A amiga in conveniente
falar da tal amiga é falar da minha infância
é recordar a sua generosidade para comigo
ao vasculhar a memória do coração
encontro momentos extraordinários de partilha
lembro dos dias em que cuidávamos das ovelhas
das jornadas na apanha dos figos e de outros frutos secos
dos torneios de futebol em campos artesanais,
onde marcávamos as linhas
com pedrinhas e cascalhos
da humildade e inocência como vivíamos o dobrar dos anos.
fomos irmãos, pastores das nossas dores, confidentes das nossas ambições.
depois fui viver para outra cidade e deixamos de partilhar o cotidiano
hoje, fui alertado para a sua conduta nas redes e o conteúdo do seu interesse.
o que posso fazer, é falar com ela …
sei de pessoas que foram vítimas de burla na internet, que se apropriaram dos dados de outra pessoa e fizeram passar por essas pessoas …
amanhã falarei com ela … não faz sentido, há 3 anos que casou, recentemente, nasceu um rebento do seu amor.
também não faz sentido, perder um amigo, porque essa amiga pediu amizade a esse amigo…
e sem saber de nada, fiquei na lâmina da faca …
peço desculpa esperando desculpas, sabendo que as desculpas são inúteis depois das culpas confirmadas
decepcionar alguém sem mexer um dedo é arte do azar … ou um tiro em cheio ao lado do alvo...
“Telapatia “
deste lado
imagino
os teus dedos
tocados
pelo teclado
como se tratasse
de um piano
sinto a tua alma
abrindo-se
como uma romã
e cada bago
um vocábulo
soando
a amor
e neste momento que te escrevo,
gotas
nascem no rosto
e não choro pelo que escrevo
choro sim porque te amo
Reminiscências na flor da pele… no deserto que sou
Meu Deus
Os sorrisos desamparados
Antecedem as lembranças tuas
É bom lembrar-te
Da felicidade da tua face
Quando falavas do teu filho
Quando deixava cair
[de forma inocente]
Um elogio
Ao teu lindo rosto
Meu Deus
A verdade é uma loucura
Quem vai acreditar
Que os sentimentos
Agora destapados
Sabem o caminho de volta
Em direção aos teus braços
Quem vai acreditar
Perante tantas impossibilidades
Existe uma chama de amor
Acesa
Em todos os invernos
Em todas as tardes
Quem vai acreditar
Que continuo a amar-te
Levante
lágrimas fósseis
impedem o deslumbre
das coisas belas
mas o tempo também é feito de primaveras
logo
o outono do peito passará
como inverno das nossas perdas …
um dia…
sei que estarei ao teu lado…olhando-te do alto do coração
um dia…
transformemos a saudade numa dádiva de afeto e de paz ao quadrado …
Menina …arruma o “adeus” e diz olá
hoje
uma tristeza avassaladora
invadiu todas as esperanças
arrecadadas no coração
como se soubesse antemão …
que foges pela última vez em contramão …
na direção contrária
dos braços
em posição
de colo
em posição de concha
meus Deus
os milagres são tão
caros
nesta vida
se pudesse roubar apenas um …
escolheria o milagre
de propagar a escuridão
escurecia toda a tristura
do teu lindo coração
por favor
menina doce menina
não fujas para longe
há um grito de amor
em tua direção
volta
um amor assim
usa luvas de cetim
e plumas nos ombros
no tal abraço ...
Espero que estejas bem
o silêncio dos teus dedos
entristece os lábios
na hora de falar
na hora de suspirar
resta-me esperar
pelo acordar
dos versos
teus
não demores
o chão não dorme
acordando os passos
na tua direção
não te esqueças
do propósito
deste peito
nosso
[o de amar bem de perto
num soldar de mar e céu]
A esperança despida
a esperança
adiou
os adeuses
acreditou
no alvor
de um amor [desusado]
a nossa
esperança
viu os dias
a serem
atropelados
pelas noites
sentiu os outonos
a madrugar
mais cedo que os verões
até que um dia…
seu coração
observando a nua solidão [a esperança despida]
transbordou um mar
no meio
dos seus
arenosos
olhos
meu Deus...!
um coração assim ...
só feito de saudade
morre tão devagar
Nunca mais o coração adormecerá… descuidado… sem o teu por perto
viver com este espaço
[oco]
que separa os nossos corpos
dos nossos sonhos
requer a sustentação das estrelas
o incitamento das lembranças boas
todas as forças do acreditar
ensinaram-me
cedo
ainda
acabado de sair do berço ventre
que não pode haver espaços ocos
no meio
dos corações
e como são grandes… estes
que separam os abraços, nossos
o que podemos fazer nestes casos
é encher esses espaços
com a esperança
dos sonhadores solitários
que inventaram coisas irrealizáveis
que muitos duvidavam
ou então
encher-me de coragem
apanhar o expresso das seis da manhã
e ir no teu encalce
vestido de amor
acredita
tenho montes de esperança
espalhados por todo o lado
mas
tenho muito mais afeto
guardado
para partilharmos
os dois
Amo-te … mesmo num jardim de oliveiras … podado até á raiz
a crueldade
de morrer de sede
tão perto do lago
deixou em nós
a prorrogação do afeto
e a desesperança agonizada
de amar
meu deus
ainda não consigo esvaziar
os olhos repletos
da tua linda imagem
para não falar
dos teus lábios meigados de mel
polvilhando as palavras
de doçura
na minha direção
naquele momento
a sedução dos nossos corpos
não vestiam os habituais uniformes
desnudavam
antes
a ternura dos poros …
numa levedura
branda de amor
ainda hoje
não existem amarras
para segurar um coração
que te ama
que te chama
vezes sem conta
para uma felicidade
assimilada
numa só alma
sempre foi amor …para lá do bailado das palavras
contrariar as correntes de amar
é ir em contramão
na direção contrária do coração
mas o que poderíamos ter feito ?
diante de uma cordilheira gigante
depois
de uma pequena montanha
transposta...
onde podíamos ter ido?
se tínhamos o atlântico tão longe do Índico…
e um cosmos às nossas costas …
O que podíamos ter sido?
após os olhos quebrarem a alma
num meio abraço sem resposta
[ o último adeus de Cristo vivo de carne ]