Poemas : 

TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM

 
ontem ana pensei em cortar os meus pulsos
e morrer em sossego e só mais uma vez
e ver de mim todos os fantasmas expulsos
entregar-me à minha morte em total lucidez

um dia bem até que tentei ser poeta
a rima me vinha de repente num piscar
logo inventava uma qualquer paixão secreta
mas depois ana dava de me faltar o ar

é que depois ana eu sempre me perdia
e pra poder chorar tornava-me criança
chorava assim tão fácil por qualquer lembrança

que tenho na tristeza a derradeira herança
desta minha vida tão pobre tão vazia
que mesmo respirando morro a cada dia

_________________


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 07/06/2010 06:41  Atualizado: 07/06/2010 06:41
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 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
Como é difícil expulsar fantasmas que teimam em habitar o nosso ser...
... e nem mesmo o derradeiro acto pode ser a solução.

Um abraçooo!
Abílio**


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/06/2010 10:41  Atualizado: 07/06/2010 10:41
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
Julio,

esses fantasmas assolam muitas vidas, mas vejo nesta parte uma alma "desnuda",onde reflete um sentimento profundo, puro...
"e pra poder chorar tornava-me criança
chorava assim tão fácil por qualquer lembrança"
Pastora
Ana Vidal

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Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 07/06/2010 11:08  Atualizado: 07/06/2010 11:08
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Mensagens: 3731
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM p/Júlio
sempre os fantasmas que nos atormentam, que nos doem, fazendo-nos mais que uma morte primeira.

bj
Eduarda


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/06/2010 12:25  Atualizado: 07/06/2010 14:24
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
maravilha Júlio. tanto é um soneto de botequim, que ao terminar de lê-lo lembrei-me do meu samba canção que foi escrito numa mesa de botequim. e eu; talvez bêbado.(sem modéstia; é um dos meus melhores sambas).rs
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=87077

beijo irmão.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/06/2010 17:40  Atualizado: 07/06/2010 17:40
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
«que mesmo respirando morro a cada dia»: assim vive e revive a poesia.

Júlio,

para quem já matou o soneto várias vezes, eis aqui a prova de que ele ressuscita, no botequim ou em plena rua.

DM


Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 07/06/2010 20:03  Atualizado: 07/06/2010 20:03
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 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
Olá Julio,

centrei em Cibele (e com as devidas distâncias) as minhas anas... e este soneto eu lhe dedicaria se para tal tivesse "engenho e arte"...ou ousadia!

abraço poeta!


Enviado por Tópico
mariamateus
Publicado: 08/06/2010 00:57  Atualizado: 08/06/2010 00:57
Da casa!
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Mensagens: 452
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
Julio Saraiva


Muito bom o seu soneto,
Gostei bastante de voltar a ler algo seu!

Destaco...

que tenho na tristeza a derradeira herança
desta minha vida tão pobre tão vazia
que mesmo respirando morro a cada dia

Um mal de que todos padecemos

Abraço de -luz!

mm


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/06/2010 02:42  Atualizado: 09/06/2010 02:42
 Re: TALVEZ UM SONETO DE BOTEQUIM
...um dia por vez
é o bastante!

beijinho Julio.