Balada do abandono
Não consigo sair desta escuridão,
desta solidão que existe no meu coração…
Olho em meu redor e nada faz sentido!...
Procuro o caminho que me traga de volta,
a luz que apague a noite que há em mim.
Rodopio num vazio vezes e vezes sem fim…
Quero sair! E então grito!
Mas a balada do abandono silencia a minha voz…
Lua
Olho para a lua
tão nua e crua
por não ter o seu amigo,
que por castigo,
Deus o separou de si.
Olho para ela brilhante,
mas vazia.
Vazia por amar
e não poder ficar
junto da sua vida...
Olho para mim
e vejo-me sem ti!
Comparo-me com a lua
porque tal como ela,
eu não posso ser tua...
Tu, minha flor.
.
Tu, minha flor que te vi nascer
e crescer no meu jardim.
Que desabrochaste num parecer
tão tímido, misterioso e discreto,
como que se quisesses que o mundo
não olhasse e visse o teu encanto.
Mas no entanto, ali estavas tu, bela, viçosa
e ao mesmo tempo tão frágil e tão insegura…
Sim, eu olhei-te! Porque esse teu ar me chamou,
atraiu-me como que se de um íman se tratasse.
Admirei-te vezes sem fim e tu sempre ali,
imóvel e de uma forma tão ausente…
Certamente por serem meus olhos
que te adoravam e não outros olhos…
Sim, eu olhei-te! E tu? Olhaste-me? Viste-me?
Um dia quando menos esperares
Um dia quando menos esperares,
encontrarás num simples olhar,
uma flor a desabrochar.
Tão idêntica àquela flor que um dia
alguém a fez murchar.
Sentirás novamente vontade de viver,
não desejarás morrer como antigamente.
Desejarás cultivar a semente
que dessa flor restou e te fez renascer.
Farás tudo para a proteger
da rigidez do frio e do calor!
Dar-lhe-ás tanto amor,
que ela em troca dar-te-á
o que de mais belo tem uma flor!
Esta noite
Esta noite abraço-te no meu mundo
num sentir profundo.
Aproveito cada segundo
até ao derradeiro final…
Sorvo dos teus lábios
as ultimas gotas de esperança,
o último sustento até ao cair do sonho…
Percorro o teu rosto com as minhas mãos,
sinto cada traço teu…
A saudade invade-me por momentos…
Olho nos teus olhos e o meu olhar denuncia-me!
Desmascara a dor de partires que aperta no meu peito…
Meu coração fica tão pequenino que mal ouço a sua voz…
Tento falar, mas a mágoa e a tristeza impedem-me!
E eis então que te deixo partir…
Luz
Mergulho neste meu devaneio manchado pelos dissabores
de uma primavera que se transformou em Inverno,
de um doce que deixou de ser doce...
Procuro entender os seus desígnios
de modo a que a minha alma encontre a paz desejada,
paz há muito tempo roubada pela dor da tua ausência …
Esta dor inquietante, este desassossego permanente
que consome cada fibra do meu corpo…
Não aguento mais este estado de agonia!
Não aguento mais viver sem viver…
Não quero mais esta sombra que me rodeia!
Procuro uma luz no túnel que me conduza de novo à vida,
que me devolva os meus sentidos!
E eis que a vejo lá ao fundo!
Vou caminhando na sua direcção, até que a claridade me invade!
Como eu me havia esquecido do seu calor…