Poemas, frases e mensagens de Nanda

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Nanda

Sou fã dos meus escombros

 
Sou fã dos meus escombros
 
Sacudi o vento dos meus ombros
Não quero nada que me pese
Nem segredos sussurrados
No lóbulo descrente da orelha
É desta canseira que vos falo
No dia em que me abstenho
De viver em função de desafios
Faz tempo que os preteri
Passei a ser fã dos meus escombros
Por onde disserto a minha tese
De solidão e abandono
À margem do que resta de mim
Num mundo sem risos, nem vitórias
Nem gritos soltos no palato
Se já fui livre... hoje, calei-me!
Contra mim, afirmo...
Já nem o vento me arranca um desabafo.

Maria Fernanda Reis Esteves
52 anos
natural: Setúbal
 
Sou fã dos meus escombros

Simetria

 
Simetria
 
Maior que a profundidade desse mar
É a luz que o teu olhar irradia

Sei dele a paz, resquício de outras vidas
Almas gémeas que assim se denunciam

No céu, um pacto que ninguém pode quebrar
Dois corações batendo em perfeita sintonia

Uma eternidade só não chega para te amar
É o outro lado em busca da simetria.

Maria Fernanda Reis Esteves
55 anos
natural: Setúbal
 
Simetria

O meu Luso do mês de Agosto é António Paiva

 
O meu Luso do mês de Agosto é António Paiva
 
“António Paiva, nasceu a 21 de Março, de 1959, em Santo André, Vila Nova de Poiares, uma vila situada entre a Serra da Lousã e o Rio Mondego. Cresceu na aldeia do Travasso, concelho de Penacova. Uma aldeia isolada na época, a estrada que a servia terminava na própria aldeia, sem ligação à sede do concelho.
Por lá estudou e pastoreou até à idade de 18 anos, a partir daí foi para a cidade de Coimbra, onde prosseguiu os estudos e iniciou a sua vida profissional. No ano de 2000 decidiu rumar à bela ilha da Madeira, onde reside actualmente.
Apesar de a escrita o acompanhar desde muito cedo, só em finais de Agosto de 2006, surge a publicação do seu primeiro livro de poemas, “Juntando as Letras”. Em Maio de 2007, é editado o seu segundo livro, “Janela do Pensamento”, uma compilação de poemas e prosa poética. Quase a terminar o ano, em Outubro de 2007, nasce mais um livro de poemas e prosa poética, intitulado “Navegando nas Palavras”. No ano de 2008 fez parte de um grupo de onze autores, que lavraram e assinaram as páginas do livro, “Leituras Soltas”, uma edição conjunta da Fnac e da editora “O Liberal”, lançado a 13 de Dezembro, tendo o total da receita das vendas revertido a favor da AMI e do Rotary Clube do Funchal. Em Dezembro de 2007, O Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais, confere-lhe o Diploma de Honra e Mérito ao Escritor. Os livros “Juntando as Letras”, “Janela do Pensamento” e “Navegando nas Palavras”, para além da poesia e da prosa poética, têm um outro denominador comum, que muito orgulha o autor. Angariam fundos para instituições, que apoiam e acolhem crianças carenciadas e em risco. Aldeias de Crianças SOS de Portugal, Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, Núcleo Regional da Madeira e Ajuda de Berço, instituição que acolhe crianças em risco dos 0 aos 3 anos de idade.
Em Abril de 2009 é editado o seu primeiro livro exclusivamente em prosa "Pedaços de Vida e Fantasia".
António Paiva conta já com um considerável número de escolas visitadas, no Continente e na Ilha da Madeira. Fomentar o gosto pela leitura e pela escrita, junto dos mais jovens, têm-lhe proporcionado dos mais gratificantes momentos na sua vida, quer como homem, quer como escritor. Sendo por isso, uma actividade que procurará intensificar, e tudo fará para responder afirmativamente, a todas as solicitações que lhe forem endereçadas nesse sentido.”

" Tenho as minhas hesitações, passo a vida pendurado no instinto, passo tempos infinitos ansioso e febril, outros completamente desligado, reconheço que sou portador de algum egoísmo, gosto de pentear luares e recordações.”

"Uma vida não se justifica pela justificação dos actos, tão pouco dos factos. Um processo de aprendizagem permanente, onde as palavras se defendem do orgulho. Nos extremos, a dor coabita com elas e com a vida. Às vezes nada as distingue do silêncio, são apenas uma forma de o suavizar. Nelas respiro e me abrigo; as minhas mãos movem-se obedecendo ao meu pensamento, pela força das palavras. Convém lembrar que um coração tem duas faces, é a morada perfeita para a inspiração de um caçador de palavras".

António Paiva revela-se ao leitor como um escritor multifacetado que vive fascinado pela magia das palavras, ávido de conhecimento, introvertido, altruísta e modesto. Posto este manancial de talento e sensibilidade, a minha escolha para o Luso-Poeta do mês de Agosto recaiu, conscientemente, num escritor de inegável e reconhecido valor literário ao mesmo tempo que num homem solidário e detentor de uma rara grandeza humana.

- A fim de te podermos conhecer um pouco melhor talvez nos possas falar um pouco da tua profissão e de como habitualmente decorre o teu dia-a-dia.

- A minha actividade profissional tem sido enriquecedora e variada, aos 18 anos de idade entrei para a Portugal Telecom, ao mesmo tempo que prosseguia os estudos, aos 22 anos já liderava um grupo de vinte pessoas, todas elas mais velhas do que eu. Depois de 14 anos na Portugal Telecom, saí para exercer funções de director comercial na ASP Telecomunicações. A vontade de querer conhecer outros ramos de negócio, levou-me até à Vila Azul Propriedades, uma empresa do norte onde fui director comercial. E, porque novos desafios são para mim um estímulo, entrei para o Grupo Jerónimo Martins como director de lojas. Voltando a exercer a função de director comercial no Grupo Machados, empresa da Região Autónoma da Madeira. A minha actividade profissional sempre me deixou pouca, ou quase nenhuma disponibilidade, para me dedicar aos sonhos e à minha paixão – a escrita. Daí que, há cerca de 3 anos decidi mudar o rumo das coisas, passando apenas a colaborar em regime de prestador de serviços com algumas empresas, o que me permite ter mais tempo disponível para a escrita, e para actividades a ela ligadas. O que faz de mim uma pessoa mais feliz e realizada.

- Com qual dos géneros literários te identificas mais, poesia ou prosa?

- Esta é uma questão que me tem sido colocada diversas vezes, ao que eu invariavelmente respondo; identifico-me com a escrita. É que, ambas as formas de criar me seduzem de igual modo, ao ponto de; lhes dedicar um amor despudoradamente sério. Ou ainda; às palavras tudo darei, até a minha vida, a minha morte não serve a ninguém, por isso a guardo para mim.

- Na tua biografia sobressai o teu lado humanitário. Cresce em ti a vontade de aliares a tua escrita às necessidades daqueles que são mais vulneráveis. Em que é que o teu contributo a determinadas causas sociais contribui para o teu crescimento como escritor e ser humano?

- O meio onde cresci foi uma escola que me preparou para a vida, tratando-se de um meio rural onde a grande maioria das pessoas eram pobres ou remediadas. Havia um grande espírito de entreajuda até nas lides do campo. Quem tinha alguma coisa partilhava com quem tinha menos ou nada. Isso marcou a minha personalidade sem dúvida.
Exercer a Cidadania na sua plenitude, entendo-o como um dever de cada um de nós. E irrita-me observar que tanta gente escreve e fala sobre as misérias e dificuldades do seu semelhante, mas na prática nada fazem. Têm muita pena dizem – como eu tenho tanta pena da pena deles – melhor fariam se estivessem quietos e calados. Ninguém precisa de pena, muitos necessitam isso sim, da nossa solidariedade activa e efectiva. Sobretudo os que não se podem defender por si mesmos – as crianças. E, tudo o que eu possa fazer ou faça nesse sentido, será sempre muito pouco e, para além disso não faço mais do que o meu dever. A verdade é que têm sido as crianças me mais têm ensinado a crescer como ser humano, e ao mesmo tempo me ajudam a corporizar o meu sonho de escrita.

- Conta-nos como te surgiu a ideia de lançares o repto aos empresários para que associassem as suas marcas aos livros e à cultura e como a “Vinícola Castelar” resolveu acatar a sugestão e transformar em rótulo do novo vinho Regional das Beiras a capa do teu livro “ Pedaços de vida e fantasia”?

- Isso é algo em que acredito convictamente, aliás; os países mais desenvolvidos, os países onde se registam os índices mais elevados de produtividade e criação de riqueza, são aqueles onde os governos e as empresas investem a sério na cultura e nas artes. E, entendo que em momentos como os que agora vivemos, são a melhor altura para dar passos decididos nesse sentido. No final de 2008 lancei esse desafio em Anadia, a Vinícola Castelar decidiu aceitá-lo, na minha opinião foi uma decisão extremamente inteligente, não tardará por certo a colher frutos dessa decisão. Espero sinceramente que outros lhe sigam o exemplo.

- Um menino da serra que conhece o mar aos 12 anos. Esse fascínio e deslumbramento pelo mar em que medida esteve mais tarde na base da tua escolha por residir na Ilha da Madeira?

- Não tenho consciência formada sobre isso, no entanto o mais certo, é que esse fascínio e deslumbramento que continua em crescendo dentro de mim, esteja na base dessa decisão, a Madeira é uma ilha que conheço há cerca de 30 anos, tenho assistido à sua evolução e transformação, no entanto a sua beleza e essência continuam vivas e apaixonantes. Desde a primeira vez que pisei este chão rodeado de mar, que senti o desejo de o habitar a tempo inteiro. Até que no ano de 2000, tomei a decisão de fazer as malas e cá estou até hoje, plenamente satisfeito e feliz com a minha decisão.

- O teu próximo livro “ 70 poemas por um sorriso” foi concebido a pensar numa causa que apadrinhaste com muito carinho e sensibilidade. Podes falar-nos desse livro e o porquê da escolha da APPACDM de Setúbal, enquanto Instituição que apoia crianças e jovens portadores de deficiência mental?

- A causa é muito mais importante que o livro, e do que eu. Sobre o conteúdo do livro não adiantarei nada, isso é uma tarefa que caberá aos possíveis leitores. A ideia e a escolha da APPACDM de Setúbal, nasceu de alguns contactos que tivemos a propósito de outras iniciativas de escrita. Poder alcançar mais este objectivo, é extremamente gratificante para mim. Claro que, este projecto só foi possível, graças à extrema generosidade de algumas pessoas e empresas. Refiro-me Ao Sr. José Paiva, que não sendo meu familiar, fui carinhosamente adoptado como amigo pela sua família. A Helena Paz, que emprestou o seu talento e arte na pintura, criando numa tela a óleo a pintura que será o rosto do livro. A empresa Lusis, Lda., a Editora Reditep, Lda. e a Gráfica Linkprint, Lda.
Posso assegurar que o resultado final é um trabalho gráfico e editorial de excelente qualidade. O livro será comercializado a um preço extremamente acessível, o que permitirá alargar o leque de pessoas que o poderão adquirir, podendo desse modo ajudar a APPACDM de Setúbal, a ultrapassar as dificuldades quotidianas vividas por instituições que se entregam a ajudar a sociedade atenuando dramas e carências.

- Se te perguntassem qual o teu livro, filme e música favorita, conseguirias eleger entre muitos?

- Livro favorito, é quase uma violência para mim, escolher um livro como favorito, no entanto deixo como uma referência incontornável das minhas leituras, o Livro do Desassossego, de Bernardo Soares.
- Filme Favorito, de novo, de tantos e bons filmes com que já me deliciei, sonhei e cresci, atrevo-me a colocar em evidência Fuga Para a Vitória, se já o viram compreenderão porquê, se não, vejam e estou certo que compreenderão.
- Música favorita, a música sempre me acompanha, sobretudo nos momentos de escrita, destaco no entanto As Quatro Estações, de Vivaldi.

- Qual o papel da Luso-Poemas na divulgação do teu trabalho?

- Curiosamente esta nomeação coincide com o mês em que faço 2 anos como utilizador deste site. Como já disse em tempos, em determinados momentos este espaço funciona para mim como um “laboratório”, um veículo para chegar a pessoas que possivelmente não chegaria. Por aqui tenho criado alguns laços fortes, tenho consolidado as minhas opções sobre o que quero ser, e também definitivamente, sobre aquilo que não quero mesmo ser.

- Quem sugeres para poeta do mês de Setembro?

- Como a regra que me foi transmitida diz que o homem escolhe mulher, e a mulher escolhe homem.
Eu escolho Maria Verde, e se ela aceitar a minha escolha, ficarão a saber porquê.

A ti, fico-te grato pela oportunidade e pela tua coragem.
Um abraço de estima a todos os que sabem estimar e cultivam a estima.

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
O meu Luso do mês de Agosto é António Paiva

Já chega!

 
Já chega!
 
Já chega!
Vou empurrar a depressão
Para o fundo de um alçapão
Parece até que tenho olhado
Juro que não estou em pecado
Só não me quero confessar
Por não ter nada para contar

Não quero!
Ter este olhar alienado
Como quem vive no passado
O caos em mim já se instalou
Não sei o que em mim mudou
Estou presa, sinto-me atada
Como se a vida fosse nada

Diacho!
Sempre fui determinada
Já perdi o fio à meada
O cansaço está-me a vencer
Esta astenia faz sofrer
E eu não encomendei a morte
Sei que mereço melhor sorte



Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
Já chega!

Tu és luz

 
Tu és luz
 
Se o futuro a Deus pertence
e tudo está predestinado
é questão para dizer
de que serve o livre arbítrio?
se vendes a alma ao diabo!

A culpa é sempre do Karma
não aprendeste a lição
cometes os mesmos erros
faz de ti o seu escravo
por conta da ambição

Se escolheres ser feliz
afastas tudo o que é dor
Tu és luz, não és matéria
teu alimento é o amor!

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
Tu és luz

Cansei

 
Cansei
 
 
Cansei de lutas, de ideais
Do meu ar certinho, responsável
De tudo o que esperam de mim
Quero ser o que não sou
E pensar um pouco em mim

Quero rir sem ser por nada
Soltar uma gargalhada
Sem me sentir observada

Talvez vista algo diferente
Mais ousado ou sensual
Quem sabe sair à rua
E gozar o Carnaval

Cansei de tanta tarefa!
Não aguento mais pressões!
Este ano vai ser diferente,
Vou viver sem restrições!

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
Cansei

Ganância

 
Ganância
 
 
É soberba, é ganância
o que move a humanidade
é o poder, a riqueza
o luxo, a ostentação
todos os valores em vão

Nem tudo o que luze é ouro
Na busca do Eldorado
a cobiça é o pecado
e nada detém a ambição

Tua alma não tem paz
com ela não tens cuidados
o que tens nunca te chega
teu limite é Satanás
é ruím a tua entrega
vendes a alma ao diabo
por tão pouco, ou quase nada

Trocas a felicidade
por uma leviandade
desperdiças o amor,
ignoras a amizade,
para ti só o vil metal
vale a pena e tem valor

Participação na XIII Colectânea Eldorado
Celeiro de escritores

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
Ganância

Hoje, morri

 
Hoje, morri
 
 
Hoje, eu perdi a identidade
Morri, no mesmo dia em que nasci
Exposta ao vento e à tempestade
O que me resta
é achar que nunca existi

Talvez, eu seja um ser inadaptado
E as emoções controlem a minha vida
Sempre elegi, acima de tudo, a verdade
Mas, em injúria e maldade pereci

Já os meus olhos perderam todo o brilho
e o cristal deu lugar ao vidro baço
Já que morri, vou atrás da luz divina
quem sabe um dia ao renascer
voltarei a ser menina


Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
Hoje, morri

Vem sentir!

 
Vem sentir!
 
Vem sentir!
Boom Boom!
O ritmo quente desta batida
Kizomba é festa que celebra a vida
Faz disparar nossos corações
Contagiando as multidões

Dança comigo!
Esta kimbunda vai te transformar
Na miúda que sendo o meu par
É a garota com quem quero casar

Vem sentir!
Boom Boom!
Como o teu corpo cola no meu
E eu já não sei o que é teu ou meu
Como é sensual este sentir a dois
É a festa das sensações

Dança comigo!
Esta kimbunda vai te transformar
Na miúda que sendo o meu par
É a garota com quem quero casar.



Maria Fernanda Reis Esteves
56 anos
natural: Setúbal
 
Vem sentir!

Conversas com o meu umbigo

 
Conversas com o meu umbigo
 
De novo eu e tu…

Denoto o cansaço dos fracos
O lampejo dos incautos
O arremesso dos guerreiros
num corpo cravado de flechas
onde sobrevive a alma a nu

Tira-me desse fogo, onde arde
a minha vil petulância
a infame falta de humildade
a imodéstia feita de certezas
com roupagem de inconstância

Se ainda cá estás…
Ouve-me os medos e sente
a voz da fragilidade

Nas entranhas onde vives
escondes as minhas raízes
o meu eu não te importa
és um cordão egoísta
e o que mais me aflige
é tu e eu sermos um só

1º Prémio no XIV Concurso Literário "Dar Voz à Poesia" - Categoria F

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Conversas com o meu umbigo

Despertam rios nos teus olhos

 
Toca o clarim da vida…
Ao longe debanda a passarada
Já a aurora se insurge
Nos céus, um sol de alvoradas

Há vozes feitas de cânticos
No ar, um latir safado
Há lírios nos meus encantos
Crianças às gargalhadas

Despertam rios nos teus olhos
Azuis, de água marejada
É benta feita de luz
Remanso da minha alma

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Despertam rios nos teus olhos

Soneto do despertar

 
Soneto do despertar
 
De herança, o conhecimento colectivo,
De legado, a formação, a crença, a tradição
Ficar estagnado e agir só com a razão
Processo mental condicionado e adormecido

Romper barreiras e abrir a consciência
Reconhecer o eu profundo e se entregar
É um passo dado para o simples despertar
Quebrar sofismas para encontrar a essência

A inteligência ao serviço da loucura
Desperdiçada em paranóicas ilusões
O segredo não está nas religiões

É Deus contigo numa mesma pessoa
Tu só dependes da tua espiritualidade
Dentro de ti a luz da chave da verdade

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
natural: Setúbal
 
Soneto do despertar

Canteiros de esperança

 
Canteiros de esperança
 
Eu bebo da fonte da inspiração
Nada mais me importa
é pura emoção
Fantasio a vida
em contos de fadas
Meus sonhos são belos
Esqueço tristezas
construo castelos

Viajo no tempo
do reino encantado
Vejo-me princesa
qual doce donzela
que espera ansiosa
o trono da alma

Escrevo palavras
em letras douradas
Construo poemas
com raios de luz
Descanso canseiras
em mim encerradas
Floresço em canteiros
bordados de esperança

Poema que dá o título ao meu livro de poesia "Canteiros de Esperança", editado em 2009, pela Editora Temas Originais

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
Canteiros de esperança

Deuses de barro

 
Deuses de barro
 
É de barro o molde
em que assenta a crença,
a fé e a esperança.
Ao fim e ao cabo
é do pó que vimos
e quando partirmos
para lá voltamos
e pouco mais somos
que partículas d´argila...

E nesta olaria...
Deus é o artífice
que criou as peças
com amor e com arte.
São belas à vista,
mas frágeis no toque,
sucumbem nos princípios,
como grãos de areia
se desintegrando...

Esqueceram que o Mestre,
o seu artesão, quando as criou
benzeu-as e disse:
-"Usem a cabeça,
mas nunca se esqueçam
que a alma é eterna
se não for de barro,
e não for de pedra
o vosso coração."

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
Deuses de barro

Portal da imortalidade

 
Portal da imortalidade
 
Há uma imunidade nos sonhos
Uma liberdade amorfa e casta
Uma esperança no inatingível
Toda uma veleidade intrínseca
Um indelével mundo surrealista
Na trôpega profusão das imagens

O mar pode ser um rio
O rio pode ser um lago
O lago o sal duma lágrima
E eu navego ao luar na fantasia
Na barca que me embala e alumia
Na vaga âncora da minha alma

Ao longe o céu serve de manta
À paz que engasgo na garganta
À emoção que me acomete
Sempre que o sono me remete
Para o portal da imortalidade

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos natural: Setúbal
 
Portal da imortalidade

Não tem comparação

 
Não tem comparação
 
Paixão é o calor de uma tarde de Verão
Deixa marcas no corpo, é pura excitação
É nuvem passageira, história sem enredo
Romance proibido, que se vive em segredo
É cabeça perdida, é um passar de tempo

Amor, batimento cardíaco, em aceleração
É um ai um suspiro, rosto ruborizado
Palavra de poeta, é doce inspiração
É sonhar acordado com um beijo de mel
Uma canção romântica, um filme na tela

Paixão é fogo que acaba se apagando
Amor é pura luz, é o meu ser cantando
Um é pura matéria, feito de combustão
O outro vem da alma, nasce no coração
Se me sinto no céu, não tem comparação
É amor de verdade, é doçura, é saudade
É dizer que te amo para a eternidade

Colectânea – Amor e Paixão - (Volume V) Celeiro de Escritores

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
Não tem comparação

Versos sem emancipação

 
Versos sem emancipação
 
Li-te, como se nada mais tivesse para fazer
Mas, o poema queimava nos meus dedos
Já, os meus olhos vertiam salobras águas
Coisas da emoção, sem qualquer sentido
Ou, talvez, versos sem emancipação

Virei a página, na esperança de não sentir dor
Mas, as palavras eram todo o teu melhor
Já, me esquecera o dom da tua eloquência
Coisas que o tempo resfria sem razão aparente
Ou, apenas, quisesse eu mostrar-me indiferente

Tomei coragem, rasguei o lirismo dos teus versos
Mas, no chão havia sobras de momentos adversos
Já, as partículas sobrevoavam os ventos da desilusão
Coisas que transcendem um simples e humano coração
Ou, talvez, a poesia seja apenas mais uma decepção
No fundo, no fundo…eu sei bem que não!

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Versos sem emancipação

Inconveniências

 
Inconveniências
 
Não quero ser arauto da discórdia
Nem postilhão de guerra inglória
Só mensageiro de bons presságios
Estafeta da alegria e da concórdia
Não quero ver a Pátria em estilhaços
Nem fazer vénias a troco de gorjeta
Não sou vassalo, nem lacaio
Nem moeda de troca no bolso dos ricaços

Já não suporto a lei do fazer de conta
Saber viver é o que custa nesta selva
E eu não consigo ser aquilo que não sou
Há todo um logro neste mundo que me afronta
A hipocrisia veste traje a rigor
Não bato a pala a quem me castra a liberdade
Pagam-me em pão um silêncio mutilado
Há muito que passei a ser inconveniente
Mas antes isso que chamado de otário



Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Inconveniências

Tudo o que eu quero...

 
Tudo o que eu quero...
 
Sinto que não sou
o que esperam de mim,
tão pouco luto
para não ser assim.
E não farei nunca
questão de mudar,
já que isso significaria
deixar de me amar.

Já disse que me chateia
a futilidade da conversa,
se toda essa gente
não me interessa.
Eu construí um mundo
só para mim
feito de sonhos
e mil ilusões
onde não entra o mal
nem as decepções.

Tudo o que eu quero
é voar mais alto
e ficar suspensa
em nuvens de algodão,
ascender, libertar-me
das pedras do asfalto
e dançar nos jardins
onde os anjos tocam liras
junto ao meu coração.

Sei que os meus pés
nunca assentam na terra
e que eu posso parecer
um pouco estranha.
Não quero um mundo
onde existe guerra.
Flutuo na minha aura
em tons de aniz
E tudo o que eu quero
É,tão simplesmente, ser feliz!

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
natural: Setúbal
 
Tudo o que eu quero...

A tela perfeita

 
A tela perfeita
 
Meu sonho projecta-se no azul celeste
Meus olhos descansam nas ondas do mar
contemplando a aguarela de cores e formas
louvando ao Senhor o arco-íris no ar

Papoilas vermelhas, fogosas, dançando
rosas amarelas, saudosas de encanto
hortências azuis, acalmam-me a alma
lilases e lírios de tom anilado

Os campos de trigo de espigas douradas
animais pastando no verde dos prados
borboletas tolas impondo a beleza
ignorando o sentido da efemeridade

O pintor criou a tela perfeita
sente-se o seu traço por toda a parte
pena que passemos tão despercebidos
Vede! A natureza toda ela é arte.

Incorpora a Antologia "Poeta, Mostra a tua Cara"

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
A tela perfeita