas ambições.

depois fui viver para outra cidade e deixamos de partilhar o cotidiano
hoje, fui alertado para a sua conduta nas redes e o conteúdo do seu interesse.
o que posso fazer, é falar com ela …
sei de pessoas que foram vítimas de burla na internet, que se apropriaram dos dados de outra pessoa e fizeram passar por essas pessoas …
amanhã falarei com ela … não faz sentido, há 3 anos que casou, recentemente, nasceu um rebento do seu amor.
também não faz sentido, perder um amigo, porque essa amiga pediu amizade a esse amigo…
e sem saber de nada, fiquei na lâmina da faca …

peço desculpa esperando desculpas, sabendo que as desculpas são inúteis depois das culpas confirmadas

decepcionar alguém sem mexer um dedo é arte do azar … ou um tiro em cheio ao lado do alvo...
 
A amiga in conveniente

“Telapatia “

 
 
deste lado
imagino
os teus dedos
tocados
pelo teclado
como se tratasse
de um piano

sinto a tua alma
abrindo-se
como uma romã

e cada bago
um vocábulo
soando
a amor

e neste momento que te escrevo,
gotas
nascem no rosto

e não choro pelo que escrevo
choro sim porque te amo
 
“Telapatia “

Reminiscências na flor da pele… no deserto que sou

 
 
Meu Deus
Os sorrisos desamparados
Antecedem as lembranças tuas

É bom lembrar-te
Da felicidade da tua face
Quando falavas do teu filho

Quando deixava cair
[de forma inocente]
Um elogio
Ao teu lindo rosto

Meu Deus
A verdade é uma loucura
Quem vai acreditar
Que os sentimentos
Agora destapados
Sabem o caminho de volta
Em direção aos teus braços

Quem vai acreditar
Perante tantas impossibilidades
Existe uma chama de amor
Acesa
Em todos os invernos
Em todas as tardes

Quem vai acreditar
Que continuo a amar-te
 
Reminiscências na flor da pele… no deserto que sou

Levante

 
 
lágrimas fósseis
impedem o deslumbre
das coisas belas

mas o tempo também é feito de primaveras
logo
o outono do peito passará
como inverno das nossas perdas …

um dia…
sei que estarei ao teu lado…olhando-te do alto do coração

um dia…
transformemos a saudade numa dádiva de afeto e de paz ao quadrado …
 
Levante

Menina …arruma o “adeus” e diz olá

 
 
hoje
uma tristeza avassaladora
invadiu todas as esperanças
arrecadadas no coração

como se soubesse antemão …
que foges pela última vez em contramão …
na direção contrária
dos braços
em posição
de colo
em posição de concha

meus Deus
os milagres são tão
caros
nesta vida
se pudesse roubar apenas um …
escolheria o milagre
de propagar a escuridão

escurecia toda a tristura
do teu lindo coração

por favor
menina doce menina
não fujas para longe
há um grito de amor
em tua direção

volta
um amor assim
usa luvas de cetim
e plumas nos ombros
no tal abraço ...
 
Menina …arruma o “adeus” e diz olá

Espero que estejas bem

 
 
o silêncio dos teus dedos
entristece os lábios
na hora de falar
na hora de suspirar

resta-me esperar
pelo acordar
dos versos
teus

não demores
o chão não dorme
acordando os passos
na tua direção

não te esqueças
do propósito
deste peito
nosso
[o de amar bem de perto
num soldar de mar e céu]
 
Espero que estejas bem

A esperança despida

 
 
a esperança
adiou
os adeuses

acreditou
no alvor
de um amor [desusado]

a nossa
esperança
viu os dias
a serem
atropelados
pelas noites

sentiu os outonos
a madrugar
mais cedo que os verões

até que um dia…
seu coração
observando a nua solidão [a esperança despida]
transbordou um mar
no meio
dos seus
arenosos
olhos

meu Deus...!
um coração assim ...
só feito de saudade
morre tão devagar
 
A esperança despida

Nunca mais o coração adormecerá… descuidado… sem o teu por perto

 
 
viver com este espaço
[oco]
que separa os nossos corpos
dos nossos sonhos
requer a sustentação das estrelas
o incitamento das lembranças boas
todas as forças do acreditar

ensinaram-me
cedo
ainda
acabado de sair do berço ventre
que não pode haver espaços ocos
no meio
dos corações
e como são grandes… estes
que separam os abraços, nossos

o que podemos fazer nestes casos
é encher esses espaços
com a esperança
dos sonhadores solitários
que inventaram coisas irrealizáveis
que muitos duvidavam

ou então
encher-me de coragem
apanhar o expresso das seis da manhã
e ir no teu encalce
vestido de amor

acredita
tenho montes de esperança
espalhados por todo o lado
mas
tenho muito mais afeto
guardado
para partilharmos
os dois
 
Nunca mais o coração adormecerá… descuidado… sem o teu por perto

Amo-te … mesmo num jardim de oliveiras … podado até á raiz

 
 
a crueldade
de morrer de sede
tão perto do lago

deixou em nós
a prorrogação do afeto
e a desesperança agonizada
de amar

meu deus
ainda não consigo esvaziar
os olhos repletos
da tua linda imagem

para não falar
dos teus lábios meigados de mel
polvilhando as palavras
de doçura
na minha direção


naquele momento
a sedução dos nossos corpos
não vestiam os habituais uniformes
desnudavam
antes
a ternura dos poros …
numa levedura
branda de amor

ainda hoje
não existem amarras
para segurar um coração
que te ama
que te chama
vezes sem conta
para uma felicidade
assimilada
numa só alma
 
Amo-te … mesmo num jardim de oliveiras … podado até á raiz

sempre foi amor …para lá do bailado das palavras

 
 
contrariar as correntes de amar
é ir em contramão
na direção contrária do coração

mas o que poderíamos ter feito ?

diante de uma cordilheira gigante
depois
de uma pequena montanha
transposta...

onde podíamos ter ido?

se tínhamos o atlântico tão longe do Índico…
e um cosmos às nossas costas …

O que podíamos ter sido?

após os olhos quebrarem a alma
num meio abraço sem resposta
[ o último adeus de Cristo vivo de carne ]
 
sempre foi amor …para lá do bailado das palavras