Poemas, frases e mensagens de VillaVerde

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de VillaVerde

Água suja

 
Água suja

Contra a corrente
Porque não há tréguas
Não há regras
Não há réguas
Que mensurem a ingratidão

A covardia do cético
Tudo que é ético, belo e profundo
A verdade se encerra em nós
E não na magia do mundo

Contra a corrente
Cada vez que pulamos mais alto
A altura do salto
Se vinga da gente

Ricardo Villa Verde
 
Água suja

Veneno

 
Veneno

Depois do medo eu acordei
Depois da noite
Depois da morte
No espelho,sorri
Tenho Sorte
Minhas catedrais
Meus Desertos
Minhas Florestas
A tarde se anuncia
Me desconheço
Crio coragem
Me Transformo
Em mim mesmo

Ricardo Villa Verde
 
Veneno

Domingo

 
Domingo

Hoje é domingo
Acordei, abri o guarda-roupas e saí por aí, trajado de domingo
Meus passos deixavam pra trás um rastro repleto de ressentimentos
Outrora tudo era belo
Mas o nosso amor começou depois de outrora
Senti algo florescer dentro de antigas ruínas
Colcha de retalhos...
Hoje eu procuro um refúgio
Construo um abrigo
Mas volta e meia, goteiras continuam me molhando.

Ricardo Villa Verde
 
Domingo

Subtração

 
Subtração

Toma
O soma
Benzinho
Em Coma
Na vida
No sonho
Na Doce
Redoma
Perigo
Na rua
Tô longe
Da tua
Querias
Viver
O sol
A lua
Toma
Benzinho
O soma
E liga
E vive
Mentira
E vê
na caixinha
Teu corpo
Morrer
E sente
Enterrarem
Quem não
É você

Ricardo Villa Verde
 
Subtração

...Ainda é pouco

 
...Ainda é pouco

Essa é pra você.
Acho que nem fazes questão.
Porque não me deixou contar nos seus dedos,
Todos os meus problemas.
Não comprou as perguntas que vendi a troco de nada.
Então, observo as samambaias na varanda, secas, mortas.
Imagino a razão pelo qual já não me sentia feliz ao ouvir sua voz.
Calei-me, percebendo que todo dia eu estava no mesmo lugar.
Às vezes recebo no peito uma tormenta,
Que me faz sentir sobre os ombros o peso de mil atmosferas.
Narcotizo-me de sono para esquecer de tudo.
Quando o dia nasce, calada, você me aflige.
Vou colocar o botão que caiu da minha camisa favorita.
Prometendo não mais usar, o desgastado formato em tela.
Não quero ser deselegante, você disse que tinha saudade...

Ricardo Villa Verde
 
...Ainda é pouco

Aposta

 
Aposta

Viajava em alta velocidade
Colidi num muro de concreto
Perdi apenas um dedo
De resto, tudo foi encontrado
Uma perna aqui, um braço lá
A cabeça nas nuvens
E o muro, eu pergunto:
Por que quiseste sê-lo?

Ricardo Villa Verde
 
Aposta

Íris

 
Íris

Sinto-me turvo
Da janela vejo a rua
Como nunca vi
Eufórica aquarela bizarra
De camisas de times
Ternos, biquínis, farrapos
A eletricidade percorre meu sangue
Sinto-me mais vivo, mais livre
Procuro-me no guarda-roupas
E encontro o espelho com mal contato
E na tv sem antena
Vejo minha imagem
Chuviscando
Nas ruas a turba passa veloz
Colorida
Nas escadas, a indecisão me faz voltar
Já não há espelho, não há tv
Me vejo chovendo nas ruas
Banhando de cinza
Os corpos, as roupas, o suor
Agora sou só uma onda
Não sei se sonora ou vibratória...
No fundo toda ilusão
Tem sempre o formato
Que desejamos

Ricardo Villa Verde
 
Íris

Solstício

 
Solstício

Anoitece uma emoção
E é a mesma direção
Toca o telefone de borracha
Apagando em minha mente
O que ainda restava de ti
Vários Barcos
Várias velas
Vagos olhares
Vagas Orações
Cada vez que termina um amor
É como uma morte
É mais um Norte
É mais um Sul
É a mesma direção

Ricardo Villa Verde
 
Solstício

Insólito

 
Insólito

Essência cicatrizada
Atraversando palavras dopadas
Neuróticos neurônios
Nas esquinas sinônimos
Daquilo que te aguarda
Nuvem plutônica
Tingindo de branco o lençol
Radiografias de uma alma bemol
Aonde, antes de lá
Existia apenas um sol
Olhando somente pra si
Pisando em nuvens, sem dó
No heliocentrismo
De querer ser um só.

Ricardo Villa Verde
 
Insólito

Só queria te dizer

 
Só queria te dizer

O que tenho pra dizer cabe em apenas uma palavra.
Fraciona-se em vários sentimentos,
Transformando-se em tudo aquilo que eu tenho pra dizer.
Portanto, o que tenho pra dizer não pode ser descrito.
Você queria escutar o que eu tenho pra dizer,
Mas não ouviu, porque não tentou dizer o mesmo.
O que tenho pra dizer excede a amizade.
É maior do que eu tinha pra dizer ontem,
Porém, se for dito hoje, será menor do que amanhã.
O que tenho pra dizer cresce de modo disforme,
Todavia, quando for dito, será exatamente o que quero dizer.
O que tenho pra dizer seria o tópico frasal
Do que escrevo, mesmo sem ainda dizer-te.
Levou-te a outro lugar, o fato de eu não ter dito nada.
Até ouço dizer que tu procura ouvir o que estão dizendo por aí.
É a tua busca, acabaram por me dizer...
Um vazio caminhar entre sonhos e promessas descumpridas.
Talvez por insistência, cuidadosamente guardei o que eu ia dizer.
E o que tenho pra dizer, é só o que restou.

Ricardo Villa Verde
 
Só queria te dizer

Verdade de um momento

 
Verdade de um momento

Mágico, lúdico e estereofónico
Lento, rápido e supersônico
Água, gim ou tônica?
Sinfônica ou filarmônica?
Como pode isso tudo ao mesmo tempo?
Vibrando todo tempo
e sem cronologia
Dentro de teus braços
Nos meus dias sem simetria
Num abraço
Onde em um segundo
Muito mais que isso
Caberia

Ricardo Villa Verde
 
Verdade de um momento

Vírus Analógico

 
Vírus Analógico

É fria
A poesia
Digital
Tu já não inventas
Clica na barra
De ferramentas
Onde o rimador:
Amor e dor
Às vezes até flor
É mais poético
Porém patético
E magnífico
É só o corretor
Ortográfico

Ricardo Villa Verde
 
Vírus Analógico

Sincronicidade sintética

 
Sincronicidade sintética

Transcende a luz lilás
Que toma conta de toda
Minha caixa craniana
Abre a quarta porta
Que sustenta a película
Que vibra em ondas
Mais rápidas que a luz
Voltando velozmente
Antes de ter partido:
Idéias...
Precognição da tua imagem
Materializando-se
Em vários sorrisos
Em vários futuros

Ricardo Villa Verde
 
Sincronicidade sintética

Projeto

 
Projeto

Eu poderia falar de amor
Mas não consigo
E assim sigo
Fazendo alegre
Quem não vê a cor

Conseguiria mentir
Não ser eu mesmo
Só para um sorriso parir
Te ver partir
E depois dormir

Sonhando com o que não escrevi

Ricardo Villa Verde
 
Projeto

Trópicos de Aquário

 
Trópicos de Aquário

Cascatas de luz em espiral
Com olhos de lagoa, ao chão
Servidos de forma parcimonial
Eu e o leão, a águia e o cão

Céu laranja, florestas equinociais
Matas azuis, rasas e gigantes
No carpete da sala de seus pais
Monto ácaros, tal como elefantes

Um belo arco íris como clichê
Informo à lua que não estou mal
Bebo a loucura em forma de saquê
Retiro do sangue o gosto fatal

Cena zero: Caindo no abismo
Sem exclamação, ponto ou trema
mergulho no nada fazendo turismo
Sem risco de estragar o poema

Ricardo Villa Verde
 
Trópicos de Aquário

Estrada de ferro

 
Estrada de Ferro

Na aridez da terra que semeei
Sonhos distintos, distantes
Via o suor de meu esforço tocando o solo
Fazendo germinar a certeza
De que nem as raizes daquilo que brotava
Jamais encontrariam-se

Depois da Breve colheita
Tudo ficou esquecido
E hoje continuo trabalhando
Semeando em outras paragens
Aonde, ao fim da tarde
Observo antigos sonhos passarem pela estrada
Paradigmas irregularmente embalados pelo tempo

Ricardo Villa Verde
 
Estrada de ferro

Astrum

 
Astrum

Pelas portas do olhar
Esperava a tarde inteira
Por qualquer coisa
Que fosse diferente
Daquilo que tencionava
E pensava em ondas
Flutuando no tempo
As vezes sentia-se
Areia ao vento
E ao compor-se
Só uma ampulheta vazia
Achava que o poema quebrara a perna
Já não andava na cabeça das pessoas
Poemas tão leves
Indo e vindo, velozes
E quando ainda rascunhos
Brisas já os carregavam
Formando, em algum lugar
Estrofes, que escapavam de suas mãos
E nas tardes mais cinzentas
Recebia e musicava
Versos escritos pelos
Punhos da imaginação

Ricardo Villa Verde
 
Astrum

Acróstico 2

 
Acróstico 2

Maior
Aventura
Conhecida
Onde
Nunca
Homem
Algum saiu morto

Ricardo Villa Verde
 
Acróstico 2

Reverberação

 
Reverberação
Dentro do seu olhar é onde consigo descansar em paz
Quando descanso em paz
Gravura de minha imagem, cristalizada na imaginação
Um arquétipo de minhas projeções pessoais
A maior distancia faz o peso dobrar
Enfim, caminho com certa destreza
Carregando esse fardo imaterial
Lembrança vermelha daqueles crepúsculos
Que tingiam nossos braços com um resto de luz
O tom de nossas idéias, nem sempre parecidas
Vidas tão coloridas, sem se dar conta
Felicidade sem regras de espaço e tempo
A boca aberta, concordando, gargalhando
Sintonia astral de simples palavras
Ressoando até hoje, nas minhas melhores memórias

Ricardo Villa Verde
 
Reverberação

Fissão neuronuclear

 
Fissão neuronuclear

Que estrela estranha
Criou dúvidas em mim
Sem respostas, decido não visitá-la
Vôo sobre desertos
Mergulho nas águas abissais
onde tu me aprisionaste por algumas estações

Escondido em meu quarto
Traço novas estratégias
Pretendo não mais oferecer
A matéria-prima que forjei
Doando, de forma imperceptível
A estrutura que tu usaste

No auge da dor explodi todo o cárcere
Uma lágrima de luz em meu rosto
Cá estou eu
Rumo ao maravilhoso desconhecido
Um novo plano! Jamais o revelarei

A pouco tempo atrás
Imaginava ouvir alguém me chamando
Pensei ter perdido toda esperança
Entretanto, as cinzas que sobraram dessa queima
Ainda que poucas,é o que me basta
Para que eu volte a sentir tudo outra vez

Ricardo Villa Verde
 
Fissão neuronuclear