todas as melhores ameaças
rasgaram meus olhos.
não posso dizer que lamento
o nervo exposto,
o rosto por detrás do meu rosto,
as coisas que desaprendi
para aprender.
tudo foi exatamente
gracioso e indelicado
na medida certa
em minha rota de colisão
até a própria desconstrução
das palavras interditas
e da vida.
não me tornei melhor.
fiquei apenas mais densa
e assustada, perdida
entre dois infinitos e um nada,
rimando sem métrica,
e autonomia.
o que valeu mesmo
foram os ossos quebrando,
foi a garganta esfolada,
foi fazer sentido quando
não havia mais sentido
em sentir.
não me perguntes se eu vivi,
não sei
porque não há verdades subjetivas.
disso tudo,tenho apenas uma lembrança:
sempre sangrei melhor e mais intensamente na frente de estranhos
karla bardanza