A Chuva
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A Chuva
Quero tanto
o teu corpo
que todo o meu sangue
é uma chaga
em ansiedade pelo milagre
da tua carne
regenerando os meus tecidos
a matéria da tua vida
injectando nas minhas veias
o bálsamo do teu sexo
em difusão por todo o meu ser
movimento teu
entranhando-me no vértice rosado
que tomando-me
me alastrará na tua mente
nesse teu pensamento
que é o caminho da alma infinita
onde o êxtase
abrindo ...
a origem da vida
sela o nosso amor
no livro imortal
das nossas vozes
em fogo - gemendo murmúrios ...
de lá para cá, de cá para lá
em coro uníssono gritando
os nomes que se noivaram
no momento em que descobriram
que antes
dos mares beijarem a terra
já os nossos corpos
molhavam os céus
Luiz Sommerville Junior , A Madrugada Das Flores , 170420110457
Espera...
Espera
Deixa-me lembrar como foi bom
As tuas mãos nos meus cabelos
No meu peito
Pelas minhas costas
Chegaste mansa com um segredo
Largaste-o na minha boca
Usaste o ímpeto do meu amor e te atiçaste
Lembras-te?
Do jeito com que te guiei pelos lençóis?
Directa ao sonho, ao deslumbre?
Me escaldei em teu lume
Saltei do meu mundo p'ra mergulhar no teu!
"Vem, vem..."- dizias
E eu?
Ia!
Corria sim!
Cheguei e ao te tocar parti
Me igualei a ti em fantasias!
E quando em lume brando
Já no rescaldo
Veio um "te amo"
Foi tão bom de se ouvir!
Foi tão bom de escutar
Neste colo tão perfeito
Que é o eco do teu peito
O meu amor a palpitar!
Anjo Profano (sonetilho)
Anjo Profano (sonetilho)
by Betha Mendonça
Asas vergadas, vastas plumas,
Desejado corpo delgado,
Lançado dos sonhos tu rumas,
Punhal no meu peito cravado.
Beijos e deleites de espumas,
Em mares de carinhos cálidos,
Criado do amor tu me acostumas,
Aos teus lábios em mim tocados.
Anjo profano, demo alado,
Tu me inebrias em luas-de-mel,
E trago-te ao colo tatuado...
Voas, brincas, mudas de papel.
Ser alado por mim amado,
Cavalgo-te como um corcel.
Estranho
É estranho haver esses arrepios entre a gente
É estranho estar só, sem você
Querer seu toque, ansiar por ele
Sentir o calor do seu abraço
E o beijo em nome do desejo
É estranho.
Caminhar na praia te vendo despida
Sempre despido agora nas ondas por você
Ouvindo vozes estranhas que te chamam por mim
A rua já nem é rua, só a moldura de sua pintura nua
É estranho ver rostos, com seu rosto
Cruzar olhares com piscadas e faces sorrindo
Num tesão de cruzar teus caminhos
É estranho não dominar nosso tempo e o tesão do momento
Te esvaziar no prazer das viagens e sonhos
Não é estranho ter reflexos teus no espelho nas manhãs
Não é estranho perder as rotinas carinhosamente criadas
Pra te encaixar em todos os momentos
Te brindar fora de um espelho e no seu reflexo te ter
Não é estranho viver essa história que nunca pensei viver
E reviver realidades matinais com seus toques de bom dia
Hoje, os de ontem e os de amanhã
Não é estranho, nem confuso, tampouco desconcertante
Repensar-me com você não é estranho
Me ligo nessa proximidade…
Não é estranho vaguear por aqui e além pensando em ti
Somos clima verão, somos mar, somos praia, somos paixão!
QUERO-TE
No calor rubro do teu abraço
Eu queimo o meu pesar.
Na chama ateada do teu corpo
Eu arrefeço o meu cansaço.
No brilho candente do teu olhar
Eu apago o meu passado morto.
No fogo ardente do teu beijo
Eu derrubo o meu fingimento.
Na centelha viva do teu desejo
Eu disperso o meu sofrimento.
Quero-te assim…
Nesse instante e para sempre
Perdida em êxtase me deter.
No labirinto de ti aprisionada
Suor a escorrer pelo meu ventre
Na entrega de mim desnudada.
A fêmea outrora adormecida
Surge agora ainda mais mulher
De máscaras já toda despida.
Quero-te em mim …
Do que antes eras esquecido
Na voragem da minha paixão.
De me possuíres tão sequioso
Alimentado no suco do prazer
Que humedece cálido e viscoso
Meu sexo que está ao teu unido.
Afundado num mar de emoção
Embriagado no auge de me ter.
Quero-te assim…
Bem fundo dentro de mim!
Desejo Divinal
Palavras doces de prazer, desejo, amor e soberba
Espalhadas, difusas em todo o meu corpo
Fogem-me da ponta dos dedos das minhas mãos ébrias
Pingam algo que não sei ainda o que é, mas espero beber
Roda-viva, cores, amores pessoas e álcool
Moças lindas, rolam, rebolam, amaçam
Ao fundo, a Diva! O alvo, o objectivo, atractivo. Divinal!
Eu quero, se em sonho se no mundo real
A musa ao cimo que se mexe como o vento
Sinto, por isso sei que existe, o vento!
Dança, intensamente! Mexe, encanta como uma serpente
Eu vejo ou imagino mas com o corpo dela deliro
Se sonho, que adormeça, se existe volta a mim
Sinto-me no poder, sinto que te quero ter
Sou capaz diz-me onde estas
Que na ponta dos dedos tenho o toque que pedes
Na mão ébria o desejo que procuras
E no corpo inteiro o liquido que queres beber
Dança não pares, que no teu balanço encontro o
cheiro que me leva a ti
Sinto que és real e não um mito, e eu não acredito em amor platónico
Por isso torna-te minha hoje, e manha vai
Se te mostras, procuras alguém e deixa-me mostrar-te, um toque único
Beija-me, não és deusas mas hoje a minha musa, amanhã não sei.
Sensura-me, oh tu de longe!
Lembra amor?
Lembra amor daquela tarde, daquela primavera chegando, daquele sorvete de casquinha cremoso em nossas bocas derretendo, do girassol que catavento, do seu ato malhado barriga tanquinho e do angorá miando baixinho, da tampa da lata de biscoitos, daquele uivo e gemidos certeiros, daquele amor no sal do mar e da paixão na areia da praia, daquele teu fogo de fim de tarde, do nosso incêndio no início da noite, daquele beijo de cabeça pra baixo, daquela lua serenando, daquele cena nos molhando, daquela música, daquele gosto de suor e da baunilha amadeirada, daquela bebida e da vertigem causada, daquele jeito de olhar, das bocas coladas, das nossas vidas e do nosso amor desvairado, você em transe massageada, amor você lembra?
Penetração
Segue na colina o pássaro púrpura,
Cospe seu atro lamento,
Sangue banha os lábios da criança
Trago nos braços o silêncio.
Da crepuscular síncope divina.
Em aflição contorce o medo
O significado reacende o ciscunspecto passo
Cada vez mais fundo mergulha cego.
A sua cabeça vaga na humidade serena.
Milenar tarde negra,incoercível desejo,
Esvoaça a irmã imensa da melancolia
Acaricia o rigido membro.
Uma nova ordem passa pelos arcos sinistros
Uma lágrima fecha-se sobre os corpos.
Antecede o vazio do amor que pensei ter encontrado
Posterior a morte de todos os sonhos.
TU TENS GEMIDOS LÂNGUIDOS
Sabes meu amor, que a tua pele tem o sabor do amor?
Que os teus belos lábios , têm o doce sabor do mel?
Que os teu olhos verdes, têm o sabor da água do mar?
E que o teu coração fabrica o calor para tudo alimentar?.
Eu não sei se sabes, mas eu sei.
Sei, porque provei a tua pele
Sei, porque os teus lábios beijei.
Sei, porque bebi as lágrimas
Que correram pelo teu rosto
Felizes do nosso lindo amor.
E quando chega a hora de fazermos amor, meu amor.
No nosso leito os nossos corpos se fundem num só.
As nossas línguas entrelaçadas, molhadas de prazer
As nossas pernas formam o mais belo dos nós
Ao ponto de abandonarmos ao desejo o nosso ser
Tu, tens gemidos lânguidos
Pelos movimentos dos nossos corpos,
Tomam mais força quando beijo teus seios.
Que entre as minhas mãos enleio
Beijo-os sofregamente e loucamente.
E tu deixas ferver o desejo na tua mente.
A. da fonseca
ORAL E FLUENTE * (Inédito!)
ORAL E FLUENTE *
Você disse que trazia e trouxe
Seu jeito de fazer a vida doce
Quando, só gosto amargo, era
Promessa de paz e primavera...
Me vês em idas e vindas... Ora
Me abraças, me beijas, aflora
Afluente em bocas e sem voz,
Pois nos unem palatos na foz...
Assim, me fizeste mais bonita...
No desmantelo que me incitas
Eu mais te quero e me queres...
É a hora de ser feliz, exageres...
Ibernise.
Indiara (GO), 25.09.2008.
Inédito!
*Núcleo Temático Romântico.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.