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Estalos

 
Estou doente, sabias?
Dessas doenças modernas, marotas, que nos atrapalham os dias... está frio aqui e não há nada para me aquecer, nem um cobertor... está muito frio aqui.
Perguntas-me porque estou triste e não sei que te dizer, apagaram as velas que iluminavam o meu caminho, descobriram os segredos que zelava, vieram escurecer-me os dias e dias e dias que a minha vida ainda tem, infelizmente já nada me resta, nem uma ponta de esperança onde me agarrar, nem um só gesto que me pertença.
Dei tudo, fiquei sem nada!

Volto-me, de todo o lado só levo estalos, nem uma saída, tudo me curva, tudo me cai, parti tudo, perdi a vida, só me descubro em vazio em cada esquina que dobre...

Estou triste e basta, porque haveria eu de ter motivos para estar triste? Também não tenho motivos para estar alegre e não o vou estando.
Sou solitária, dizes-me tu com a voz repreendedora, que o digas se for verdade e como o é! Mas sou solitária apenas por me nada resta a não ser o meu corpo desprendido de mim e os cacos que com lágrimas vão caindo, pedaços de alma, gotas de sangue...

Estou doente, sabias?
Depressão... Psiquiatria, medicamentos que me roubam vida, solidão... Que te interessa isso? Não és tu que me censuras por afastar as pessoas de mim? Mais tarde ou mais cedo dar-te-ás conta que te faço falta, tu e todos os que me deveriam ser e ainda me negam, um dia bastará o vosso olhar enlagrimado pela perda, bastará só a dor da perda para reconhecerem que ainda vivo em vós, sou-o em vós. Um dia restarão minhas faltas, um dia que parece estar perto.

Que importa a morte então? Nada! Não é proíbida esta saída? Não! Estou triste, estou doente, sabias? Não! Mas censuraste-me...



. façam de conta que eu não estive cá .

 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 11/05/2007 15:49  Atualizado: 11/05/2007 15:49
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Usuário desde: 22/02/2006
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Mensagens: 890
 Re: Estalos
Sabes, durante este dias, que me são longos.
Onde ainda não vi o raiar do sol. Coube mais duas cortinas por sobre a janela. Os comprimidos mais parecem arco-íris, que se alternam, se delongam em várias tiras, cordas e rumos. O sono fiel companheiro não se solta, assim com a insonia me encanta. E perco-me entre o ser e o estar. Cansado de tantas ponderações. Tomo apenas o leite que não me enbranquece, não faz da mágoa candura. Tão pouco faz da vida culpa. A lágrima já não mais rola. Empederni assim como a fala. Os dedos travam, os lábios se mordem a a voz rouca. Apenas dar-me um grito escrito, manchado pela folha pura e virgem á fora. Sei que não te importas, mas cá estou doente. Apenas só, atrelando-me a solidão de se estar.

Mui bueno Poetisa.