Da minha janela
Aproveito o pobre momento de inspiração
E novamente volto a escrever…
Quedo-me no silêncio
E fico então a olhar pela minha janela
... Perco-me no tempo
Para além da subtileza do cinzento
Da observação pouco ou nada há a dizer:
Simplesmente, mentes despidas,
Imagens vazias,
Palavras contidas,
Inexistência de melodias,
Sorrisos tristonhos…
Quase na presença do luar
Sem nuvens para assombrar
Quero neste instante
Onde o real se confunde com o abstracto
Fintar o labirinto com mestria
Onde o tempo nos suspende
Quando a vida nos transcende
Neste mundo caricato.
Vidro Sem Luz
De vidro são os meus olhos
De melancolia cansados,
Ternos, mas embaciados.
De longinquo olhar magoado
Sonho despedaçado,
Revejo-me num vidro sem luz
Á muito estilhaçado
Ouvindo a débil voz que me conduz.
Perco a noção do tempo
Recolho-me á negra moradia
Acorrento os murmúrios do sentimento
Lançando ao vento a fantasia.
Então caminho só e tropegamente,
Nos trilhos de um mundo inexistente
Tentando alcançar um sonho pendente
Agora sei que no passado
Simplesmente divagara
Num destino forçosamente traçado,
É a mestria da fria escuridão que me seduz
Quando me revejo…«neste Vidro Sem Luz»
Céu na Terra
Penso-te…
Vislumbro a luz do teu rosto
Abraças-me com teu sorriso
Olhar-te nos olhos…«tudo o que preciso»
Impossível porém,
Não mais estás entre os mortais
Mas sim do outro lado do além
Mas, ainda te sonho, mais do que imaginais.
Queria ter o que nunca tive
O que a vida me tirou
O amor de mãe, que a morte levou.
Resta apenas uma foto de triste olhar
Onde me revejo e me faz naufragar.
Como queria abraçar-te
Sentir poro a poro a tua pele
A passo e passo espero encontrar-te
E não mais me apartar de ti.
Gostava de ouvir a tua voz
A minha ficaria cálida de silêncio.
Tornou-se dolorosa a aprendizagem sem ti
A minha alma pede exílio que perdi.
Queria dizer o que nunca te disse
Maldito relâmpago que de mim te tirou
E os meus sonhos por Terra deitou.
No céu por mim olhas
Na Terra comigo estás…sempre «Mãe»
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Falta-me a Vida
Presa em meus pensamentos
Torturada por meus sentimentos,
Uma vida de mil tormentos
Da qual nem os mais fortes estão isentos.
Morta para o mundo
Vivendo em sono profundo,
Na soturnidade da morte
Procurando um motivo para ser forte.
Esta é a minha história
Que eu tranco nas arcas da memória
Quero me libertar
Mas de que adiantaria gritar,
Se ninguem iria escutar?
E na negra melancolia
Encontro outro ser
De igual nostalgia
Que a minha alma eleva
Até á mais bela treva
Que de sonhos me envolve
E a Lua novamente me devolve.
Mas longe fica o sonho vendado
E continuo com o mesmo triste fado.
Resta-me a ilusão ainda
Pelo menos no crepúsculo que agora finda.
E nesta laminada hora
Existe uma abandonada alma que chora…
Vem e encontra-me
Liberta-me do meu sofrer
Ensina-me de novo a viver...
Silencioso Sentido
Noite sem Lua,
Parceira eterna do meu sentir,
Companheira sombria da minha vida,
Senhora calada,
Que nao me diz onde nada começa
Ou tudo acaba,
E fica a marca por dentro ...
Como tatuagem na alma.
Vida vazia
Caminhada longa,
Alma sem magia
As palavras são amordaçadas
As acções trancadas.
Existe um fio de encanto no sonho
Uma réstia de esperança
O silencio funda-se na eternidade
O olhar ancorado no horizonte
Tactuando a realidade.
E hoje, escrevo o ocaso sobre as fragas,
Percorro a espera na infinitude
No absurdo da ausência
Escrevo…
Perco-me na imensidão do sonho
Arrasto-me nas escarpas da saudade.
Noite após noite,
A demência de adorar a lua…
Sou apenas uma sombra transparente
Onde a minha existência flutua.
Ficou a mágoa das palavras
O sonho ou delírio,
A profunda ferida da ausência
O tédio…a solidão absoluta entre a multidão.
Almejo um porto de abrigo…
Por enquanto, resta-me
Este Silencioso Sentido…
Na voz do vento
Hoje o vento abana o tédio,
Parte aromas de cristal
Como é belo e me deslumbra o mistério,
E põe o sonho no pedestal.
Ouve-se a voz do vento
Que parece versejar,
Faz-me escorregar no silêncio
E me pede para o admirar.
Em redor rareiam flores,
Abstraída no infinito, olhar é distracção,
Dedico-me a catalogar brilhos e cores
Pois poetar é pura pretensão.
Escrevo porque o vento pediu
Passou a ser promessa ou compromisso
Mais que um acordo…persuadiu.
Ficam então as palavras sem sentido,
Num papel em branco (com)ponho-as desajeitadas,
Soltas …perdidas, sem cor, tombadas.
Palavras que ficam ancoradas no tempo
De mão dadas com paisagens de silêncio
Suplicando por letras e silabas organizadas
…Sonhando com pontes sem rios…
E por fim decifro o versejar do vento.
Descreve-nos o cenário,
Fala-nos de estrelas lascadas
Caídas no portão da madrugada
Onde tarda o amanhecer
…Onde tardam marés…
De uma lua magoada.
Queixa-se de ter perdido o aroma do rumor
E as estrelas o esplendor.
Segreda como estilhaçou o medo
Absorveu vontades
Valorizou evidências
Aceitou diferenças…
E seguiu em frente.
Hoje...
Aprisiono as palavras
Limito-me a pensar...sentir...
Sombra de obscuridade
Sonho delirante,
Tentando esquecer uma realidade
Neste mundo embriagante.
Fecho os olhos e não sei onde estou,
Paro, porque não sei para onde vou.
Vislumbro a lua
Com a dor calada bem no fundo
De portas fechadas para o mundo.
Rejeito então a luz do dia
Preferindo a escuridão da noite, longa e fria,
Onde estão os sentimentos que me fazem levitar?
Ficaram talvez no sonho que já deixei de sonhar...
É apenas um lamento
E esse que o leve o vento.
Paro então no amanhecer
para tudo novamente esquecer
E onde a negridão da alma
Trancou sem piedade a calma.
O silêncio, esse, ecoa no espaço
Condenando talvez o que faço.
E agora com o cintilar das estrelas
Consigo ver como são belas
Sem ao menos olhar para elas.
Escorre-me então o tempo pelas mãos
E nada posso fazer para o impedir,
A ausência torna-se presente
E a angústia de não mais voltar a sorrir...
Melancolia
Escrevo…
Transcrevo…
E volto a escrever…
Para nada dizer
Porque ninguém vai entender.
Silêncio insurcedor,
Pensamento demolidor,
Sentimento sofredor.
E tudo o que existe
É o sofrimento que cresceu,
O sonho que desapareceu.
Nada há no horizonte
Para além da fonte que secou,
Pior que isso
Agora descubro,
Que nunca dela
Água brotou…