Anda rondando a angústia Noite e dia, sem tréguas dar. Vou consumindo inquietações E ela à viva força querendo entrar. Vou escrevendo só por escrever Dou a mim mil razões Para a razão de viver.
E é sempre este estar e não estar Vou assim o tempo ajeitando Fazendo perguntas sem resposta Fingo estar dormindo e sonhando Mas a Vida? Não se compadece,não mostra! Ficam assim as palavras livres de se soltar, Às vezes se soltam como balas Causam-me dor e mal-estar.
Sinto agora que me estou castigando Tanta emoção!? Meu pensamento, relembrando.
Hoje lavo minhas preocupações Escrevo apenas palavras com aroma de flor, Deixo-as a pairar no ar Mimosas, como quando criança, chamava meu pai de MEU AMOR; MEU AMOR. Mas, desta vez?! A angústia não vou deixar entrar. Nem lágrimas irão rolar.
Nunca pensei porque te levantavas tão cedo todos os dias Mesmo quando era domingo, acordava e tu não estavas. Pai, nunca pensei porque tinhas que ir e voltar meses depois ….agora sei, e agora dói Pensei que fosse possível deixar a dor nas palavras Em cada letra, escrevia Pensei que fosse possível deixar a dor na música Em cada nota solta, então cantava Pensei, eu juro que pensei que pudesse deixar a dor na tela A cada pincelada, então pintava Pensei, afinal para que serve tudo isso se não sai Se me amarga o peito, doi, doi doi A cada lágrima a dor aumenta Quem inventou isto, quem… Nas letras mais complexas das notas mais difíceis a pintura mais crítica Porque, porque, porque! Como uma seta no peito choro por todas as razoes que nunca entendi Da tristeza a repulsa , do que sou e quero ser o que esperam de mim e o que posso dar, Porque nada e certo e tudo parece errado Pai, tenho saudades tuas. Admiro-te tanto. Desculpa
Sentada feita moribunda à porta da catedral num vestido branco que me desnuda choro segurando um castiçal.
Uma pequena luz que abafo com um suspiro de melancolia nos meus lábios um agrafo depois de contigo levares toda a magia.
De vestido rasgado de maquilhagem escorrida de rosto apagado estava na hora, na hora a tua partida…
O vento sopra-me os cabelos a chuva, chora-se no meu regaço neste tempo voam os belos deixando um coração em despedaço.
Não te lembras do nosso primeiro olhar? Dos nossos quereres e sentires apaixonados? Porque não me canso de te procurar depois de partires com tons irados?
Rasgo este vestido desmancho rosas negras em pedaços de vida… Musgo outrora atrevido agora um despacho de prosas, pedras numa montanha esquecida.
Deambulo, acabada de rastos ou não! Levito sonâmbulo de alma chorada de coração na mão.
Imagem retirada do Google e editada por mim. Video do Youtube.
Outono querido Momento doído Teus ventos me despem De folhas diversas Aquelas secas inúteis E as de cores fúteis Me despem teus ventos Roubam-me a alma Fazem-me estéril. Estação preferida Por que tão doída? Aos meus pés as vejo caídas Inúteis e fúteis medidas Que alimentarão certamente Minhas raízes crescidas.
Espantoso como, mesmo após tanto tempo, a sensação ainda era ridiculamente familiar. A fumaça, a tragada... Era como se o intervalo de quase meia década simplesmente não tivesse acontecido. Como andar de bicicleta, alguns diriam.
Uma bicicleta mortal.
Recostei-me e soltei a fumaça pelo nariz. Sempre gostei de fazer isso.
"É como voltar pra casa, hein?", a voz em minha cabeça diz.
— Não se anime, é apenas temporário. — falei. A falta de convicção em minha voz me deixou envergonhado.
"Claro, claro...", ela retrucou, jocosa.
Findado o primeiro cigarro, combati a vontade de imediatamente acender outro.
"Bem-vindo de volta", ouvi, num tom quase afetivo.
Estava atrasado para um compromisso. Apanhei a carteira e as chaves. O maço não precisei pegar. Já estava em meu bolso.
Após anos como um veterano das guerras do fumo, percebo-me de volta às trincheiras.
Ainda te sei aqui amor, Por entre vales de tortura e amargura, Que me fizeste escrava da tua loucura, Engolindo em cada beijo de despedida a dor… De te ver uma última vez sedutor…
Ainda te sinto o cheiro da ternura, Com que me aliciaste em noites de calor, Para os lençóis caiados agora de bolor, Choram a falta da tua procura, E dos corpos que inflamavam da jura…
Marlene
Meu grande amor, estás distante e invisível... Balas perdidas se encontram em peitos aliados E últimos suspiros é o que mais tenho escutado... Mas tenho a força que me dás, sou invencível!
Os nossos papéis são o meu único elo Nesse mundo de sangue, suor e mortalha Partilhas a corrente, amor, em pararelo Sofrendo minhas dores em diferente batalha.
Eu volto, te juro, tenhamos paciência, Creia comigo que a fé remove a montanha... Enquanto me esperas, chorando a ausência, Te sonho ao meu lado na cama de campanha.
Caio
Mais poemas em: http://algunsanosdesolidao.blogspot.com
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_______________________________________________ Primeiro da dupla Caio e Marlene.
O cigarro pende preguiçosamente entre meus lábios. Está apagado, claro. Há muito que sou um ex-fumante. Já se passaram quase 2 semanas sem cigarro. Duas semanas que para mim duraram mais do que o Império Romano.
"Pare de perder seu tempo - ou melhor, nosso tempo", ouço em minha cabeça.
Retiro o cigarro da boca e o coloco de volta ao maço. Ele, o maço, está quase cheio. Foi o último maço que comprei. Em vez de atirá-lo na lixeira quando resolvi parar, achei melhor mantê-lo por perto. Se foi para provar que a mente é mais forte que a carne, ou se meu subconsciente duvidava de minha capacidade de largar o vício, não sei. E, sinceramente, não importa. Duas semanas. Isso que importa. Fodam-se os romanos.
"Duas semanas miseráveis, se me perguntar. E o que você tem pra mostrar? Nada!", a voz mais uma vez intercedeu.
Atirei o maço pra cima da mesa. Estou deitado no chão da cozinha. O chão está tão frio que fez meus testículos enrugarem de tal forma que achei que fossem esgueirar-se pra dentro do meu corpo. Vejo uma barata grande e nojenta na parede, parada sobre uma mancha amarela de gordura. Alheia ao meu sofrimento.
"Já se perguntou como deve ser fumar uma barata?". Certo, isso está ficando estranho. Preciso de um banho.
A água fria me atinge como uma marreta, exorcizando meu corpo de todos aqueles pensamentos. Ao menos por alguns segundos. Fecho o chuveiro, apanho a toalha e saio. Antes que possa começar a me enxugar, me ajoelho na frente da privada e vomito o pouco conteúdo do meu estômago. Recosto-me na parede e passo as costas da mão sobre meus lábios. Estão secos e machucados. A mania que sempre tive de os mordiscar havia se intensificado nesses dias sem cigarro. Preciso tirar esse gosto de vômito da boca. E, para isso, nada melhor do que...
"Do que um... Do que um... Vamos, vamos."
Um copo de refrigerante.
"Ora, vamos..."
Sim, é isso. Corro para a cozinha, molhado e seminu. A barata ainda está lá, e sua presença agora me parece jocosa e ofensiva. Apanho a garrafa de coca-cola, um copo e vou para a sala.
Bebi a garrafa toda em menos de vinte minutos e fiquei enjoado. Volto ao banheiro. O maço de cigarros estava sobre a pia. Eu o apanho.
"Eu te perdi mesmo, não foi?"
Sim. Estendo o braço sobre o vaso sanitário. Fecho minha mão em volta do maço o mais forte que consigo. Assim fico por um ou dois segundos, e então abro os dedos. O maço cai pesado, direto para o fundo da privada. Segue-se um longo e doloroso adeus. Puxo a descarga.
Minha cabeça dói. Preciso dormir. Mas antes vou matar aquela maldita barata.
"Se disserem que nunca te amei Saberá que estão mentindo"
Uma voz no meu interior me chama, de espada em punho. uma insondável tristeza arrefece-me as entranhas a extática leveza do amor já não existe felicidade é ambígua a escuridão da noite curva-se a lua adoeceu ,a estrela morreu e eu,aqui jazo,no sepulcro da vida a morte, sólida,aproxima-se aos poucos vinda do crepúsculo do sonho desfeito hermeticamente apelando-me.. e aqui jazo,num abismo de cinzas d'um vulcão extinto..