Sentido
Aprende como se fosses viver para sempre
Vive como se fosses morrer amanhã
E assim,estas palavras ecoam profundamente
Nos quatro cantos da minha mente
Mas estas palavras não fazem sentido
Nada faz sentido
Até tu,outrora pura de coração
Optares por outro caminho
E deixar de sucumbir a essas vagas percepções
Da tua errante realidade
Continua,e assim verás
O cerco a apertar-se cada vez mais
E ai não terás solução que não aquela
Que te for forçada
Não direi que sou a salvação
Mas também não serei a perdição
Só te posso abrir as portas
Daquilo que será a mudança
Só tu poderás ver o que esta além
Mas não irás sozinha
Estarei contigo sempre
Mesmo que não o queiras
Pois só tu consegues dar sentido
Aquelas sonantes palavras
Aprende como se fosses viver para sempre
Vive como se fosses morrer amanhã
Isto só fará sentido,contigo
Apenas ao meu lado.
Além da razão
Desolado no abismo do esquecimento
Não existe nenhum modo de erradicar
Apagar,desvanecer,ignorar
A dolorosa razão que me arrastou para tal
Razão que está presente na minha expressão
No meu olhar,no meu respirar,no bater do meu coração
Um enfraquecido espinho no meu pilar de memórias
Que cresce desmesuradamente sem receios ou misericórdias
Mas é uma razão sem base,sem fundamento
É uma razão sem razão existente
Volto e voltaria a respirar o esquecimento
Apenas para olhar nos teus olhos
E perfurá-los para alcançar
A verdade da razão que escondeste.
Quebra De Rotina
Tempo e tempo outra vez
Sempre e sempre mais uma vez
Cego pela constante luz
E barulho de arredores
Continua a moer
A paz que necessito
E como hábito
Espera-se pelo cair da noite
Para acalmar esta ânsia no interior
Mas enquanto a noite não me acalmar
Não vou fugir,não vou poder deixar passar
Esta quebra de rotina não vai parar
Algo de novo irei respirar
Não consegui,nem impedi
Mas adormeci o que sempre quis de mim
Não consegui nem impedir
E adormeci o que sempre quis de mim
Estes olhares familiares
Há muito que se tornaram banais
Como todo o mundo
Tento viver o dia-a-dia
Sem sofrer a maldição da rotina
Pois o que será de nós a não ser máquinas?
Terei tempo,terei ocasiões
De poder expressar imensas sugestões
Até lá
Espera-se pelo cair da noite
Para aguentar esta ânsia no interior
Mas enquanto a noite não me acalmar
Não vou fugir,não vou poder deixar passar
Esta quebra de rotina não vai parar
Algo de novo irei respirar
Não consegui,nem impedi
Mas adormeci o que sempre quis de mim
Não consegui nem impedir
E adormeci o que sempre quis de mim
Sem preocupações
Sem pressas
Com tempo irei alcançar
É por isso
Que confio em ti
Mas enquanto a noite não me acalmar
Não vou fugir,não vou poder deixar passar
Esta quebra de rotina não vai parar
Algo de novo irei respirar
Não consegui,nem impedi
Mas adormeci o que sempre quis de mim
Não consegui nem impedir
E adormeci o que sempre quis de mim
Não tem música a letra mas o texto foi criado como letra.Se alguém a quiser aproveitar para uma música,está a vontade.
Visões
Visões surgem
Visões desaparecem
Como uma lufada de ar fresco
Ou como demências que acontecem
Eu vejo estas luzes brilhantes
Anunciam mais um mês
Mais tempo de dilúvio e martírio
Encarcerado nesta decadente cela
Onde noite após noite
Eu deito-me sobre camadas
De uma vida quebrada
Apenas com a tua omnipresença
Vaga em realidade,profunda em mente...
Sou consumido pelo escuro
Paralisado por espinhos derivantes de um abismo
Apenas e apenas só,existente nesta lacuna da minha pessoa...
Calmaria antes da tempestade
No despertar duma nova alma
Renascida livremente do centro do universo
Tudo permanece turvo
Sóbrio e desconhecido à mente
Sem experiência,sem cicatrizes emocionais
Nada que lhe explique o que lhe é mostrado
diante dos seus inocentes olhos
Sem nunca ter provado decepção e carinho
Hipoteticamente cercada
por inocência e falsas crenças
Que irreal que é.
Quando é calmaria antes da tempestade
Que a vida irá ser
Não lhe consigo descrever como sentir
Não lhe consigo descrever como tocar
Mas consigo-lhe descrever quando se tenta acarinhar uma existência.
E eu permaneço não amado e esquecido
Pois tudo se deriva para longe,e bem longe
Da complexidade básica logística da inteligência.
Falhei,e a penalidade é choros interiores,
sobre choros silenciosos.
Lágrimas solenes escorrendo interiormente
Como uma hemorragia interna fatal
As razões estão em branco
E o coração em pedra fria
Sem sentido de emoção
Tirada por vagas ilusões da percepção
Novos seres que nascem
Irão ver, sentir, o que já transcrevi
É um caminho ardúo que desconhecem
Irremediavelmente, tento recuperar meu coração incapacitado
Esquecido, a apodrecer numa negra imundice
De desespero e mágoa.
Mas, para meu infortúnio, continua enterrado
cada vez mais fundo.
De um abismo tenebroso,
Parece-me hilariante
Como um sonho em pleno vôo a vida se torna,
Tirada e quebrada
A espalhar uma nuvem sombria
Onde nunca a estrela da vida brilha
Consigo descrever como sofrer
Consigo descrever como viver em lamento
Mas nunca saberei descrever
como a alma é apunhalada
E assim permaneço.
Sem ajuda e duvidoso
Não amado e esquecido
Nas fissuras ignoradas do destino...
Progresso
Ao testemunhar mais um nascer do sol
E apesar da abstinência de esperança
Martirizo-me vezes sem conta
Como retomar tempos passados
Tempos que lágrimas afogaram
Tempos que sofrimento insistiu
Em destruir e prolongar
Não há caminho de retorno
Existe algo que o tempo não consegue curar
E cicatrizes que nunca saram
Mas que sempre sangram
Não há caminho de retorno
Nunca houve, nem haverá
Como desejo fortemente
Mudar o que me mudou
Apagar o que me magoou
Reconstruir aquilo que foi destruído
Algures nos meus pensamentos
Imagino como terá sido
Aqueles tempos sem aquelas dolorosas vivências
Mas uma parede bloqueia a mente
E prende-me a este presente
Pensamentos que apenas serão divagações
A resposta esconde-se nos teus olhos
Onde eu não tenho a coragem de olhar
Esta dor impede-me
E esta supressão enterra-me
Num espaço que quebra a realidade
Não há caminho de retorno…
Mas haverá um caminho de progresso
Algures…
O Dia
Este será o dia
Em que memorias de noites passadas
Reflectem um pensamento
Este será o dia
De tudo que se passou
E de tudo que se iria passar
Este será o dia
Em que amarguras contidas com o passar do tempo
Nada se comparam com a cansativa percepção
Do dia de hoje
Este será o dia
Que existirá valiosas lembranças
Cobertas com um simples toque de desilusão
Este será o dia
Em que o que foi já era
E o que era o tornará a ser
Este será o dia
Do tudo e do nada
Dos opostos e semelhantes
Este será o dia
Em que se perdeu
Pequenas peças que reflectem estabilidade
Duma possibilidade de felicidade rejeitada
Em prol do individualismo
Esta será a hora
E o dia
Em que me perdi no anterior
Mas sem nunca me entregar à indiferença.
Ascensão
Acções extremas
Requerem medidas drásticas
E mais uma vez
Remetem-nos ao silêncio avassalador
De um regime ás cegas
Onde a simplicidade da verdade
É ofuscada pela necessidade da grandeza
Grandeza que talvez será a perdição
Ou o abrir de mentes de muitos
Mudanças para um propósito absurdo
Meios que forçam a natureza do ser
Em algo inatural
Como já nao bastasse a realidade
A tentativa de nos transformar
Naquilo que governa o presente
Aflige o meu coração
Pena de muitos que se limitam a corrente
Pena de muitos que perdem inocentemente a sua alma
No sentido duma ascensão
Ascensão que rejeito
Ascensão que odeio
Nascemos para viver
E não apenas para respirar
Sobre as cinzas dos impérios
Irei caminhar
Humano e nunca
A ascensão duma máquina
Calculista e obsoleta.
Inimigo
Algures…
Ao longo do caminho exposto
Coincidências
Ou meros acasos
Posso pensar que o foram
Mas bem lá no fundo
Da podridão que não transparece
Digo firmemente que não o serão
Pois estas costas há muito estão apunhaladas
Bem fundo a sangrar silenciosamente
Culpa deste inimigo disfarçado
Que se cobre por debaixo de falsas manhas
Conhece o teu inimigo, dizem eles
Mas fraquezas existem nos piores momentos
Nunca ninguém pensa, suspeita, apercebe-se
Dos passos que dão
E é nesses momentos, na linha da frente
Que fui, que fomos, que somos
Invadidos por esta sensação de amargura
E da percepção realista que sempre esteve lá
Mas com o enterro derivado da nossa ingenuidade
O negamos, o rejeitamos
Com o triunfo vem a perda
E embora não o queiramos
O inimigo supera-se sempre
Pena que o reconheço tarde demais
Pena de tudo o que perdi
Nas peripécias e esquemas
Desta raposa esfomeada e maliciosa
Agora já te vejo com bons olhos
Não me adormeces mais com o teu veneno
Inimigo interior, inimigo mental
Inimigo escondido, inimigo fatal
Com a minha conquista sobre ti
Irei acordar e curar
Estas feridas ardentes
Inimigo…
O outro lado da divergência.
Arte Do Medo
No meio
De certo modo no meio
De tons acinzentados
A luz calmamente desvanece
O controlo ansiosamente se enriquece
É o principio de tudo
De todos os presságios diários
O tempo torna-se irrelevante
E nada pára
Situa-se no meio
De certo modo no meio
De tons acinzentados
No meio de tempo perdido
As cartas estão lançadas
O espelho quebra-se
O silêncio descansa
A indiferença instala-se
Peripécias através de mecanismos invisivéis
No meio
De certo modo no meio
De tons acinzentados
E de tempo perdido
Imagens que provocam reacções
Reacções que limitam o ser
Fronteiras estabelecem-se
Conformismo alimenta-se
Dependência de algo que não se necessita
Torna-se o combustivél da mente
E assim começa a arte do medo.