Poemas, frases e mensagens de ARCO-ÍRIS_NEGRO

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ARCO-ÍRIS_NEGRO

CHUVA DE PECADO

 
CHUVA DE PECADO
 
Hoje não estou solitário...
Acompanham-me o bater dos pingos de chuva lá fora...
As nuvens choram.. Negras...
Se olhassem para cima veriam que lá o Sol brilha...
O céu continua azul...
Espreito pela janela mas não o vejo...
Valerá a pena sair destas quatro paredes?..
Molhar-me no pecado?...
Sentir a roupa molhada junto ao corpo...
Fechar os olhos e imaginar o calor daquele sol
O seu pulsar de luz... o seu sentir...
Que está lá.. mas não o vejo...
Valerá a pena ficar seco.. incólume
E ver apenas a chuva através dum vidro sujo?...
Ou imaginar que aquela roupa molhada...
Que me envolve...
É o teu corpo...
A tua Alma...
E aquele calor agora imaginário...
É o toque quente dos teus lábios...
No meu corpo sedento de ilusão...
Chamar-se-á VIVER a quem não queira sentir tal chuva???...
Ser castigado pelo vento de liberdade...
Na esperança de vir a ter tal sensação???...

DARKRAINBOW
 
CHUVA DE PECADO

VIRTUALIDADE LIBERTINA

 
VIRTUALIDADE LIBERTINA
 
Essência do homem e deste seu muro...
Essência de mim e do que pensas deste Mundo...
Em todo o lado está o mal...
Sou um Deus, ou mais um ser imundo...
No meu sonho, vagabundo...
Na tua realidade, em que vivo em cada segundo...
Procuras...encontras...seduzes...
Eu apenas sou procurado...
Algures encontrado...
Nas margens de um rio salgado...
Por ninguém seduzido...
Um vagalume de tenebrosas luzes...
Uma brisa que nenhum cabelo afaga...
Um leve vento, na realidade ignorado...
Sim...minto em relação ao que não existe...
Libertino em relação ao meu ser...
Sorrio apesar de estar triste...
Choro quando teu sorriso em conturbada mente subsiste...
Procuro outro ser...
Aquilo que procuras e encontras em mim...
Que possuo mas não me deixa ser feliz sozinho...
Quando tu e teu amor...
Forem minha realidade...
Afastar-me-ei destes sonhos...
Rir-me-ei contigo de pesadelos...
Viverei na insónia...
Acordado em ti...
Se esse é o meu caminho...
Aí sim...
Com minha alma, serei por ti, libertino!!!
Darkrainbow
 
VIRTUALIDADE LIBERTINA

THETA SERPENTIS

 
Há uma magia construtiva
Que me faz encontrar
Estranhos seres…
Espumas, cores…
Ouço a escuridão ascender
Numa caixa tubular,
Num dia límpido,
ouço o som do mar…
É um memorial de vida
Exércitos de ondas a exorcizar
Almas são tulipas
Que gritam e questionam
Duetos entre Sol e Lua…
Num paraíso já antigo
De profecias malditas…
Ambos afinal são estrelas
Aríetes de luz,
lançados ao acaso
numa intercepção que seduz
duma sombra que é tua
e dança para mim
Numa noite de Julho…
Com nuvens escuras
de um romance fastidioso…
Que procuras afinal
Quando julgas céus rubros
Dum mundo impossibilitado de promessas…
Debilitado de sonhos…
Apenas reflexos
De espelhos multicolores
Feixes dispersos…
Que encandeiam a minha tatuagem
Que fala de ti…
Ainda é fresca…
E numa suave aragem…
Enquanto durmo
dela escorre sangue…
Pintando o solo
Num doce manto…
De vésperas calcadas…
Acordo e num relance de olhar…
Vislumbro as várias direcções de
Tuas vermelhas pegadas…

JC PATRÃO
 
THETA SERPENTIS

LEVEZA...

 
a subtil leveza de um sonho...
eleva-nos para lá da compreensão mágica e empírica do ser...
é luz no horizonte...
é sentimento tântrico...
é toque de carícia de uma relevante conquista em perspectiva...
é o despertar de uma realidade nunca sonhada...
nunca vivida...
apenas fechada em dois peitos distantes que se cruzaram...
e o seu toque brutal...
libertou o som da caixa de pandora...
o toque de liberdade...
um grito estridente...
mas necessário na guerra da vida...
onde após a destruição...
se respira alegria...
odor a rosas...
DARKRAINBOW
 
LEVEZA...

Presente de Hoje... Dueto

 
Hoje dedico-te…

O meu olhar…

Consagro-te este momento,

preso nas malhas do pensamento…

Construindo a minha rede…

Hoje recebo

…tua codificação desmesurada…

Palavras que me dedicas…

E tocam meus lábios…

Páginas de tua sede…

Uma trama…

Conspiração…

Carinho do meu coração…

Um bailado…

Oriundo de náusea insana.

dependente de propagação…

Hoje serei…

O moliceiro…

Que faz da minha escrita

O moliço…

O afago…

A meiguice que esconde

tristeza suave…

A carícia perdida…

A fuga dos sentidos…

O arrebatamento da alma…

Veemência gentil…

Hoje serei…

Território abraçado…

Alma sorvida

por estrelas caladas…

Luzes…

Fugas…

Erupções premeditadas…

Hoje usei…

O ímpeto

das palavras...

O Impulso irreverente...

A agressividade agridoce…

A medida correcta…

O agitar subtil…

Borbulhar…

Hoje fui usado…

Numa pintura agreste…

Numa palavra pedestre…

Que caminha para mim…

Cocaína celeste,

que me droga

na calçada de armim…

Ergo…

meu cálice

e degluto contigo…

Presenteio-te…

Neste teu dia, com a “Quimera”

das palavras…

Seguro contigo,

essa taça caramelizada,

mel que escorre,

de teu presente antigo

que recebo em nossas mãos

em esfera…

Ana P. / JC Patrão
 
Presente de Hoje... Dueto

FRÁGIL MATURIDADE

 
Paixões determinadas...

Cinzentos subtis...

São parte de um mundo,

são esferas reservadas

que me salvam a alma...

Tudo é simples...

E acontece...

Não consegues fugir ao entardecer...

Nem à morte da manhã...

Estações misturam-se,

como duas flores,

viajando nas costas de um caracol...

...calmamente...

Em devoção à Terra

nossos espíritos voam

através de árvores solitárias...

Através das águas

tentando escapar

pelo portão da descrença...

Distante vejo

como é frágil

a maturidade...

Cada passo que dou em frente

recalco o jardim de anjos enterrados...

Quando pensei estar pronto

apenas levitava

fora do teu mundo...

Era primavera...

As manhãs vomitavam pérolas...

Então bucólico

pensei...

Que inóspito foi aquele dia

que passei em reflexão...

Observei meu corpo...

Cicatrizes de coloridos sem fim...

Eram apenas estilhaços

de um arco - íris glaciar...

...que sonhou ser o vento

que soprava só para mim...

JC PATRÃO
 
FRÁGIL MATURIDADE

Aroma a Maresia... Dueto

 
Atravessei mares

vi passar por mim

as fases da lua

atravessei desertos

de velhas promessas

quis subir cascatas

de esperanças

sem nascentes

e colher a sentida

lágrima do rosto

desfigurado

do amor ausente..

Deitei-me de bruços

Num abraço a mim próprio

Inconformado…incoerente

Jusante de mim

De ti nascente…

Numa escarpa que construi

E que me derrubaste na mente...

Vislumbrei ao longe

em farol abandonado

numa praia de mares

revoltos e cansados

sentei-me no cimo

da torre para te ver chegar

do fundo de ti

do fundo desse teu mar....

Na mão trazia…

Uma rosa em mim

molhada

Aroma de maresia

De ti pingada

Que no corpo

faz vibrar estas ondas

Para lá da melancolia ...

Sentados na areia da praia

absorvemos o ar da esperança

em correntes de maresia....

São Gonçalves/JC Patrão
 
Aroma a Maresia... Dueto

CAMPO DE TULIPAS...

 
Para além do que pretendas

em mundos imaginários...

Vemos tua alma ensolarada

através do vidro de nossos corpos

que por ti são mercenários...

Teu coração de uma papoila

mistura de teu vermelho

e meu negro

floresce na montanha cinzenta

onde nos guias

Onde erraste?…

Através de caminhos desalinhados

quem pode seguir esses passos?…

Quem merece sangrar

Nesses espinhos que deixaste?...

O bem..

O mal…

Uma paixão que nada sentia

vista através da íris

de uma pequena fada

que segue por uma estrada vazia

em tua desejada madrugada…

Sem fim…

Sem tráfego…

Onde o silêncio termina...

Onde num alegre desassossego

com tua loucura,

apenas a sombra de uma guerreira...

Grita um lamento,

uma candura,

mas não solitário como pensava...

Sons de um mundo secreto

mas não auto infligido

nunca quiseste tomar o chá da solidão,

de folhas em turbilhão…

Lágrimas são farripas…

Que escondem uma imensa energia...

Em cada brisa que percorre...

Teu campo negro de tulipas…

JC Patrão
 
CAMPO DE TULIPAS...

INCENSO PROÍBIDO

 
Escrevo numa das margens

Da lezíria...

palavras mais do que soltas...

“Imunes”...

Gozando em pleno,

A

liberdade de pensamento...

A surdez melancólica,

entre duas montanhas...

Em

vales demasiado profundos

lacrimeja o rio...

onde o espírito se define

Se agita...

no sopé da montanha

Amotinam-se...

...flutuam rios de vida

Ensanguentada

a revolta

de puras lágrimas...

Num motim

derretidas por um sol

Devasso

de um dia como hoje...

Ter o privilégio

A honra,

dizer a palavra...

Chorando,

tocar a guitarra...

mesmo que amanhã chova

Na melodia

acompanho-te... sozinho num sonho

Devaneio...

durante o mistério da noite...

A cópula,

em que escondemos todas as nuvens...

A aliança

que nos une na escrita...

na partitura que

toca meu livro enegrecido...

Um abraço definido...

Um tempo...

Uma voz

que mostra sua próxima página...

Aromático odor...

Libertado no desfolhar

Deste livro...

O...

“INCENSO PROIBIDO”...

DUETO JC PATRÃO/ ANA p.
 
INCENSO PROÍBIDO

Escuridão e Luz... Dueto

 
Na escuridão de minh'alma

habita meu lado sombrio

Aquele que escondo,

que aprisiono a sete chaves

e na calada da noite me invade

Ele chega arrastando seu peso, seu penar

Correntes de bronze em seus pés atados

Ele habita na noite escura,

no vazio da solidão,

tirando-me o sono e a paz

Esse Sete que me persegue

Sete cores

Sete Mares

Sete Notas

em que me tocas...

como um brilho escuro

de veludo negro

toque suave...

de uma armadilha

teu segredo...

Segredo que não se pode revelar,

mas as sete chaves resguardar

A escuridão tem seus encantos

É nosso refúgio para a dor,

sem máscaras, sem sonhos

A realidade sem retoques

Sem o brilho das cores

Somente nós, dentro e no fundo

de nós mesmos

entregues às solidão que assombra

libertação de nós próprios

na fina linha

que nos separa

da profunda dor nocturna

e do fogo de artifício

de tua respiração aprisionada

no horizonte de meu dia

que morreu na praia cinzenta

Linha tênue

Dois opostos que se atraem

Escuridão e luz

Na escuridão a dor vivida em sua intensidade

Na luz a esperança de um melhor porvir

Perder-se nessa prisão que oprime

Não, não é a solução

Venha comigo, me dê sua mão

Vamos juntos em busca da Luz

Não tenha medo, guardemos nossos segredos

Onde apenas me rendo

a teu murmúrio sem limites

em que sou guloso de serenidade

ansioso da simbiose das mãos

sente esse suor ansioso

voa através de intenso fumo

sopra e vê-me sem sombra

tens mesmo a certeza

que contemplas algo perigoso...

A sombra não me assusta

Pois sei a luz buscar, quando necessário for

Só vivendo nossa sombra ,sem medo

Podemos encontrar nossa verdadeira luz

A serenidade das mãos

te aplacará o medo da solidão

Confie em mim, venha ...

Sei o caminho para sair das trevas

e não te deixarei só a luz do sol

Apenas necessito de um dolmen

para o velho corpo descansar

venenos transpirar...

de outrora reconditos instintos

que agora me dizem

que os negros famintos

são apenas aqueles

que em teus olhos brilham...

Ianê Mello / JC Patrão
 
Escuridão e Luz... Dueto

PENSAMENTOS...

 
Usei a noite

para sonhar com o arco – íris...

Usei o mar

para reflectir o azul...

Usei o sonho

e o olhar de Osíris...

Usei o dia

para cansar o Sol...

Usei a religião

para solicitar clemência...

Usei a mentira

para ocultar a razão...

Usei a subjectividade

para desmoronar a verdade...

Usei as palavras

para engrandecer uma tela...

Usei o sarcasmo

para justificar a existência...

Usei a escultura

para moldar minha cela...

Usei o Tempo

para construir minha idade...

Usei o Fado

para ilustrar a saudade...

Mostrei o Desejo

e defini a lascívia...

Usei eloquência

e saldei minha dívida...

Usei a Mulher

e fui usado até à Eternidade...

JC PATRÃO
 
PENSAMENTOS...

SOZINHO...

 
Suspeito que me invado constantemente com sonhos de outrora...
Suspeito que sonho, ausentemente, onde me encontro agora...
Estarei ainda contigo...???
Estarei além...???
Estarei sozinho... mas ausente de quem...???
Ardilosamente, rastejam até mim...
Inconscientemente, permito a aproximação, ilícita...
Insistentemente, afasto quem sinto, de relance...
Enfim...
Mantemos a distância segura, em que insisto...
Nunca sentimos que esta esteja explícita...
Sendo assim... Estou sozinho...
Mas sozinho e ausente de mim...???
Será este pensar em que não existo...???
Suplico-me para voltar...
Sem mim... O nosso plural se voltará a ocultar...
Apenas tu existes...
Mas onde...??? Ausente de quem para estares aqui...???
Não sabes onde navegas...
Não sabes quando sossegas...
Não sabes... Mas eu sei...
Quando ausente de mim te encontrei...
Este será meu julgamento...
Serei o arguido...
Sem defesa possível, vocifero, escrevo, grito...
E serei ouvido...
Mas nunca serei escutado...
No peito... Um orgão sem música, lancetado...
Defendo-me de mim...
A qualquer hora...
Por um momento...
Defendo-me de ti... Quem sabe, de forma sucinta...
Mergulho no mar, no rio, na chuva...
Mas minha alma nunca será limpa...
Molhado, húmido até à raiz da desorientação...
Vejo uma infindável, eterna, uma nómada multidão...
Será que ali passaste...
E em momento de cansaço inevitável, meu olhar com o teu não cruzei...
Meu olhar baixei e minha turva visão quebrei...
E não o cinzento, nem o vento de tua sombra...
Apenas vislumbro a usual penumbra...
Não presenciei tua real cor...
Mas existe... Eu sei...
Do alto do teu canto vês um abandonado monte...
Naufragado na rocha, ali jaz um encarnado ponto...
Num mar escuro de proíbido azevinho...
Local ideal para um rasgado e visual encontro...
Minha água ali corrente, onde será sua fonte...???
Quem me vê és apenas tu...
Aquele singelo ponto... Apenas eu...
Sozinho...
Só a paixão existe...
Só eu estou triste...
Nada, nem ninguém neste local àrido subsiste...
Apenas um desalinhado caminho...
Onde me procuro, e encontro...
Sozinho...
DARKRAINBOW
 
SOZINHO...

Vítima Quotidiana

 
Já fui íntimo da floresta...

Criei-lhe expectativas

para lá duma segunda oportunidade...

Criei mitos...

Desmistifiquei vibrações...

Desenhei sonhos de infância...

Brinquei comigo...

Era a ti que tocava...

Com um coração feito de água...

Atravessado pela chuva

num mundo desprotegido...

Transformei o Tempo

em artefactos

criados por mim....

Cheguei à conclusão

que fui apenas

mais uma vítima quotidiana

deste mundo apático…

JC Patrão
 
Vítima Quotidiana

Lição de tolerância...

 
Asfixio-me
na minha própria galáxia
numa hiperactividade
de estrelas mortas...
Em que comparo as crónicas
do desejo em voar de Ícaro...
às minhas próprias histórias
fáceis de narrar…
Mesmo que escreva sem coração
em meus manuscritos
sou imortal!...
Sinto tudo
como se já tivesse nascido...
Sinto-me nada...
Como se parasse
e me esbarrasse na eloquência
perversa de quaisquer actos…
Talvez apenas eu veja
a sombra de um lobo alado…
E toque um instrumento
para o guiar no voo
do seu destino…
Talvez algo em ti
me faça partir em retirada
após conquistar fogos dispersos
do meu mundo de sonhos...
Sem pesos… nem tempestades…
Após o violento
renascimento da Lua
talvez...
Apenas me baste um lição
de tolerância…

JC Patrão
 
Lição de tolerância...

SEI MUITO BEM...

 
Eu sei muito bem, o que fazes aqui..
Só não sei quem sou ou o porquê do que senti...
Eu sei muito bem o que fazes aí...
Fazes o que aqui não faço, porque é impossível sem ti...
Eu sei muito bem...
Quando voas acima do meu céu...
Mesmo vivendo a hibernar no fundo deste oceano...
Mesmo sabendo que nada do que sentes é meu...
Eu sei muito bem..
Deste nobre sentimento já sou ilustre decano...
Que sabes tu acerca da desilusão...???
Que sabes tu o que trago agora na mão...???
Que sei eu acerca do segredo que te esmaga o coração...???
Que sei eu acerca de teu cheiro...???
Que sei eu.. onde te refugias e ausentas num simples passeio...???
que sabes tu acerca do meu olhar...???
É sisudo ou inocente, ou prende qualquer transeunte que pára ao passar...???
Esbarro na pedra, ou fito horizontes...???
Tranco o olhar, onde te vejo alegre... Corres em verdejantes montes...
Eu sei muito bem...
As saudades de ti...
Sem nunca te alcançar...
Seguro nos pulsos os ponteiros do tempo...
Mesmo sem mar revolto... Enjoo em lamento...
Tu sabes tão bem o que sentes por mim...
Me inventas em sombras que vislumbras em horas tardias...
Me consomes em alimento para tua alma...
Sabes tão bem...
O que sonharias...
se comigo passasses teus dias...
Mas entre nós há um iman convexo e invertido...
Um abraço de distâncias...
Um adeus sonhador, antes de ter existido...
Uma fome de palavras, que liberta tuas ânsias...
Mas... Sabes lá tu...
Se sou mesmo eu que estou aqui...
Sabes lá tu porque solto estas palavras...
Será desde hoje, ontem, ou já narro velhas infâncias...
sabes lá tu, se as sorveste, como mereci...
Sabes lá tu o que confidenciei e já esqueci...
Sabes lá tu se com teu cantar estremeci...
eu sei muito bem...
O que sinto por ti..
Só não sei quem és...
nem porque nunca te vi...
Darkrainbow
 
SEI MUITO BEM...

A MINHA CERTEZA...

 
Tu és a única que me poderá abraçar e manter junto a ti…
Só por ti abandonei minha vida e parti…
Só tu me escondes o dia, a noite, o Sol, a Lua…
Só tu me retiras minha alma tão nua…
Caminho entre a multidão e ainda sinto quem sou…
Mas para onde vou não sinto solidão…
A cada passo que dou…
A cada batida do coração…
De ti mais perto estou…
Retiras-me a luz, retiras-me as cores…
Só tu afogas minhas dores…
Me fazes esquecer perdidos amores…
Contigo em repouso descanso em paz…
Contigo até esqueço a cor de flores…
Contigo me esqueço da guerra, como ela se faz…
Contigo me esqueço da minha cidade…
De minha infância…
Me esqueço de minha idade…
Da materialidade, da ganância…
Contigo o limite do sentir mais puro…
Uma farsa augurar o mais triste futuro…
Sublime é o que fazes comigo…
Sublime é o teu feminino sentido…
Nem que eu tente fugir…
Nem que eu tente gritar…
Para mim irás sorrir…
Para mim voarás para me alcançar…
Me afastas no vento…
Me afastas na suave brisa…
Me afastas de qualquer outro intento…
Me fazes ver que razão e alma nunca foi concisa…
Já perdi o tempo de aprender…
Já perdi o tempo de acordar…
A tua delicada e silenciosa escuridão não é preciso temer…
É uma envolvência feroz que perco sem lutar…
Me fitas os olhos com tua candura..
Me esqueço que um dia senti outra ternura…
Sente meu corpo ao teu lado, em teu leito…
Sente como já está gelado este meu peito…
Afaga meu cabelo, como seja a última vez…
És mais forte que eu, e que o Deus que me fez…
Só tu me fazes esquecer a beleza…
Só tu me dás a certeza…
E me esqueço da sorte…
Só tu ficarás comigo para sempre…
Tu és a Morte…!!!!

DARKRAINBOW
 
A MINHA CERTEZA...

EROSÃO DO SER

 
Erosão desleal
de tua silhueta...
...areias...
Misturam-se
mescladas
com rochas
em profanada ampulheta...
Grão a grão...
Verto cinza
de teu desgaste...
Efémero...
Mão na mão...
Dificuldade minha
em ver que erraste...
Discernir
se o fumo se esvai...
Ou a névoa se adensa...
Vai...
Onde eu fui...
Parte de minha alma...
Pretensa...
Cega-te...
Com minha luz...
Obscura... Intensa...
Fugaz o adorno,
é tudo aquilo que ora vejo...
Mas faz parte do SER
não étereo,
e dum consumido desejo...

JC Patrão
 
EROSÃO DO SER

Incenso Proíbido

 
Escrevo numa das margens

Da lezíria...

palavras mais do que soltas...

“Imunes”...

Gozando em pleno,

A

liberdade de pensamento...

A surdez melancólica,

entre duas montanhas...

Em

vales demasiado profundos

lacrimeja o rio...

onde o espírito se define

Se agita...

no sopé da montanha

Amotinam-se...

...flutuam rios de vida

Ensanguentada

a revolta

de puras lágrimas...

Num motim

derretidas por um sol

Devasso

de um dia como hoje...

Ter o privilégio

A honra,

dizer a palavra...

Chorando,

tocar a guitarra...

mesmo que amanhã chova

Na melodia

acompanho-te... sozinho num sonho

Devaneio...

durante o mistério da noite...

A cópula,

em que escondemos todas as nuvens...

A aliança

que nos une na escrita...

na partitura que

toca meu livro enegrecido...

Um abraço definido...

Um tempo...

Uma voz

que mostra sua próxima página...

Aromático odor...

Libertado no desfolhar

Deste livro...

O...

“INCENSO PROIBIDO”...

JC Patrão/ Ana P.
 
Incenso Proíbido

Refúgio no Deserto...

 
Como é que seria suposto

Ser o mundo

Para além desta cerca

Um refúgio

Um espelho de mim

Qualquer coisa

Um momento

Que quebre o silêncio

Nem que seja a estupidez…

Estampada no rosto

Duma flor da manhã…

Que contudo me alegra…

Sinto-me vivo…

…casualmente…

Escolho-te para inspiração

Para além daquela pequena gota

Que desgastada me perseguiu

Ainda me lembro

Por vezes

De deixar a janela aberta

Na esperança de a voltar a sentir

Na face caída do Céu…

Rolando calidamente

Nas areias inocentes

Dum deserto só meu…

JC Patrão
 
Refúgio no Deserto...