Poemas, frases e mensagens de Lua74

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Lua74

“Morte”

 
Estaquei,
roxo, findo e obtuso.
Mergulhei no abismo,
percorri o tempo,
palmilhei o infinito,
passei por ti,
por tudo e nada...
Já nada.

O meu coração cresceu
à dimensão do meu pavor
e engoliu-me.
Fiquei só,
só com ele
naquelas quatro paredes,
que se dilatavam
e se comprimiam
ao ritmo do meu temor.

Fiz as malas,
Parti
e partido permaneci....
 
“Morte”

enCONTRASTE

 
Queria-te hoje, mais do que nunca, do meu lado, do lado direito, contrário ao coração, como eu. Como queria ter contigo um aconchego, pintado de cores suaves, claras mas alegres; perfumado de jasmim e magnólia, desses perfumes que nos apontam o caminho de casa e impelem a chamar “minha” a uma mulher. Agregar o amor e incorpora-lo num eterno fruto, o milagre da vida com e pelo amor. Percorrer a teu lado, por baixo, ou por cimo, os meandros da paixão. Ser terreno, carnal, banal; ser perpétuo, colossal, peculiar. Eu!
 
enCONTRASTE

VIDA

 
Bulício de Outono,
verde castanho e fogo,
perpétuo silêncio,
crepitar...
Suave brisa,
estação florida,
primavera da minha vida.
Quanto colorido,
quando riso,
quão vago,
um suspiro...
 
VIDA

Carreiro

 
Encontro-me hoje envolto,
mas não conformado,
pela mediana existência
- hora pra entrar -
- hora pra sair -
- hora pra comer -
- hora pra dormir -
só não antevejo a hora de partir.
Estou sempre pronto,
mala feita cheia de nada,
destino marcado
direcção incerta.
Estou, mas vou...
vou atrás de ti,
outros atrás de mim
e atrás desses outros,
num perpétuo rodopio:
Formigas...
…cigarras.
E se falhar a marcha?
Se desalinhar a formação?
Se disser que não?
Quantos o fizeram?
Poucos,
os loucos,
os génios,
os alienados.
E porque são os poucos os loucos,
os que dizem que não?
Porque não são os loucos os outros,
os da formação?
Será a negação a razão?
Ou está a negação na base da falta de razão?[center][center]
 
Carreiro

Fel do Mel

 
Ainda te sinto junto a mim:
O teu cheiro
O teu murmúrio
O teu mel
Meu sepulcro!
Onde baixei quando te perdi
(Ou fugi de ti...
Talvez por amor é que te fugi
(Ou te perdi...
Para não te ceifar ou fenecer por ti.
Para não desvendar o esquiço da (in)felicidade
Nos adornos do quotidiano:
Desejar montantes para os admirar,
Exigir amor para o aniquilar,
Ter filhos para os abandonar,
Perder tudo para recomeçar…
Loucos?!
Não, adaptados
A um desatino colectivo,
Respeitável e outorgado.
 
Fel do Mel

Os teus olhos

 
Os teus olhos
São arrojos
São lampejos
Trigo limpo
E joio
São…
Desejo-os
 
Os teus olhos

Sonho contido

 
Sonhei contigo.
Um sono verde.
Um sonho ver-te.
Verde florido
gemido sofrido
quente ardido
ausente perdido
presente sofrido
um sonho perdido
um sono sofrido!
 
Sonho contido

Sabor a não saber

 
Fomos, afinal, dois meninos
Que, sem saber, se perdiam
Na imensidão de se encontrar
Fizemos tudo
Não soubemos amar!

Palavras a mais, sorrisos ocos
Palavras a menos, gestos trôpegos
Tudo fizemos
E não soubemos amar!

Mordemos, calamos, sofremos
Olhamos mas não vemos…
Nada faremos
Sem sabermos amar!

Não façamos mais nada, então
Aprendamos a amar!
E esse nada será tudo
E tudo mais será nada
Quando soubermos a mar!
 
Sabor a não saber

Estranha à minha escrita

 
Sai num turbilhão
Não sou tida nem achada
Obedeço a outra dimensão.

É um sopro da minha mente
É alguém a pegar na minha mão
É o meu corpo em torrente
É divina criação?!

É mão estranha que insiste
Ao meu suave feminino dizer não
Talvez lhe facilite
Ou dê harmonia à combinação!...
 
Estranha à minha escrita