Voam brilhos, luzes e fogos
na noite escura e fria.
O céu sem estrelas se alumia,
crianças sem tecto, jogam jogos.
Apanham as canas os pedagogos,
artífices da alegria
que fazem da noite, dia.
Flores, raios de sol, demagogos.
Voam brilhos e cantam fados,
embriagados de sonhos, festas;
uns feitos, outros inventados.
São as canas de fogos indigestas,
apanham-nas os embriagados,
queimados; são os sonhos as bestas.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Sonhos para a próxima vida...