“Telapatia “
deste lado
imagino
os teus dedos
tocados
pelo teclado
como se tratasse
de um piano
sinto a tua alma
abrindo-se
como uma romã
e cada bago
um vocábulo
soando
a amor
e neste momento que te escrevo,
gotas
nascem no rosto
e não choro pelo que escrevo
choro sim porque te amo
Levante
lágrimas fósseis
impedem o deslumbre
das coisas belas
mas o tempo também é feito de primaveras
logo
o outono do peito passará
como inverno das nossas perdas …
um dia…
sei que estarei ao teu lado…olhando-te do alto do coração
um dia…
transformemos a saudade numa dádiva de afeto e de paz ao quadrado …
Menina …arruma o “adeus” e diz olá
hoje
uma tristeza avassaladora
invadiu todas as esperanças
arrecadadas no coração
como se soubesse antemão …
que foges pela última vez em contramão …
na direção contrária
dos braços
em posição
de colo
em posição de concha
meus Deus
os milagres são tão
caros
nesta vida
se pudesse roubar apenas um …
escolheria o milagre
de propagar a escuridão
escurecia toda a tristura
do teu lindo coração
por favor
menina doce menina
não fujas para longe
há um grito de amor
em tua direção
volta
um amor assim
usa luvas de cetim
e plumas nos ombros
no tal abraço ...
Espero que estejas bem
o silêncio dos teus dedos
entristece os lábios
na hora de falar
na hora de suspirar
resta-me esperar
pelo acordar
dos versos
teus
não demores
o chão não dorme
acordando os passos
na tua direção
não te esqueças
do propósito
deste peito
nosso
[o de amar bem de perto
num soldar de mar e céu]
A esperança despida
a esperança
adiou
os adeuses
acreditou
no alvor
de um amor [desusado]
a nossa
esperança
viu os dias
a serem
atropelados
pelas noites
sentiu os outonos
a madrugar
mais cedo que os verões
até que um dia…
seu coração
observando a nua solidão [a esperança despida]
transbordou um mar
no meio
dos seus
arenosos
olhos
meu Deus...!
um coração assim ...
só feito de saudade
morre tão devagar
A herança de um afeto em cordel …que aperta com a distância dos seus olhos
a folha borrada do café
não disfarça a saudade
pintada nas palavras …
acabei de escrever retalhos de uma história nossa
um dia conheci uma
alma de uma nobreza gigante
que me ensinou a grandeza de ser
formiga no seu dia-a-dia
que cantava amor como uma donzela
no meio de um castelo de areia …
passeia admirar essa menina
até que admiração
destrancou as portas de um coração
hoje sofro de uma saudade cruel
sem saber como está essa menina
se está bem e feliz …!?
se ainda sente o formigueiro no seu coração …!?
se ainda guarda aquele sentimento que um dia nos mudou …!?
sempre foi amor …para lá do bailado das palavras
contrariar as correntes de amar
é ir em contramão
na direção contrária do coração
mas o que poderíamos ter feito ?
diante de uma cordilheira gigante
depois
de uma pequena montanha
transposta...
onde podíamos ter ido?
se tínhamos o atlântico tão longe do Índico…
e um cosmos às nossas costas …
O que podíamos ter sido?
após os olhos quebrarem a alma
num meio abraço sem resposta
[ o último adeus de Cristo vivo de carne ]
Nossas asas pendidas …
não posso mudar o rumo do teu voo
apenas amar-te
olhar-te do chão
flautar com o coração
estes poemas …
posso até pedir que poises em meu ombro
mas só tu podes mudar de rumo
e regressares
com o esplendor das tuas penas
e aninhares na dérmica cede da pele
a onde estás?
por favor ….por amor ….
diz alguma coisa
aqui na terra dos antigos mouros
todos soletramos liberdade
presos aos elásticos das mascaras …
E como estás …?
Rochas frágeis a 276 km de distância
cheguei-te
mareando um sentimento
do tamanho de um oceano
chegas-te
com um coração de ouro
fossilizado
pela rochosa
inércia
de um tempo
descaminhado
estávamos longe
tão perto dos penhascos
de uma desesperança
tamanha...
...nas areias indefinidas
de um mar
chorado
nos olhos
e nos
rochedos
de um peito
nosso
o que aconteceu …?
o que pode acontecer seguindo a música ...
Qual seria a probabilidade … de uma estrela carente cair aos teus pés?
uma saudade não se desfaz
[com o tempo]
quando a ausência de alguém
está presente
nos repetidos silêncios
do amanhã
tão iguais aos de hoje
tão diferentes
daquele passado
partilhado
ao teu lado