Poemas -> Reflexão : 

A Poeta despe a poesia

 
A Poeta despe a poesia
 
A poeta silencia a poesia!

A poeta solicita o desacorde de versos

Revolta-se com todas as palavras soltas

Destoantes rimas e anedotas adota

A poeta pede licença a língua presa

Revolta-se!

Na reviravolta dos poemas uma letra, o lamento, o tormento.

O estorvo da tradução é a prosa do fonema.

As palavras ditas são lançadas no verso do sonhador

Voe e voa

O acento sacoleja as frases

A poeta revolta-se!

Sílabas tónicas, acentos são crases

A poeta revolta-se!

Sentimentos e cantilenas

O poema é pensamento...

Uma linha torta de perguntas cheias.

Indago as sentenças

Prosa não é o poema interrogatório?

Um conto encanta e ganha o ponto final?

A poeta desnorteia a metáfora

Vascoleja as vírgulas e pronto.

A poesia do esterco emana de campos floridos

Desertos decifram poemas?

A poeta revolta-se contra o meio

Expira a poeira do poema

O campo transpira o deserto

A flor do deserto nasce da sujidade

A poesia respira

A poeta volta-se

Realinha

Pensa

A poesia vence a poeta

Despe-se o poema.



Diana Balis, Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2012.


Diana Balis

Imagem Camille Claudel
 
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DianaBalis
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2012 08:40  Atualizado: 11/11/2012 08:40
 Re: A Poeta despe a poesia
Olá, Diana. Ainda bem que a poeta se revolta pois leva-a a criar poesia de primeira. Muito bom. Parabéns lusos.