"Fusão de sentimentos" - Soneto
"Fusão de sentimentos" - Sonetos
Pelos becos dos meus pensamentos caminha
Sabe como me conduzir, e meus sonhos decifrar.
O efeito sobre mim é entorpecente e envolvente,
Quando te sinto em meu universo passear...
Descubro-te, encontro-te e o tempo parece parar
Sinto teu olhar, que sonda meu interior, me desnuda...
Digo coisas que nunca disse, tal como pede o coração.
E com o mesmo poder, me tira as palavras, fico muda.
Supre meus dias entediados, e faze-o com extrema altivez.
Mostra-me as estrelas nas minhas escuras e longas noites.
Faz-me crer no “Pra sempre” das historias de “Era uma vez”.
Alegria que faz doer, para em seguida, ser pura languidez.
Tão assim, uma etérea mistura, entre sublime e carnal.
Fusão de desejos, como querer ser anjo apesar de mortal.
Glória Salles
"Fome de você"
"Fome de você"
O meu corpo te espera, boca pedindo a tua
Te olho, provoco, quero tua alucinação
Teus olhos dizem "sim", quero sua loucura
Os delírios de teu prazer, sob teu corpo estão.
Olhando-me com fome cego, e quente...
Desafogando as vontades e minhas fantasias
Faz de mim sua loucura, dá todo teu êxtase.
Porque agora, minhas vontades são tuas...
Então mergulha teu corpo, mata nosso desejo.
Invade meu corpo febril, úmido e já desnudo.
Quero tua boca, a saliva, a textura do beijo.
Gestos ousados, atrevidos, nos deixando mudos.
Cada parte de mim, mostra que te cobiça.
Quer te ver alucinado, perdido de prazer.
Nas ondas das minhas curvas, tua delicia.
E nua nos meus lençóis, vem, quero te ter.
Corpos nus se entranhando, loucos, se tocando.
Movem-se cadenciados, desvendando cada trilho.
Bocas enlouquecidas, mãos, pernas se enroscando.
Sangue fervendo nas veias, prazer em estribilho.
Despudorada e louca, dou-me só pra você moço...
Olhando nos teus olhos, enquanto te sinto em mim
E alucinada,insana,contorcendo em gemidos te ouço.
Vem agora moça que eu amo, vem... Explode em mim.
Glória Salles
"Descortinando sonhos"
"Descortinando sonhos"
De dentro de mim os laços, desfio.
Descortino os sonhos, sigo a rima.
Buscando com sede de sobrevivência
Ânsias que a vida molda e repagina.
E se os massacrantes dias são de espera.
Cheios de palavras tortas, sem calor.
De falas sem ênfases e entrecortadas,
Ciclos não concluídos, silêncio devastador.
Então o amor chega solto, sorrateiro.
Vestindo de ilusões os dias vãos.
Arrastando pra bem longe o desvario.
Embalando meus versos, hoje sãos.
É árvore centenária, viçosa e frondosa.
Deu ao poema represado, fala forte.
Refletiu dos dias verdes, todo o viço.
Hoje os rios dos meus sonhos, já têm norte.
Glória Salles
“Forte presença” - Soneto
“Forte presença” - Soneto
Na penumbra do quarto ainda vejo o vulto
Da noite engolida pela densa madrugada
Fragmentos da musica que embalou o culto
Nessa cama, altar, onde fui endeusada
Estranha lucidez, das frestas da vidraça o lume
Etérea, ainda lânguida, recuso-me a despertar
O corpo ainda guarda o gosto, tem o perfume
Dessa paixão que os nós do pudor fez desatar
A luz que agora ofusca ecos do sentimento
Daquilo que em mim ficou, depois da partida
Dominante presença, fortemente sentida
Do olhar dentro do olhar, guardo o momento
Desse olhar intimo que só nos entendemos
A cama desfeita, vestígios do que vivemos...
Glória Salles
“Lados opostos” - Soneto
“Lados opostos” - Soneto
A soleira da janela é arrimo ao corpo cansado
Neblina no peito, condensada dor, e letargia
A beleza estonteante do horizonte alaranjado
Era só a evidência de mais uma noite de vigília
E num tempo que tem pressa, a noite se alonga
Trazendo na quietude a sensação de abandono
Do outro lado do vidro, quem a vida prolonga
Sorri, diz que desse lado, um anjo vela seu sono
Anjo... que queria o poder de minar toda dor
Cuja fé vacilante, hoje o faz impotente e vão
Camufla num sorriso o frio alojado no coração
Porque nem todo dia, a alma é leve, e tudo é flor
Nem todo dia se consegue flutuar como pluma
Nem todo dia o sol faz dissipar a densa bruma...
Glória Salles
01 dezembro 2008
00:02hr
Santa Casa de Adamantina -SP
"Protagonista" - Soneto
"Protagonista" - Soneto
Parece ouvir a voz do meu corpo que chama
Entra no meu cenário, protagoniza a história
Acorda meus desejos, revive cada molécula
Depois se vai, deixando rastros de memória
Nesses lençóis que guardam nossos segredos
Nessa taça de vinho marcada pelo meu batom
No eco das suas palavras de amor sussurradas
No meu corpo, agora dolente, meio fora de tom
Só quero esse amor intenso, profundo, passional
Que não determina prazos, datas, terno, atemporal
É vento que me arrasta ao apogeu num instante
Quero esse amor que ignora minhas imperfeições
Que me ama de um jeito, que não tem definições
E das suas madrugadas, me faz desejada amante.
Glória Salles
“O momento certo...” - Soneto
"O momento certo..." - Soneto
O momento era certo moço querido
E o tecer de palavras, num dia qualquer
O peito aberto, servindo como abrigo
No abraço concedido, toda paz que vier
O descanso contrito nutriu sem intenção
Mas deu alento ao andar pérfido e perdido
Olhar mavioso ao encontro do coração
Enigmaticamente cuidou do peito ferido
Mas confesso, não quero trocar figurinha
Quero o gosto indiscutível do corpo no teu
Nas veias a doce mistura do sangue no meu
Não quero só a lembrança, apenas uma “historinha”
Do filme que conhece, não tenho idéia definida
Quero só o afago sincero sem visão distorcida.
Glória Salles
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“Doce (de) leite” - Soneto
“Doce (de) leite” - Soneto
Cá estou eu no doce deleite dos teus braços
No peito nu, definido, de saliva, lambuzado
Dedos curiosos vão contornando meus traços
Brincam com os fios do meu cabelo espalhado
Fazendo me calar, tua boca sufoca os gemidos
Teus dedos são tentáculos que nos enlaçam
Deslizam... Eriçando todos os sentidos
Vasculham, buscam, exploram, encontram
Tua voz ofegante é promessa de algo vindouro
Argamassa de suores, desejo que não se finda
O ápice do querer, seguida da paz bem-vinda
O silêncio que se segue, diz tudo, vale ouro
Lânguidos desfrutamos, corpo tatuado em mim
Esse amor alimentado, envolto em lençóis de cetim.
Glória Salles
05 novembro 2008
17h14min
“Chovendo carinho” (Dedicado a Vóny Ferreira)
“Chovendo carinho” (Dedicado a Vóny Ferreira)
Hoje acordei com o canto dos pássaros
Vindos de alem mar, trazidos pelo vento
Por um instante meu coração destroçado
Vislumbrou a calmaria do momento
As palavras contidas naquele canto
Fizeram-se lenitivo aos meus ais
Na grandeza límpida do teu carinho
Descansei serena no teu cais
Que os anjos, comparsas dos poetas
Espalhem pelo mundo, verdades colossais
Esponjas que suguem os atos rompantes
Que por vezes fazem de nós, canibais
Teu abraço sempre tão aconchegante
E dos teus versos, a fogueira sempre acesa
Dessa “miúda” seca os olhos penitentes
E firma-lhe os pés, num caminho de certeza...
Glória Salles
14 novembro 2008
11h22min
"Amor de folhetim" - Soneto
"Amor de folhetim" - Soneto
Chegou de mansinho como uma brisa.
Olhar doce que me esquadrinhou.
No silencio que se fez, ouvi tua fala.
E nos versos do meu poema caminhou.
No contorno da tua boca me perdi.
No sorriso que me farta e enlouquece.
Abandonei-me nesse abraço sem lembrar.
Que sempre se vai, parece que me esquece.
Escorrega, feito papel em ventania.
Então, sobram entrecortadas falas.
Num silêncio abissal, que se instala.
Espera massacrante, são meus dias.
Tua ausência desfia laços em mim.
Porem quero esse amor de folhetim.
Glória Salles