Amor é...
Amor é o sorriso triste que lábios secos transparecem,
É o sofrimento cego e invisível de quem não é amado,
É a lágrima no canto do olho, que desejosa de escorrer aguenta...
Amor é a alegria de querer, é a mágoa de não ter, é o achado,
É o gritar desesperado por aqueles que o merecem.
Amor é não duvidar do que se sente,
É acreditar naquilo que jamais irá acontecer,
É sentir a dor, enorme dor, mas não desistir...
Amor é não ter nada e ser rico, isso saber,
É pensar com o coração, esquecer a mente.
Amor é o calvário eterno, infindável,
É desejar todo o sentimento mostrar e não o fazer,
É conter em si algo que não dá para controlar...
Amor é dar tudo sem reflectir, é nada perder,
É ter a sorte de possuir algo inimaginável.
Quem ama sabe o que é o amor,
Tem a sua definição do indefinível,
Sente aquilo que é impossível descrever,
Amar é tudo, é algo de incrível,
Felizmente nem sempre amor é dor...
Gritando
Grito ansiando teu corpo,
Grito sonhando contigo, em te tocar,
Grito por saber que é utopia,
Grito porque sempre o fiz, não posso parar,
Grito, provando que sou um ser absorto.
Gritei por te ter tido e te ter perdido,
Gritei por todos os erros que cometi,
Gritei por tudo o que felizmente vivi,
Gritei, sofrendo sempre, ser perdido.
Gritarei quando o teu sorriso me pertencer,
Gritarei ao ter-te a meu lado, ao te abraçar,
Gritarei de um dia novamente te beijar,
Gritarei quando contigo puder acordar,
Gritarei quando a realidade me fizer sofrer!
Não sei
Naufragado em mares que tão bem conheço,
Mares cheios de lágrimas repletas de solidão,
Mares onde mais nenhum ser navega,
Mares que tão bem descrevem meu coração,
Mares cheios do vazio, neles padeço.
Vejo no horizonte um pouco de terra,
Esforço-me para tal sonho alcançar,
Esbarro contra rochas, mas não me impedem,
Continuo como até então a lutar,
Quando a terra pisar a noite cerra.
Creio que naquela miragem felicidade encontrarei,
Nado todos os dias, assim continuarei a fazer,
Porque o sonho é a única coisa em que acredito,
E por mais que este sonho me faça sofrer
Sempre o amarei… Estupidez? Não sei…
Carta a um amor secreto
Apareceste na minha vida e de repente viraste tudo do avesso. Tudo aquilo em que acreditava, tudo aquilo que tinha como certo, deixou de o ser, pelo simples facto de tu estares ali, diante mim, a sorrir. E nem sorrias para mim. Sorrias por sorrir. Sorrias por seres como és. E eu, feito tolo, fiz com que aquele teu sorriso me mudasse a vida. Fiz com que todas as minhas acções, todos os meus gestos, todas as minhas palavras, fossem condicionadas por aquele teu sorriso perfeito, aquele sorriso que nem nunca pensaste em dirigir-me.
Terei errado? Por ter visto em ti tudo o que procurava, por ter visto em ti tudo o que precisava, por ter visto em ti tudo? Tu és esse tudo, nunca duvidei disso. És a rapariga dos contos de fadas que só existe em filmes e em livros de encantar. És a princesa abandonada que precisa de ser confortada. És o sonho tornado realidade. Mas não és, nem nunca serás, a minha realidade. E não me recrimino por isso. Sei que serás a realidade de alguém, e sei que esse alguém será o teu sonho tornado realidade, porque tu o mereces, mais que ninguém.
E um dia, quando passar a teu lado e tu nem sequer me reconheceres, eu sei que poderei contemplar o teu sorriso e isso ser-me-á suficiente para continuar a acreditar na perfeição e, acima de tudo, ser-me-á suficiente para conseguir continuar a acreditar no amor.
Mais Perto
Apaga as luzes e sorri para mim,
Esquece o passado, o presente e o futuro,
Apaga as luzes e abraça-me sem fim,
Revela-me o teu lado mais puro,
Apaga as luzes e segreda-me assim:
“És tudo aquilo que eu procuro.”
Desliga a música e diz-me a verdade,
Mostra-me o que é que sou afinal,
Desliga a música e acaba com a saudade,
Prova-me que te fiz sentir especial,
Desliga a música e destrói a dor que me invade,
Acaba com esta história, dá-lhe um final.
Chega-te mais perto e permite-me sonhar,
Acredita, nem que seja por um momento,
Chega-te mais perto e deixa-me amar,
Dá uma oportunidade ao sentimento,
Chega-te mais perto e faz-me parar,
Liberta-me de todo este sofrimento.
Falsa Coragem
Parei. Tentei lembrar-me de alguma coisa, por muito insignificante que parecesse, que me desse força para continuar a avançar… mas não encontrei nada. Tentei então encontrar uma razão, qualquer uma, que me mostrasse que valia a pena lutar… mas mais uma vez com nada me deparei. Foi então que percebi que aquilo era o que eu tinha que fazer: tinha de parar.
Fechei os olhos e fui absorvido pela paz que a escuridão sempre me deu, fui absorvido por um mundo muito melhor que aquele em que habitava. E nesse mundo surgiste tu, primeiro um vulto quase imperceptível, depois uma sombra com contornos de pessoa, e por fim, a perfeição. Perante mim estava tudo aquilo que tinha procurado mal parei, estava toda a força para continuar e todas as razões para lutar. E foi então que dei um passo decidido, sem medo de obstáculos, sem medo do futuro. E depois desse passo dei outro, e outro, e assim foi até que de repente abri os olhos. Não os queria abrir, mas foi uma acção que o meu corpo decidiu tomar sem pedir autorização ao meu cérebro. Estava no mesmo sítio, exactamente no mesmo sítio… e não fazia sentido.
Fechei novamente os olhos e dei por mim a caminhar de mãos dadas contigo. Estávamos calados, mas o sorriso que partilhávamos revelava mais que quaisquer palavras que possam ser ditas. Estávamos felizes. Parámos e sentámo-nos num banco, julgo que estávamos num jardim, mas para ser sincero nem sequer me dei conta da paisagem. Abracei-te e tu respondeste-me com um beijo leve, tão leve, mas que eu senti tanto. Fixei-te o olhar e soube, sem o mínimo resíduo de dúvida, que nunca me tinha sentido tão feliz como naquele preciso momento.
Mais uma vez não consegui evitar, e abri os olhos. Dei com o meu corpo parado no mesmo sítio. A felicidade que me tinha preenchido era agora apenas uma réstia, algo tão fraco que nem um sorriso me provocava. Tentei perceber porque é que não estavas ali, porque é que quando abri os olhos não te tinha nos braços e porque é que me sentia tão terrivelmente abandonado. Foi então que percebi.
A coragem que tinha quando fechava os olhos era a única coragem que possuía. Na vida real, o meu único acto de bravura, se é que o era, passava por parar e fechar os olhos, fugir do mundo imperfeito em que vivia e ir para um outro mundo em que era capaz de lutar por aquilo que queria, de lutar por ti. Nesse mundo não tinha medo que me virasses as costas, não tinha medo de entregar todos os meus segredos a alguém, não tinha medo de amar. Esse era, e continuaria a ser, o único mundo em que queria viver.
Então parei, fechei os olhos e entreguei-te esta carta. Tu sorriste, um sorriso sincero, e disseste-me que se eu tivesse feito aquilo na vida real, tu estarias ali, estarias realmente ali, junto a mim...
Efemeridade
Tudo passa, tudo vai…
Ficando a dor e o sofrimento,
Ficando a mágoa e o pesar,
A felicidade esvai-se,
O coração retrai-se,
As lágrimas escorrem
Devido àquele momento,
Em que temos que amar.
E mesmo sabendo
Que nada entendo,
Em mim esperanças morrem,
Não morrendo o sentimento,
De te querer, te desejar…
Tudo passa, tudo vai…
Gritos na Noite
Almas choram e suplicam
Pela alegria que nunca as atingiu,
Não desistem dos sonhos, gritam,
Sabem que a vida que nunca lhes sorriu
Lhes oferecerá a paz que elas conquistam
Por cada fôlego que delas partiu,
Por cada lágrima mais fortes ficam.
Almas desligadas de corpos perdidos
Corpos que um dia a elas voltarão,
Corpos eternamente feridos,
Totalmente curados jamais estarão,
Porque os espinhos sempre sentidos
Choro constante provocarão.
Mas gritos serão pronunciados
Todas as noites, com fervor,
Gritos serão imortalizados
Pela força das palavras e pelo amor,
E um dia serão recordados
Como os gritos da noite, gritos de dor!
Frieza
Sentado, absorvido em pensamentos meus,
Dou por mim num mundo cheio de perfeição,
Sinto a ausência da dor e de todo o sofrimento,
Sou consumido por tamanha felicidade.
É então que me deparo com a dura verdade,
Estou condenado, sem nunca ter tido julgamento.
O sangue escorre continuamente por meu coração,
Motivos para tal lhe pertencem, motivos seus.
Por minha face lágrimas escorregam,
Coordenadas pelo ritmo da deterioração,
Mãos para as parar não tenho, nunca tive,
Todo aquele sentimento não chegou, a paixão,
Tais lágrimas todos os sorrisos enterram.
Diante de mim passam alucinantes dias,
Dias escuros que cessam com a escuridão,
São todas as noites, é esse cessar constante,
Que me permite atenuar minha dor incessante,
E transformar toda essa desmedida imensidão
Em palavras sentidas, sinceras, palavras frias!
Perdido
Lágrimas pelo meu rosto escorrem,
Lágrimas que nunca irão secar,
São lágrimas por mim provocadas,
Lágrimas que nunca irão acabar,
Lágrimas de dor que não morrem.
Sorrisos deixam de acontecer,
Não existem razões para tal,
Sorrisos que lutei por não perder,
Não evitei o seu adivinhado final
E hoje choro e continuo a sofrer.
Sofrimento meu, só meu,
Sofrimento que tão bem conheço,
Sofrimento de quem erros cometeu,
Sofrimento pelo qual padeço.
E aqui, só, recordo o que foi sentido,
E aqui, só, me sinto imensamente perdido.