Escrever
Escrevo, escrevo, escrevo
com a caneta em minha mão
Para que a minha ansiedade
não consuma a minha razão
Escrevo, escrevo, escrevo
mas eu tenho uma missão
Descarregar meus sentimentos
para não adoecer meu coração
Escrevo, escrevo, escrevo
mas tudo isso não é em vão
Estou salvando a mim mesma
usando a caneta em minha mão...
Desacelerar
As vezes, perdemos o controle, meu caro
Pensamos em tudo, aceleradamente
E não ouvimos o disparo
da nossa sanidade gritando tão nitidamente
As vezes, nos cobramos tanto, meu caro
Que nossas entranhas sufocamos,
E elas precisam por pra fora, sem amparo,
Todos os absurdos que ali guardamos
As vezes, precisamos desacelerar, meu caro
Para que nossa mente descanse
De todas essas dificuldades, que não raro,
Fazem com que alguns descansem….
Não sabia lidar
A medida que escurecia
desfalecia-se o coração
o desespero se envolvia
e desfazia-se a razão
Mas não era a escuridão
pois não lhe faltava luz,
era a insensível brusquidão
com que a vida nos conduz
Deveras faltava a paz,
respirava sim, com aflição
pois era deprimentemente incapaz
de acalmar o próprio coração
A era tecnológica
Na era da informação
Estamos rodeados de dados
Mas ironicamente, ou não,
Não se absorve o que é lido nem falado
Este é o ser humano,
Que mesmo vendo o que acontece
E causando a si um sofrimento insano
No mesmo caminho permanece
Na era da comunicação
Nos faltam palavras faladas
De coração para coração
Mas não faltam as friamente digitadas
Este é o ser humano,
Que se esquece da empatia
E não se importa em causar dano
por meio da tecnologia
Veja menos com os olhos de metal,
e pense no coração que bate a sua frente
Esqueça um pouco que é digital,
e lembre-se que do outro lado tem gente!
E leia sempre mais, busque entender,
Aprenda com o que há de pior
Para sabedoria desenvolver,
E se tornar alguém melhor!
A saúde da mente
Não, eu não estou bem
É difícil, por fim, assumir
Mas decidida vou além,
Vou, em frente, seguir
Hoje percebo e entendo,
Que bem mesmo nunca estive
Vou me cuidar com intento
De da tristeza me ver livre
É deveras eloquente
Essa pura aceitação
Traz liberdade para a mente
E alívio para o coração..
Solidão de Ouro
Doei meu coração em vão
Nessa imensidão vazia que tudo vejo
Imensidão vazia, não, cheia de solidão
e de profundos arquejos...
Arranco espinhos e espero as flores,
Daqui em diante, colherei desamores,
Monocromáticas tornam-se as cores,
e insípidas as minhas dores.
Que seja dito, claramente
Pulei de um precipício
Em que caio ávidamente
No vazio do princípio
Nas entrelinhas se observa
Minha solidão amargurada,
Antes só, e só eternamente,
Do que de Deus apartada...
A busca
Nada entendo, tudo sinto,
Nos limites da sanidade
Um pensamento sucinto
não contempla toda a verdade
Tudo temo, eu não minto,
mesmo com sagacidade
e um raciocínio claro e limpo
me perco numa contrariedade
Em tudo reflito, é instinto,
num estado de calamidade
eu me perco no labirinto
que é a busca da sanidade...
Nada sei
Em lágrimas eloquentes
De um coração despedaçado
Calha o sentimento do ser
Deveras estampado
Pois na luz há o viver
Mas o riso é como a lua nova
Nada há para se ver
De minhas profundezas esnoba
Portanto, dignifico a mortalha
Que me encobre nesse luar
Errar ou acertar, ser ou não ser, calha
De, por fim, nada edificar...
[13/04/16]
Uma carta para mim
Você julga se conhecer
Acha que de si tudo entende
Bate no peito e diz quem diz ser
Mas no fim, se surpreende
Você não sabe que é universo?
Que é pura poesia?
Que mesmo um milhão de versos
Não te descreveriam, menina?
De si, pensa negativo, pensa
no que não consegue fazer
Em tudo você é tão intensa
Só que você precisa entender...
Tudo o que você é e pode ser
Não se resume a erros e acertos
Nem no que você pensa ver
Naqueles dias cinzentos
A todos você entendia
Mas trouxe para si tantos espinhos
Tu precisa de auto empatia
Precisa se tratar com mais carinho
Você precisa se permitir mais
Se permitir errar e descansar
Parar de se cobrar demais
E a cada dia mais se amar...
Vai menina, se ame, se valorize,
Levanta, respira e toma um café
Não pense que tudo é uma crise
Sorria, seja mais leve e viva com fé...
Pandemia
É pandêmico o pensamento
Desesperado e ineficiente
Apartado de conhecimento
E desfalcado de atitudes conscientes
Um palco de exagero sem razão
Tendendo a alastrar o medo
Ao invés de incentivar a prevenção
Pois é aí que mora o segredo
Não somente do físico,
O conhecimento é a contrariedade
Desse problema pandêmico
Que é o pensar sem criticidade
São tempos críticos
Isto é mais que evidente
Mas, que no pensamento e no físico,
Sejamos mais conscientes...