Sonetos : 

O último monólogo

 
Meus dias passam lentamente como serenas marolas

E nenhuma cortina se abre diante de mim

Sinto meu corpo preso á uma corrente coberta de argolas

Vejo meu começo chegando perto do fim



Um monólogo que encena seu último ato

Segurando sua caveira com as mãos sujas de sangue

Declamando seu poema para as cadeiras vazias do teatro

Deixando cair uma última lágrima escondendo o vexame



Nem um alento seria capaz de sarar tal ferida

De que adianta o brotar das palavras

De uma peça que jamais será lida



Morrerá com sua arte o pobre artista?

Talvez um dia alguém o descubra

E assim reconhecido, não mais morrerá



Sandro Kretus

 
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Kretus
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