Amo-te …e isso é de uma rudez …passado tanto tempo...mas amo-te
deixar o coração
enleado
na raiz do teu peito
é um pecado que desejo …
seja no apertado abraço
seja num poema enviado
para o endereço
da alma
o que podemos fazer?
se ainda temos o mar a escorrer na face
e a delicadeza de amar
a desaguar
a esperança
nos lábios …
a onde podemos ir?
se temos o perfume do toque
espalhado por todo lado
até nos dedos
até abaixo dos cabelos
até….
nos silêncios
das nossas
ausências
Larga a saudade e abraça-me ...
longe de ti …
sou feito de água
[salgada]
de saudades
em fila
nas pálpebras
sou
o tal jardim de acácias
esperando
o acariciar das tuas mãos
mas cá estamos
atados pelas linhas
das palavras
escondendo do coração
as nossas lágrimas
repetindo
os erros do futuro
girando
o mundo
de forma anormal
querendo
a ordem certa
nas datas erradas
chega
chega
de fugires
de ti
de fugires de mim
chega
das promessas datadas
com tantos fins
vamos fugir juntos ...
Espero que estejas bem
o silêncio dos teus dedos
entristece os lábios
na hora de falar
na hora de suspirar
resta-me esperar
pelo acordar
dos versos
teus
não demores
o chão não dorme
acordando os passos
na tua direção
não te esqueças
do propósito
deste peito
nosso
[o de amar bem de perto
num soldar de mar e céu]
A esperança despida
a esperança
adiou
os adeuses
acreditou
no alvor
de um amor [desusado]
a nossa
esperança
viu os dias
a serem
atropelados
pelas noites
sentiu os outonos
a madrugar
mais cedo que os verões
até que um dia…
seu coração
observando a nua solidão [a esperança despida]
transbordou um mar
no meio
dos seus
arenosos
olhos
meu Deus...!
um coração assim ...
só feito de saudade
morre tão devagar
A herança de um afeto em cordel …que aperta com a distância dos seus olhos
a folha borrada do café
não disfarça a saudade
pintada nas palavras …
acabei de escrever retalhos de uma história nossa
um dia conheci uma
alma de uma nobreza gigante
que me ensinou a grandeza de ser
formiga no seu dia-a-dia
que cantava amor como uma donzela
no meio de um castelo de areia …
passeia admirar essa menina
até que admiração
destrancou as portas de um coração
hoje sofro de uma saudade cruel
sem saber como está essa menina
se está bem e feliz …!?
se ainda sente o formigueiro no seu coração …!?
se ainda guarda aquele sentimento que um dia nos mudou …!?
Nossas asas pendidas …
não posso mudar o rumo do teu voo
apenas amar-te
olhar-te do chão
flautar com o coração
estes poemas …
posso até pedir que poises em meu ombro
mas só tu podes mudar de rumo
e regressares
com o esplendor das tuas penas
e aninhares na dérmica cede da pele
a onde estás?
por favor ….por amor ….
diz alguma coisa
aqui na terra dos antigos mouros
todos soletramos liberdade
presos aos elásticos das mascaras …
E como estás …?
A intacta saudade de te amar …é a melhor explicação para o coração …
perante os frutos dos teus lábios
sinto a mágoa e a saudade
lado a lado
mas é bom saber
que a vida corre
nos filões
do teu coração …
nesta equação só nossa
sempre foste o magneto
e eu
um frívolo ferro
que atrais ou trais
[dependendo do lado em que estás]
a verdade sem-par
é que os anos passam
e a saudade de te amar
não envelhece a esperança do olhar
de um dia
dizer-te
o quando te amo
de rostos apertados
sem um único vocábulo
para falar
no meio do nevoeiro ... aguardando-te
sempre foste
a Estrela
capaz de luzir nas águas mais pretas
nos tetos mais cinzentos
em cada céu
[nos desertos das pessoas]
sem os raios
do teu corpo
tudo
é noite em espaço
vazio lagrimejado
um estranho trajeto
apesar de não estar tão perto
como o teu mercúrio ou o teu marte
sigo-te em toda a parte
estou longe
orbitando
teus
cabelos
Δημήτηρ
há quem te compare com Circe,
discordo
como pastor de silêncios
vejo-te … Deméter
a derreter as pedras douradas e a
transformá-las em cearas
de espigas douradas
vejo-te a moldar meu coração de pedra
numa courela de ervas belas
…
não minto,
é verdade que me sinto
tão pequenino
diante do teu ser …
que é impensável
esconder
o amor que te sinto
quando regressas
de raízes em seiva
depois dos poemas
já Circe transforma a virilidade dos homens em bestas [os homens em porcos]
tu, transformas a fertilidade em amor e generosidade [trata os porcos como homens]
Quantas flores desabrocharam da mesma raiz ?
…serei
a flor espelho
dos teus dedos
… aquela tatuagem
no forro da pele
que os olhos do mundo
não espreitam
e por mais que o tempo desarmonize a esperança da alma ...
haverá uma orquestra com o teu nome
nos altivos silêncios
um dia ...
deixaremos o mundo vazio
[quando colarmos o nosso peito]