NÃO ME SURPREENDO MAIS
NÃO ME SURPREENDO MAIS
Não me horrorizo
Com um manto sagrado
Num altar de cupins
Não me excita
O nado sincronizado
As plumas de carnaval
O banheiro climatizado
O Santo Graal
Não me congratulo
Com o bem gratuito
Ou o mal preciso
Que absolve o
O culpado,
O contradito...
Não me desmancho
Com o deslumbre dos sais de banho
Que tanta suavidade dão à água...
Não. Nem me surpreendo mais
Com todo mundo trapaceando
Em seus joguinhos de cartas...
É solitária esta hora!
É SOLITARIA ESTA HORA
Da tristeza hoje me despi
Mas é falsa esta alegria
E falso o sorriso com que me vesti.
Não mudou a solidão que me desafia.
Há um silêncio profundo
Nem o esvoaçar dum insecto
Mais uma noite e o Mundo?!
Continua na mesma, inquieto.
Para mim é solitária esta hora!
Mas a esperança ainda vai tecendo
Um pouco de vida que insiste em ir embora
Sem tempo de acalmar a confusão
De estar vivendo.
Então:
A Vida é barco apodrecido
A cada dia sinto mais o seu açoite
E o tempo passa por mim despercebido
E assim me rouba mais uma noite.
Perco-me nos pensamentos em confusão
Velha esta tristeza, da minha idade!?
Em meus olhos insiste a recordação
Mas a Vida me rouba o sonho e a liberdade.
Ponho meus olhos nas janelas
Janelas sem luz do olhar meu
Na esperança de ao debruçar-me nelas
Deus me diga que não me esqueceu.
rosafogo
É SÓ MAIS UMA GUERRITA
Caros amigos poetas e poetisas, estou de volta, depois de uma ausencia de quinze dias por questões técnicas, ca 3stou de novo, não se livram de mim!!!
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Não compreendo
O porquê de se andar preocupado
Por ter sido posto no mercado
Mais uma guerrita,
Até parece que não estamos habituados!...
Que fariam os Chefes de Estado
Se não passassem o tempo a pensar
Em mais uma invasão?
Já viram o que era a solidão
Fechados nos seus gabinetes
A fazerem palavras cruzadas?
Sim!... Porque pensar na maneira
De acabar numa cimeira
A discutir da fome, da sede, da miséria,
Para eles é uma pasmeira,
Um verdadeiro aborrecimento!
Bom... sempre dá direito a uma jantarada
Entre amigos da mesma brigada.
Preferem voltar à idade "antes da média".
Com invasões dos Mouros
Dos Celtas, Romanos, ou Visigodos,
Também do Charles Magne
Ou do Hanibal dos elefantes.
Até parece um espectáculo de circo,
Sim, porque passar com estes animais
Por veredas dos Alpes, era mesmo de artista,
Mas hoje, ainda andamos nessa pista
A assistir ao espectáculo triste,
Das espingardas em riste,
Carros de assalto e canhões,
Ataques de aviões
Espalhando a morte
De Este a Oeste,
Do Sul ao Norte.
Parabéns, Chefes de Estado
Pelo vosso trabalho abnegado
E desinteressado...
A. da fonseca
De todas as vozes do mundo
Há um mar nos meus ouvidos
Um búzio com mil zunidos
O som rouco de um naufrágio
Há um cavalo-marinho
Galopando de mansinho
À superfície da água
O canto de uma sereia
Saído de uma epopeia
Uma princesa encantada
Há um lusco-fusco à noitinha
Orquestra de marulhar
Mergulhei bem lá no fundo
De todas as vozes do mundo
A tua sei decifrar
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
Palavras de amor
Escrevo à viva força
que as palavras não me obedecem
e sem eu querer por vezes
florescem
bem mais do que confio
que frutos dessem
O poema acaba sempre por ser
o que não quero
uma verdade
mas
que não me agrada
uma palavra que
para desespero
se atravessa
e quebra a toada
O poema fica
sempre fora de mim
a fazer-me sentir
prisioneiro
da própria liberdade
o mundo não é
lugar recomendável
para quem sonha
Há inquietação até
na alegria
como se não houvesse
inocência
nem nos sacrifícios
para deixar de ser
atormentado
pelo mundo demónio
e carne
Quando me abandonaram
senti que estava finalmente
livre
mas não supus
nem imaginei
sequer por um momento
que estivesse
só
com o silêncio dos meus passos
numa visão irreversível
do mundo vazio
sem ti.
Pão de mel
Ah, como queria escrever a mais linda poesia.
Que soasse como uma (sonata) melodia.
Ah, como queria poder falar de alegria compor
em rimas e versos que chegou o dia,
o dia da liberdade como um pássaro voaria...
Ah, correria entre os campos cabelos ao vento
entre as flores e os prados virçosos como uma linda moça de um convento.
Ah, como queria correr para os teus braços como antes,
e na relva verde deitados de mãos dadas olhar o horizonte.
Ah, queria ser como criança feliz, quando olha para as nuvens e pensa em algodão doce, que lindo é o céu.
E agradecer a Deus por permitir o saborear da vida, assim, como pão de mel.
Mary Jun
19/05/2020
a viagem
Certa vez estava cansado de viver aqui onde tudo e rude
Entao caminhando encontrei uma porta caida
Abri a porta e vi um lugar com virtudes
Rios mares oceanos ceu vasto de cores nuvens com diversas formas e florestas cheias de vida
Onde as cigarras faziam serenatas onde o sol e a lua dançavam
mares as vezes calmos refletiam o ceu no espelho dagua onde as gaivotas em pleno voo se admiravam
O vento assobiava notas musicais como um choro de flauta
Uma arreia fina e branca acariciava a sola dos pes que caminhava descalça
Havia uma cachoeira que era a fonte de conhecimento e sabedoria
Tomei um banho absorvendo tudo que podia
E sai de um lugar nocivo
quando me dei conta que viaja quando lia
Ai percebi que tinha aberto nao uma porta e sim uma capa e que o mundo que via era dentro das paginas de um livro
"Nua" -
"Nua " -
Sem notar insisti, numa viagem sem volta.
Dessa janela, julgava ser meu o mundo.
E nas frases curtas a saudade pressentida.
Sensação esfumaçada, nesse desejo profundo.
Tudo estava ali... Posto nas entre linhas
Destoando a melodia daquele sorriso.
Mostrando-me que a estrada da vida.
Oferece atalhos que vão dar no paraíso
Refiz o caminho de volta, me encontrei.
No inviável, hoje vejo só possibilidade.
O que me movia hoje me mostra o rumo.
Nova visão de tudo leva minha ansiedade.
Agora tudo me toca, me expõe, sensibiliza.
Então ausente, nua, sem rumo, sem memória.
Aos meus lamentos, dou contorno, reescrevo.
Uma nova partida, uma nova história!
Glória Salles
mais amor
Pra todo homem que odeia mais amor
Pra toda alma fria residir o calor
Mais amor
Pra todo homem sedento por vingança mais amor
Pra chegar a escassez do rancor
Mais amor
Pra todo espirito arido uma chuva de amor
Pra viver em harmonia interior
Mais amor
Pra aprender a perdoar quem errou
Mais amor
Como mudar o mundo ? Resposta a quem perguntou
Mais e mais e mais amor
Borboletas amarelas
Ao despertar da alva, apesar de tudo que está acontecendo no globo terra veio-me, um espírito de paz e gratidão.
Ao abrir a janela do quarto pus-me, a contemplar o deserto das ruas vagas.
- Um silêncio tão profundo que doeu na alma.
Sempre naquela hora da manhã o vai e vem das pessoas apressadas em suas caminhadas...
Sem se quer, se cumprimentarem; devido suas urgências constantes.
- Nessa época de quarententa fez-me, refletir sobre nossas atitudes.
- E entender pequenos gestos que seriam tão grandes hoje, e foi deixado para trás.
Ali - parada frente aquela belíssima pracinha olhando em direção a uma pequena capelinha, por um momento fui levada a um tempo de outrora.
- Ricas lembranças, guardadas na memória do meu tempo de menina junto as minhas amigas.
- A bicicleta era a minha preferida dava uma volta rápida, que tempo maravilhoso.
-As lágrimas quiseram me dominar, mas naquele momento a natureza viva trouxe-me para outro cenário.
- Ao olhar para o alto estava num vai e vem centenas de borboletas amarelas...
- Tão felizes, que chamei a atenção da minha mãe. A senhora precisa ver isso: As borboletas amarelas tantas...
Que lindas! Meu Deus quantas, sorrir lembrando do meu neto que ama borboletas e que eu ficava procurando -ás, para mostrar para ele quando bem pequenino.
-E hoje, elas vieram com toda liberdade, no seu direito de serem borboletas livres sem medo de alçar voos.
Claro que elas estão ali todos os dias, mas nós não a percebemos além de afungentá-las.
Aí, dei- me, conta da triste realidade.
Foi como se as escamas dos meus olhos tivessem caído tirando toda cegueira.
Refleti: E pensei, Deus é único, sabe tudo e para quê. Nem queira entender?!
Até porque, nem eu, nem você vai olhar o mundo com o mesmo olhar de ontem.
Porque agora diante da morte iminente, sem ter para onde correr, nós temos que se vergar mais e mais...
E para nós que ficarmos, abraçarmos a vida o irmão como se nunca houvera acontecido antes.
Frente a nossa pequenez diante do poder de Deus.
24/03/2. 020
Mary Jun